AULA 01 – ZOOTECNIA GERAL
1. IMPORTÂNCIA DA ZOOTECNIA
A Zootecnia é uma ciência que busca melhorar a produção animal, utilizando conhecimentos
técnicos e científicos para otimizar a criação de animais domésticos de interesse
econômico.
Ela trouxe importantes avanços:
● Valorização de subprodutos e resíduos agropecuários
Exemplo: uso de fezes como adubo ou biocombustível; aproveitamento de ossos,
couro, etc.
● Evolução da nutrição animal
Com o tempo, foram desenvolvidos alimentos balanceados, fórmulas nutricionais
específicas e suplementações que aumentaram o desempenho dos animais.
● Avanço em instalações e equipamentos
Ambientes passaram a ser projetados para melhorar o conforto e o bem-estar dos
animais, o que também melhora a produtividade.
● Aprimoramento de técnicas de manejo
Comportamento, sanidade, reprodução e bem-estar passaram a ser estudados para
tornar o trato com os animais mais eficiente e humanizado.
2. DOMESTICAÇÃO DOS ANIMAIS
Conceito
Domesticação é o processo de transformar um animal selvagem em um animal
doméstico. A palavra doméstico vem do latim domus, que significa “casa”.
Diferença entre amansamento e domesticação:
● Animal amansado: é aquele que perdeu a agressividade, mas não necessariamente
é domesticado. Pode ser resultado da força ou da convivência com humanos.
● Domesticação: é um processo hereditário, lento e intencional, que transforma as
características de uma espécie ao longo de gerações.
Diferença entre domesticação e amestramento:
● Amestramento: é o ensino de comandos ou comportamentos a um animal, seja ele
domesticado ou não.
● Domesticação: é o processo em que toda uma espécie passa a viver em harmonia
com o homem, reproduzindo-se em cativeiro.
3. ORIGEM DA DOMESTICAÇÃO
Aconteceu por volta de 7000 a.C., quando o homem deixou de ser nômade e passou a viver
de forma sedentária, criando animais ao seu redor.
Espécies domesticadas inicialmente:
● Cabras/bodes: na Ásia, principalmente pelo leite.
● Carneiros e bovinos
● Suínos: pela carne e banha.
● Jumento, coelho, cavalo
● Depois vieram: galinha, marreco, pato, peru
4. FASES DA DOMESTICAÇÃO
1. Cativeiro (prisão): o animal é capturado e mantido sob controle humano.
2. Mansidão: o animal se habitua à presença humana e passa a obedecer.
3. Domesticidade: a espécie inteira passa a viver em simbiose com o homem, sendo
naturalmente dócil e produtiva.
Três características que definem a domesticidade:
1. Sociabilidade: tendência natural a viver em grupo (bandos). Isso favorece a
convivência com humanos.
2. Mansidão hereditária: os filhotes dos animais domesticados já nascem sem o
comportamento selvagem, sem necessidade de novo amansamento.
3. Fecundidade em cativeiro: capacidade de se reproduzir em ambiente controlado,
garantindo a continuidade da espécie.
Hipóteses sobre como começou a domesticação:
● Força (domínio): o homem capturava e forçava a adaptação.
● Convivência pacífica: animais se aproximavam naturalmente e o homem incentivava
isso.
5. PRINCIPAIS MUDANÇAS NOS ANIMAIS DOMESTICADOS
Embora os slides não detalhem diretamente, entende-se que ocorrem:
● Mudanças físicas (tamanho, pelagem, conformação corporal)
● Mudanças comportamentais (mais dóceis)
● Mudanças reprodutivas (mais férteis em cativeiro)
● Alterações genéticas cumulativas
6. TAXONOMIA ZOOTÉCNICA DOS ANIMAIS
A taxonomia organiza os animais por classe, ordem, família, subfamília e espécie, conforme
características biológicas.
I. Classe: MAMÍFEROS
A. Ordem: UNGULATA (animais com casco)
● Família: Perissodáctila (casco ímpar)
○ Equus caballus – Cavalo/égua
○ Equus asinus – Jumento/jumenta
○ Características: grande porte, um único dedo funcional (casco), patas longas,
crina semelhante a cabelo, cauda longa, corredores resistentes.
