0% acharam este documento útil (0 voto)
8 visualizações84 páginas

CamaraJr Claudio TCC

A monografia apresenta o projeto de um medidor inteligente de energia elétrica voltado para motores de indução trifásicos, utilizando módulos não invasivos para a aquisição de dados. O dispositivo é baseado em um microcontrolador dsPic33 e um módulo WiFi ESP8266, permitindo a análise de falhas em motores de forma econômica e eficiente. Um protótipo foi desenvolvido e testado, demonstrando sua funcionalidade em condições reais de operação industrial.

Enviado por

Matheus Paolo
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
8 visualizações84 páginas

CamaraJr Claudio TCC

A monografia apresenta o projeto de um medidor inteligente de energia elétrica voltado para motores de indução trifásicos, utilizando módulos não invasivos para a aquisição de dados. O dispositivo é baseado em um microcontrolador dsPic33 e um módulo WiFi ESP8266, permitindo a análise de falhas em motores de forma econômica e eficiente. Um protótipo foi desenvolvido e testado, demonstrando sua funcionalidade em condições reais de operação industrial.

Enviado por

Matheus Paolo
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 84

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

Cláudio Câmara Junior

Medidor Inteligente de Energia Aplicado à Indústria

São Carlos
2017
Cláudio Câmara Junior

Medidor Inteligente de Energia Aplicado à Indústria

Monografia apresentada ao Curso de Enge-


nharia Elétrica com Ênfase em Sistemas de
Energia e Automação, da Escola de Engenha-
ria de São Carlos da Universidade de São
Paulo, como parte dos requisitos para obten-
ção do título de Engenheiro Eletricista.

Orientadora: Profa. Vilma Alves de Oliveira

São Carlos
2017
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO,
POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS
DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Câmara Junior, Cláudio


C615m Medidor inteligente de energia aplicado à indústria
/ Cláudio Câmara Junior; orientadora Vilma Alves de
Oliveira. São Carlos, 2017.

Monografia (Graduação em Engenharia Elétrica com


ênfase em Sistemas de Energia e Automação) -- Escola de
Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo,
2017.

1. Medidor de energia. 2. Medidor inteligente. 3.


Espectro de corrente. 4. Assinatura de corrente. 5.
Internet das coisas. 6. Frequências harmônicas. I.
Título.
AGRADECIMENTOS

À Deus, por me abençoar com saúde, força, paciência e perseverança para conseguir
realizar todos os passos deste trabalho.
À minha família, mãe Eliane, pai Cláudio e irmã Emily pelo amor e apoio incondi-
cional durante todos os anos de faculdade.
À minha namorada Isadora Longhini, pela compreensão, paciência e incansável
incentivo nos momentos mais difíceis de cansaço e desânimo.
À minha orientadora Prof(a).Dr(a). Vilma Alves de Oliveira por sua paciência,
suporte e incentivo, seus concelhos e suas correções.
Aos inesquecíveis amigos e companheiros do grupo Warthog Robotics pela amizade,
suporte e incentivo, e pelos bons momentos durante trabalhos, competições e diversões
nos melhores momentos da minha vida acadêmica.
“Não existem sonhos impossíveis para aqueles que realmente
acreditam que o poder realizador reside no interior de cada
ser humano. Sempre que alguém descobre esse poder, algo
antes considerado impossível, se torna possível”
Albert Einstein
RESUMO

CÂMARA J., C. Medidor Inteligente de Energia Aplicado à Indústria. 2017.


82p. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) - Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo, São Carlos, 2017.

Um medidor inteligente de energia elétrica aplicado à indústria foi projetado e proposto para
motores de indução trifásicos. Dividido em módulos, o medidor possui módulos sensores
que fazem a aquisição de tensões e correntes de fase de forma não invasiva, facilitando
a instalação. O módulo principal conta com um dsPic33, um microcontrolador com alta
capacidade de processamento, capaz de realizar, em hardware, cálculos de transformada
rápida de Fourier, viabilizando a obtenção das frequências harmônicas de tensão e corrente.
São calculados ainda os valores eficazes e fator de potência do motor. Por último, um
módulo de comunicação WiFi baseado em um ESP8266 foi projetado para receber os dados
do módulo principal via comunicação serial (SPI) e enviar por protocolo GET e internet
sem fio, a um servidor online. O projeto busca oferecer uma solução simples e de baixo
custo que pode ser útil para analisar falhas em motores de indução, largamente utilizados
na indústria, que ao falharem podem causar grandes prejuízos econômicos. Comparado a
medidores disponíveis no mercado, o seu preço, cerca de 10 a 20 vezes menor, viabiliza a
instalação permanente em motores de forma individual. Finalmente, afim de comprovar a
funcionalidade do projeto, um protótipo foi construído e uma metodologia de testes foi
desenvolvida para ensaiar cada módulo de forma individual e em seguida o medidor como
um todo, comparando os resultados com os obtidos com medidores, como multímetros e
osciloscópios. O teste final escolhido foi realizado com um motor de indução comercial,
refletindo uma situação de operação muito próxima da realidade de uma indústria.

Palavras-chave: Medidor de Energia. Medidor Inteligente. Espectro de Corrente. Assina-


tura de Corrente. Internet das Coisas. Frequências Harmônicas.
ABSTRACT

CÂMARA J., C. Smart Meter of Energy Invested to Industry. 2017. 82p.


Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) - Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo, São Carlos, 2017.

An intelligent meter of electrical energy applied to the industry was designed and proposed
for three-phase induction motors. Divided into modules, the meter has sensor modules
that make the acquisition of phase voltages and phase currents non-invasively, facilitating
the installation. The main module has a dsPic33, a microcontroller with high processing
capacity, able to perform, in hardware, fast Fourier transform calculations, making it
possible to obtain the harmonic frequencies of voltage and current. The effective values and
power factor of the motor are also calculated. A WiFi communication module based on an
ESP8266 was designed to receive the data from the main module by serial communication
(SPI) and send by the GET protocol and wireless to an online server. The project aims to
offer a simple and low-cost solution that can be useful for analyzing faults in induction
motors widely used in industry, which, when fail, can cause great economic losses. Compared
to meters available in the market, its price, about 10 to 20 times smaller, enables the
permanent installation on individual motors. Finally, in order to show the functionality of
the project, the prototype was built and a test methodology was developed to evaluate
each module individually and then the meter as a whole. The results were compared with
the measurements obtaine via meters such as multimeters and oscilloscopes. The final test
was performed with a commercial induction motor, reflecting an operating situation very
close to the reality of an industry.

Keywords: Energy Meter. Smart Meter. Current Spectrum. Current Signature. Internet
of Things. Harmonic Frequencies.
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Divisor resistivo de tensão utilizado para tensões de 127V /220V . . . . . 26
Figura 2.2 – Esquemático de um sensor de corrente com resistor shunt. . . . . . . . 26
Figura 2.3 – O efeito Hall: Quando um condutor elétrico, conduzindo uma corrente
elétrica, é transpassado por um campo magnético produz uma diferença
de potencial elétrico na direção ortogonal à direção do campo. . . . . . 27
Figura 2.4 – Um estágio do algoritmo butterfly para calcular FFTs, calculada com
números complexos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Figura 2.5 – Cálculos butterfly para obter a FFT de uma sequência de 8 amostras. . 29
Figura 2.6 – Desenho em corte de um motor de indução trifásico. . . . . . . . . . . 30
Figura 2.7 – Diagrama de blocos das ligações da comunicação SPI . . . . . . . . . . 32
Figura 2.8 – Sinais verificados durante a comunicação SPI. . . . . . . . . . . . . . . 32
Figura 2.9 – Sinal de comunicação padrão UART. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Figura 2.10–Diagrama de blocos das ligações na comunicação UART. . . . . . . . . 33
Figura 3.1 – Módulo principal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Figura 3.2 – Esquemático do microcontrolador dsPic33 com os filtros de alimentação
e conexões na placa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Figura 3.3 – Pickit 3- dispositivo utilizado para gravar códigos no dsPic33. . . . . . 36
Figura 3.4 – Regulador de precisão para referência de tensão . . . . . . . . . . . . . 37
Figura 3.5 – Exemplo de corrente atrasada no tempo em relação à tensão . . . . . . 38
Figura 3.6 – Visualização gráfica da potência complexa. . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Figura 3.7 – Circuito eletrônico do regulador de tensão da fonte de alimentação. . . 40
Figura 3.8 – Diagrama da alimentação do medidor de energia. . . . . . . . . . . . . 41
Figura 3.9 – Placa do sensor de tensão trifásico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Figura 3.10–Circuito do sensor de tensão da rede por fase. . . . . . . . . . . . . . . 42
Figura 3.11–Placa do sensor de corrente por fase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Figura 3.12–Circuito do sensor de corrente da rede por fase. . . . . . . . . . . . . . 43
Figura 3.13–Módulo de internet sem fio NodeMCU 1.0 baseado no módulo WiFi
ESP8266. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Figura 3.14–Diagrama da comunicação entre os módulos e o servidor. . . . . . . . . 44
Figura 3.15–Exemplo do trecho de endereço do Google script a ser configurado no
módulo WiFi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Figura 3.16–Exemplo do trecho de endereço do Google spreadsheet a ser configurado
no Google script. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Figura 4.1 – Montagem do ensaio de isolamento de tensão. . . . . . . . . . . . . . . 47
Figura 4.2 – Montagem do ensaio de offset de tensão. . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Figura 4.3 – Montagem do ensaio de resposta em frequência. . . . . . . . . . . . . . 49
Figura 4.4 – Montagem do ensaio de corrente contínua. . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Figura 4.5 – Montagem do ensaio de corrente alternada. . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Figura 4.6 – Montagem do ensaio de alimentação do módulo. . . . . . . . . . . . . . 50
Figura 4.7 – Montagem do ensaio de comunicação UART. . . . . . . . . . . . . . . . 51
Figura 4.8 – Montagem do ensaio de leitura analógica. . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Figura 4.9 – Montagem do ensaio de leitura de ondas e cálculos de valores eficazes e
FFT. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Figura 4.10–Montagem do ensaio do módulo WiFi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Figura 4.11–Montagem do ensaio de comunicação SPI entre os módulos principal e
WiFi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Figura 4.12–Bancada montada para o teste do medidor de energia com o motor
trifásico de indução. A esquerda o motor de 2cv acionado pelo variac
ao fundo, o osciloscópio no centro salva os dados no computador e o
medidor e sensores a direita salva as medições online. . . . . . . . . . . 59
Figura 4.13–Ligações do motor trifásico de indução na bancada de testes com voltí-
metros e amperímetros do medidor de energia. . . . . . . . . . . . . . . 59
Figura 5.1 – Teste do clock do dsPic33 medido no osciloscópio. . . . . . . . . . . . . 63
Figura 5.2 – Exemplo de FFT calculada pelo dsPic33 de uma senoide de 60Hz. No
eixo X a frequência da componente harmônica em [Hz] e no eixo Y sua
magnitude em percentual do total [%]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Figura 5.3 – Exemplo de FFT calculada pelo dsPic33 de uma senoide de 120Hz. No
eixo X a frequência da componente harmônica em [Hz] e no eixo Y sua
magnitude em percentual do total [%]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Figura 5.4 – Exemplo de FFT calculada pelo dsPic33 de uma onda quadrada de
60Hz. No eixo X a frequência da componente harmônica em [Hz] e no
eixo Y sua magnitude em percentual do total[%]. . . . . . . . . . . . . 65
Figura 5.5 – Exemplo de FFT calculada pelo dsPic33 de uma onda quadrada de
120Hz. No eixo X a frequência da componente harmônica em [Hz] e no
eixo Y sua magnitude em percentual do total[%]. . . . . . . . . . . . . 65
Figura 5.6 – Dados colhidos durante o teste de conexão com a internet do módulo
WiFi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
Figura 5.7 – Esquemático da montagem do medidor em um motor de indução para
os testes finais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Figura 5.8 – Ciclo de senoide de corrente capturado durante os testes pelo osciloscópio
e pelo medidor de energia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Figura 5.9 – Espectro harmônico de corrente calculado no dsPic33 com os dados
colhidos no medidor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Figura 5.10–Espectro harmônico de corrente calculado no Matlab com os dados
colhidos no osciloscópio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Figura 5.11–Planilha com os dados do teste com o motor, na planilha online. . . . . 70
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Comparativo do custo computacional dos métodos analisados. . . . . . 29


