GUIA ALIMENTAR 
PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Promovendo a Alimentação Saudável
MINISTÉRIO DA SAÚDE 
Secretaria de Atenção à Saúde 
Departamento de Atenção Básica 
GUIA ALIMENTAR 
PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Promovendo a Alimentação Saudável 
1.ª edição 
1.ª reimpressão 
Série A. Normas e Manuais Técnicos 
Brasília – DF 
2008
© 2006 Ministério da Saúde. 
Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não 
seja para venda ou qualquer fim comercial. 
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada na íntegra na Biblioteca Virtual do Ministério da 
Saúde: http://www.saude.gov.br/bvs 
Série A. Normas e Manuais Técnicos 
Tiragem: 1.ª edição – 2008 – 25.000 exemplares 
A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica. 
1.ª reimpressão – 
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Elaboração, distribuição e informações 
MINISTÉRIO DA SAÚDE 
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Homepage 
Supervisão técnica 
Luis Fernando Rollim Sampaio 
Antonio Dercy Filho 
Elaboração da versão final: 
Ana Beatriz Vasconcellos – Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/SAS/MS) 
Elisabetta Recine – Observatório de Política de Segurança Alimentar e Nutricional; Departamento de Nutrição da 
Universidade de Brasília e consultora da CGPAN 
Maria de Fátima C. C. de Carvalho – Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/SAS/MS) 
Impresso no Brasil / 
Ficha Catalográfica 
________________________________________________________________________________________________________________ 
Departamento de Atenção Básica 
Printed in Brazil 
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. . 
Guia alimentar para a população brasileira : promovendo a alimentação saudável / Ministério da Saúde, Secretaria 
Departamento de Atenção Básica 
de Atenção à Saúde, . – Brasília : Ministério da Saúde, 2008. 
210 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) 
ISBN 85-334-1154-5 
1. Alimentação. 2. Conduta na alimentação. 3. Métodos de alimentação. 4. Política de nutrição. I. Título. II. Série. 
NLM WB 400 
________________________________________________________________________________________________________________ 
Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2008/0165 
Títulos para indexação: 
Em inglês: Feeding Guide for the Brazilian Population: Promoting the Health Food 
Em espanhol: Guía de Alimentación para la Población Brasileña: la Promoción del Alimento Sano
05 
LISTADETABELAS,GRÁFICOSEQUADROS 
LISTA DE TABELAS, GRÁFICOS EQUADROS 
TABELAS 
TABELA 1 Mortalidade por diferentes tipos de doença no Brasil, 1979, 1998 e 2003 130 
TABELA 2 Percentual de mortalidade proporcional segundo causas e sexo. Brasil, 2001 130 
TABELA 3 Resultados da Campanha Nacional de Detecção de Hipertensão Arterial (CNDHA). Brasil, 
2002 137 
TABELA 4 Óbitos ocorridos por doenças crônicas não-transmissíveis e óbitos potencialmente 
evitáveis com alimentação adequada (números relativo e absoluto). Brasil, 2003 141 
TABELA 5 Evolução da participação relativa de macronutrientes no total de calorias determinado pela 
aquisição alimentar domiciliar nas regiões metropolitanas, Brasília e Município de Goiânia, por ano de 
pesquisa. Brasil, 1974-2003 145 
TABELA 6 Evolução da participação relativa de alimentos no total de calorias determinado pela 
aquisição alimentar domiciliar nas regiões metropolitanas, Brasília e município de Goiânia, por ano de 
pesquisa. Brasil, 1974-2003 146 
TABELA 7 Participação relativa de macronutrientes no total de calorias determinado pela aquisição 
alimentar domiciliar, por situação do domicílio. Brasil, 2002-2003 148 
TABELA 8 Participação relativa de grupo de alimentos no total de calorias, segundo a aquisição 
alimentar domiciliar, por classe de rendimento familiar mensal em salários mínimos per capita (SMPC). 
Brasil, 2002-2003 149 
TABELA 9 Participação relativa de macronutrientes no total de calorias determinado pela aquisição 
alimentar domiciliar, por classe de rendimento monetário mensal familiar per capita em salários mínimos. 