● Família: Artiodáctila (casco par)
○ Suídeos
■ Sus scrofa domesticus – Porco
■ Sus scrofa – Javali
○ Camelídeos
■ Camelus bactrianus – Camelo
■ Camelus dromedarius – Dromedário
■ Auchenia lhama – Lhama
■ Auchenia pacus – Alpaca
○ Cervídeos
■ Rangifer tarandus – Rena
○ Ovídeos
■ Ovis aries – Carneiro/ovelha
■ Capra hircus – Bode/cabra
○ Bovídeos
■ Bubalus bubalis – Búfalo
■ Bos taurus taurus – Bovino europeu
■ Bos taurus indicus – Zebu
■ Bison bonasus – Bisão europeu
■ Bison americanus – Bisão americano
B. Ordem: DIGITÍGRADA (anda sobre os dedos)
● Roedores
○ Oryctolagus cuniculus – Coelho
○ Cavia cobaya – Cobaia
● Carnívoros
○ Canídeos: Canis familiaris (cão), Vulpes argentatus (raposa)
○ Felídeos: Felis domestica (gato)
II. Classe: PEIXES
● Teleósteos (esqueleto ósseo)
○ Cyprinus carpio – Carpa
○ Tilapia melanopleura – Tilápia
○ Salmo lancustris – Truta
III. Classe: INSETOS
● Lepidópteros
○ Bombix mori – Bicho-da-seda
● Himenópteros
○ Abelhas:
■ Apis melifera melifera – comum
■ Apis melifera ligustica – italiana
■ Apis melifera adansoni – africana
IV. Classe: AVES
● Anseriformes (aquáticas)
○ Cignus cygnus – Cisne
○ Cairina moschata – Pato
○ Anas boschas – Marreco
○ Anas anser domesticus – Ganso
● Galiformes
○ Gallus gallus domesticus – Galinha
○ Phasionus colchios – Faisão
○ Pavo cristatus – Pavão
○ Numida galeata – Galinha-d’angola
○ Cotumix cotumix – Codorna
○ Meleagris galopavo – Peru
● Columbiformes
○ Columba domestica – Pombo
● Reiformes (não voadoras)
○ Struthio camelus – Avestruz
○ Rhea americana – Ema
V. Classe: BATRÁQUIOS
● Anuros
○ Rana catesbiana – Rã-touro gigante
○ Rana exculenta – Rã doméstica
7. UTILIZAÇÃO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS
Dividida em:
Funções fisiológicas ou naturais
● Respiração, digestão, reprodução – úteis para o próprio animal, mas também podem
beneficiar o homem (ex: produção de leite, carne, etc.).
Funções produtivas, econômicas ou zootécnicas
● São funções fisiológicas que geram utilidade para o homem.
8. CLASSIFICAÇÃO DAS FUNÇÕES ZOOTÉCNICAS
1. Produção de alimentos: leite, carne, ovos.
2. Matéria-prima industrial: couro, lã, seda.
3. Força motriz: tração (bois, cavalos, jumentos).
4. Adornos: penas, chifres, pele, ossos.
5. Detritos e excreções: fezes como adubo e biocombustível.
6. Função afetiva: companhia (pet).
7. Faro e coragem (cães): proteção, caça, busca.
8. Função humanitária: terapias, apoio a pessoas com deficiência.
9. ESPECIALIZAÇÃO DAS FUNÇÕES ZOOTÉCNICAS
● Teórico: desenvolver uma função (ex: leite)
● Prático: pode comprometer outra (ex: menor resistência)
Alta especialização = maior rendimento, porém menor rusticidade e adaptabilidade
ambiental.
Exemplo:
● Holandês (produção de leite) tem alta produtividade, mas baixa resistência a ambientes
quentes e rústicos.
● Suínos domésticos têm coração menor que os selvagens.
● Produção é influenciada por:
○ Local
○ Mão de obra
○ Mercado
○ Meio social
AULA 02: ESTRESSE
Resumo Completo e Enxuto – Aula 02: Influência do Calor na Produção de
Aves e Suínos
1. O que é Estresse?
É uma condição que causa alterações no organismo do animal, provocada por agentes
estressores. O estresse é uma tentativa de sobrevivência diante de um fator adverso.
2. Tipos de Estresse
● Agudo: surge de forma rápida e intensa, mas dura pouco tempo (ex: jejum antes do
abate).
● Crônico: acontece de forma contínua por longos períodos (ex: calor durante semanas).
