A Antropologia
como ciência
Conceitos Básicos
CEST
Curso de Enfermagem
Disciplina Antropologia
O que é antropologia?
Antropos = homem
Logos = ciência
A antropologia é, ao traduzirmos a palavra ao pé da
letra, o estudo do ser humano em seu aspecto mais
amplo.
A antropologia busca compreender como o ser
humano formou-se e tornou-se o que ele é.
Os estudos antropológicos buscam compreender
como os povos viveram, como os seres humanos
formaram-se e como a cultura humana
desenvolveu-se.
A antropologia é a ciência humana que presume abordar um pouco de tudo
que cada outra ciência aprecia.
Busca tratar da questão básica da natureza do homem, de sua condição
fundamental de ser uma espécie biológica.
Visa ao homem como ser de cultura, um modo de ser para além para além
dos condicionamentos da natureza, para o que se subentende uma
inteligência capaz de encarar o mundo através de convenções simbólicas, as
quais são sistematizadas e transmitidas de geração a geração não pelo
instinto ou pela genética, mas pela linguagem.
Antropologia
Biológica ou
física (Natural)
Antropologia
Cultural
(Social)
Campos Básicos de Estudo Antropologia
Antropologia
Biológica ou
Física
(Natural)
É um estudo da formação do ser humano em
seus aspectos físicos.
Essa vertente busca, junto à biologia, determinar
quais fatores levaram os seres humanos a
desenvolver determinados atributos físicos em
sociedades específicas.
Para a antropologia biológica, o
homem é visto e definido como
um ser da natureza que evoluiu
fisicamente até chegar, há uns
80.000 mil anos (a partir do seu
surgimento há cerca 200.000 mil
anos), à condição atual.
É uma vertente mais ampla e busca compreender como se
formaram as culturas dos diferentes grupos humanos, tomando
cultura como um conjunto de hábitos, costumes, valores, religião,
arte, culinária etc.
Antropologia Cultural (Social)
A visão funcional da cultura
repousa no princípio de que em
qualquer tipo de civilização, cada
costume, objeto material, ideia ou
crença, satisfaz uma função vital,
assim como certas tarefas
realizadas representam uma
parte indispensável para todo o
trabalho.
MALINOWSKI, Bronislaw. Argonautas do pacífico ocidental. São Paulo: Abril Cultural, 1976.
Kaxinawa
Outros espaços/campos de estudo
Arqueologia
Busca compreender a formação do ser
humano com base nos objetos
materiais deixados por ele. Nesse
sentido, busca utensílios em geral que
possam expressar como os povos
antigos viviam.
Antropologia aplicada
Os resultados das pesquisas podem
ser aplicadas a superar dificuldades
que as populações específicas
enfrentam em relação às mudanças
históricas e sociais
Outras disciplinas
conectadas a Antropologia
História, geografia, biologia,
Economia, Psicologia,
Sociologia, Linguística,
Pedagogia, Arqueologia
Antropologia
linguística
Com base nos estudos da
linguagem de uma
sociedade, determina as
origens daquele povo.
Dominação das
Colônias
No século XV, durante o colonialismo europeu liderado,
principalmente por Portugal, Espanha e Inglaterra, as
justificativas para a dominação das colônias e dos
povos que lá viviam e a justificativa da escravidão
davam-se pela religião: os europeus nutriam a crença
de que eles deveriam colonizar os territórios pagãos e
levar o cristianismo a esses lugares, pois isso seria o
caminho para a salvação daqueles povos.
01
O surgimento da
Antropologia
Predestinação
Divina
Os europeus acreditavam que havia uma
predestinação divina que os permitia dominar povos
que, no seu ponto de vista, eram atrasados. Muitos
navegantes que participaram desse primeiro
movimento de colonização escreveram relatos
considerados documentos antropológicos de um
período pré-científico, ou seja, de quando a
antropologia ainda não era uma ciência bem
construída.
02
O surgimento da
Antropologia
Ciência
No século XIX, a sociedade intelectual europeia não mais
acreditava cegamente na religião, pois a ciência tinha
tomado nela um lugar de destaque. Nesse momento de
intensa colonização, para a obtenção de recursos para a
indústria, os europeus tiveram que justificar as suas ações
de maneira científica. Para tanto, surge um primeiro
movimento da antropologia como parte dos estudos de
sociologia que visava analisar e classificar os seres
humanos de etnias diferentes.
