Exame Final Nacional de Filosofia
Prova 714 | 2.ª Fase | Ensino Secundário | 2025
11.º Ano de Escolaridade
Decreto-Lei n.º 55/2018, de 6 de julho | Decreto-Lei n.º 62/2023, de 25 de julho
Duração da Prova: 120 minutos. | Tolerância: 30 minutos. 7 Páginas
VERSÃO 1
A prova inclui 12 itens, devidamente identificados no enunciado, cujas respostas contribuem
obrigatoriamente para a classificação final. Dos restantes 6 itens da prova, apenas contribuem para a
classificação final os 4 itens cujas respostas obtenham melhor pontuação.
Assinale a versão da prova.
Não é permitido dobrar as folhas de respostas.
Utilize apenas caneta ou esferográfica de tinta azul ou preta.
Não é permitido o uso de corretor. Risque aquilo que pretende que não seja classificado.
Apresente apenas uma resposta para cada item. Se o espaço reservado não for suficiente, pode utilizar as
três últimas páginas, identificando claramente o item a que se refere a resposta.
Se for necessário, pode ainda solicitar outra folha de respostas, identificando claramente o item a que se
refere a resposta.
Só é permitido escrever nos locais reservados para o efeito.
Só é permitido assinalar opções nos locais reservados para o efeito.
Assinale a opção correta, preenchendo totalmente o círculo.
As cotações dos itens encontram-se no final do enunciado da prova.
Prova 714.V1/2.ª F. • Página 1/ 7
1. Duas proposições que sejam a negação uma da outra
(A) podem ser ambas falsas, mas não podem ser ambas verdadeiras.
(B) não podem ser ambas falsas nem ambas verdadeiras.
(C) não podem ser ambas falsas, mas podem ser ambas verdadeiras.
(D) podem ser quer ambas falsas quer ambas verdadeiras.
2. Selecione a opção que apresenta uma falácia da falsa relação causal.
(A) Marquei os dois golos da nossa vitória neste jogo, porque entrei no relvado com o pé direito.
(B) Deixei de acreditar que certos objetos dão sorte, porque a professora de Química disse que isso é
uma superstição.
(C) A Joana venceu as partidas anteriores do torneio de ténis e, por isso, vencerá a partida de amanhã.
(D) O Rui pensa que encontrar um trevo de quatro folhas dá sorte e, por isso, as opiniões dele nunca são
para levar a sério.
3. Considere o diálogo seguinte.
Miguel – A minha filha está magoada comigo, porque eu, sem lhe dizer nada, fui ver as
mensagens que tinha no telemóvel. Não tem motivo para estar magoada! Embora ela
já não seja uma criança, é meu dever de pai saber o que se passa com ela.
Sara – Miguel, sou tua amiga há muitos anos, mas não posso ficar do teu lado neste assunto.
Se respeitas a tua filha, que já não é uma criança, certamente reconheces o seu direito
à privacidade. Isto parece-me óbvio! Ora, se reconheces tal direito, deves parar de ler
as mensagens dela sem autorização. Por isso, se respeitas a tua filha, como eu sei
que respeitas, deves deixar de ler as mensagens dela sem que ela to permita.
O argumento que a Sara apresenta para convencer o Miguel é
(A) um modus tollens.
(B) um modus ponens.
(C) um silogismo disjuntivo.
(D) um silogismo hipotético.
Prova 714.V1/2.ª F. • Página 2/ 7
4. Admita-se que o argumento seguinte é formado por proposições verdadeiras.
Mill defendeu o princípio da utilidade e foi deputado no parlamento inglês.
Uma distribuição do rendimento e da riqueza respeita o princípio da utilidade se for a que mais
promove a felicidade geral.
Logo, Mill defendeu as classes trabalhadoras no parlamento inglês.
Este argumento
(A) é sólido, pois a defesa das classes trabalhadoras segue-se da defesa do princípio da utilidade.