● Eustress: é o estresse benéfico, que prepara o corpo para reagir a desafios (ex: febre
após vacinação).
● Distress: é o estresse prejudicial, com efeitos quase sempre irreversíveis (ex: jejum
prolongado).
3. Resposta do Animal ao Estresse
Envolve três tipos de ajustes:
● Comportamental: mudanças no comportamento.
● Psicológico: alterações mentais e emocionais.
● Fisiológico: reações internas para tentar equilibrar o corpo.
Se esses ajustes funcionam, o animal se adapta (fenotipicamente ou geneticamente). Se não,
ele entra em exaustão.
4. Produção Intensiva e Estresse Térmico
A produção moderna aumenta a densidade de animais e a exigência metabólica, o que gera
mais calor corporal. Se o animal não consegue eliminar esse calor, ocorre o estresse térmico.
5. Zona Termoneutra e Temperatura Crítica
A zona termoneutra é a faixa de temperatura ideal para o animal. Quando a temperatura se
aproxima da TCMáx (temperatura crítica máxima), o animal entra em estresse térmico e pode
até morrer, especialmente se for adulto e muito produtivo.
6. Perda de Calor pelo Corpo Animal
● Sensível (sem evaporação):
○ Convecção: troca de calor com o ar.
○ Condução: troca de calor com superfícies.
○ Radiação: emissão de calor em forma de ondas.
● Latente (com evaporação):
○ Ocorre por respiração e sudação.
7. Comportamento de Aves e Suínos no Calor
● Aves: ficam prostradas, abrem o bico, batem as asas, comem menos e bebem mais
água.
● Suínos: deitam de lado, buscam vento ou deitam sobre as fezes, comem menos e
aumentam o consumo de água.
8. Efeitos Reprodutivos do Calor
O calor excessivo provoca hipertermia, que aumenta a temperatura uterina e prejudica a
reprodução:
● Reduz a viabilidade dos espermatozoides.
● Dificulta a implantação embrionária.
● Pode causar morte e reabsorção dos embriões.
9. Fatores que Agravam o Estresse por Calor
● Alta ingestão de ração.
● Pouca ventilação.
● Umidade e temperatura elevadas.
● Densidade de animais muito alta.
● Água de má qualidade ou cama inadequada.
10. Instalações Adequadas
● Galpões com altura e largura apropriadas ao clima quente.
● Teto branco para refletir o calor.
● Cortinas azuis nas laterais.
● Plantio de grama ao redor e árvores nas laterais para sombra.
● Distância entre galpões para boa circulação do ar.
11. Manejo Nutricional para Reduzir Estresse
● Fornecer alimento nos horários mais frescos do dia.
● Usar óleos na ração (mais energia, menos calor).
● Suplementar com aminoácidos sintéticos e enzimas para facilitar a digestão.
12. Sinais de Estresse nos Animais
● Fisiológicos: aumento da respiração, da temperatura e da frequência cardíaca.
● Comportamentais: ofegar, tremer, piloereção (arrepio), beber mais água, comer
menos, ruminar menos, passar mais tempo em ócio.
13. Impactos do Estresse Térmico
O estresse redireciona a energia do animal para manter a temperatura corporal, o que
compromete a produção de carne, ovos e o desempenho reprodutivo.
AULA 03: RAÇAS E VARIAÇÕES
RAÇAS E SUAS VARIAÇÕES
1. Conceito de Raça:
● A raça é o grupo fundamental dentro da Zootecnia.
● É definida como um conjunto de animais da mesma espécie, com origem comum e que
possuem características específicas, como forma do corpo, fisiologia e produção.
● Esses animais são semelhantes entre si e diferentes de outros grupos da mesma
espécie.
● Sob condições ambientais iguais ou semelhantes, produzem descendentes com as
mesmas características.
2. Para um grupo ser considerado uma raça:
● Semelhança entre os indivíduos: Caracteres raciais (ou étnicos) bem definidos,
incluindo características produtivas.
● Hereditariedade: Essas características devem ser transmitidas aos descendentes.
● Meio ambiente semelhante: As condições devem permitir a expressão dos caracteres.
● Origem comum.
● Convenção humana: A definição de raça tem também um aspecto cultural ou
convencional.
3. Exemplo: Raça Nelore
● Melhorada geneticamente para carne.