03
O surgimento da
antropologia
Os primeiros
estudos
Os primeiros estudos antropológicos eram
extremamente etnocêntricos, ou seja, analisavam as
diferentes culturas com base no ponto de vista de uma
pessoa imersa na cultura europeia. Com isso, os
europeus visavam mostrar que sua cultura e seu
desenvolvimento eram superiores aos das demais
sociedades, colocando a colonização como um
movimento necessário de civilização para aquelas
sociedades que, nesse ponto de vista, eram atrasadas.
04
O surgimento da antropologia
Antropologia Evolucionista
Darwinismo social
A antropologia evolucionista foi o primeiro movimento de estudos
antropológicos liderado pelo antropólogo e biólogo inglês Edward Burnett Tylor
e pelo geógrafo e biólogo Herbert Spencer. Para esses primeiros
antropólogos, a teoria da evolução, de Charles Darwin (em alta na sociedade
intelectual europeia do século XIX), poderia ser aplicada à formação das
sociedades.
Surge aí a noção etnocêntrica de raça, que alegava que algumas
“raças humanas” eram superiores a outras.
Também surgem as noções de cultura superior e cultura inferior,
sendo que o padrão de medida de tais era o da própria cultura
europeia.
CULTURA
O QUE É CULTURA?
Cultura como sinônimo de
erudição
Cultura equivale a formação
Cultura como arte e suas
manifestações
Cultura como hábitos e
costumes
Cultura é a identidade de um
povo
Cultura é aquilo que está por
trás dos costumes e das
atitudes de um povo
Cultura é uma dimensão que
está em e perpassa todos os
aspectos da vida social
Cultura é tudo aquilo que o
homem vivencia, realiza,
adquire e transmite por meio
da linguagem
Edward Tylor: é todo complexo de conhecimentos,
crenças, arte,leis,moral, costumes e quaisquer outras
capacidades e hábitos adquiridos pelos indivíduos
Malinowski: são sistemas funcionais para dar conta
das necessidades básicas dos seres humanos.
Levi-Strauss : é um sistema simbólico de uma criação
que se acumula na mente humana
Clifford Geertz : conjunto de mecanismos de controle,
planos, receitas, regras, instruções para governar o
comportamento humano
Marshall Sahlins : a organização da experiência e da
ação humanas através de instrumentos simbólicos
Roberto DaMatta : é um mapa, um receituário, um
código através do qual as pessoas de um dado grupo
pensam, classificam e modificam o mundo e a si
mesmas
Cultura é o modo próprio de ser do
homem em coletividade, que se realiza em
parte consciente, em parte inconsciente,
constituindo um sistema mais ou menos
coerente de pensar, agir, fazer,
relacionar-se, posicionar-se perante o
Absoluto, e, enfim, reproduzir-se.
Cada cultura é dotada de um “estilo”
particular que se exprime através da
língua, das crenças, dos costumes,
também da arte, mas não apenas
desta maneira. Este estilo, este
“espírito” próprio a cada cultura influi
sobre o comportamento dos indivíduos
FRANZ BOAS (1858 – 1942)
BRONISLAW MALINOWSKI (1884 – 1942)
Para ele, cada sociedade
deveria ser estudada
como um “todo”, como
um organismo possuidor
de uma lógica interna e
singular, subdividido
através de uma
complexa rede de
relações entre os
indivíduos.
Malinowski acreditava que a análise antropológica deveria se
realizar de forma simultânea, imediata e levando em conta os
fatores sociais, psicológicos e biológicos dos nativos. Toda
cultura se harmoniza em um todo coerente.
Ao afirmarem que a existência humana
é um fenômeno natural complexo,
muitos profissionais da saúde caem na
armadilha de considerar tão somente o
enfoque biológico ao assistirem o
doente, esquecendo-se de levar em
conta a situação social, econômica e
especialmente o modus de vida, a sua
cultura.
Se a sociedade estudada parecer como desordenada, isso se deve somente
ao seu desconhecimento em relação a ela, que será superado somente
após um longo processo de investigação em que o antropólogo deixará seu
gabinete de trabalho para conviver com o grupo estudado.
Ritual da Tucandeira
Waumat
Terra Indígena
Andirá-Marau
Ruth Benedict
(1887 - 1948)
A cultura é como uma lente
através da qual o homem vê
o mundo.
O modo de ver o mundo, as
apreciações de ordem moral
e valorativa, os diferentes
comportamentos sociais e
mesmo as posturas
corporais são produto de
uma herança cultural.
Ex. o rir, o comer, etc.
