Ortografia: compreender as
dificuldades dos alunos para
planejar e realizar intervenções
adequadas.
Idalena Oliveira Chaves
Neiva Costa Toneli
Roteiro:
A pesquisa na área da Linguística.
Fatores que influenciam no aprendizado
da ortografia.
O trabalho com a ortografia na escola.
Ensinar ortografia é desenvolver
• habilidades para que o aluno
aprenda as palavras corretas ou
formas linguísticas socialmente
aceitas e dicionarizadas.
Pesquisas recentes têm
mostrado que não se aprende a
ortografia antes de se
compreender o sistema de
escrita alfabética (SEA).
A pesquisa linguística
• O estudo linguístico, cujo enfoque tem sido a
aquisição da linguagem oral e escrita, vem
contribuindo muito para que o professor de
línguas e, principalmente, o alfabetizador
compreenda as habilidades envolvidas no
processo de aprendizagem da leitura e da escrita.
As pesquisas mostram a importância da
representação gráfica do aprendiz quando inicia o
processo de alfabetização como indício relevante
para o trabalho com a ortografia.
Fonética e fonologia de braços dados
com a ortografia
• Várias áreas da linguística moderna
contribuíram para as teorias de aprendizagem
da leitura e escrita. Destaco aqui, por ser uma
das áreas que investigo nas minhas pesquisas,
a Fonética e a Fonologia, áreas da linguística
que estudam o aspecto sonoro da linguagem.
Com base nos estudos dessas duas áreas,
várias pesquisas foram realizados nos últimos
anos.
• Fonética é a área dos estudos linguísticos que
se ocupa do levantamento de todos os sons
produzidos pelos falantes – sons da fala-
Interessa aos estudos fonéticos, por exemplo, as
diferentes realizações de fonemas como os que
são representados graficamente pelas letras s e t
a) S na fala mineira [s] - escada
b) S na fala carioca [] – escada
c) T na fala mineira [t] – tia
d) T na fala pernambucana [t] - tia
• Fonologia- área da linguística que se ocupa
dos sons da língua. Enquanto a análise
fonética baseia-se nos processos de percepção
e produção dos sons, a fonológica baseia-se
no valor desses sons dentro de uma língua. À
fonologia não interessa diferenças dialetais:
• /t/ tia na fala mineira /tchia/
tia na fala pernambucana /tia/
Tabela de sons
Na tabela, a seguir, observa-se a
representação dos sons da fala, entre
colchetes, e a forma ortográfica com
exemplo de palavras que contêm o som.
A representação corresponde ao
Alfabeto Internacional de Fonética,
criado pela Associação de Fonética
Internacional.
Sons consonantais
01. [ p ] como em: pato, pelado, pipoca, pula, pote
02 .[ b ] como em: bala, beleza, biruta, abóbora,
bula
03. [ t ] como em: trator, telhado, ateu (mas não em
tia , leite –no dialeto mineiro,por exemplo)
04. [ d ] como em: dado, adeus, adorar, dureza (
mas não em dia, duende no dialeto mineiro,por
exemplo))
05. [ k ] como em: calo, macaco, cruz, quero, quilo,
Kibon, kiwi
06. [ g ] como em: gato, greve, guloso, guia,
07. [ f ] como em: farofa, café, fica, furo, foca
Sons consonantais
08.[ v ] como em: vaca, vela, vilão, chave, vulcão,
voz
09.[ s ] como em: serviço, céu, máximo, aço, asso,
pás (plural de pá), paz,nasça, excelente, piscina (
um som e 9 formas de escrever)
10.[ z ] como em: zero, casa, exato
11.[ ∫] como em: cachimbo, caxumba , enxada,
inchada, show, short