● Ossatura leve, musculatura bem distribuída, vigor e saúde visíveis.
● Masculinidade e feminilidade marcantes.
4. Sub-raça:
● Grupo dentro de uma raça com características fisiológicas específicas, em maior
homozigose (pureza genética).
● Apresenta rendimentos mais especializados que a raça original.
5. Variedade:
● Grupo dentro de uma raça que se diferencia por características morfológicas
(aparência), causadas por mutações ou ambiente.
● Ex.: Nelore Mocho e Nelore Aspado (com ou sem chifres).
6. Família:
● Conjunto de descendentes de um casal.
● Alguns autores consideram até a 5ª ou 7ª geração.
● Frequentemente nomeadas a partir de um ancestral importante.
7. Linhagem:
● Descendência em linha direta de um único antepassado, geralmente o macho.
● As diferenças entre linhagens se referem ao vigor, rusticidade e desempenho
zootécnico.
8. Rebanho:
● Conjunto de animais de uma ou várias famílias, com laços de parentesco e criados sob
as mesmas condições ambientais.
● Apresentam uniformidade e características próprias do criador.
SISTEMA REPRODUTOR DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS
1. Sistema Reprodutor Feminino - Anatomia:
● Ovários: Produzem óvulos e hormônios sexuais.
● Trompas de Falópio (ou ovidutos): Conduzem os óvulos até o útero.
● Útero: Local da gestação.
● Vagina: Canal de cópula e parto.
● Vulva: Estrutura externa.
2. Fisiologia:
● Puberdade x Maturidade sexual: A puberdade é o início da função sexual, enquanto a
maturidade sexual é quando o animal está apto para reprodução eficiente.
● Ovogênese: Formação dos óvulos.
● Ovulação: Liberação do óvulo.
● Corpo lúteo: Estrutura formada após a ovulação, responsável pela produção de
progesterona.
● Ciclo estral:
1. Pró-estro: Crescimento do folículo.
2. Estro: Fase do cio – fêmea aceita o macho.
3. Metaestro: Após a ovulação – formação do corpo lúteo.
4. Diestro: Inatividade entre ciclos.
5. Anestro: Período prolongado sem atividade reprodutiva.
● Gestação: Desenvolvimento do feto até o parto.
3. Sistema Reprodutor Masculino - Anatomia:
● Testículos: Produção de espermatozoides e hormônios.
● Bolsa escrotal: Mantém os testículos fora do corpo, regulando a temperatura.
● Epidídimo: Armazena e amadurece os espermatozoides.
● Ducto deferente: Transporta os espermatozoides.
● Pênis: Órgão de cópula.
ESCOLHA DOS REPRODUTORES
Critérios de Seleção:
1. Observação do indivíduo:
○ Saúde: Livre de doenças transmissíveis.
○ Características sexuais: Masculinidade ou feminilidade bem definidas.
○ Temperamento: Preferência por animais dóceis.
○ Integridade genital: Essencial para garantir fertilidade.
○ Produção: Avaliar se expressa as características produtivas desejadas (carne,
leite, ovos etc).
2. Observação dos pais:
○ Através do registro genealógico, é possível conhecer o potencial genético.
3. Observação dos filhos:
○ A qualidade dos filhos é a prova mais confiável da qualidade do reprodutor.
○ Reprodutores bons são caros e disputados.
TÉCNICAS DE REPRODUÇÃO
1. Inseminação Artificial (IA):
● Uso de sêmen de reprodutores superiores.
● Reduz o número de touros necessários.
2. Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF):
● Uso de hormônios para controlar o ciclo estral.
● Permite inseminar em horários pré-determinados com maior eficiência.
3. Transferência de Embriões (TE):
● Embriões da fêmea doadora são transferidos para receptoras.
● Uma vaca pode gerar vários bezerros por ano.
4. Fertilização in vitro (FIV):
● Óvulos são fertilizados em laboratório.
● Alta taxa de eficiência: até 50 bezerros/ano de uma única doadora.
ÍNDICES ZOOTÉCNICOS
1. Taxa de Natalidade:
● Relação entre bezerros nascidos e vacas cobertas/inseminadas.
2. Índice de Mortalidade Geral:
● Porcentagem de mortes em relação ao total de animais.
3. Taxa de Mortalidade de Bezerros:
● Bezerros que morrem antes do desmame.