A cultura condiciona a visão de mundo do homem
Todos os homens são
dotados do mesmo
equipamento anatômico,
mas a utilização do
mesmo, ao invés de ser
determinado
geneticamente depende
de um aprendizado e este
consiste na cópia de
padrões que fazem parte
da herança cultural do
grupo.
Os hábitos e técnicas de atenção e
cuidado, incluindo rituais para a
manutenção ou restabelecimento
da saúde, bem como as restrições
ao uso de algumas terapias
(transfusão de sangue, transplante,
vacinas...) são mediados tanto por
sistemas de atenção à saúde
quanto por sistemas culturais, e
estes incluem o sentimento dos
indivíduos de pertencimento ao
grupo e ao território.
DIVERSIDADE
CULTURAL
A diversidade de comportamento dos seres humanos sempre foi um enigma.
Todos os outros seres, existentes na natureza, apresentam comportamentos de
espécie, repetitivos, limitados, com possibilidade quase nula de variações
individuais.
DIVERSIDADE CULTURAL
O homem, porém, como diz Lévi-Strauss, é o único que, ao nascer, pode viver
mil vidas diferentes. Qualquer um de nós poderia ser Mozart, qualquer um
poderia ser Hitler. A criação de sinfonias e a perpetração de genocídios são
possibilidades inscritas em nossa mais íntima constituição.
A diversidade humana passou a ser uma interrogação politicamente relevante
no mundo ocidental quando se formaram os gigantescos impérios
multinacionais centrados na Europa.
As primeiras tentativas sistemáticas nesse sentido buscaram explicações no corpo
dos indivíduos, no contexto da antropologia física. Sua culminância foi a
construção do conceito de raças humanas, o mais importante e mais desastrado
empreendimento das ciências sociais européias no século XIX.
Estudos detalhados da fisiologia do cérebro, para relacioná-la ao caráter de cada
um, e medidas de inteligência, que tiveram respeitabilidade até a segunda metade
do século XX, completaram essas tentativas de localizar nos corpos de indivíduos e
grupos a origem da diversidade humana.
A superação desse caminho, pela antropologia cultural, teve como ponto de
partida a constatação de que o homem não apenas age, como os demais animais,
mas interpreta sua ação. Todas as ações humanas são ações interpretadas, e ao
mesmo tempo todas resultam de uma interpretação.
DIVERSIDADE CULTURAL
DIVERSIDADE CULTURAL
Compreender o comportamento humano exige compreender os
sistemas de interpretação construídos pela imaginação do próprio
homem, o que nos remete ao universo simbólico, que é constitutivo
da nossa existência tanto quanto o nosso corpo físico.
A diversidade cultural de uma sociedade se dá em todos os elementos
culturais, música, arquitetura, moda, culinária. No nível político a
diversidade cultural tem se tornado fonte de conflitos.
DIVERSIDADE CULTURAL
No século XX, a miscigenação passa a ser vista como elemento
distintivo e positivo de nossa identidade cultural e nacional. Ex. na
educação, com a obrigatoriedade da temática : “História e Cultura
Afro-Brasileira”
Brasil : no final do século XIX, havia uma grande preocupação com a
miscigenação. Acreditava-se que a miscigenação degenerava o
povo,o que tornava impossível a construção de uma nação com
identidade cultural definida.
Subjacente à diversidade cultural, temos a Revolução dos Direitos,
processo pelo qual os grupos socialmente excluídos têm lutado para
adquirir direitos iguais perante a lei e na prática.
Direitos da mulher, das minorias, dos gays, das lésbicas, de
pessoas com necessidades especiais, etc
DIVERSIDADE CULTURAL
Diversidade Cultural
A diversidade cultural, como a própria expressão sugere, refere-se aos
diferentes costumes e tradições de um povo, podendo ser representado
através da língua, das crenças, dos comportamentos, dos valores, por meio
da culinária, da política, da arte, da música, dentre tantos outros elementos.
Presente em todo e qualquer grupo social, a diversidade representa a
pluralidade.
A diversidade cultural também está atrelada ao sentimento de
pertencimento e aceitação da identidade de cada indivíduo que compõe um
grupo.
Relativismo Cultural
O relativismo cultural reivindica o caráter singular de cada cultura, o que as
tornam inteligíveis apenas a partir de seus próprios códigos.
A adoção desse ponto de vista é fundamental para que se evite comparações
de cunho hierarquizante acerca dos costumes, práticas e crenças de povos
distintos.