12.[ ʒ] como em: já, jeito, jiló, jiboia, girafa, gelo
13.[ t∫] como em: tio, time, teatro
14.[ dʒ] como em: dia, duende
Sons consonantais
15.[ m] como em: mala, medo, milho, mola, mula
(mas não em campo, tem )
16.[ n] como em: nada, neve, nivelar, nuca, nove(
mas não em canto, hífen )
17.[ɳ] como em: desenhista, manha, Jequitinhonha
18.[ l] como em: lata, leve, livro, luva, lote
19.[ λ] como em: palha, filhinha, julho
20.[ R] como em: roda, rua, carro, carreta , carta,
carga (para BH, por exemplo)
21.[r] como em: carinho, grave, prato
Sons vocálicos orais
01. [a] como em: casa, pá
02. [ɛ] como em: fé, bela
03. [e] como em: pelo, verde
04. [ i] como em: caqui, vi, neve
05. [ɔ] como em: pó, jiló, bola
06. [o] como em: povo, bolo
07. [u] como em: urubu, pato
Sons vocálicos nasais
08. [ã] como em: fã, canto, campo, mão
09. [ẽ] como em: lento, tempo, tem
10. * ĩ+ como em: limpo, linho, fim, linda
12. [õ] como em: compõe, tonto, tombo
12. *ũ] como em: atum, fundo, chumbo
Ditongos orais
01.[w ] como em: mau, mal, alma, vou
02.[ y ] como em: pai, vai, foi
Ditongos nasais
03.[ ãw] como em: estão, falam
04.[ẽy ] como em: bem, tem, hífen
05.[ õy] como em: põe, repõe, compõe
Fatores que interferem na
aprendizagem da ortografia
a) Oralidade - /beju/ (beijo), /parti/ (partir),
/pulanu/ (pulando)
- O dialeto (variação linguística)- /armoçu/ ,
/galfu/
b)A relação entre sons e letras
c) Percepção (sons muito parecidos)- vaca/faca
O domínio da linguagem escrita se adquire
muito mais pela leitura do que pela
própria escrita. Para o aprendiz inicial a
escrita é o espelho da fala, através do
contato com o material escrito, ele,
gradativamente vai percebendo que não
é bem assim...falamos /tchizôra/, mas
escrevemos TESOURA.
O erro na grafia das palavras
• Quando o aluno erra a grafia de uma
palavra, desviando-se do modelo
estabelecido pelo dicionário, ele
desconhece a forma correta de escrever
a palavra. Isso ocorre por alguns motivos:
Por que erramos ao escrever determinadas
palavras?
1- a relação som – letra não é de um para um.
Um som pode ser representado por mais de
uma letra:
/s/= sino, cilada, explica,
piscina,caça,nasça,assa,paz,exceto.
/z/=exato, casa, azar
/u/= sal, bolo, céu
2- A relação Letra-som também não é
de um para um – uma mesma letra
pode representar mais de um som.
X = ta/ks/i, e/z/ame,e/s/plica,
/x/adrez
C= (seguido das vogais a, o e u e das
consoantes r, l = /k/- casa, cola, cubo, cravo,
clube
seguido de e ou i = /s/ - cinema,cedo
seguido da letra h = /x/- chuva, chave.
3- A ortografia está também associada à
variação linguística. A forma de pronunciar
reflete na forma de grafar as palavras.
Pessoas que falam “naiscer”, “sufá”,
“praneta”- provavelmente, se precisarem
escrever estas palavras, e nunca tiverem
contato com a sua grafia, com certeza
escreverão tal qual falam.
De acordo com o PCN de língua
portuguesa(1ª a 4ª), p. 52,
“ Ainda que tenha um forte apelo à
memória, a aprendizagem da ortografia
não é um processo passivo: trata-se de
uma construção individual, para a qual a
intervenção pedagógica tem muito a
contribuir”.
A intervenção
Saber lidar com este sistema, fazer a
intervenção adequada e no momento certo é
fundamental.
O professor que ensina a língua materna deve
saber como a língua funciona para poder
ensinar.