(B) não é sólido, pois a segunda premissa, ainda que verdadeira, não refere a felicidade de todos os
trabalhadores.
(C) é sólido, pois a conclusão é coerente com o princípio fundamental da ética defendida por Mill.
(D) não é sólido, pois a conclusão de que Mill defendeu as classes trabalhadoras não se segue das
premissas.
5. Tanto os deterministas moderados como os libertistas aceitam a tese de que
(A) tudo está determinado.
(B) nem tudo está determinado.
(C) algumas ações são livres.
(D) todas as ações são livres.
6. A Raquel foi ao hospital da sua região para dar sangue.
Alguém que, sem necessitar de mais informações, considerasse que a Raquel não agiu livremente
subscreveria
(A) o determinismo moderado.
(B) o determinismo radical.
(C) o compatibilismo.
(D) o libertismo.
Prova 714.V1/2.ª F. • Página 3/ 7
7. Considere o texto seguinte, retirado de uma obra de Kuhn.
A história [...] pode produzir uma transformação decisiva na imagem que hoje temos da
ciência. [...]
A __________ diz respeito à investigação firmemente baseada numa ou mais realizações
científicas passadas, realizações essas que __________ reconhece, durante algum tempo,
como base do trabalho que realiza.
T. Kuhn, A Estrutura das Revoluções Científicas, Lisboa, Guerra & Paz, 2009, pp. 19, 31. (Texto adaptado)
Selecione a opção em que se apresentam, por ordem, as expressões que permitem completar
adequadamente os espaços deixados em branco no texto.
(A) ciência normal; uma certa comunidade científica
(B) ciência extraordinária; uma certa comunidade científica
(C) ciência normal; um cientista influente
(D) ciência extraordinária; um cientista influente
8. De acordo com a perspetiva formalista da arte, um objeto é arte se e só se tiver forma significante.
A forma de um objeto é significante quando ela é capaz de
(A) representar algo belo.
(B) significar algo preciso.
(C) causar emoção estética.
(D) causar emoções particulares.
9. De acordo com a definição histórica de arte, qualquer objeto pode ser arte na condição de
(A) o seu titular querer que seja encarado do mesmo modo que obras de arte preexistentes.
(B) ser proposto por artistas e especialistas em arte como candidato a apreciação.
(C) contribuir para uma melhor compreensão da história de uma dada cultura ou época.
(D) ter as propriedades intrínsecas necessárias para ser integrado na história da arte.
Prova 714.V1/2.ª F. • Página 4/ 7
10. Considere o texto seguinte.
A pessoa que escolhe trabalhar mais tempo para ter um rendimento que vá além do suficiente
para satisfazer as suas necessidades básicas prefere alguns bens ou serviços adicionais ao
lazer e às atividades que poderia realizar durante as horas de descanso de que dispõe, ao
passo que a pessoa que escolhe não ter horas de trabalho extraordinário prefere as atividades
de lazer aos bens ou serviços adicionais que poderia adquirir se trabalhasse mais tempo. Deste
modo, se seria ilegítimo que um sistema fiscal se apropriasse de uma parte do tempo de lazer
de uma pessoa (trabalho forçado) com o objetivo de servir os necessitados, como pode ser
legítimo que um sistema fiscal se aproprie de uma parte dos bens de uma pessoa com esse
mesmo objetivo?
R. Nozick, Anarquia, Estado e Utopia, Lisboa, Edições 70, 2009, p. 214. (Texto adaptado)
No texto, Nozick argumenta
(A) contra as políticas de redistribuição da riqueza, considerando que a preferência pelo lazer e pelo
descanso é moralmente reprovável.
(B) a favor das políticas de redistribuição da riqueza, considerando que a preferência pelo lazer e pelo
descanso não é moralmente reprovável.
(C) contra as políticas de redistribuição da riqueza, considerando que estas desrespeitam os direitos
invioláveis das pessoas.