4. Idade de Abate:
● Quanto menor a idade e maior o peso, mais eficiente é a produção.
5. Rendimento de Carcaça:
● Peso da carcaça em relação ao peso vivo do animal (em %).
6. Consumo:
● Quantidade de alimento ingerido menos as sobras.
7. Ganho de Peso:
● Peso final – peso inicial em determinado período.
8. Conversão Alimentar:
● Quantidade de alimento consumida para gerar 1 kg de ganho de peso.
AULA 4: FORRAGICULTURA
1. O que é Forragicultura?
É a ciência que estuda as plantas forrageiras (plantas usadas na alimentação animal) e sua
interação com:
● Animais
● Solo
● Ambiente
2. Importância da Forragicultura
● Base da alimentação de ruminantes no Brasil.
● Aproximadamente 90% da carne e do leite são produzidos por animais mantidos em
pastagens.
● Menor custo = maior competitividade + capacidade de abastecimento do mercado
nacional e internacional.
● Produção natural e ambientalmente responsável.
3. Exemplo: Capim Massai
● Possui muita folha e pouco colmo.
● Pode causar cólica e constipação digestiva em equinos, devido ao alto teor de fibra
e baixa digestibilidade em cavalos.
4. Terminologias Importantes
● Forragens: partes aéreas das plantas (folhas, colmos) utilizadas na alimentação animal.
● Pasto: vegetação disponível para pastejo.
● Pastagem: unidade de manejo fechada com cerca, com bebedouro e cocho para sal.
● Pastejo: ato do animal colher forragem com a boca.
● Piquete: subdivisão da pastagem, separada por barreiras.
● Métodos de Lotação:
○ Contínua: sem divisão de piquetes.
○ Intermitente (rotacionada): uso de piquetes com períodos de ocupação e
descanso.
● Desfolhação: retirada de folhas por corte ou pastejo.
● Desfolha: porção removida.
● Frequência de desfolha: tempo entre desfolhas (quanto maior, menor a frequência).
● Intensidade de desfolhação: altura/peso removido da planta.
● Resíduo de forragem: quantidade deixada após o pastejo (quanto mais intenso, menor
o resíduo).
● Rebrotação: crescimento após desfolhação.
● Eficiência de pastejo: % da forragem consumida em relação ao total disponível.
5. Morfologia
Estudo da forma das plantas:
● Importante para identificação, manejo, avaliação do valor nutricional e decisões de
cultivo.
6. Tipos de Gramíneas
● Gêneros:
○ Brachiaria
○ Cynodon
○ Pennisetum purpureum
○ Panicum maximum
Hábito de crescimento dos colmos (caules):
● Cespitoso ereto: reto, perpendicular ao solo (ex: Panicum, Pennisetum).
● Prostrado/decumbente: deita no chão, mas com inflorescência erguida (ex: Brachiaria
decumbens).
● Estolonífero: rasteja e cria raízes nos nós (ex: Cynodon).
● Rizomatoso: subterrâneo, sem clorofila, gera novas plantas (ex: capim-quicuio, grama
bermuda).
7. Perfilhos
● Unidade vegetativa (cada caule que surge em uma touceira).
● Fundamental para a sobrevivência e renovação das forrageiras.
8. Gêneros de Gramíneas em Detalhe
Brachiaria
● B. decumbens cv. Basilisk – comum nos cerrados.
● Vantagens: resiste a solos pobres, fácil multiplicação, boa aceitação animal.
● Problemas: suscetível à cigarrinha-das-pastagens.
● B. brizantha cv. Marandu: mais resistente à cigarrinha, representava 85% das sementes
comercializadas em 2003.
Cynodon
● Introduzido no Brasil no período da escravidão.
● Ex: capim-bermuda, capim-estrela.
● Usos: forragem, proteção do solo, gramados esportivos.
● Alta produção (20 a 25 t/ha/ano de matéria seca).
● Bom valor nutritivo (11–13% proteína bruta, 65% digestibilidade).
Panicum maximum
● Espécie robusta, entouceirada.
● Exemplo: Capim-Mombaça
○ Introduzido em 1984, lançado pela EMBRAPA em 1993.
○ Produção: 15 a 20 t/ha/ano (apenas 12 a 15% no período seco).