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

RMS Root Mean Square

CA Corrente Alternada

CC Corrente Contínua

MIT Motor de Indução trifásico

IoT Internet of Things

SPI Serial Peropheral Interface

SS Slave Selector

MISO Master In - Slave Out

MOSI Master Out - Slave In

UART Universal Asynchronous Receiver/Transmitter

USB Universal Serial Bus

TTL Transistor-transistor Logic

RS-232 Recommended Standard 232

HTTP Hypertext Transfer Protocol

URL Uniform Resource Locator

FFT Fast Fourier Transform

DFT Discret Fourier Transform

RAM Random Access Memory

A/D Analógico/Digital

~
X Vetor

X⊥ Vetor perpendicular
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.1 Medidores Inteligentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.2 Internet das Coisas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.3 Motivação e Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.1 Sensores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.1.1 Sensor de tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.1.2 Sensor de corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.2 Espectro Harmônico de Corrente e Tensão . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.2.1 Transformada rápida de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.2.2 Identificação de falhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.3 Motor de Indução Trifásico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.4 Protocolos de Comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.4.1 Comunicação offline . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.4.2 Comunicação online . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

3 DESCRIÇÃO DO MEDIDOR DE ENERGIA . . . . . . . . . . . . . 35


3.1 Módulo Principal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.2 Módulos Sensores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.2.1 Módulo sensor de tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.2.2 Módulo sensor de corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.3 Módulo de Comunicação sem Fio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

4 VALIDAÇÃO DO MEDIDOR DE ENERGIA . . . . . . . . . . . . . 47


4.1 Ensaios dos Sensores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.2 Ensaios do Módulo Principal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4.3 Ensaios do Módulo de WiFi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.4 Ensaios de Integração dos Módulos do Medidor . . . . . . . . . . . . 54
4.5 Ensaio em Funcionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
5.1 Testes Individuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
5.1.1 Sensores de tensão e corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
5.1.2 Módulo principal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
5.1.3 Módulo WiFi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
5.1.4 Ensaio de integração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
5.2 Ensaio com o Motor de Indução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

6 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

APÊNDICES 73

APÊNDICE A – CÓDIGOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
A.1 Módulo principal - dsPic33FJ128GP802 . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
A.2 Módulo WiFi - ESP8266 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

ANEXOS 77

ANEXO A – BIBLIOTECA “HTTPSREDIRECT” . . . . . . . . . . 79

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
23

1 INTRODUÇÃO

Máquinas elétricas são largamente utilizadas nas indústrias em diferentes ramos


de atuação, cada qual com sua função na produção. Apenas um motor danificado pode
parar toda uma linha de processos e isso significa uma grande redução na produção
e consequentemente prejuízos para a empresa. Sendo assim, um medidor de energia
inteligente para aplicações industriais foi proposto afim de realizar medições em tempo real
e possivelmente prever a falha de um equipamento e indicar uma manutenção preventiva.
Ligado aos terminais de entrada de um motor de indução trifásico, um microcon-
trolador realiza leituras de tensão e corrente trifásicos, executa cálculos para determinar
os valores eficazes e espectros de frequência harmônica e disponibiliza os dados online
através de um módulo de internet WiFi.
O espectro de frequências de corrente ou assinatura de corrente do motor pode
indicar desde as falhas mais simples como rolamento danificado ou carga mecânica des-
balanceada, até defeitos mais graves como rompimento nas barras de um rotor gaiola de
esquilos ou problemas no enrolamento do estator (THOMSON; GILMORE, 2005).

1.1 Medidores Inteligentes

Medidores de energia existem e são largamente utilizados para medições de entrada


da rede em residências e indústrias com a finalidade de identificar baixos fatores de potência
que trazem prejuízo para as concessionárias de energia. São equipamentos caros que podem
chegar a milhares de dólares, e possuem a finalidade de analisar a potência e a qualidade
da energia, não sendo indicados para cargas individuais ou para identificação de falhas
(AMAZON, 2012).
As medições típicas feitas pelo analisador de qualidade de energia são tensão e
corrente em cada fase, alguns medem ainda o terminal de aterramento. Por meio dos
dados colhidos e de cálculos realizados pelo sistema, os medidores comerciais apresentam
ao usuário valores eficazes de tensão e corrente, fator de potência, ângulo entre as fases,
espectro de harmônicos, corrente de aterramento, entre outros.
Com o avanço da eletrônica, medidores digitais passaram a oferecer mais dados
sobre a instalação e com as tendencias de conectividade, oferecer os dados obtidos online
é uma realidade, facilitando ao usuário que passa a ter acesso a valores importantes de
consumo, custo ou mesmo qualidade do serviço oferecido pelas concessionárias de energia.
O próximo passo para os medidores de energia é adentrar as residências e indústrias
passando a realizar medições pontuais em equipamentos. Com funções das mais variadas
podem auxiliar na economia de energia residencial apontando equipamentos com maiores
24

consumos de energia ou indicar manutenção em uma indústria apontando equipamentos


defeituosos.

1.2 Internet das Coisas

Internet das coisas(IoT, das iniciais em inglês) é o conceito de conectividade dos


objetos comuns do dia a dia, incluindo celulares, computadores, lâmpadas, ventiladores,
sistemas de som, cafeteira, e praticamente qualquer objeto que se possa pensar (Morgan,
Jacob, 2014). A ideia de IoT é muito atual e bastante explorada no âmbito tecnológico,
devido a simplificação de sua aplicação, com módulos de internet sem fio de tamanhos
reduzidos e baixo custo.
A motivação do uso de um módulo de internet sem fio surgiu pela facilidade que isso
significa ao usuário final, dispensando cabos, conduítes e switches, além da possibilidade de
armazenar os dados na nuvem e acessá-los de qualquer lugar. Isso traz um sério problema
de segurança, já que todo dado coletado estará disponível online, contudo é fácil de resolver
utilizando protocolos seguros e serviços consolidados como o Google Drive.

1.3 Motivação e Objetivos

A motivação de se projetar um medidor de energia para aplicações em equipamentos


industriais ocorre principalmente devido a grande quantidade de motores elétricos que
uma única indústria possui. Sem uma forma de analisar todos os motores em tempo
real, a empresa perde tempo e dinheiro testando cada um individualmente e realizando
manutenção preventiva em todos, sem uma forma eficiente e acessível para levantamento
dos dados do motor.
O medidor de energia na indústria deve fornecer parâmetros de cada motor trifásico
de indução instalado em uma fábrica, de forma contínua e simplificada, em uma página de
internet, sem cabos de dados e sem a necessidade de acessar o motor periodicamente para
recolher as medições. O medidor é ainda inteligente, possibilitando-o a realizar cálculos e
entregar ao interessado dados tratados contendo informações importantes com possibilidade
de indicar mal funcionamento do motor e indicar uma manutenção preventiva.
Outro objetivo buscado para o medidor é ser de baixo custo, para dessa forma
competir com medidores comerciais de finalidade parecida e compensar sua instalação em
cada máquina elétrica de uma indústria.
25

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Abaixo são apresentados conceitos relacionados ao medidor de energia, seus sensores


e módulos, a aplicação da transformada de Fourier, funcionamento do motor de indução e
protocolos de comunicação.

2.1 Sensores

Os sensores são aplicados para preparar os sinais da rede a serem medidos pelo
microcontrolador, acondicionando-os para valores dentro dos limites do conversor A/D.

2.1.1 Sensor de tensão

O sensor de tensão é escolhido em função da tensão a ser medida, em casos onde a


tensão de alta supera a tensão da rede comum 127/220, por motivo de segurança deve-se
utilizar transformador, que além de reduzir a tensão oferece isolamento eletromagnético
para o circuito de baixa tensão (HARLOW, 2004). Outra variável que deve ser levada
em consideração é o motivo da medição, quando para qualidade de energia é necessário
utilizar um sensor que não ocasione a filtração de frequências importantes para a medição
como transformador de pulso, que opera em velocidades mais altas que o convencional de
60Hz, ou divisores resistivos, para tensões menores.
O divisor resistivo limita a tensão de entrada de forma a não ultrapassar a tensão
máxima do módulo analógico que fará a leitura, o diagrama pode ser visto na Figura 2.1.
As fórmulas para o divisor resistivo derivam da lei de Ohm:

U =RI (2.1)

U é a tensão, R a resistência elétrica e I a corrente, assim como a tensão de saída do


divisor é dada por:
VOU T = R2 Is (2.2)
e os valores dos resistores garantem um baixo consumo de corrente, a qual é calculada por:

Vpico_a_pico
Is = . (2.3)
R1 + R2
A tensão pico a pico é calculada por:
R1 + R2
Vpico_a_pico = Vref , (2.4)
R2
sendo Vref igual a 3.3V , relativo a tensão de referência do módulo A/D.
Os resistores devem ser de precisão para a melhorar a precisão das medidas feitas
da rede.
26

Figura 2.1 – Divisor resistivo de tensão utilizado para tensões de 127V /220V .

2.1.2 Sensor de corrente

Sensores de corrente são, na maioria das vezes, conversores lineares de corrente


em tensão, isso em razão da maior parte dos conversores A/D serem de tensão. Para essa
função, pode ser utilizado um resistor shunt, mostrado na Figura 2.2, que se beneficia da lei
de Ohm apresentada anteriormente, lei essa que tem característica linear para resistência
constante. O maior problema desse método é a alta potência dissipada no resistor shunt,
ademais, apresenta uma queda de tensão para a carga, podendo causar problemas. A
potência dissipada no resistor é dada por:

P = R I2 (2.5)

e a queda de tensão pela lei de Ohm.