Cada grupo social possui uma cultura específica que só pode ser analisada a
partir de seus próprios códigos.
Uma das principais críticas feitas ao conceito diz respeito à possibilidade de
apresentar uma visão cristalizada acerca das culturas. Desse modo, tende a ser
condescendente com práticas violentas.
Etnocentrismo
A posição relativista liberta o indivíduo das perspectivas deturpadoras
do etnocentrismo, que significa a supervalorização da própria cultura
em detrimento das demais.
A ocorrência da grande diversidade de culturas vem testemunhar que
há modos de vida bons para um grupo e que jamais serviriam para
outro.
O etnocentrismo pode ser manifestado no comportamento agressivo
ou em atitudes de superioridade e até de hostilidade. A
discriminasção, o proselitismo, a violência, a agressividade verbal são
outras formas de expressar o etnocentrismo.
O que alguns antropólogos defendem é que é preciso
levar em consideração as imposições da cultura para os
diferentes grupos que estão submetidos a ela. E, desse
modo, refletir acerca das possibilidades de mudança dos
valores e práticas culturais que são problemáticas.
A Antropologia e o campo da
Saúde
A Antropologia da Saúde é um campo interdisciplinar que
estuda as interações entre culturas, sistemas de crenças,
práticas sociais e saúde humana.
Explora como diferentes culturas entendem saúde, doença
e o corpo humano, assim como os fatores sociais,
econômicos e políticos que influenciam a saúde das
populações.
Promove abordagens participativas, envolvendo
comunidades locais no desenvolvimento e implementação
de programas de saúde, visando melhorar os sistemas de
saúde e promover o bem-estar humano.
ayahuasca
A Antropologia e o campo da Saúde
Bom paciente = aquele que possui
cultura
Sem cultura = paciente
dificil
Guiado por
superstições
Esses pacientes apresentam
comportamentos e
pensamentos singulares
quanto à experiência da
doença, assim como noções
particulares sobre saúde e
terapêutica.
Tais particularidades não advém
das diferenças biológicas, mas,
sim, das diferenças socioculturais
Todos tem cultura
Questões inerentes à saúde e à
doença devem ser pensadas a partir
dos contextos socioculturais
específicos nos quais os mesmos
ocorrem
A cultura incluir valores, símbolos, normas e práticas
Os três aspectos para se compreender o significado
de atividade sociocultural
A cultura é aprendida, compartilhada e
padronizada
A cultura é aprendida
Não se pode explicar as diferenças do comportamento
humano através da biologia de forma isolada.
A cultura modela as necessidades e características biológicas
e corporais.
A cultura é compartilhada e
padronizada
É uma criação humana partilhada por grupos sociais
específicos
A partir de interações sociais concretas dos indivíduos
em determinados contextos e espaços
Fundamentalmente, a cultura organiza o mundo de
cada grupo social, segundo a sua própria lógica
Cultura, sociedade e saúde
Cultura é um fenômeno total = a visão de saúde e doença está contida
nela
Cada e todas as sociedades desenvolvem conhecimentos, práticas e
instituições particulares = sistema de atenção à saúde
Todos os componentes presentes em uma
sociedade relacionados à saúde
Brasil (sociedade complexa) há vários sistemas de atenção à saúde
SUS, medicina popular, sistemas
médico-religiosos, outros.
O sistema cultural em saúde
Dimensão simbólica do entendimento que se tem sobre saúde
Inclui os conhecimentos, percepções e cognições utilizadas para
definir, classificar, perceber e explicar a doença.
Cada e todas as culturas possuem conceitos sobre o que é ser
doente ou saudável.
Essas classificações não são universais e raramente refletem as
definições biomédicas.
Místicas Não Místicas
O sistema social de saúde
É composto pelas instituições relacionadas à saúde
A organização de papéis dos profissionais de saúde nele envolvidos
As regras de interação As relações de poder
Inclui especialistas não reconhecidos pela biomedicina
Referências
GOMES, Mércio Pereira. Antropologia: ciência do homem filosofia da
cultura. 1 Ed. São Paulo: Contexto, 2009. (p. 11 a 20)
SANTOS, José Luiz dos- O que é Cultura, São Paulo, Círculo do Livro,
1990.
LAKATOS, Eva Maria. Sociologia geral. Marina de Andrade Marconi,
colaboradora. -- 6. ed. rev. e ampl. -- São Paulo : Atlas, 1990. (p. 127 -
145)
ROCHA, E. P. G. O que é etnocentrismo. São Paulo: Brasiliense,
1984.