A partir do momento em que o aprendiz
compreende o sistema de escrita alfabética (SEA) o
professor deve apresentar inúmeras atividades
envolvendo palavras, sílabas e letras para que esse
conhecimento seja consolidado.
Inicia-se, então, a construção do sistema
ortográfico.
A CONSTRUÇÃO DO SISTEMA
ORTOGRÁFICO
Como o ensino de ortografia tem sido
realizado na escola.
Esse ensino pouco avançou nas últimas décadas.
É feito de forma assistemática.
Ensina-se somente a partir das dúvidas levantadas
pelos alunos.
A ortografia é usada para avaliar e pouco para
ensinar.
Não são estabelecidas metas específicas para cada
ano/série ou ciclo.
Nossa proposta de trabalho com a ortografia
Instituir um espaço sistemático para a reflexão
ortográfica.
Entender que corrigir e ensinar não são sinônimos.
Encarar o “erro” ortográfico (ou variações de escrita)
como indicador do que se deve ensinar.
Diagnosticar as dificuldades ortográficas dos alunos
através dos textos produzidos por eles.
Classificar os erros de escrita dos aprendizes de acordo
com sua natureza.
Propor atividades pedagógicas adequadas para
solucionar os problemas detectados, de acordo com a
sua natureza.
Natureza dos erros ortográficos.
1 – Erros ligados à interferência da oralidade na
escrita:
mostrar para os alunos que, em alguns casos, falamos
de uma maneira e escrevemos de outra.
Fala Escrita
/cantá/ cantar
/falanu/ falando
/pexi/ peixe
/dirrepenti/ de repente
Natureza dos erros ortográficos.
2 – Erros ligados ao desconhecimento de regras
contextuais da língua:
apresentar aos alunos uma lista de palavras escolhidas,
para que eles deduzam a regra a ser aprendida. Isso
significa que não adianta dar a regra pronta. Nesse
caso a palavra-chave é reflexão.
Regras ortográficas contextuais. Quadro síntese
Maria da Graça Costa Val
Neiva Costa Toneli
Regra Letra “Som” Contexto Exemplo
1
g
[g]
Antes de a, o e u gado, gola, gomo, gula
gu Antes de e e i guerra, guinada
2
c
[k]
Antes de a, o e u calo, colo, cuia
qu Antes de e e i queda, queijo, quibe
3
ç
[s]
Antes de a, o e u graça, aço
c Antes de e e i cena, cinema, cancela
4
s
[s]
Inicio de palavra sapo, seco, silo, soco, suco
Entre consoante e
vogal
verso, persa, curso, valsa,
balsa
ss
Entre vogais missa, pêssego, russo,
fissura
s [z]
Entre vogais mesa, tese, posição, casório,
casulo
5
r [r] Entre vogais caro, arara, prato
r
[h]
Inicio de palavra rato, reza, rosa, rua
Entre vogal nasal e
vogal
honra, tenro
Entre vogal e
consoante
irmão, farda, terno, furto
Entre consoante e
vogal
bilro
rr
Entre vogais carro, farra, marreco,
corrida
6
m
Nasalização
Antes de P e B campo, tampa, bomba,
tombo
n
Nos demais contextos penca, onda, canga, ganso,
canto
7 e
[i]
Sílaba final átona bote, mate
Sílaba átona pré-
tônica
em casos com menino e
pepino
[ɛ][e] Sílaba tônica tela, telha
8 o
[u]
Sílaba final átona livro, dado
Sílaba átona pré-
tônica
em caso como bonito e
formiga
[ɔ][o] Sílaba tônica bola, bolha
Natureza dos erros ortográficos.
3 – Erros ligados à relação arbitrária entre sons
e letras:
nesse caso, o importante é apresentar às crianças as
palavras escritas corretamente para que elas
memorizem tais palavras. Isso pode ser feito através
de jogos, cruzadinhas, caça-palavras e,
principalmente, com o uso do dicionário, em caso de
dúvida. A palavra-chave é memorização.