○ Boa aceitabilidade por bovinos, ovinos e caprinos.
○ Primeiro pastejo: 90 a 120 dias após o plantio.
○ Altura de entrada no pastejo: 0,90m; altura de saída: 0,30m.
○ Capacidade de suporte: até 2,5 UA/ha em época de chuvas.
● Outro exemplo: Capim Tanzânia-1
9. Leguminosas Forrageiras
● Ex: Leucaena leucocephala, Arachis pintoi, Pueraria phaseoloides.
● Caule: muito mais variado que o colmo das gramíneas.
● Tipos: herbáceas, semiarbustivas, arbóreas.
● Exemplo: leucena e alfafa.
10. Formação de Pastagens
Fatores a considerar:
a) Histórico da área
● Espécies presentes, banco de sementes, pragas e doenças.
b) Clima
● Temperatura, risco de geada, radiação, chuvas.
Tabela: Adaptação de espécies ao clima
● Brachiaria decumbens: razoável à seca/inundação, fraca à geada.
● Brachiaria humidicola: razoável à inundação, fraca à seca.
● Panicum maximum: fraca à geada/inundação.
● Pennisetum purpureum: fraca à todas.
c) Solo
● Analisar textura, densidade, porosidade, nutrientes, necessidade de calagem e
adubação.
Tabela: Tolerância à declividade
● Ex: Brachiaria decumbens tolera áreas montanhosas; Panicum prefere terrenos planos.
Amostragem do solo
● Dividir em áreas de no máximo 20 ha;
● Coleta em zigue-zague de pelo menos 20 pontos;
● Fazer uma amostra composta.
Tabela: Tolerância à fertilidade
● Solos férteis: Panicum, Pennisetum
● Solos fracos: Brachiaria decumbens, humidicola
11. Escolha da Forrageira
Deve considerar:
● Forma de propagação (semente ou muda)
● Rendimento (t MS/ha)
● Resistência a pragas
● Tipo de animal
● Método de pastejo
● Aceitabilidade
● Valor nutritivo
12. Qualidade das Sementes
Características importantes:
● Rapidez no crescimento
● Uniformidade
● Sem sementes daninhas
● Sem espécies indesejadas
Vantagens das sementes de qualidade:
● Formação uniforme
● Menor infestação de plantas daninhas
● Redução de cigarrinhas
● Maior rapidez no uso do pasto
● Sustentabilidade a longo prazo
AULA 05: SISTEMA DE PRODUÇÃO
BOVINOCULTURA DE CORTE
1. Sistema de Produção de Gado de Corte
É o conjunto de práticas e tecnologias utilizadas para criar bovinos de corte. A escolha do
sistema depende de:
● Objetivo da criação (venda de carne, reprodução etc.).
● Raça ou grupo genético usado.
● Região (clima, solo, cultura local).
● Condições econômicas e culturais.
● Demanda do mercado.
Importante: O sistema precisa ser lucrativo e adequado à realidade da propriedade.
2. Tipos de Sistemas de Produção
Sistema Extensivo
● Mais usado no Brasil (80% das propriedades).
● Bovinos criados soltos em grandes áreas de pastagem natural.
● Pouca ou nenhuma suplementação alimentar.
● Baixo investimento em instalações e mão de obra.
● Desvantagens:
○ Baixo ganho de peso (GDP ~0,5kg/dia).
○ Longo tempo até o abate.
○ Pouco controle sanitário, reprodutivo e de manejo.
○ Pastagens geralmente degradadas e sem adubação.
Sistema Semi-intensivo
● Uso de pastagens melhoradas + suplementação (ração, sal mineral).
● Mais instalações e mão de obra do que o extensivo.
● Parte do tempo os animais ficam soltos e parte confinados.
● Tecnologias utilizadas: vermifugação, cocho com minerais, adubação do solo.
● Vantagens:
○ Ganho de peso mais rápido.
○ Melhor controle zootécnico e reprodutivo.
○ Utilização de biotecnologias como Inseminação Artificial.
Sistema Intensivo
● Maior investimento e tecnologia.
● Animais confinados ou semiconfinados.
● Alimentação: pastos irrigados e adubados + ração balanceada.
● Uso de raças produtivas.
● Vantagens:
○ Rápido ganho de peso.
○ Menor idade de abate.
● Desvantagem:
○ Alto custo de implantação e operação.