Figura 2.2 – Esquemático de um sensor de corrente com resistor shunt.

Outro método para sensoriamento de corrente, esse muito mais eficiente que o
anterior, é o sensor de efeito Hall. O princípio fundamental do efeito Hall explorado pelo
sensor de corrente é a chamado força de Lorentz:

F~ = q~v × B
~ , (2.6)

em que F é a força de Lorentz, q é a magnitude da carga dos transportadores de cargas e


B é o campo magnético. Em resposta à força F~ , os elétrons movem-se em uma trajetória
27

curva ao longo do condutor formando uma carga, e consequentemente uma tensão, a tensão
Hall, que pode ser calculada em função da corrente pela fórmula:

IB⊥
VH = (2.7)
ρn qt

sendo V H a tensão Hall, I a corrente, ρn o número de cargas por unidade de volume e t a


espessura do condutor, que pode ser condutor ou semicondutor, dependendo do tipo de
sensor (MILANO, 2013). Além de sensores de corrente, o efeito Hall também é aplicado a
sensores magnéticos de posição, campo, rotação, entre outros. A Figura 2.3 ilustra o efeito
Hall.

Figura 2.3 – O efeito Hall: Quando um condutor elétrico, conduzindo uma corrente elétrica,
é transpassado por um campo magnético produz uma diferença de potencial
elétrico na direção ortogonal à direção do campo.

Fonte: Milano (2013)

2.2 Espectro Harmônico de Corrente e Tensão

O espectro harmônico capturado do motor de indução, são as principais ferramentas


utilizadas para a identificação de falhas pelo medidor proposto neste trabalho. A assinatura
de corrente é especialmente útil para identificar problemas de estator e rotor em máquinas
assíncronas (THOMSON; FENGER, 2001).

2.2.1 Transformada rápida de Fourier

Para o cálculo do espectro harmônico, foi utilizado o módulo de transformada


rápida de Fourier (FFT, das iniciais em inglês) integrado em hardware no dsPic33, que
simplifica sua utilização e o torna mais rápido. Comparando o método da transformada
discreta de Fourier (DFT, das iniciais em inglês) com a FFT, o segundo possui um número
28

de operações complexas bem menor, por isso é mais rápido e eficiente (LYONS, 2004).
Para calcular a DFT com N amostras utiliza-se a fórmula:
N −1
Ak = WNkn an , (2.8)
X

n=0

que utiliza N 2 multiplicações e somas complexas realizadas no microcontrolador. A trans-


formada rápida de Fourier consiste em decompor a DFT em log2 N estágios, para os quais
realiza-se N/2 cálculos butterfly. O método butterfly toma dois números complexos, p e q, e
calcula outros dois números complexos, p + αq e p − αq, onde α é outro número complexo.
A forma dos cálculos é ilustrada na Figura 2.4 (HECKBERT, 1995).

Figura 2.4 – Um estágio do algoritmo butterfly para calcular FFTs, calculada com números
complexos.

Fonte: Heckbert (1995)

Um cálculo completo com 8 amostras pode ser visto na Figura 2.5, onde à esquerda
an são as entradas representadas pela sequência amostrada, à direita An representa a
sequência da transformada de Fourier de an e Wn são as constantes de twiddle.
Concluindo a comparação, o segundo método realiza:
N
M ultiplicações = log2 N (2.9)
2
multiplicações complexas e:
!
N
Somas = +N log2 N (2.10)
2
somas complexas, quantidades substancialmente menores que o primeiro método. A Tabela 1
abaixo demonstra em termos numéricos o custo computacional de cada método em cálculos
complexos e o quanto mais rápido é o cálculo da FFT diante do cálculo da DFT.
O fator de twiddle citado anteriormente é um vetor constante que rotaciona em
incrementos dependentes do número de amostras (LYONS, 2004), que pode ser calculado
por meio de:
−i2πn
Wn = e N (2.11)
em que i indica número complexo, n o índice do fator e N o número total de amostras.
Finalmente, é preciso evitar o problema de aliasing que acontece ao buscar represen-
tações de espectros de altas frequências com velocidade de aquisição insuficiente. O teorema
29

Figura 2.5 – Cálculos butterfly para obter a FFT de uma sequência de 8 amostras.

Fonte: Heckbert (1995)

Tabela 1 – Comparativo do custo computacional dos métodos analisados.

N DFT(N 2 ) FFT( N2 × log2 N ) ×maisrápido


2 4 1 4
4 16 4 4
8 64 12 5,3
256 65.536 1.024 64

de Nyquist fornece a máxima frequência a ser identificada corretamente, essa frequência,


chamada de frequência de Nyquist fN , deve ser menor que a metade da frequência de
aquisição fA :
fA
fN < . (2.12)
2
O problema de aliasing é evitado através de um filtro anti-aliasing, que tem característica
passa − baixa e é aplicado internamente no microcontrolador (SMITH, 1997).

2.2.2 Identificação de falhas

A ferramenta mais utilizadas para a identificação de falhas em motores de indução


é a análise da assinatura de corrente do motor (MCSA, das iniciais em inglês), a corrente é
diretamente proporcional ao fluxo magnético de uma única máquina analisada e portanto
uma variável muito importante para a identificação de falhas como rompimento de barras
do rotor, excentricidade do rotor ou curto-circuito entre espiras do enrolamento do estator.
O que torna a MCSA uma ferramenta muito poderosa é o fato de através da mesma ser
30

possível identificar falhas em estágios iniciais, antes de desencadear danos secundárias ou


mesmo falha completa do motor de indução (THOMSON; GILMORE, 2005).
Muitos métodos podem ser utilizados para a identificação de falhas através da
MCSA, alguns muito atuais, baseados em redes neurais, são especialmente interessantes
por serem capazes de identificar mudanças nas características previamente identificadas
do motor.

2.3 Motor de Indução Trifásico

O motor de indução trifásico (MIT) é o meio de conversão de energia elétrica em


energia mecânica mais utilizado nas industrias atualmente, devido ao seu baixo custo,
simplicidade, alta eficiência e facilidade de manutenção. Atualmente, com a evolução da
eletrônica de potência e sua diminuição de preços, o controle dessas máquinas tornou-se
mais fácil e viável, tornando seu uso ainda maior.
O tipo de motor de indução mais comumente utilizado no setor industrial é o de
rotor gaiola de esquilos, observado na Figura 2.6. Devido a não possuir enrolamento no
rotor torna-se mais robusto, diminuindo a incidência de defeitos mecânicos e a necessidade
de manutenção. Por não possuir escovas, o MIT não gera pó de grafite proveniente do
desgaste de contatos em comutadores, podendo ser utilizado em industrias alimentícias e
por não gerar fagulhas elétricas pode ser instalado em ambientes explosivos ou de fácil
ignição.

Figura 2.6 – Desenho em corte de um motor de indução trifásico.

Fonte: Sinésio R. Gomes (2017)

O funcionamento do MIT ocorre pelo conceito de campo magnético girante, gerado


pela corrente elétrica trifásica, defasada de 120° aplicada ao estator do motor. A ação do
campo magnético no rotor Gaiola de Esquilos induz uma força eletromagnética em seus
31

condutores ocasionando o aparecimento de uma corrente elétrica, que em resposta gera


torque eletromagnético, fazendo o rotor girar (Pinheiro, Hélio, 2014).
Para a realização de medições de tensão e corrente de um motor é necessário ter
noção das grandezas envolvidas, para assim escolher sensores adequados para o medidor.
A corrente nominal por fase de um motor de indução trifásico pode ser calculada por:
P cv
I=√ (2.13)
3 VL cosθ η
em que I é a corrente de fase, P é a potência mecânica em cv(cavalo vapor), cv equivale
a 736 Watts, VL é a tensão de linha, cosθ é o fator de potência e η é o rendimento da
máquina. É preciso ainda considerar que a corrente de partida do motor pode atingir de 8
a 12 vezes a corrente nominal quando em partida direta e dependendo da dimensão do
mesmo.
A corrente ainda depende do torque do motor, que pode ser calculado por:

T = k φ IR cosθR (2.14)

em que T é o torque mecânico por fase em kg · m, k é a constante construtiva do motor, φ


é o fluxo do campo girante em W eber, IR é a corrente do rotor em Ampere e cosθR é o
fator de potência do rotor. Já que a corrente do rotor é induzida pela corrente do estator,
a segunda depende diretamente do torque mecânico exigido da máquina (Pinheiro, Hélio,
2014).

2.4 Protocolos de Comunicação

2.4.1 Comunicação offline

Interface Serial Periférica (SPI, das iniciais em inglês) é um protocolo de comunica-


ção muito utilizado para troca de informações entre microcontroladores de uma mesma
placa ou interligados por cabos. As entidades envolvidas no SPI são denominadas master
e slaves e se comunicam de forma síncrona em full-duplex, ou seja, possuem duas vias e
são capazes de enviar e receber informações ao mesmo tempo. Nesse protocolo é possível
atingir altas velocidades quando comparado a outros protocolos full-duplex, isso por possuir
pouca deformação de sinal. No SPI, o barramento de dados é compartilhado, economizando
portas do microcontrolador quando comunicando com múltiplos slaves.
Na Figura 2.7 é possível identificar a posição do master e dos slaves. O master
tem a função de habilitar o slaves através do sinal slave selector(das iniciais em inglês SS),
gerar o clock e recolher os dados. Os slaves então trocam informação com o master sempre
que selecionados e de forma individual.
A seleção dos slaves é feita em nível lógico baixo, sendo assim, para iniciar a
comunicação, o master seleciona o slave com a mudança de estado do SS e passa então
32

Figura 2.7 – Diagrama de blocos das ligações da comunicação SPI

a gerar o clock com a frequência estabelecida para a comunicação. Na borda de descida


do clock o dado é recebido (SACCO, 2014). Os sinais do protocolo enunciado pode ser
observado na Figura 2.8.

Figura 2.8 – Sinais verificados durante a comunicação SPI.

Além da comunicação SPI citada acima, outro tipo de comunicação muito impor-
tante para o projeto é a universal serial assíncrona UART, cujo protocolo é muito utilizado
para comunicação entre embarcados e computadores via USB através de um conversor
lógico. Essa foi utilizada para receber os dados gerados no medidor durante os testes
individuais e para receber informações do funcionamento do dsPic33.
A comunicação por UART possui velocidade controlada por uma frequência cha-
mada de baud-rate e pode ser dos tipos simplex, operando apenas em uma direção,
half-duplex, operando nas duas direções no entanto através do mesmo condutor ou full-
duplex, com dois condutores e comunicando em ambas as direções simultaneamente, todos
os modos acima utilizam nível lógico alto nos dutos de sinal e iniciam a comunicação por
um bit de início de nivel lógico baixo, envia então de 5 a 8 bits de dados, quantidade
previamente configurada, em seguida, pode haver ou não um bit de paridade, finalizando
com 1, 1, 5 ou 2 bits de parada, a Figura 2.9 demonstra o sinal graficamente.
33

Figura 2.9 – Sinal de comunicação padrão UART.