Irregularidades ortográficas. Quadro síntese.
Maria da Graça Costa Val
Neiva Costa Toneli
1. Uma letra representando vários fonemas
Letra Fonema ou Som Contexto Exemplos
X
[s]
Entre vogais
Máximo
[z]
Exato, executar, exíguo,
êxodo
[ks] Táxi, reflexo, sufixo, tóxico
[ʃ]
Em sílaba inicial; entre vogais
orais, entre vogal nasal e
vogal oral
Xá, vexame, enxada,
enxoval, enxurrada
2. Um fonema representado por vários grafemas no mesmo contexto
Fonema
ou
S
o
m
Contexto Grafema Exemplos
[s]
Inicio de palavra s seca, sebe, sogra, soma
Inicio de palavra, antes de e e i c cedro, cerveja, cinza
Entre vogais orais
c oceano, gracinha
ç praça, pedaço, minhocuçu
sc nascer, descida
sç desça, cresça
ss fossa, missa, russo
xs exceto, excelente
x máximo, próximo, texto
Entre vogal nasal e vogal oral
c vencer, vencimento
s conseguir, ganso, densidade
ç desengonçado, dança, pançudo
Entre consoante e vogal
c perceber, calcinha
s verso, falsidade, arsênico
ç terço, calça
No final de palavra z paz
É preciso distinguir as regularidades...
• É regular a escrita gerada a partir de uma
regra: o ç (cedilha) só pode ser utilizado
diante de a, o e u, para representar o
som /s/. Assim, sabendo esta regra, as
chances de se escrever “chançe”...é zero.
Outra regra:
Grafamos a letra ‘g’ , para o som /guê/se, e
somente se, ela for seguida das vogais ‘a’, ‘o’, ‘u’
(gato, gordo, agulha)
Grafamos o mesmo som através do dígrafo ‘gu’
antes de ‘e’ e ‘i’ (guerra, guia)
( assim, evita-se a escrita de “gia” para Guia.)
E as irregularidades..
• É irregular a escrita de palavras que não é
mediada por regras, é preciso memorizar ou
consultar um dicionário. A mesma letra C,
seguida de e ou i, tem o mesmo som
representado pela letra S seguida destas
vogais (Cinema, Sino). Saber quando é uma ou
outra...só decorando ou consultando...
Concluindo...
Todo aprendiz em processo de aprendizagem da
escrita, ao escrever espontaneamente ou quando
entra em contato com palavras pouco
frequentes, se confronta com os obstáculos
próprios do sistema de escrita. Nesse momento
surgem os erros. Esses erros se modificam e
diminuem na dinâmica do processo de aquisição
do sistema ortográfico.
O ensino de ortografia deve ser
contínuo, ao longo de todo o
ensino fundamental.
Referências
• Escrevendo pela nova ortografia. Instituto Antônio
Houaiss. São Paulo: Publifolha, 2008
• MORAIS, Arthur Gomes de. Ortografia: ensinar e aprender
• ______________(org.) O aprendizado da ortografia. Belo
Horizonte:Autêntica, 2003.
• SIMÕES, Darcília. Considerações sobre a fala e a escrita:
fonologia em nova chave. São Paulo: Parábola editorial,
2006.
• ZORZI, Jaime Luiz. Aprender a escrever: a apropriação do
sistema ortográfico.
Porto Alegre: Artes médicas, 1998
Site:http://ramonpage.com/ortografa
• ORTOGRAFA – site que corrige as palavras
seguindo o acordo.
• Dicionários online:
http://michaelis.uol.com.br
http://houaiss.uol.com.br
http://www.academia.org.br
“Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma tem mil faces secretas
sob a face neutra
e te pergunta,
sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível,
que lhe deres:
Trouxeste a chave?”
Carlos Drummond de Andrade
Obrigada.