(D) a favor das políticas de redistribuição da riqueza, considerando que estas asseguram os direitos
invioláveis das pessoas.
11. Qual é a função atribuída por Rawls ao véu de ignorância?
12. Segundo Hume, podemos dividir as perceções da mente em duas espécies, as impressões e as ideias.
Distinga, de acordo com Hume, impressões de ideias.
13. Pensava Hume que o nosso conhecimento da natureza é um conhecimento de verdades necessárias?
Justifique a sua resposta.
Na sua justificação, recorra a, pelo menos, um exemplo de conhecimento da natureza.
Prova 714.V1/2.ª F. • Página 5/ 7
14. Será que a dúvida cartesiana é um método adequado para encontrar um fundamento do conhecimento?
Na sua resposta, deve
− apresentar inequivocamente a sua posição;
− argumentar a favor da sua posição.
15. Muitas pessoas consideram que a objetividade é uma característica fundamental da ciência, mas também
há quem entenda que a ciência nem sempre é objetiva.
Será a ciência objetiva?
Na sua resposta, deve
− apresentar inequivocamente a sua posição;
− argumentar a favor da sua posição.
16. Considere o texto seguinte, no qual Leibniz procura responder ao problema do mal.
Deus criou as coisas com perfeição máxima, embora nós não o percebamos quando
consideramos as partes do universo. Pode comparar-se ao que ocorre na música e na pintura,
em que as sombras e as dissonâncias verdadeiramente enriquecem as outras partes, e o autor
competente de tais obras obtém destas imperfeições particulares uma tão grande vantagem
para a perfeição total da obra que, em vez de passar sem elas, prefere integrá-las na obra.
[...] Deus não teria permitido o pecado, nem teria criado seres que sabe que irão pecar, se não
pudesse obter das imperfeições um bem incomparavelmente maior do que o mal daí resultante.
G. W. Leibniz, Diálogo sobre a Liberdade Humana e a Origem do Mal, in Philosophical Essays,
Indianapolis, Hackett, 1989, p. 115. (Texto traduzido)
Que argumento poderia ser apresentado contra a solução de Leibniz para o problema do mal?
Na sua resposta, deve
− formular o problema do mal;
− clarificar a solução apresentada por Leibniz para esse problema;
− propor um argumento contra a solução de Leibniz.
17. A ética de Mill não promove o egoísmo.
Justifique a afirmação anterior.
Prova 714.V1/2.ª F. • Página 6/ 7
18. Considere o texto seguinte.
Um dos mais importantes argumentos contra o objetivismo em ética é que as pessoas
discordam profundamente sobre o correto e o incorreto, e esta discordância abrange os filósofos
[...]. Se [até] grandes pensadores como Immanuel Kant ou Jeremy Bentham discordam quanto
ao que devemos fazer, poderá mesmo haver alguma resposta objetivamente verdadeira a esta
pergunta? [...]
No entanto, diversos autores rejeitam esta linha de argumentação.
P. Singer, Ética no Mundo Real, Edições 70, Lisboa, 2024, p. 31. (Texto adaptado)
Na sua opinião, o argumento referido no texto justifica a rejeição do objetivismo em ética?
Na sua resposta, deve
− clarificar o problema proposto;
− apresentar inequivocamente a sua posição;
− argumentar a favor da sua posição.
FIM
COTAÇÕES
As pontuações obtidas
nas respostas a estes
12 itens da prova contribuem 1. 4. 5. 9. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. Subtotal
obrigatoriamente para
a classificação final.
Cotação (em pontos) 11 11 11 11 14 14 14 14 14 14 14 14 156
Destes 6 itens, contribuem
para a classificação final da
2. 3. 6. 7. 8. 10. Subtotal
prova os 4 itens cujas respostas
obtenham melhor pontuação.
Cotação (em pontos) 4 × 11 pontos 44
TOTAL 200
Prova 714.V1/2.ª F. • Página 7/ 7
Prova 714
2.ª Fase
VERSÃO 1