A Figura 2.10 mostra as conexões necessárias para a comunicação via UART


no padrão lógico transistor-transistor (da sigla em inglês TTL), o mais utilizado em
microcontroladores com níveis alto e baixo em 5V e 0V respectivamente. Outros padrões
que utilizam comunicação UART são RS-232 e RS-485 (MICROCHIP, 2007).

Figura 2.10 – Diagrama de blocos das ligações na comunicação UART.

2.4.2 Comunicação online

Para facilitar o acesso aos dados obtidos pelo medidor e eliminar a necessidade de
cabos de dados, uma comunicação sem fio com a internet é indispensável. Isso é feito pelo
módulo de WiFi, que com acesso sem fio à rede utiliza os métodos de requisição-resposta
Get e Post do protocolo HTTP. Esse protocolo realiza comunicação entre um cliente e um
servidor online, que recebe dados e responde ao cliente. O cliente na aplicação é o ESP8266,
que com o auxílio da biblioteca HTTPSRedirect (PHADKE, 2017) envia informações ao
servidor Google Spreadsheet.
O método Post é responsável por enviar dados através do corpo de mensagens
que serão recebidas e processadas pelo servidor, enquanto Get envia e recebe dados
através do Localizador Uniforme de Recursos(da sigla em ingles URL). Todos os dados são
redirecionados a um endereço de Google Script criado para recuperar os dados e salvá-los
em uma planilha online, que por sua vez recebe e organiza os dados na forma de listas e
gráficos.
35

3 DESCRIÇÃO DO MEDIDOR DE ENERGIA

O medidor de energia foi projetado em módulos independentes, de forma a facilitar


os testes de validação de cada parte importante do sistema. Os módulos separados
contribuem para uma melhor isolação dos sinais medidos da rede, que atingem valores
maiores que o máximo suportado pelo conversor analógico digital.

3.1 Módulo Principal

O módulo principal mostrado na Figura 3.1 abriga o principal microcontrolador


do medidor de energia, um controlador digital de sinais dsPic33 que realiza as funções de
aquisição dos dados provenientes dos sensores, tratamento e processamento de cada um, e
realização de cálculos afim de encontrar valores úteis para a análise do motor trifásico. Os
dados adquiridos são tensão e corrente do motor e a tensão de referência proveniente de
um regulador de precisão, utilizada para corrigir as demais medidas.

Figura 3.1 – Módulo principal.

O circuito da Figura 3.2 apresenta as conexões elétricas do microcontrolador e


pinos externos à placa do módulo principal. Algumas características elétricas importantes
são mostradas abaixo:

• Tensão de alimentação de 3 a 3.6V.

• Arquitetura Harvard modificada.

• Controlador de 16-bits.

• Conversor analógico-digital de 10 ou 12-bits.


36

• Leitura analógica de 4 canais simultâneos.

• Módulo de DFT em hardware.

Figura 3.2 – Esquemático do microcontrolador dsPic33 com os filtros de alimentação e


conexões na placa.

Para programar o microcontrolador foi utilizada a ferramenta oferecida pelo fabri-


cante MPLAB X, gratuita possui compiladores de linguagem C e bibliotecas para para o
dsPic33 que facilitam o trabalho. Para gravar o chip pode ser utilizado um gravador Pickit
3, semelhante ao da Figura 3.3, através do mesmo software.

Figura 3.3 – Pickit 3- dispositivo utilizado para gravar códigos no dsPic33.

O microcontrolador dsPic33 foi escolhido pela necessidade de alta velocidade de


amostragem analógica. Com um clock de 80MHz, o módulo analógico foi configurado para
operar com frequência de aquisição dada por:

Faquisição = Frede N (3.1)


37

em que F é frequência da rede e N é o número de amostras. Para 256 amostras por ciclo de
senoide da rede, a frequência de aquisição é 15360Hz. Essa grande quantidade de amostras
são necessárias para efetuar o cálculo das frequências harmônicas.
O conversor analógico do controlador utiliza como referência de tensão sua própria
alimentação, que por ser imprecisa deve ser corrigida. Isso foi feito através de um regulador
de precisão MCP1525, mostrado na Figura 3.4, que oferece uma tensão de 2,5V com
precisão de 1%. Essa tensão é lida e o erro é calculado a cada leitura do módulo A/D
através de:
V alor_da_P alavraM AX
erro = 2, 5 (3.2)
Leitura + V alor_da_P2 alavraM AX
em que Leitura é o valor lido pelo A/D do regulador de referência e V alor_da_P alavraM AX
para o microcontrolador utilizado é 65535. O erro calculado possui a unidade Volt e é
utilizado para corrigir as demais leituras.
Figura 3.4 – Regulador de precisão para referência de tensão

Os valores de tensão e corrente podem agora ser calculados a partir dos valores
digitais obtidos pelo microcontrolador e dos coeficientes dos sensores. Isso é feito através
das equações:
V [Digital]
V [V ] = F ator_V (3.3)
V alor_da_P alavraM AX
e:
I[Digital] 1
I[A] = (3.4)
V alor_da_P alavraM AX F ator_I
sendo F ator_V dado pelo divisor de tensão do sensor de tensão igual a 148.0588 e
F ator_I, 0.110, dado pelo coeficiente do efeito Hall. O microcontrolador guarda agora
vetores com 256 valores de tensões e correntes instantâneos por fase.
Finalmente, os valores eficazes de V e I podem ser calculados como a raiz quadrada
da média quadrática das amostras instantâneas, denotadas Vi e Ii , respectivamente, como
segue: sP sP
N 2 N 2
V i=1 Ii
VRM S = i=1 i
, IRM S = (3.5)
N N
38

em que N é o número de amostras e é igual a 256.


Um outra grandeza importante para o usuário é o fator de potência (FP), já que o
motor de indução é uma carga indutiva e pode ter o fator de potência variado em função da
carga mecânica aplicada. O cálculo do ângulo do fator de potência instantâneo é realizado
através do tempo entre uma senoide de tensão e uma de corrente. Esse tempo é encontrado
através da contagem de amostras entre as passagens por zero da tensão e da corrente.
Um exemplo de dado de tensão e corrente é observado na Figura 3.5. Com as amostras
equidistantes no tempo, o cálculo do ângulo da defasagem entre tensão e corrente é feito
via uma simples regra de três:


ϕ= N um_amostras_def asadas (3.6)
N

em que N um_amostras_Def asadas é o número de amostras encontradas entre a passa-


gem por zero da tensão e da corrente e ϕ é o ângulo entre tensão e corrente em radianos.
O fator de potência é um valor no intervalo [0 a 1] dado por cos(ϕ).

Figura 3.5 – Exemplo de corrente atrasada no tempo em relação à tensão


39

Obtidos os valores RMS calcula-se as potências aparente:

S = VRM S IRM S (3.7)

ativa:
P = VRM S IRM S cos(ϕ) (3.8)

e reativa:
Q = VRM S IRM S sen(ϕ) (3.9)

conforme indica a Figura 3.6.

Figura 3.6 – Visualização gráfica da potência complexa.

O último e mais importante cálculo feito com os vetores de valores instantâneos é a


FFT, para identificação do espectro harmônico do sinal medido. Esse é feito em hardware no
dsPic33 com o auxílio da biblioteca CE018 (MICROCHIP, 2005), que, através das amostras
de tensão ou corrente colhidas, calcula as frequências múltiplas da fundamental escolhida.
Para a análise do espectro harmônico do motor foi escolhida a frequência fundamental
da rede como 60Hz. Todavia, em alguns casos específicos pode-se escolher frequências
diferentes para efetuar a análise de outros harmônicos. Por exemplo, escolhendo-se uma
frequência de 6Hz, é possível analisar as frequências harmônicas de décimos de 60Hz:
CC, 6Hz, 12Hz, 18Hz, 24Hz, 30Hz, · · · .
A biblioteca necessita que a entrada dos dados seja um vetor de números com-
plexos, portanto o primeiro passo é adicionar o valor imaginário zero a cada amostra do
vetor, que deve também estar no formato fracionário inteiro com sinal, interpretado pelo
microcontrolador como um valor entre −1 e +1. Outra exigência do módulo de FFT do
dsPic33 é que a entrada esteja escalonada entre −0, 5 e +0, 5, forçando que o vetor seja
dividido por 2.
O próximo passo é calcular o vetor com os fatores de Twiddle, que por serem
constantes e dependentes apenas do número de amostras configurado, foram calculados e
adicionados na memória de programa do microcontrolador, de forma a liberar o espaço
que o mesmo ocuparia na memória de acesso aleatório (RAM, das iniciais em inglês).
40

Os dados estão prontos para aplicar de fato a FFT, e a função da biblioteca que
faz isso é a FFTComplexIP. Em seguida, os dados são reorganizados depois de terem os
bits invertidos pelo método Butterfly enunciado no capítulo anterior. A função que se
encarrega disso é a BitReverseComplex. Finalmente, para facilitar a análise dos valores
complexos dos dados, são calculadas as magnitudes com a função SquareMagnitudeCplx
que realiza a soma dos quadrados das partes real e imaginária.
Finalizando o módulo principal, a fonte de alimentação é composta por um banco
de baterias de polímero de lítio que fornecem 5V em tensão contínua, que para se adequar
ao dsPic33 utilizado, precisa ser reduzida para valores entre 3V e 3.6V, para isso foi
usado um regulador de tensão de 3.3V LM1117-05, com o circuito mostrado na Figura 3.7.
Esse circuito fornece corrente suficiente para todo o módulo principal e seus periféricos:
sensores de tensão e corrente, regulador de precisão e módulo WiFi, vistos no diagrama de
alimentação dos módulos na Figura 3.8.

Figura 3.7 – Circuito eletrônico do regulador de tensão da fonte de alimentação.

3.2 Módulos Sensores

Os sensores são utilizados para realizar medições de tensão e corrente da rede. O


sensor de tensão pode medir valores de até 200V de pico enquanto o de corrente é ideal
para o motor utilizado nos testes do protótipo e pode chegar a 12A de pico. É fácil mudar
os fundos de escala dos sensores, basta mudar a relação do divisor de tensão ou adicionar
um transformador de corrente para o sensor de corrente.

3.2.1 Módulo sensor de tensão

O sensor de tensão ilustrado na Figura 3.9 foi projetado para medir tensões de fase
de até 170 VRMS , com tensões de pico de até 240V, suficientes para operar com motores
trifásicos de 220 VRMS nominais. A primeira fase do sensor é constituída de dois resistores
com precisão de 1%, R1 e R2, que formam um divisor resistivo de tensão com fator de
148:1. Esse divisor limita a entrada de forma a não ultrapassar a tensão máxima do módulo
41

Figura 3.8 – Diagrama da alimentação do medidor de energia.