Idalena e Neiva

6 bb3e680dc4444778b04287cd61eed972032013150324 pnaic palestra ortografia 3 (1)

  • 1.
    Ortografia: compreender as dificuldadesdos alunos para planejar e realizar intervenções adequadas. Idalena Oliveira Chaves Neiva Costa Toneli
  • 2.
    Roteiro: A pesquisa naárea da Linguística. Fatores que influenciam no aprendizado da ortografia. O trabalho com a ortografia na escola.
  • 3.
    Ensinar ortografia édesenvolver • habilidades para que o aluno aprenda as palavras corretas ou formas linguísticas socialmente aceitas e dicionarizadas.
  • 4.
    Pesquisas recentes têm mostradoque não se aprende a ortografia antes de se compreender o sistema de escrita alfabética (SEA).
  • 5.
    A pesquisa linguística •O estudo linguístico, cujo enfoque tem sido a aquisição da linguagem oral e escrita, vem contribuindo muito para que o professor de línguas e, principalmente, o alfabetizador compreenda as habilidades envolvidas no processo de aprendizagem da leitura e da escrita. As pesquisas mostram a importância da representação gráfica do aprendiz quando inicia o processo de alfabetização como indício relevante para o trabalho com a ortografia.
  • 6.
    Fonética e fonologiade braços dados com a ortografia • Várias áreas da linguística moderna contribuíram para as teorias de aprendizagem da leitura e escrita. Destaco aqui, por ser uma das áreas que investigo nas minhas pesquisas, a Fonética e a Fonologia, áreas da linguística que estudam o aspecto sonoro da linguagem. Com base nos estudos dessas duas áreas, várias pesquisas foram realizados nos últimos anos.
  • 7.
    • Fonética éa área dos estudos linguísticos que se ocupa do levantamento de todos os sons produzidos pelos falantes – sons da fala- Interessa aos estudos fonéticos, por exemplo, as diferentes realizações de fonemas como os que são representados graficamente pelas letras s e t a) S na fala mineira [s] - escada b) S na fala carioca [] – escada c) T na fala mineira [t] – tia d) T na fala pernambucana [t] - tia
  • 8.
    • Fonologia- áreada linguística que se ocupa dos sons da língua. Enquanto a análise fonética baseia-se nos processos de percepção e produção dos sons, a fonológica baseia-se no valor desses sons dentro de uma língua. À fonologia não interessa diferenças dialetais: • /t/ tia na fala mineira /tchia/ tia na fala pernambucana /tia/
  • 9.
    Tabela de sons Natabela, a seguir, observa-se a representação dos sons da fala, entre colchetes, e a forma ortográfica com exemplo de palavras que contêm o som. A representação corresponde ao Alfabeto Internacional de Fonética, criado pela Associação de Fonética Internacional.
  • 10.
    Sons consonantais 01. [p ] como em: pato, pelado, pipoca, pula, pote 02 .[ b ] como em: bala, beleza, biruta, abóbora, bula 03. [ t ] como em: trator, telhado, ateu (mas não em tia , leite –no dialeto mineiro,por exemplo) 04. [ d ] como em: dado, adeus, adorar, dureza ( mas não em dia, duende no dialeto mineiro,por exemplo)) 05. [ k ] como em: calo, macaco, cruz, quero, quilo, Kibon, kiwi 06. [ g ] como em: gato, greve, guloso, guia, 07. [ f ] como em: farofa, café, fica, furo, foca
  • 11.
    Sons consonantais 08.[ v] como em: vaca, vela, vilão, chave, vulcão, voz 09.[ s ] como em: serviço, céu, máximo, aço, asso, pás (plural de pá), paz,nasça, excelente, piscina ( um som e 9 formas de escrever) 10.[ z ] como em: zero, casa, exato 11.[ ∫] como em: cachimbo, caxumba , enxada, inchada, show, short 12.[ ʒ] como em: já, jeito, jiló, jiboia, girafa, gelo 13.[ t∫] como em: tio, time, teatro 14.[ dʒ] como em: dia, duende
  • 12.