LANGDON, Esther e WIIK, Flávio. Antropologia, saúde e doença:
uma introdução ao conceito de cultura aplicado às ciências da
saúde. Rev. Latino-Am, 2010.

ANTROPOLOGIA COMO CIÊNCIA ,uma revisão literal

  • 1.
    A Antropologia como ciência ConceitosBásicos CEST Curso de Enfermagem Disciplina Antropologia
  • 2.
    O que éantropologia? Antropos = homem Logos = ciência A antropologia é, ao traduzirmos a palavra ao pé da letra, o estudo do ser humano em seu aspecto mais amplo. A antropologia busca compreender como o ser humano formou-se e tornou-se o que ele é. Os estudos antropológicos buscam compreender como os povos viveram, como os seres humanos formaram-se e como a cultura humana desenvolveu-se.
  • 3.
    A antropologia éa ciência humana que presume abordar um pouco de tudo que cada outra ciência aprecia. Busca tratar da questão básica da natureza do homem, de sua condição fundamental de ser uma espécie biológica. Visa ao homem como ser de cultura, um modo de ser para além para além dos condicionamentos da natureza, para o que se subentende uma inteligência capaz de encarar o mundo através de convenções simbólicas, as quais são sistematizadas e transmitidas de geração a geração não pelo instinto ou pela genética, mas pela linguagem.
  • 4.
  • 5.
    Antropologia Biológica ou Física (Natural) É umestudo da formação do ser humano em seus aspectos físicos. Essa vertente busca, junto à biologia, determinar quais fatores levaram os seres humanos a desenvolver determinados atributos físicos em sociedades específicas.
  • 6.
    Para a antropologiabiológica, o homem é visto e definido como um ser da natureza que evoluiu fisicamente até chegar, há uns 80.000 mil anos (a partir do seu surgimento há cerca 200.000 mil anos), à condição atual.
  • 7.
    É uma vertentemais ampla e busca compreender como se formaram as culturas dos diferentes grupos humanos, tomando cultura como um conjunto de hábitos, costumes, valores, religião, arte, culinária etc. Antropologia Cultural (Social)
  • 8.
    A visão funcionalda cultura repousa no princípio de que em qualquer tipo de civilização, cada costume, objeto material, ideia ou crença, satisfaz uma função vital, assim como certas tarefas realizadas representam uma parte indispensável para todo o trabalho. MALINOWSKI, Bronislaw. Argonautas do pacífico ocidental. São Paulo: Abril Cultural, 1976. Kaxinawa
  • 9.
    Outros espaços/campos deestudo Arqueologia Busca compreender a formação do ser humano com base nos objetos materiais deixados por ele. Nesse sentido, busca utensílios em geral que possam expressar como os povos antigos viviam. Antropologia aplicada Os resultados das pesquisas podem ser aplicadas a superar dificuldades que as populações específicas enfrentam em relação às mudanças históricas e sociais Outras disciplinas conectadas a Antropologia História, geografia, biologia, Economia, Psicologia, Sociologia, Linguística, Pedagogia, Arqueologia Antropologia linguística Com base nos estudos da linguagem de uma sociedade, determina as origens daquele povo.
  • 10.
    Dominação das Colônias No séculoXV, durante o colonialismo europeu liderado, principalmente por Portugal, Espanha e Inglaterra, as justificativas para a dominação das colônias e dos povos que lá viviam e a justificativa da escravidão davam-se pela religião: os europeus nutriam a crença de que eles deveriam colonizar os territórios pagãos e levar o cristianismo a esses lugares, pois isso seria o caminho para a salvação daqueles povos. 01 O surgimento da Antropologia
  • 11.
    Predestinação Divina Os europeus acreditavamque havia uma predestinação divina que os permitia dominar povos que, no seu ponto de vista, eram atrasados. Muitos navegantes que participaram desse primeiro movimento de colonização escreveram relatos considerados documentos antropológicos de um período pré-científico, ou seja, de quando a antropologia ainda não era uma ciência bem construída. 02 O surgimento da Antropologia
  • 12.
    Ciência No século XIX,a sociedade intelectual europeia não mais acreditava cegamente na religião, pois a ciência tinha tomado nela um lugar de destaque. Nesse momento de intensa colonização, para a obtenção de recursos para a indústria, os europeus tiveram que justificar as suas ações de maneira científica. Para tanto, surge um primeiro movimento da antropologia como parte dos estudos de sociologia que visava analisar e classificar os seres humanos de etnias diferentes. 03 O surgimento da antropologia
  • 13.