Figura 3.9 – Placa do sensor de tensão trifásico.

analógico. Os valores máximos são, para a corrente, 457, 3µA e tensão de pico a pico no
microcontrolador 3, 3V . Antes do divisor, a máxima amplitude da tensão é 488, 4V .
A segunda fase possui capacitor de poliéster C1, que contribui com o isolamento
da rede além de agir como um somador para a terceira fase do sensor, formada pelos
resistores R3 e R4 e pelo potenciômetro R5. Essa fase trata-se de um segundo divisor de
tensão, desta vez 2:1, para fornecer uma tensão igual à metade da tensão de referência de
módulo conversor analógico digital, com a função de offset, deslocando o zero da senoide a
ser lida para o centro da referência do dsPic33. O circuito do sensor de tensão pode ser
observado na Figura 3.10. É importante que o sensor de tensão ofereça um fundo de escala
grande o suficiente para que nunca seja atingido, protegendo assim o microcontrolador, e
pequeno o suficiente para oferecer a precisão necessária. A precisão do sensor pode ser
42

calculada conforme:
Vpico_a_pico
Vpasso = , (3.10)
Resolução_A/D
em que a resolução do médulo A/D é de 1024 e a precisão resultante é de 477mV /passo
do conversor.
Figura 3.10 – Circuito do sensor de tensão da rede por fase.

3.2.2 Módulo sensor de corrente

Figura 3.11 – Placa do sensor de corrente por fase.

O sensor de corrente da Figura 3.11 foi projetado para operar em corrente instan-
tânea de pico de 12, 5A, portanto com motores cuja corrente eficaz não supere 8, 5ARM S.
O componente principal do sensor é o circuito integrado ACS711, um sensor de efeito Hall
43

de corrente instantânea que fornece um sinal de tensão linear e proporcional a corrente


medida, com precisão de 110mV /A, para que a corrente do motor trifásico de indução
possa ser medida pelo conversor A/D do dsPic33. O circuito montado pode ser visto na
Figura 3.12.

Figura 3.12 – Circuito do sensor de corrente da rede por fase.

A precisão final da medida de é o valor de corrente por passo do conversor A/D e


essa pode ser calculada por:
3,3
I passo = P recisão_Hall
(3.11)
Resolução_A/D
em que a P recisão_Hall apresentada acima igual a 110mV /A e a precisão final I passo
igual a 29, 3mA/passo.

3.3 Módulo de Comunicação sem Fio

Eliminando a necessidade de fios para a comunicação com os medidores foi utilizado


um módulo de internet sem fio NodeMCU 1.0 (Figura 3.13) baseado no módulo WiFi
ESP8266. Esse módulo conta com um microcontrolador Tensilica L106 32-bits que faz
a integração entre o chip de internet do módulo e o exterior via alguns protocolos de
comunicação. O protocolo escolhido para a transferência de dados entre o módulo principal
e o módulo de internet foi o serial SPI. O módulo WiFi disponibiliza os dados enviados
pelo dsPic33 na nuvem, com a finalidade de armazenar e expor os dados para a visualização
do usuário. A transferência para a internet é feita por protocolo HTTP, via GET e POST,
utilizando a biblioteca HTTPSRedirect para ESP8266 (PHADKE, 2017).
A biblioteca acima citada auxilia no envio de dados para a rede, esses dados são
interpretados por um script Google e disponibilizados em uma planilha no Google Drive.
44

Figura 3.13 – Módulo de internet sem fio NodeMCU 1.0 baseado no módulo WiFi
ESP8266.

Essa forma de apresentar as leituras foi escolhida por apresentar diversas vantagens, entre
essas o fato de ser gratuito, ter uma interface simples e completa, tal que o usuário possa
criar gráficos conforme necessário, mas principalmente por oferecer segurança de acesso, já
que a planilha destino dos dados deve ser vinculada a uma conta Google. A Figura 3.14
mostra o diagrama de comunicação interna e externa do medidor de energia.

Figura 3.14 – Diagrama da comunicação entre os módulos e o servidor.

Para ligar o medidor a uma planilha Google é preciso configurar o módulo WiFi
com o nome da rede sem fio criada pelo roteador local e senha, possibilitando o módulo
conectar-se ao mesmo, em seguida adiciona-se o complemento do endereço do Google script
destinado ao medidor. O módulo WiFi está então possibilitado de enviar dados ao script. O
próximo passo é configurar no script o complemento do endereço da planilha que receberá
os dados do medidor. A Figura 3.15 mostra um exemplo complemento de endereço de um
45

script, o qual pode ser utilizado no medidor enquanto a Figura 3.16 mostra o trecho do
endereço de uma planilha, que pode ser utilizada na exibição dos dados.

Figura 3.15 – Exemplo do trecho de endereço do Google script a ser configurado no módulo
WiFi.

Figura 3.16 – Exemplo do trecho de endereço do Google spreadsheet a ser configurado no


Google script.
47

4 VALIDAÇÃO DO MEDIDOR DE ENERGIA

Para validar o medidor de energia proposto neste trabalho, foram elaborados


ensaios de forma a testar as partes independentemente, a integração entre as partes e o
sistema funcionando da forma como foi proposto. Foram usados os módulos do medidor a
serem testados, variac, gerador de funções Agilent, fonte regulável Instruterm FA-1030,
osciloscópio digital TBS1104 Tektronix, multímetro digital homis HMU9927, Resistor de
0, 1Ω/10W , carga térmica de característica resistiva de 127V /800W e computador que
tenha instalado terminal (TeraTerm), programador (MPLabX) e programador (Arduino).

4.1 Ensaios dos Sensores

O sensor de tensão tem função de reduzir as tensões da rede elétrica, isolar a


entrada do módulo analógico do dsPic33, elevar o Offset de tensão do sinal e limitar a
corrente que passa pelo circuito de medição.
Para testar o sensor, primeiramente verificou-se o isolamento, aplicando tensões de
até 200VRM S por fase e verificando o lado de baixa tensão com osciloscópio, a tensão do
lado de baixa não deve superar a tensão de operação do dsPic33. A primeira montagem
pode ser vista na Figura 4.1.

Figura 4.1 – Montagem do ensaio de isolamento de tensão.

No segundo ensaio, foi testado o trecho do circuito que regula o Offset de tensão
alimentando o sensor com 3, 3V , variando o potenciômetro de ajuste do Offset e medindo a
saída com um multímetro no modo tensão CC, procurando observar tensão igual a metade
da tensão de alimentação do sensor. A montagem é observada na Figura 4.2.
48

Por último, para medir a qualidade da energia com o sensor ensaiado, o mesmo deve
ter resposta linear para todas as faixas de frequências analisadas, de forma que o próximo
ensaio a ser realizado é o de resposta em frequência. Utilizando um gerador de funções,
uma senoide foi aplicada na entrada e teve a frequência variada entre 1Hz e 1M Hz, com
um osciloscópio, os sinais de entrada e saída foram analisados e o objetivo foi identificar
a máxima frequência de operação do sensor. A montagem utilizada é apresentada na
Figura 4.3.
Para testar o sensor de corrente, utiliza-se primeiramente uma fonte de tensão
contínua controlada, um resistor de 0, 1Ω e 10W para limitar a corrente no circuito e um
multímetro para aferir a saída. A tensão da fonte é variada entre 0 e 1V , de forma que a
corrente do circuito não ultrapasse 10A para não danificar o resistor de 10W . A saída é
medida com um multímetro e o valor é conferido dividindo-se pelo fator que relaciona a
tensão com a corrente igual a 0, 110V /A. A montagem pode ser vista na Figura 4.4.

Figura 4.2 – Montagem do ensaio de offset de tensão.

O próximo teste envolve medição de corrente alternada, a fonte de tensão controlada


é então trocada por um variac, o resistor por uma carga térmica de característica resistiva
com potência de 800W e o multímetro por um osciloscópio. A tensão alternada é variada
com o variac sem ultrapassar as tensão nominal da carga e a corrente é monitorada com o
osciloscópio na saída do sensor. Devido a carga consumir uma corrente de pico nominal
de 8, 9A, se a tensão não ultrapassar a nominal, a corrente será segura para o sensor. A
montagem está esquematizada na Figura 4.5. A isolação de corrente e tensão são garantidas
pelo fabricante e podem ser observadas no datasheet do circuito integrado, não sendo
49

Figura 4.3 – Montagem do ensaio de resposta em frequência.

necessário fazer testes.


Figura 4.4 – Montagem do ensaio de corrente contínua.

4.2 Ensaios do Módulo Principal

Os ensaios no módulo principal começam com um teste elétrico do regulador, o


qual deve receber 5V e oferecer 3, 3V em seu terminal de saída. É muito importante
realizar esse teste antes da instalação do dsPic33, pois o mesmo pode queimar caso a
tensão não esteja corretamente regulada. Iniciando o ensaio aplica-se 5V na entrada da
alimentação e com um multímetro afere-se as tensões nos pontos em que a tensão deve ser
3, 3V . A Figura 4.6 ilustra a montagem do ensaio. O dsPic pode ser instalado e os testes
agora envolvem o firmware. Para ensaios utilizando o módulo principal, uma conexão
via UART com o computador é necessária. Assim, o primeiro teste executado foi o do
funcionamento da conexão UART. Foi implementado um código para ecoar os dados
50

Figura 4.5 – Montagem do ensaio de corrente alternada.

recebidos de volta ao computador, a ser enviado e recebido por um terminal através de


um conversor USB-UART. O Algoritmo 4.1 foi desenvolvido para o teste com montagem
como indicado na Figura 4.7. O Algoritmo 4.2 é a forma como deve ser programado no
microcontrolador dsPic33 o envio de um vetor com 16 valores float.

Figura 4.6 – Montagem do ensaio de alimentação do módulo.


51

Figura 4.7 – Montagem do ensaio de comunicação UART.