3. Fases da Cadeia Produtiva da Pecuária de Corte
Cria
● Do nascimento até o desmame (~7 meses/205 dias).
● Vacas paridas produzem leite para os bezerros.
● Bezerros machos: geralmente vendidos após o desmame.
● Fêmeas: podem ser mantidas para reprodução.
Recria
● Fase de crescimento dos bezerros até idade reprodutiva (fêmeas) ou engorda (machos).
● Quanto mais curta essa fase, mais eficiente é o sistema.
● Fêmeas: acasalamento por volta de 14 meses e 300 kg.
● Machos: ganham peso até 450 kg para entrar na terminação.
Engorda (Terminação)
● Última fase antes do abate.
● Pode ocorrer a pasto ou em confinamento.
● Foco na deposição de gordura e no ganho de peso rápido.
● Exige boa alimentação e manejo.
4. Categorias de Bovinos
● Bezerro: até 1 ano.
● Garrote: macho entre 1 a 3 anos.
● Novilho precoce: abate entre 24 a 30 meses.
● Novilho superprecoce: abate com 14 a 15 meses.
● Vacas solteiras: não emprenharam no último cio.
● Vacas de descarte: velhas, com problemas reprodutivos.
● Touro: macho reprodutor (puberdade: zebuínos 15 meses; taurinos 13 meses).
5. Diferenças entre Bos indicus e Bos taurus
6. Principais Raças
Taurinas (Europeias)
● Angus, Hereford, Devon, Charolês, Limousin, Marchigiana
● Alta fertilidade, carne marmorizada, precocidade sexual e alto rendimento de carcaça.
Zebuínas (Indianas)
● Nelore, Guzerá, Gir, Tabapuã
● Resistência ao calor e parasitas, rusticidade, boa habilidade materna.
Raças Compostas ou Sintéticas
● Cruzamento de taurinas com zebuínas.
● Exemplos:
○ Braford (Hereford x Brahman)
○ Brangus (Angus x Brahman)
○ Canchim (Charolês x Zebu)
● Combinam rusticidade e produtividade.
AULA 6: BOVINOCULTURA DE LEITE
1. Importância da bovinocultura de leite
● Brasil produziu 34,6 bilhões de litros em 2022.
● Em 2023, o preço médio do leite caiu 14% em relação ao ano anterior.
● Atividade relevante para economia e segurança alimentar.
2. Principais raças leiteiras
● Europeias:
○ Holandesa: malhada, alta produção (>50L/dia).
○ Jersey: parda, leite mais gorduroso (2000 kg/300 dias).
● Zebuínas:
○ Gir: 12 kg/dia.
○ Sindi: até 3.600 kg/305 dias.
3. Cuidados com bezerros
● Retirar mucos e secar o bezerro ao nascer.
● Dar colostro nas primeiras 6h (imunidade).
● Cortar e desinfetar o umbigo (iodo 3-4 dias).
● Identificação, descorna e remoção de tetos extras.
4. Manejo para evitar doenças
● Abrigos individuais nos primeiros 2 meses.
● Higiene rigorosa e separação por idade.
● Aleitamento natural: menos distúrbios.
● Aleitamento artificial: exige cuidado, mas permite controle.
5. Dieta
● Líquida: leite integral (ideal), leite de descarte, leite fermentado, sucedâneo.
● Sólida: introduzir após 15 dias com ração e, após 2 meses, forragem (ex: Tifton 85).
6. Novilhas
● Ideal: cobrir aos 15 meses e parir aos 24 meses.
● Se prenhez precoce: corrigir com alimentação ou aborto, dependendo do caso.
7. Vacas e touros
● Avaliar escore corporal (ideal: 3,5 no parto).
● Dieta balanceada evita problemas reprodutivos.
● Intervalo ideal entre partos: 12 meses.
8. Lactação
● Dura cerca de 305 dias (dividida em 3 fases).
● No início, consumo alimentar é menor que a necessidade → balanço energético
negativo.
● Pico de produção: 2º mês.
9. Deficiências minerais
● Fósforo, cobalto, sódio: apetite depravado.
● Cálcio: febre do leite (tratar com cálcio endovenoso).
● Iodo: papeira (prevenir com sal iodado).
10. Ordenha
● Deve focar no bem-estar da vaca.
● Instalações e manejo afetam a produção.