    Os primeiros estudos Os primeirosestudos antropológicos eram extremamente etnocêntricos, ou seja, analisavam as diferentes culturas com base no ponto de vista de uma pessoa imersa na cultura europeia. Com isso, os europeus visavam mostrar que sua cultura e seu desenvolvimento eram superiores aos das demais sociedades, colocando a colonização como um movimento necessário de civilização para aquelas sociedades que, nesse ponto de vista, eram atrasadas. 04 O surgimento da antropologia
  • 14.
    Antropologia Evolucionista Darwinismo social Aantropologia evolucionista foi o primeiro movimento de estudos antropológicos liderado pelo antropólogo e biólogo inglês Edward Burnett Tylor e pelo geógrafo e biólogo Herbert Spencer. Para esses primeiros antropólogos, a teoria da evolução, de Charles Darwin (em alta na sociedade intelectual europeia do século XIX), poderia ser aplicada à formação das sociedades. Surge aí a noção etnocêntrica de raça, que alegava que algumas “raças humanas” eram superiores a outras. Também surgem as noções de cultura superior e cultura inferior, sendo que o padrão de medida de tais era o da própria cultura europeia.
  • 15.
  • 16.
    O QUE ÉCULTURA?
  • 17.
    Cultura como sinônimode erudição Cultura equivale a formação Cultura como arte e suas manifestações Cultura como hábitos e costumes Cultura é a identidade de um povo Cultura é aquilo que está por trás dos costumes e das atitudes de um povo Cultura é uma dimensão que está em e perpassa todos os aspectos da vida social Cultura é tudo aquilo que o homem vivencia, realiza, adquire e transmite por meio da linguagem
  • 18.
    Edward Tylor: étodo complexo de conhecimentos, crenças, arte,leis,moral, costumes e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelos indivíduos Malinowski: são sistemas funcionais para dar conta das necessidades básicas dos seres humanos. Levi-Strauss : é um sistema simbólico de uma criação que se acumula na mente humana
  • 19.
    Clifford Geertz :conjunto de mecanismos de controle, planos, receitas, regras, instruções para governar o comportamento humano Marshall Sahlins : a organização da experiência e da ação humanas através de instrumentos simbólicos Roberto DaMatta : é um mapa, um receituário, um código através do qual as pessoas de um dado grupo pensam, classificam e modificam o mundo e a si mesmas
  • 20.
    Cultura é omodo próprio de ser do homem em coletividade, que se realiza em parte consciente, em parte inconsciente, constituindo um sistema mais ou menos coerente de pensar, agir, fazer, relacionar-se, posicionar-se perante o Absoluto, e, enfim, reproduzir-se.
  • 21.
    Cada cultura édotada de um “estilo” particular que se exprime através da língua, das crenças, dos costumes, também da arte, mas não apenas desta maneira. Este estilo, este “espírito” próprio a cada cultura influi sobre o comportamento dos indivíduos FRANZ BOAS (1858 – 1942)
  • 22.
    BRONISLAW MALINOWSKI (1884– 1942) Para ele, cada sociedade deveria ser estudada como um “todo”, como um organismo possuidor de uma lógica interna e singular, subdividido através de uma complexa rede de relações entre os indivíduos.
  • 23.
    Malinowski acreditava quea análise antropológica deveria se realizar de forma simultânea, imediata e levando em conta os fatores sociais, psicológicos e biológicos dos nativos. Toda cultura se harmoniza em um todo coerente.
  • 24.
    Ao afirmarem quea existência humana é um fenômeno natural complexo, muitos profissionais da saúde caem na armadilha de considerar tão somente o enfoque biológico ao assistirem o doente, esquecendo-se de levar em conta a situação social, econômica e especialmente o modus de vida, a sua cultura.
  • 25.
    Se a sociedadeestudada parecer como desordenada, isso se deve somente ao seu desconhecimento em relação a ela, que será superado somente após um longo processo de investigação em que o antropólogo deixará seu gabinete de trabalho para conviver com o grupo estudado. Ritual da Tucandeira Waumat Terra Indígena Andirá-Marau
  • 26.
    Ruth Benedict (1887 -1948) A cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo. O modo de ver o mundo, as apreciações de ordem moral e valorativa, os diferentes comportamentos sociais e mesmo as posturas corporais são produto de uma herança cultural. Ex. o rir, o comer, etc. A cultura condiciona a visão de mundo do homem Todos os homens são dotados do mesmo equipamento anatômico, mas a utilização do mesmo, ao invés de ser determinado geneticamente depende de um aprendizado e este consiste na cópia de padrões que fazem parte da herança cultural do grupo.