    Sons consonantais 15.[ m]como em: mala, medo, milho, mola, mula (mas não em campo, tem ) 16.[ n] como em: nada, neve, nivelar, nuca, nove( mas não em canto, hífen ) 17.[ɳ] como em: desenhista, manha, Jequitinhonha 18.[ l] como em: lata, leve, livro, luva, lote 19.[ λ] como em: palha, filhinha, julho 20.[ R] como em: roda, rua, carro, carreta , carta, carga (para BH, por exemplo) 21.[r] como em: carinho, grave, prato
  • 13.
    Sons vocálicos orais 01.[a] como em: casa, pá 02. [ɛ] como em: fé, bela 03. [e] como em: pelo, verde 04. [ i] como em: caqui, vi, neve 05. [ɔ] como em: pó, jiló, bola 06. [o] como em: povo, bolo 07. [u] como em: urubu, pato Sons vocálicos nasais 08. [ã] como em: fã, canto, campo, mão 09. [ẽ] como em: lento, tempo, tem 10. * ĩ+ como em: limpo, linho, fim, linda 12. [õ] como em: compõe, tonto, tombo 12. *ũ] como em: atum, fundo, chumbo
  • 14.
    Ditongos orais 01.[w ]como em: mau, mal, alma, vou 02.[ y ] como em: pai, vai, foi Ditongos nasais 03.[ ãw] como em: estão, falam 04.[ẽy ] como em: bem, tem, hífen 05.[ õy] como em: põe, repõe, compõe
  • 15.
    Fatores que interferemna aprendizagem da ortografia a) Oralidade - /beju/ (beijo), /parti/ (partir), /pulanu/ (pulando) - O dialeto (variação linguística)- /armoçu/ , /galfu/ b)A relação entre sons e letras c) Percepção (sons muito parecidos)- vaca/faca
  • 16.
    O domínio dalinguagem escrita se adquire muito mais pela leitura do que pela própria escrita. Para o aprendiz inicial a escrita é o espelho da fala, através do contato com o material escrito, ele, gradativamente vai percebendo que não é bem assim...falamos /tchizôra/, mas escrevemos TESOURA.
  • 17.
    O erro nagrafia das palavras • Quando o aluno erra a grafia de uma palavra, desviando-se do modelo estabelecido pelo dicionário, ele desconhece a forma correta de escrever a palavra. Isso ocorre por alguns motivos:
  • 18.
    Por que erramosao escrever determinadas palavras? 1- a relação som – letra não é de um para um. Um som pode ser representado por mais de uma letra: /s/= sino, cilada, explica, piscina,caça,nasça,assa,paz,exceto. /z/=exato, casa, azar /u/= sal, bolo, céu
  • 19.
    2- A relaçãoLetra-som também não é de um para um – uma mesma letra pode representar mais de um som. X = ta/ks/i, e/z/ame,e/s/plica, /x/adrez
  • 20.
    C= (seguido dasvogais a, o e u e das consoantes r, l = /k/- casa, cola, cubo, cravo, clube seguido de e ou i = /s/ - cinema,cedo seguido da letra h = /x/- chuva, chave.
  • 21.
    3- A ortografiaestá também associada à variação linguística. A forma de pronunciar reflete na forma de grafar as palavras. Pessoas que falam “naiscer”, “sufá”, “praneta”- provavelmente, se precisarem escrever estas palavras, e nunca tiverem contato com a sua grafia, com certeza escreverão tal qual falam.
  • 22.
    De acordo como PCN de língua portuguesa(1ª a 4ª), p. 52, “ Ainda que tenha um forte apelo à memória, a aprendizagem da ortografia não é um processo passivo: trata-se de uma construção individual, para a qual a intervenção pedagógica tem muito a contribuir”.