Algoritmo 4.1: Algoritmo para teste da comunicação via UART

Inicialização UART;
while Verdade do
if Dado na serial then
Lê o dado da serial;
Escreve o dado na serial;
end
end

Algoritmo 4.2: Algoritmo para enviar 16 valores float no dsPic.

f o r ( i =1; i <15; i ++){

send [ i +2] = SquareMagnitude [ i ] ;


s p r i n t f ( p r i n t , "%d , " , SquareMagnitude [ i ] ) ;
putsUART1 ( ( unsigned i n t ∗ ) p r i n t ) ;

Possibilitado de receber dados do módulo principal do medidor pode-se testar


o módulo analógico. Uma fonte de tensão continua variável entre 0 e 3, 3V é ligada a
entrada analógica AN 1 do dsPic33, o valor é lido, convertido do valor digital para tensão,
convertido em seguida para um vetor de caracteres no código padrão americano para o
intercâmbio de informação (das iniciais em inglês ASCII) para então ser enviado via UART
para o computador, que exibe na tela através de um terminal.
O esquemático da Figura 4.8 demonstra a montagem do ensaio e o Algoritmo 4.3
mostra o pseudocódigo utilizado. O teste anterior realizava leituras instantâneas de tensão,
52

o próximo ensaio foi idealizado para testar cálculos realizados pelo microcontrolador. O
primeiro deles é o cálculo do valor RMS. A saída de um gerador de funções é ligada à
entrada analógica do dsPic33 e configurado para gerar uma onda senoidal de frequência
60Hz e tensão RMS aferida com um multímetro. O dsPic33 é programado para calcular
a tensão RMS e enviar via UART, para ser comparado ao valor esperado. Este ensaio
possibilita ainda verificar o funcionamento do regulador de precisão e do sistema de
correção de leitura.
A Figura 4.9 mostra as ligações necessárias para esse teste. Mantendo as ligações
do teste anterior, o programa do dsPic33 é modificado para calcular a FFT do sinal medido
conforme o Algoritmo 4.4 e um exemplo de código implementado no dsPic para os cálculos
de FFT pode ser observado no Algoritmo 4.7. São então apresentadas ao dsPic33 ondas
com espectros harmônicos conhecidos, são senoides de 60Hz e 120Hz esperando-se que
o espectro se concentre totalmente sobre a frequência apresentada, e ondas quadradas
de 60Hz e 120Hz, esperando-se que os espectros concentrem-se sobre as componentes
ímpares múltiplas da frequência apresentada.

Figura 4.8 – Montagem do ensaio de leitura analógica.


53

Figura 4.9 – Montagem do ensaio de leitura de ondas e cálculos de valores eficazes e FFT.

Algoritmo 4.3: Algoritmo para teste da leitura analógica

Inicialização UART;
Inicialização ADC;
while Verdade do
while Tempo 1/60s do
Lê 20 amostras de tensão e armazena no vetor V Lê 20 amostras de tensão de
referência no vetor R;
end
Corrige o vetor de tensões V através do de referência R;
Calcula a média do vetor V;
% Filtro de erro de leitura
Converte o dado para um vetor ASCII;
Escreve o valor de tensão na serial;
end

4.3 Ensaios do Módulo de WiFi

O módulo WiFi possui um circuito ESP8266 e um conversor USB-UART, portanto


pode ser ligado diretamente ao computador e trocar informações com um terminal. Para
testar esse componente, um código, cujo pseudocódigo pode ser observado em Algoritmo 4.6,
foi implementado em programação para arduino e gravado no ESP8266 conectando-o a um
roteador de internet. O circuito montado para o teste é mostrado na Figura 4.10. Após a
54

Algoritmo 4.4: Algoritmo para teste dos cálculos de valores eficazes e FFT

Inicialização UART;
Inicialização ADC;
while Verdade do
while Tempo 1/60s do
Lê 127 amostras de tensão e armazena no vetor V;
Lê 126 amostras de tensão de referência no vetor R;
end
Corrige o vetor de tensões V através do de referência R;
Calcula o valor RMS do vetor V;
Converte o dado para um vetor ASCII;
Escreve o valor RMS na serial;
Calcula a FFT do vetor V;
% O resultado é um vetor com as magnitudes das componentes harmônicas
while Tamanho do vetor de componentes da FFT do
Converte a componente da FFT para um vetor ASCII;
Escreve a componente da FFT na serial;
end
end

Algoritmo 4.5: Algoritmo para chamada das funções de FFT no dsPic.

/∗ C a l c u l a a FFT − Transformada Rapida de F o u r i e r ∗/


FFTComplexIP (LOG2_ESTAGIOS_BUTTERFLY, &s i n a l C o m p l e x o [ 0 ] , //
( f r a c t c o m p l e x ∗ ) _ _ b u i l t i n _ p s v o f f s e t (& t w i d d l e F a c t o r s [ 0 ] ) , //
( i n t ) __builtin_psvpage (& t w i d d l e F a c t o r s [ 0 ] ) ) ;

/∗ Organiza dados da s a i d a da FFT − Bit−r e v e r s o ∗/


BitReverseComplex (LOG2_ESTAGIOS_BUTTERFLY, &s i n a l C o m p l e x o [ 0 ] ) ;

/∗ C a l c u l a a magnitude quadrada do v e t o r de s a i d a complexo do FFT,


a s a i d a e um v e t o r r e a l ∗/
SquareMagnitudeCplx (PONTOS_FFT, &s i n a l C o m p l e x o [ 0 ] , &s i n a l C o m p l e x o [ 0 ] . r e a l ) ;

conexão estabelecida, testes de comunicação com o servidor Google Script podem ser reali-
zados, possibilitando a escrita e leitura de dados fictícios na planilha do Google SpreadSheet.

4.4 Ensaios de Integração dos Módulos do Medidor

Testadas as partes individualmente, ensaios de integração são realizados, iniciando


pelo teste de comunicação entre os módulos principal e WiFi. A Figura 4.11 mostra a
montagem realizada com comunicação SPI entre os módulos, UART entre o principal e o
computador e WiFi com a internet. O Algoritmo 4.8 mostra o pseudocódigo do programa
que roda no módulo principal do medidor configurado como slave e o Algoritmo 4.9 o
do software do módulo WiFi como master. A função dos códigos é enviar um dado pré
55

Algoritmo 4.6: Algoritmo para teste de conectividade do módulo WiFi.

Inicialização WiFi;
Inicialização UART;
while Não conecta do
Tenta conectar a um roteador;
end
Acende led indicando conexão ativa;
while Verdade do
Nada;
%Fim do código
end

Algoritmo 4.7: Algoritmo para conectar a uma rede no ESP8266.

WiFi . b e g i n ( s s i d , password ) ;
while ( WiFi . s t a t u s ( ) != WL_CONNECTED) {
delay (500);
Serial . print ( " . " );
d i g i t a l W r i t e (LED0 , ! LED0 ) ;
}

d i g i t a l W r i t e (LED0 , HIGH ) ;

Serial . println ( " " );


Serial . p r i n t l n ( " WiFi␣ c o n n e c t e d " ) ;
Serial . p r i n t l n ( " IP ␣ a d d r e s s : ␣ " ) ;
Serial . p r i n t l n ( WiFi . l o c a l I P ( ) ) ;

Figura 4.10 – Montagem do ensaio do módulo WiFi.

programado do master para o slave, que o apresenta no terminal do computador via


UART.
56

Figura 4.11 – Montagem do ensaio de comunicação SPI entre os módulos principal e WiFi.

Algoritmo 4.8: Algoritmo para teste da comunicação SPI do módulo principal

Inicialização UART;
Inicialização SPI;
Interrupção SPI:
Desconsidera o primeiro dado e recebe os próximos do SPI;
Converte os dados para um vetor ASCII;
Escreve os dados na serial UART;
while Verdade do
Nada;
%Fim do código
end
57

Algoritmo 4.9: Algoritmo para teste da comunicação SPI do módulo WiFi

Inteiro dado = 1;
Inicialização SPI;
while Verdade do
Escreve zero no SPI para iniciar uma comunicação;
Escreve dado no SPI;
Aguarda 5 segundos; %Aguarda para enviar o dado novamente
end
O funcionamento do SPI é a chave para iniciar o teste de conexão e envio de
dados para a internet com o medidor de energia. O ensaio seguinte foi montado sobre o
circuito anterior e tem o objetivo de enviar um dado do módulo principal para o WiFi
que em seguida o envia para a internet via protocolo Get. O módulo WiFi, master da
comunicação SPI, inicia uma comunicação com o principal, slave, que responde enviando
os dados requisitados. Os dados são então enviados via WiFi para serem decodificados por
um Google Script e colocados em uma planilha Google.
Os pseudocódigos dos Algoritmo 4.10, Algoritmo 4.11 e Algoritmo 4.12 representam
os códigos utilizados nos módulos WiFi e principal e no Google Script respectivamente.
O Google Script tem a função de receber frases URL formadas pelo módulo WiFi e
decodifica-las, extraindo informações de endereço, local e dados, e através de funções
Google, coloca os dados no Google Spreadsheet, local e endereço indicados.

Algoritmo 4.10: Algoritmo para teste online do módulo WiFi

Inicialização WiFi;
Inicialização SPI;
while Não conecta do
Tenta conectar a um roteador;
end
Acende led indicando conexão ativa;
while Verdade do
Escreve zero no SPI para iniciar uma comunicação e pedir um dado;
while Recebendo do
Copia o dado recebido via SPI para um vetor;
end
Monta a frase com endereço e dados no protocolo GET;
Envia a frase via WiFi;
end
58

Algoritmo 4.11: Algoritmo para teste online do módulo principal

Inteiro dado = 1;
Inicialização SPI;
Interrupção SPI:
Desconsidera o primeiro dado recebido por SPI;
Escreve a variável dado no SPI;
while Verdade do
Nada;
%Aguarda a interrupção.
end

Algoritmo 4.12: Algoritmo para teste online do Google script“

while Verdade do
Recebe a frase em protocolo GET;
Decodifica a frase para extrair endereço, local e dado;
Copia o dado recebido para o endereço e local encontrados;
end

4.5 Ensaio em Funcionamento

A prova final do medidor de energia é simulando uma situação real de aplicação


na indústria. Foi utilizado para isso um motor de indução trifásico de 2cv alimentado
por um variac trifásico e realizadas medições de tensão e corrente pelo medidor e por
um osciloscópio, possibilitando assim uma comparação. O medidor foi programado para
realizar 256 leituras de tensão e corrente instantâneas por fase e realizar cálculos de tensão
e corrente eficazes e espectro harmônico dos mesmos. Os valores calculados foram então
enviados por WiFi para a planilha Google, onde os dados foram organizados em lista e
gráfico. A imagem da Figura 4.12 mostra a montagem realizada no laboratório de máquinas
elétricas com o motor em questão.
A Figura 4.13 mostra as ligações do motor trifásico com os sensores utilizados
durante a medida. As marcações de voltímetro e amperímetro são equivalentes aos sensores
do medidor e do osciloscópio, ligados nos mesmos pontos para comparação das mesmas
medidas.
Para iniciar o ensaio, regula-se o variac trifásico para atingir a tensão nominal de
operação do motor, um multímetro medindo tensão de linha CA é utilizado para garantir
que o valor da tensão seja 220V RMS . Uma ponta de prova do osciloscópio é utilizada para
medir a tensão de uma fase do motor e outra, especifica para medir corrente CA é inserida
na mesma fase. Ao mesmo tempo, os sensores do protótipo do medidor de energia são
instalados para medir tensões e correntes de fase. Para colher dados do motor, os códigos
representados pelos pseudocódigos do Algoritmo 4.13 e do Algoritmo 4.14 são gravados
nos microcontroladores dos módulos principal e WiFi respectivamente. O código do Google
59

Figura 4.12 – Bancada montada para o teste do medidor de energia com o motor trifásico
de indução. A esquerda o motor de 2cv acionado pelo variac ao fundo, o
osciloscópio no centro salva os dados no computador e o medidor e sensores
a direita salva as medições online.