  • 27.
    Os hábitos etécnicas de atenção e cuidado, incluindo rituais para a manutenção ou restabelecimento da saúde, bem como as restrições ao uso de algumas terapias (transfusão de sangue, transplante, vacinas...) são mediados tanto por sistemas de atenção à saúde quanto por sistemas culturais, e estes incluem o sentimento dos indivíduos de pertencimento ao grupo e ao território.
  • 28.
  • 29.
    A diversidade decomportamento dos seres humanos sempre foi um enigma. Todos os outros seres, existentes na natureza, apresentam comportamentos de espécie, repetitivos, limitados, com possibilidade quase nula de variações individuais. DIVERSIDADE CULTURAL O homem, porém, como diz Lévi-Strauss, é o único que, ao nascer, pode viver mil vidas diferentes. Qualquer um de nós poderia ser Mozart, qualquer um poderia ser Hitler. A criação de sinfonias e a perpetração de genocídios são possibilidades inscritas em nossa mais íntima constituição. A diversidade humana passou a ser uma interrogação politicamente relevante no mundo ocidental quando se formaram os gigantescos impérios multinacionais centrados na Europa.
  • 30.
    As primeiras tentativassistemáticas nesse sentido buscaram explicações no corpo dos indivíduos, no contexto da antropologia física. Sua culminância foi a construção do conceito de raças humanas, o mais importante e mais desastrado empreendimento das ciências sociais européias no século XIX. Estudos detalhados da fisiologia do cérebro, para relacioná-la ao caráter de cada um, e medidas de inteligência, que tiveram respeitabilidade até a segunda metade do século XX, completaram essas tentativas de localizar nos corpos de indivíduos e grupos a origem da diversidade humana. A superação desse caminho, pela antropologia cultural, teve como ponto de partida a constatação de que o homem não apenas age, como os demais animais, mas interpreta sua ação. Todas as ações humanas são ações interpretadas, e ao mesmo tempo todas resultam de uma interpretação. DIVERSIDADE CULTURAL
  • 31.
    DIVERSIDADE CULTURAL Compreender ocomportamento humano exige compreender os sistemas de interpretação construídos pela imaginação do próprio homem, o que nos remete ao universo simbólico, que é constitutivo da nossa existência tanto quanto o nosso corpo físico. A diversidade cultural de uma sociedade se dá em todos os elementos culturais, música, arquitetura, moda, culinária. No nível político a diversidade cultural tem se tornado fonte de conflitos.
  • 32.
    DIVERSIDADE CULTURAL No séculoXX, a miscigenação passa a ser vista como elemento distintivo e positivo de nossa identidade cultural e nacional. Ex. na educação, com a obrigatoriedade da temática : “História e Cultura Afro-Brasileira” Brasil : no final do século XIX, havia uma grande preocupação com a miscigenação. Acreditava-se que a miscigenação degenerava o povo,o que tornava impossível a construção de uma nação com identidade cultural definida.
  • 33.
    Subjacente à diversidadecultural, temos a Revolução dos Direitos, processo pelo qual os grupos socialmente excluídos têm lutado para adquirir direitos iguais perante a lei e na prática. Direitos da mulher, das minorias, dos gays, das lésbicas, de pessoas com necessidades especiais, etc DIVERSIDADE CULTURAL
  • 34.
    Diversidade Cultural A diversidadecultural, como a própria expressão sugere, refere-se aos diferentes costumes e tradições de um povo, podendo ser representado através da língua, das crenças, dos comportamentos, dos valores, por meio da culinária, da política, da arte, da música, dentre tantos outros elementos. Presente em todo e qualquer grupo social, a diversidade representa a pluralidade. A diversidade cultural também está atrelada ao sentimento de pertencimento e aceitação da identidade de cada indivíduo que compõe um grupo.
  • 35.
    Relativismo Cultural O relativismocultural reivindica o caráter singular de cada cultura, o que as tornam inteligíveis apenas a partir de seus próprios códigos. A adoção desse ponto de vista é fundamental para que se evite comparações de cunho hierarquizante acerca dos costumes, práticas e crenças de povos distintos. Cada grupo social possui uma cultura específica que só pode ser analisada a partir de seus próprios códigos. Uma das principais críticas feitas ao conceito diz respeito à possibilidade de apresentar uma visão cristalizada acerca das culturas. Desse modo, tende a ser condescendente com práticas violentas.