  • 23.
    A intervenção Saber lidarcom este sistema, fazer a intervenção adequada e no momento certo é fundamental. O professor que ensina a língua materna deve saber como a língua funciona para poder ensinar.
  • 24.
    A partir domomento em que o aprendiz compreende o sistema de escrita alfabética (SEA) o professor deve apresentar inúmeras atividades envolvendo palavras, sílabas e letras para que esse conhecimento seja consolidado. Inicia-se, então, a construção do sistema ortográfico. A CONSTRUÇÃO DO SISTEMA ORTOGRÁFICO
  • 25.
    Como o ensinode ortografia tem sido realizado na escola. Esse ensino pouco avançou nas últimas décadas. É feito de forma assistemática. Ensina-se somente a partir das dúvidas levantadas pelos alunos. A ortografia é usada para avaliar e pouco para ensinar. Não são estabelecidas metas específicas para cada ano/série ou ciclo.
  • 26.
    Nossa proposta detrabalho com a ortografia Instituir um espaço sistemático para a reflexão ortográfica. Entender que corrigir e ensinar não são sinônimos. Encarar o “erro” ortográfico (ou variações de escrita) como indicador do que se deve ensinar. Diagnosticar as dificuldades ortográficas dos alunos através dos textos produzidos por eles. Classificar os erros de escrita dos aprendizes de acordo com sua natureza. Propor atividades pedagógicas adequadas para solucionar os problemas detectados, de acordo com a sua natureza.
  • 27.
    Natureza dos errosortográficos. 1 – Erros ligados à interferência da oralidade na escrita: mostrar para os alunos que, em alguns casos, falamos de uma maneira e escrevemos de outra. Fala Escrita /cantá/ cantar /falanu/ falando /pexi/ peixe /dirrepenti/ de repente
  • 28.
    Natureza dos errosortográficos. 2 – Erros ligados ao desconhecimento de regras contextuais da língua: apresentar aos alunos uma lista de palavras escolhidas, para que eles deduzam a regra a ser aprendida. Isso significa que não adianta dar a regra pronta. Nesse caso a palavra-chave é reflexão. Regras ortográficas contextuais. Quadro síntese Maria da Graça Costa Val Neiva Costa Toneli
  • 29.
    Regra Letra “Som”Contexto Exemplo 1 g [g] Antes de a, o e u gado, gola, gomo, gula gu Antes de e e i guerra, guinada 2 c [k] Antes de a, o e u calo, colo, cuia qu Antes de e e i queda, queijo, quibe 3 ç [s] Antes de a, o e u graça, aço c Antes de e e i cena, cinema, cancela 4 s [s] Inicio de palavra sapo, seco, silo, soco, suco Entre consoante e vogal verso, persa, curso, valsa, balsa ss Entre vogais missa, pêssego, russo, fissura s [z] Entre vogais mesa, tese, posição, casório, casulo
  • 30.
    5 r [r] Entrevogais caro, arara, prato r [h] Inicio de palavra rato, reza, rosa, rua Entre vogal nasal e vogal honra, tenro Entre vogal e consoante irmão, farda, terno, furto Entre consoante e vogal bilro rr Entre vogais carro, farra, marreco, corrida 6 m Nasalização Antes de P e B campo, tampa, bomba, tombo n Nos demais contextos penca, onda, canga, ganso, canto 7 e [i] Sílaba final átona bote, mate Sílaba átona pré- tônica em casos com menino e pepino [ɛ][e] Sílaba tônica tela, telha 8 o [u] Sílaba final átona livro, dado Sílaba átona pré- tônica em caso como bonito e formiga [ɔ][o] Sílaba tônica bola, bolha
  • 31.