Figura 4.13 – Ligações do motor trifásico de indução na bancada de testes com voltímetros
e amperímetros do medidor de energia.

script é o mesmo utilizado no teste anterior representado pelo Algoritmo 4.12.

Por meio dos dados colhidos pelo osciloscópio são calculadas as mesmas grandezas
que o medidor oferece como valores eficazes e espectro de frequências harmônicas. Esses
valores são comparados e devem apresentar-se semelhantes.
O ensaio final valida também os algoritmos criados para analisar o motor e apre-
sentar os dados online, essas são as versões finais dos códigos dos microcontroladores do
60

Algoritmo 4.13: Algoritmo para teste online do módulo principal

Inicialização SPI;
Inicialização ADC;
Interrupção SPI:
Desconsidera o primeiro dado recebido por SPI;
Lê o segundo dado recebido por SPI e identifica o dado pedido;
Escreve o dado solicitado no SPI;
while Verdade do
Realiza a leitura das entradas AD e salva em seus respectivos vetores;
Corrige os valores medidos através dos dados do regulador de precisão;
Calcula os valores eficazes do período de uma onda capturada;
Calcula o fator de potência instantâneo da máquina;
Aplica a FFT sobre os dados;
Calcula a magnitude das frequências harmônicas;
end

medidor.
Na planilha online é criado um gráfico de barras com as células configuradas para
receber as magnitudes das frequências harmônicas, facilitando assim a visualização dos
dados. A planilha pode ser acessada de qualquer computador com acesso à conta Google
na qual a planilha foi criada e ligada ao sistema do medidor.

Algoritmo 4.14: Algoritmo para teste online do módulo WiFi

Inicialização WiFi;
Inicialização SPI;
while Não conecta do
Tenta conectar ao roteador;
end
Acende led indicando conexão ativa;
while Verdade do
Escreve zero no SPI para iniciar uma comunicação;
while Requisitando dados do
Escreve a inicial de um dado a ser requisitado no SPI;
Aguarda uma resposta e copia o dado recebido via SPI para um vetor;
end
Monta a frase com endereço e dados no protocolo GET;
Envia a frase via WiFi;
end
61

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Abaixo são apresentados os resultados obtidos com os ensaios propostos no capítulo


anterior, com os módulos de forma individual e com o medidor em funcionamento, utilizando
um motor de indução comercial. São realizados ensaios de comunicação offline e online,
aquisição e tratamento de dados e testes de integração. Este capítulo apresenta também
as discussões pertinentes aos resultados.

5.1 Testes Individuais

5.1.1 Sensores de tensão e corrente

Testando-se primeiramente o sensor de tensão, observou-se que a isolação de tensão


é suficiente para as tensões de pico aplicadas, comportando-se conforme esperado com
tensões de até 240V RMS e valores de pico de até 340V , apresentando valor de pico máximo
na saída de 2, 3V sem offset de tensão. Dessa forma tem-se a certeza de que o conversor
A/D do dsPic33 não será danificado.
O ajuste de offset foi então testado e foi observado alguma dificuldade em ajustar
a tensão exata igual a metade da tensão de referência do conversor A/D, trocando-se
os potenciômetros comuns de 50kΩ por multivoltas de mesmo valor o problema seria
completamente sanado e a precisão do offset melhorada satisfatoriamente.
Aplicando por fim tensão alternada ao sensor, o mesmo mostrou-se linear em
frequências de até 1M Hz, onde começou a apresentar diminuição do sinal, causado
pelo efeito de filtro do sensor de tensão. A frequência atingida demonstra-se, por lei
de Nyquist, suficiente para representações de frequências de até 500kHz, equivalente a
aproximadamente 8300a ordem harmônica da fundamental 60Hz. Para a aplicação neste
projeto cuja ordem harmônica não é superior a 49a , o sensor funciona. Pode-se concluir
que o sensor de tensão atende a todas as especificações necessárias do protótipo mesmo
sendo simples e de baixo custo.
O sensor de corrente por se tratar de um circuito integrado comercial validado e
com garantia de funcionamento do fabricante, os testes realizados ajudam o entendimento
do funcionamento do mesmo e possibilita a familiarização com o dispositivo. Quando
aplicada uma corrente contínua de 10A sobre o sensor, verifica-se uma tensão na saída igual
a 2, 75V CC equivalente ao offset somado á tensão referente a corrente, igual a corrente
em A multiplicada ao coeficiente corrente/tensão do sensor.
Quando aplicada uma corrente alternada senoidal com valor de pico aproximado
de 8, 9A, o sensor responde com valores instantâneos de corrente, apresentando na saída
uma tensão alternada de mesma natureza da corrente, com offset e em fase com a entrada,
62

além disso, o fabricante garante funcionamento para sinais com frequências de até 100kHz,
recorrendo novamente a lei de Nyquist, sabe-se que a máxima frequência possível de
ser representada é 50kHz equivalente a aproximadamente 830a ordem da frequência
fundamental da rede. Com isso para motores cuja corrente não supere 12, 5A de pico o
sensor de corrente funcionará conforme o esperado.

5.1.2 Módulo principal

Os primeiros testes com o módulo principal devem garantir a vida útil do micro-
controlador utilizado, item com maior preço na placa em questão. Primeiramente com um
multímetro no modo teste de continuidade foi verificado que não havia curto-circuito com
a alimentação(3, 3V ou 0) em qualquer ponto do circuito. A placa foi então alimentada
com a tensão de operação de 5VCC e todos os pontos da alimentação após o regulador
apresentaram tensão dentro dos limites do dsPic33(3V a 3, 6V ), possibilitando que o
mesmo pudesse ser instalado.
Em seguida o dsPic33 começou a ser programado e o primeiro objetivo foi ajustar
a frequência do oscilador interno, que deve ser preciso para realizar aquisições de dados
com precisão. Após ajustada a frequência em firmware, uma porta de saída digital foi
configurada para gerar uma onda quadrada com um período fixo de 100ms, o resultado
pode ser observado no Figura 5.1 gerado através do software MatLab. Pode ser observado
no gráfico que o período da onda quadrada é o mesmo configurado em código, com isso
entende-se que o clock do microcontrolador está corrento.
O clock é de grande importância para qualquer tipo de comunicação empregada em
microcontroladores, pois a frequência da comunicação deve ser igual nas partes envolvidas.
Pode-se agora configurar a frequência de comunicação do dsPic33 com o terminal no
computador via UART, escolhida igual a 19200bps(bits por segundo). A comunicação
UART é testada e passa a receber e reenviar, eco, caracteres do terminal. Possibilitado
de enviar dados, o dsPic33 pode começar a ser testado com leitura A/D e ter os dados
enviados ao computador.
Como forma de testar o conversor A/D, a tensão do regulador de precisão de 2, 5V
foi ligada a um pino do conversor do dsPic33, essa tensão foi então lida 20 vezes, salvas em
um vetor e calculada a média. O resultado exibido foi 2, 373V ,com erro de 5, 3% mostrando
que a alimentação do microcontrolador que também é a referência de tensão do conversor
A/D está um pouco acima do 3, 3V assumido e utilizado nos calculo de conversão. Essa
tensão não pode ser ajustada porém as leituras da rede podem ser corrigidas através
do regulador de precisão. Isso foi testado em seguida ao ser ligada uma tensão externa
conhecida a um segundo pino conversor A/D, as tensões de referência e externa foram
lidas em 20 amostras simultâneas e os valores da segunda corrigida através da primeira. O
resultado foi um valor mais próximo do real, ao ser testado com um valor externo de 1V o
63

resultado apresentando pelo dsPic33 foi 1.011V e o erro de 1, 1% pode ser atribuído às
aproximações do módulo de conversão e truncamento durante os cálculos, além de algum
erro atribuído ao regulador de precisão.

Figura 5.1 – Teste do clock do dsPic33 medido no osciloscópio.

O último teste individual do módulo principal envolve os cálculos de valores eficazes


e FFT de um dado lido pelo conversor A/D. Um código foi criado com o objetivo de
ler 128 amostras de tensão provenientes de um gerador de função através do conversor
A/D, com frequência conhecida e dos tipos senoidal e onda quadrada. Os gráficos da
Figura 5.2 e da Figura 5.3 mostram as componentes harmônicas de ondas senoidais de
60Hz e 120Hz respectivamente, ambas analisadas com o a frequência fundamental da
FFT configurada em 60Hz e com o valor no eixo Y em percentual da soma da magnitude
das componentes harmônicas. É possível observar que a componente de frequência igual a
da senoide medida é a maior, o esperado para esse tipo de onda. Há também uma pequena
porção de espectro de ordem zero, que representa uma componente CC, presente devido a
uma pequena diferença no offset do sensor.
Os gráficos mostrados na Figura 5.4 e da Figura 5.5 representam as componentes
harmônicas calculadas pelo dsPic33 de ondas quadradas de 60Hz e 120Hz, nas mesmas
configurações citadas acima. O resultado é, conforme o esperado de uma transformada de
Fourier de onda quadrada, as componentes ímpares da frequência analisada.
Os resultados apresentados através dos gráficos possuem a soma total das com-
ponentes de cada espectro pouco menor que 100%, isso pode ser explicado pelas demais
64

Figura 5.2 – Exemplo de FFT calculada pelo dsPic33 de uma senoide de 60Hz. No eixo X
a frequência da componente harmônica em [Hz] e no eixo Y sua magnitude
em percentual do total [%].

Figura 5.3 – Exemplo de FFT calculada pelo dsPic33 de uma senoide de 120Hz. No eixo X
a frequência da componente harmônica em [Hz] e no eixo Y sua magnitude
em percentual do total [%].

componentes de ordens menores, eliminadas da representação, que possuem valores pe-


quenos considerados erros de medida ou arredondamento nos cálculos, ou ainda erros de
precisão. O cálculo de FFT do dsPic mostrou-se nesses ensaios eficiente e coerente, com
resultados muito próximos do esperado em cada teste.
65

Figura 5.4 – Exemplo de FFT calculada pelo dsPic33 de uma onda quadrada de 60Hz.
No eixo X a frequência da componente harmônica em [Hz] e no eixo Y sua
magnitude em percentual do total[%].

Figura 5.5 – Exemplo de FFT calculada pelo dsPic33 de uma onda quadrada de 120Hz.
No eixo X a frequência da componente harmônica em [Hz] e no eixo Y sua
magnitude em percentual do total[%].