  • 36.
    Etnocentrismo A posição relativistaliberta o indivíduo das perspectivas deturpadoras do etnocentrismo, que significa a supervalorização da própria cultura em detrimento das demais. A ocorrência da grande diversidade de culturas vem testemunhar que há modos de vida bons para um grupo e que jamais serviriam para outro. O etnocentrismo pode ser manifestado no comportamento agressivo ou em atitudes de superioridade e até de hostilidade. A discriminasção, o proselitismo, a violência, a agressividade verbal são outras formas de expressar o etnocentrismo.
  • 37.
    O que algunsantropólogos defendem é que é preciso levar em consideração as imposições da cultura para os diferentes grupos que estão submetidos a ela. E, desse modo, refletir acerca das possibilidades de mudança dos valores e práticas culturais que são problemáticas.
  • 38.
    A Antropologia eo campo da Saúde A Antropologia da Saúde é um campo interdisciplinar que estuda as interações entre culturas, sistemas de crenças, práticas sociais e saúde humana. Explora como diferentes culturas entendem saúde, doença e o corpo humano, assim como os fatores sociais, econômicos e políticos que influenciam a saúde das populações. Promove abordagens participativas, envolvendo comunidades locais no desenvolvimento e implementação de programas de saúde, visando melhorar os sistemas de saúde e promover o bem-estar humano. ayahuasca
  • 39.
    A Antropologia eo campo da Saúde Bom paciente = aquele que possui cultura Sem cultura = paciente dificil Guiado por superstições Esses pacientes apresentam comportamentos e pensamentos singulares quanto à experiência da doença, assim como noções particulares sobre saúde e terapêutica. Tais particularidades não advém das diferenças biológicas, mas, sim, das diferenças socioculturais Todos tem cultura Questões inerentes à saúde e à doença devem ser pensadas a partir dos contextos socioculturais específicos nos quais os mesmos ocorrem
  • 40.
    A cultura incluirvalores, símbolos, normas e práticas Os três aspectos para se compreender o significado de atividade sociocultural A cultura é aprendida, compartilhada e padronizada A cultura é aprendida Não se pode explicar as diferenças do comportamento humano através da biologia de forma isolada. A cultura modela as necessidades e características biológicas e corporais.
  • 41.
    A cultura écompartilhada e padronizada É uma criação humana partilhada por grupos sociais específicos A partir de interações sociais concretas dos indivíduos em determinados contextos e espaços Fundamentalmente, a cultura organiza o mundo de cada grupo social, segundo a sua própria lógica
  • 42.
    Cultura, sociedade esaúde Cultura é um fenômeno total = a visão de saúde e doença está contida nela Cada e todas as sociedades desenvolvem conhecimentos, práticas e instituições particulares = sistema de atenção à saúde Todos os componentes presentes em uma sociedade relacionados à saúde Brasil (sociedade complexa) há vários sistemas de atenção à saúde SUS, medicina popular, sistemas médico-religiosos, outros.
  • 43.
    O sistema culturalem saúde Dimensão simbólica do entendimento que se tem sobre saúde Inclui os conhecimentos, percepções e cognições utilizadas para definir, classificar, perceber e explicar a doença. Cada e todas as culturas possuem conceitos sobre o que é ser doente ou saudável. Essas classificações não são universais e raramente refletem as definições biomédicas. Místicas Não Místicas
  • 44.
    O sistema socialde saúde É composto pelas instituições relacionadas à saúde A organização de papéis dos profissionais de saúde nele envolvidos As regras de interação As relações de poder Inclui especialistas não reconhecidos pela biomedicina
  • 45.
    Referências GOMES, Mércio Pereira.Antropologia: ciência do homem filosofia da cultura. 1 Ed. São Paulo: Contexto, 2009. (p. 11 a 20) SANTOS, José Luiz dos- O que é Cultura, São Paulo, Círculo do Livro, 1990. LAKATOS, Eva Maria. Sociologia geral. Marina de Andrade Marconi, colaboradora. -- 6. ed. rev. e ampl. -- São Paulo : Atlas, 1990. (p. 127 - 145) ROCHA, E. P. G. O que é etnocentrismo. São Paulo: Brasiliense, 1984. LANGDON, Esther e WIIK, Flávio. Antropologia, saúde e doença: uma introdução ao conceito de cultura aplicado às ciências da saúde. Rev. Latino-Am, 2010.