    Natureza dos errosortográficos. 3 – Erros ligados à relação arbitrária entre sons e letras: nesse caso, o importante é apresentar às crianças as palavras escritas corretamente para que elas memorizem tais palavras. Isso pode ser feito através de jogos, cruzadinhas, caça-palavras e, principalmente, com o uso do dicionário, em caso de dúvida. A palavra-chave é memorização. Irregularidades ortográficas. Quadro síntese. Maria da Graça Costa Val Neiva Costa Toneli
  • 32.
    1. Uma letrarepresentando vários fonemas Letra Fonema ou Som Contexto Exemplos X [s] Entre vogais Máximo [z] Exato, executar, exíguo, êxodo [ks] Táxi, reflexo, sufixo, tóxico [ʃ] Em sílaba inicial; entre vogais orais, entre vogal nasal e vogal oral Xá, vexame, enxada, enxoval, enxurrada
  • 33.
    2. Um fonemarepresentado por vários grafemas no mesmo contexto Fonema ou S o m Contexto Grafema Exemplos [s] Inicio de palavra s seca, sebe, sogra, soma Inicio de palavra, antes de e e i c cedro, cerveja, cinza Entre vogais orais c oceano, gracinha ç praça, pedaço, minhocuçu sc nascer, descida sç desça, cresça ss fossa, missa, russo xs exceto, excelente x máximo, próximo, texto Entre vogal nasal e vogal oral c vencer, vencimento s conseguir, ganso, densidade ç desengonçado, dança, pançudo Entre consoante e vogal c perceber, calcinha s verso, falsidade, arsênico ç terço, calça No final de palavra z paz
  • 34.
    É preciso distinguiras regularidades... • É regular a escrita gerada a partir de uma regra: o ç (cedilha) só pode ser utilizado diante de a, o e u, para representar o som /s/. Assim, sabendo esta regra, as chances de se escrever “chançe”...é zero.
  • 35.
    Outra regra: Grafamos aletra ‘g’ , para o som /guê/se, e somente se, ela for seguida das vogais ‘a’, ‘o’, ‘u’ (gato, gordo, agulha) Grafamos o mesmo som através do dígrafo ‘gu’ antes de ‘e’ e ‘i’ (guerra, guia) ( assim, evita-se a escrita de “gia” para Guia.)
  • 36.
    E as irregularidades.. •É irregular a escrita de palavras que não é mediada por regras, é preciso memorizar ou consultar um dicionário. A mesma letra C, seguida de e ou i, tem o mesmo som representado pela letra S seguida destas vogais (Cinema, Sino). Saber quando é uma ou outra...só decorando ou consultando...
  • 37.
    Concluindo... Todo aprendiz emprocesso de aprendizagem da escrita, ao escrever espontaneamente ou quando entra em contato com palavras pouco frequentes, se confronta com os obstáculos próprios do sistema de escrita. Nesse momento surgem os erros. Esses erros se modificam e diminuem na dinâmica do processo de aquisição do sistema ortográfico.
  • 38.
    O ensino deortografia deve ser contínuo, ao longo de todo o ensino fundamental.
  • 39.
    Referências • Escrevendo pelanova ortografia. Instituto Antônio Houaiss. São Paulo: Publifolha, 2008 • MORAIS, Arthur Gomes de. Ortografia: ensinar e aprender • ______________(org.) O aprendizado da ortografia. Belo Horizonte:Autêntica, 2003. • SIMÕES, Darcília. Considerações sobre a fala e a escrita: fonologia em nova chave. São Paulo: Parábola editorial, 2006. • ZORZI, Jaime Luiz. Aprender a escrever: a apropriação do sistema ortográfico. Porto Alegre: Artes médicas, 1998
  • 40.
    Site:http://ramonpage.com/ortografa • ORTOGRAFA –site que corrige as palavras seguindo o acordo. • Dicionários online: http://michaelis.uol.com.br http://houaiss.uol.com.br http://www.academia.org.br
  • 41.
    “Chega mais pertoe contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível, que lhe deres: Trouxeste a chave?” Carlos Drummond de Andrade
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