5.1.3 Módulo WiFi

Os ensaios realizados com o módulo de internet buscam conectar o módulo a


um reteador e enviar dados ao servidor criado para salvar as medições do medidor de
energia. A conexão do Esp8266 é rápida e apresentou poucas falhas. Em caso de falha de
66

conexão o módulo volta a tentar conectividade e em todos os testes realizados o Esp8266


conectou-se com sucesso. Após realizada a conexão, um contador foi iniciado e o valor
sequencial salvo na planilha Google em velocidades diferentes, chegando a um tempo entre
envios de 4 segundos, para o qual não houve perda de dados. Esse valor também é o mais
recomendado pelo criador da biblioteca de conexão com o Google spreadsheet.
A Figura 5.6 mostra o resultado do teste do módulo WiFi enviando o valor de um
contador de conexões. Os valores nas células A1, B1, C1 e D1 mostram respectivamente
um dado enviado ao módulo, o horário do início da conexão, o número de conexões e o
horário ao final da conexão. Os dados são salvos no formato de lista nas células A3 a A22.

Figura 5.6 – Dados colhidos durante o teste de conexão com a internet do módulo WiFi.

5.1.4 Ensaio de integração

Com todos os módulos testados individualmente e funcionando, um teste geral


de integração foi realizado com o objetivo de testar a aquisição dos dados pelos sensores
67

e conversor A/D do dsPic33 e principalmente verificar a comunicação entre os módulos


principal e WiFi. O alvo principal desse ensaio, o SPI, protocolo utilizado para a comuni-
cação interna offline apresentou alguns problemas no início, oferecendo dificuldade em
configurar o protocolo e a temporização da comunicação, a principal causa desse problema
é o fato de ser uma comunicação entre microcontroladores diferentes. Depois de corrigidos
os defeitos a comunicação funcionou bem com uma velocidade de 100kHz.

5.2 Ensaio com o Motor de Indução

O medidor completo foi finalmente instalado no motor de indução para realizar


as leituras de tensões e correntes, como mostra a Figura 5.7. O numero de amostras por
ciclo de senoide nesse teste é 256. Um ciclo de corrente foi analisado com o medidor e com
o osciloscópio em uma configuração de 100mV /div e 1ms/div com uma ponta de prova
para corrente na escala 10 : 1. Os resultados encontram-se sobrepostos na Figura 5.8. A
semelhança entre os dados é visível, isso mostra que a precisão do dsPic é aparentemente
equivalente á do osciloscópio, com exceção nas frequências mais altas que acabam sendo
filtradas pelo filtro anti-aliasing.

Figura 5.7 – Esquemático da montagem do medidor em um motor de indução para os


testes finais.

Para comparar as aquisições de corrente, o gráfico de barras da Figura 5.9 representa


o espectro harmônico calculado pelo medidor, enquanto o da Figura 5.10 representa a FFT
68

realizada no MatLab sobre os dados colhidos pelo osciloscópio. As semelhanças observadas


em ambos os gráficos demonstram a coerência do método aplicado no dsPic33.

Figura 5.8 – Ciclo de senoide de corrente capturado durante os testes pelo osciloscópio e
pelo medidor de energia.

A Figura 5.11 mostra a disposição dos dados na planilha do Google spreadsheet e o


gráfico de barras formado pelas magnitudes das frequências harmônicas calculadas por
FFT no dsPic33. Os valores de tensão e corrente eficazes apresentados apresentam valores
muito próximos do real medido durante os testes através do osciloscópio. A corrente eficaz
calculada através dos dados obtidos pelo osciloscópio é 3, 729ARMS , um erro de 1, 22%
sobre o valor calculado pelo microcontrolador 3, 684ARMS .
69

Figura 5.9 – Espectro harmônico de corrente calculado no dsPic33 com os dados colhidos
no medidor.

Figura 5.10 – Espectro harmônico de corrente calculado no Matlab com os dados colhidos
no osciloscópio.
70

Figura 5.11 – Planilha com os dados do teste com o motor, na planilha online.
71

6 CONCLUSÃO

Pode-se concluir pelos resultados obtidos dos ensaios que é possível criar um
medidor com um custo relativamente baixo, comparado a medidores comerciais, e com
precisão suficiente de aquisição de dados e cálculos para oferecer valores muito próximos
dos reais medidos de motores. Com isso, é possível a consolidação de um produto para ser
aplicado industrialmente e individualmente em cada equipamento.
O microcontrolador dsP ic33F J128GP 802 mostrou-se muito eficiente e rápido
e funcionou bem em todos os testes realizado neste trabalho. É possível ainda inserir
outras funções no microcontrolador, podendo funcionar com um sistema de tempo real e
possivelmente processar uma inteligência artificial capaz de tomar decisões sobre os dados.
O ESP8266, responsável pela conectividade WiFi, é um circuito de fácil utilização
com a vantagem de ter um microcontrolador integrado, que pode ser programado para
realizar funções independentes do processamento de dados. Isso faz com que o medidor de
energia possa realizar os cálculos sem a necessidade de perder tempo com as tarefas de
conexão com a internet. A relação custo/benefício desse item é muito atrativa, que por ter
um custo muito baixo, viabiliza a conexão WiFi de cada medidor de energia.
O Google spreadsheet é uma forma de salvar os dados que se mostrou vantajosa
pela possibilidade de realizar cálculos comuns, formar tabelas e gráficos de uma forma
simples. Em contrapartida, o protocolo GET utilizado apresentou pouca proteção aos
dados transmitidos e o Google script junto a biblioteca de comunicação online utilizada
não oferecem muita liberdade na forma de colocar os dados na planilha. Uma forma
possível para resolver o problema de segurança é adaptar a biblioteca utilizada para
receber protocolo POST, muito parecido com GET porém com criptografia, oferecendo
mais segurança.
Trabalhos futuros utilizando como base o protótipo criado do medidor de energia
incluem a aplicação de técnicas de inteligência artificial para a identificação de falhas, a
observação de padrões nos espectros harmônicos dos motores de indução trifásicos ou ainda
o estudo dos tipos de falhas possíveis de serem identificadas de forma não invasiva. Outra
adaptação de uso do medidor é em fontes renováveis de energia, dando enfase a geração
distribuída, onde podem ser medidos os dados de tensão e corrente em pequenos painéis
fotovoltaicos e geradores eólicos, e calcular potência e qualidade da energia, oferecendo o
dado em tempo real aos interessados. Pode ainda ser implementada a comunicação via
protocolo POST, conforme indicado acima.
APÊNDICES
75

APÊNDICE A – CÓDIGOS

A.1 Módulo principal - dsPic33FJ128GP802

Os códigos criados para o microcontrolador dsPic33FJ127GP802 do módulo princi-


pal estão disponíveis com licença de código aberto no endereço:
<https://github.com/ClaudioCamaraJr/Smart-Meeter-of-Energy-Invested-to-Industry/
tree/master/MainModule.X>.

A.2 Módulo WiFi - ESP8266

Os códigos criados para o microcontrolador do ESP8266 do módulo WiFi estão


disponíveis com licença de código aberto no endereço:
<https://github.com/ClaudioCamaraJr/Smart-Meeter-of-Energy-Invested-to-Industry/
tree/master/ComunicationModule>.
ANEXOS
79

ANEXO A – BIBLIOTECA “HTTPSREDIRECT”

A biblioteca utilizada para acessar a planilha online e salvar os dados utilizando o


ESP8266 encontra-se disponível no endereço:
<https://github.com/electronicsguy/ESP8266/tree/master/HTTPSRedirect>.
81

REFERÊNCIAS

AMAZON. Fluke 435 series II three-phase power quality and energy analyzer.
2012. Access date: 06 Dec. 2017. Disponível em: <https://www.amazon.com/
Fluke-435-II-Three-Phase-Analyzer/dp/B00AQKI4AC>.

HARLOW, J. H. Electric Power Transformer Engineering. Miami,FL: CRC Press,


2004. V-1.

HECKBERT, P. Fourier Transforms and the Fast Fourier Transform (FFT)


Algorithm. 1995. Access date: 27 Oct. 2017. Disponível em: <http://www.cs.cmu.edu/
afs/andrew/scs/cs/15-463/2001/pub/www/notes/fourier/fourier.pdf>.

LYONS, R. G. Understanding Digital Signal Processing. New Jersey: Bernard


Goodwin, 2004. V-2.

MICROCHIP. CE018 - Using the Fast Fourier Transform (FFT) for


Frequency Detection. 2005. Access date: 25 Sep. 2017. Disponível em: <http:
//ww1.microchip.com/downloads/en/DeviceDoc/CE018_FFT_DSPlib_101007.zip>.

. Section 17. UART. 2007. Access date: 15 Oct. 2017. Disponível em:
<http://ww1.microchip.com/downloads/en/DeviceDoc/70188E.pdf>.

MILANO, S. Allegro hall-effect sensor ICs. Allegro MicroSystems, LLC,


2013. Access date: 15 Oct. 2017. Disponível em: <http://www.allegromicro.
com/en/Design-Center/Technical-Documents/Hall-Effect-Sensor-IC-Publications/
Allegro-Hall-Effect-Sensor-ICs.aspx>.

Morgan, Jacob. A simple explanation of ‘the internet of things’. 2014. Access date:
17 Sep. 2017. Disponível em: <https://www.forbes.com/sites/jacobmorgan/2014/05/13/
simple-explanation-internet-things-that-anyone-can-understand/#28b00b981d09>.

PHADKE, S. HTTPS Redirect (Version 2.0). 2017. Access date: 25 Sep.


2017. Disponível em: <https://github.com/electronicsguy/ESP8266/tree/master/
HTTPSRedirect>.

Pinheiro, Hélio. Motores trifásicos de corrente alternada. 2014. Access date: 17


Sep. 2017. Disponível em: <https://docente.ifrn.edu.br/heliopinheiro/Disciplinas/
maquinas-acionamentos-eletricos/apostila-de-motores-trifasicos-de-ca>.

SACCO, F. Comunicação SPI – Parte 1. 2014. Access date: 15 Oct. 2017. Disponível
em: <https://www.embarcados.com.br/spi-parte-1/>.

Sinésio R. Gomes. Caracteristicas dos motores de indução. 2017. Access date:


17 Sep. 2017. Disponível em: <http://comandoseletricosii.blogspot.com.br/2017/08/
revisao-02-caracteristicas-dos-motores.html>.

SMITH, S. W. The Scientist and Engineer’s Guide to Digital Signal Processing.


San Diego: California Technical Publishing, 1997. V-1.
82

THOMSON, W. T.; FENGER, M. Current signature analysis to detect induction motor


faults. IEEE Industry Applications Magazine, v. 7, n. 4, p. 26–34, Jul 2001. ISSN
1077-2618.

THOMSON, W. T.; GILMORE, R. J. Motor current signature analysis to detect faults in


induction motor drives—fundamentals, data interpretation, and industrial case histories.
In: Proceedings of The Turbomachinery Symposium. Houston: M University
System, 2005.

Você também pode gostar