Brasil, 2002-2003 151 
TABELA 10 Estimativa do consumo de sal per capita. Brasil, 1962-2000 152 
GRÁFICOS 
GRÁFICO 1 Tendência secular da desnutrição em adultos, segundo o sexo. Brasil, 1975-2003 133 
GRÁFICO 2 Prevalência da desnutrição em adultos, segundo regiões geográficas e sexo. Brasil, 2003 134 
GRÁFICO 3 Tendência secular do excesso de peso no Brasil, segundo sexo. Brasil, 1975-2003 138 
GRÁFICO 4 Tendência secular da obesidade no Brasil, segundo o sexo. Brasil, 1975-2003 138 
GRÁFICO 5 Tendência secular da obesidade masculina segundo região brasileira. Brasil, 1975-2003 139 
GRÁFICO 6 Tendência secular da obesidade feminina, segundo região brasileira. Brasil, 1975-2003 139 
GRÁFICO 7 Prevalência de obesidade, segundo a renda. Brasil, 2003 140
06 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
QUADROS 
QUADRO 1 Cálculo da dose-equivalente de álcool de uma bebida 26 
QUADRO 2 Informação nutricional dos leites desnatado e integral 121 
QUADRO 3 Porções segundo grupos de alimentos, para fins de rotulagem nutricional 122 
QUADRO 4 Declarações relacionadas ao conteúdo de nutrientes e energia no rótulo dos alimentos 123 
QUADRO 5 Principais características dos Edulcorantes 186
07 
SUMÁRIO 
APRESENTAÇÃO 
PARTE 1 
REFERENCIAL TEÓRICO 
PARTE 2 
O GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA: SEUS PRINCÍPIOS E SUAS DIRETRIZES E OS 
ATRIBUTOS DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL 
Princípios 
As diretrizes 
09 
13 
Introdução 15 
OGuia Alimentar e a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) 15 
Estratégia Global para a Promoção da Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde 17 
OPanorama Epidemiológico no Brasil: o Peso Multiplicado da Doença 18 
- Deficiências nutricionais 19 
- Doenças infecciosas 19 
- Doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) 19 
OAspecto Ambiental Mais Geral 20 
Modos de Vida Saudáveis 21 
- Aleitamento materno:umcuidado para toda a vida 21 
- Alimentação saudável: algumas considerações 22 
- Atividade física: elemento fundamental para a manutenção da saúde e do peso saudável 24 
-Oconsumo de bebidas alcoólicas 24 
-Oconsumo de tabaco 26 
29 
-Oprincípio da “abordagem integrada” 31 
-Oprincípio do “referencial científico e a cultura alimentar” 31 
-Oprincípio do “referencial positivo” 32 
-Oprincípio da “explicitação de quantidades” 32 
-Oprincípio das “variações das quantidades” 32 
-Oprincípio do “alimento como referência” 33 
-Oprincípio da “sustentabilidade ambiental” 33 
-Oprincípio da “originalidade umguia brasileiro” 33 
-Oprincípio da “abordagem multifocal” 34 
Os Atributos da Alimentação Saudável 35 
As Diretrizes: Algumas Considerações 36 
Diretriz 1 Os alimentos saudáveis e as refeições 39 
Diretriz 2 Cereais, tubérculos e raízes 45 
Diretriz 3 Frutas, legumes e verduras 51 
Diretriz 4 Feijões e outros alimentos vegetais ricosemproteínas 59 
Diretriz 5 Leite e derivados, carnes e ovos 65 
Diretriz 6 Gorduras, açúcares e sal 73 
Diretriz 7 Água 85
08 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Diretriz Especial 1 Atividade física 89 
Diretriz Especial 2 Qualidade sanitária dos alimentos 97 
Colocando as diretrizesemprática 105 
Utilizando o rótulo dos alimentos 117 
Introdução 127 
Saúde e Nutrição no Brasil 127 
Atransição epidemiológica brasileira 128 
- Epidemiologia da atividade física 129 
- Mortalidade 129 
- Novos padrões de morbidade 131 
Atransformação nos padrões alimentares nacionais 141 
- Consumo de alimentos no Brasil 142 
As bases científicas das diretrizes alimentares nacionais 153 
O enfoque do curso da vida como estratégia para a abordagem integrada das doenças relacionadas 
à alimentação e nutrição 164 
165 
ANEXOA Processamento de alimentos 183 
ANEXO B Recomendação calórica média, número de porções diárias e valor energético médio das 
porções, segundo os grupos de alimentos para fins de cálculo do VET 189 
ANEXOC Porções de alimentos (em gramas) e medidas caseiras correspondentes 191 
ANEXOD Síntese das Diretrizes 197 
205 
PARTE 3 
AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS DAS DIRETRIZES NACIONAIS 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ANEXOS 
COLABORADORES
Apresentação
APRESENTAÇÃO 11 
APRESENTAÇÃO 
O Guia Alimentar para a População 
Brasileira contém as primeiras diretrizes 
alimentares oficiais para a nossa população. Hoje 
existem evidências científicas que apontam de 
forma inequívoca o impacto da alimentação 
saudável na prevenção das mortes prematuras, 
causadas por doenças cardíacas e câncer. 
Além disso, as orientações do guia são 
adequadas para a prevenção de outras doenças 
crônicas não-transmissíveis, tais como diabetes e 
hipertensão, e compõem, certamente, o elenco de 
ações para a prevenção da obesidade que, por si só, 
aumenta o risco dessas e de outras doenças graves. 
Por outro lado, a publicação também 
aborda questões relacionadas às deficiências 
nutricionais e às doenças infecciosas, prioridades de 
saúde pública no Brasil. Assim, contribui para a 
prevenção das deficiências nutricionais, incluindo as 
de micronutrientes (fome oculta), e para aumentar 
a resistência a muitas doenças infecciosas em 
crianças e adultos. 
Consideramos, portanto, que este guia 
contém mensagens centrais para a promoção da 
saúde e, em um único conjunto, para prevenção das 
doenças crônicas não-transmissíveis, da má nutrição 
em suas diferentes formas de manifestação e das 
doenças infecciosas. 
Muitas das diretrizes deste guia rela-cionam- 
se aos alimentos e às refeições 
tradicionalmente consumidos pelas famílias 
brasileiras de todos os níveis socioeconômicos, 
evidenciando-se que, ao contrário do que indica o 
senso comum, uma alimentação saudável não é 
necessariamente cara. 
A primeira parte do guia traz o referencial 
teórico que fundamentou a sua elaboração e o situa 
em relação aos propósitos da Política Nacional de 
Alimentação e Nutrição (PNAN) e aos objetivos 
preconizados pela Organização Mundial da Saúde 
(OMS). 
A segunda parte aborda as diretrizes 
formuladas, agregando orientações para a sua 
aplicação prática no contexto familiar, bem como 
sobre o uso da rotulagem de alimentos como 
ferramenta para a seleção de alimentos mais 
saudáveis. 
Finalmente, a terceira parte sistematiza o 
panorama epidemiológico brasileiro e traz os dados 
de consumo alimentar disponíveis no Brasil e as 
evidências científicas que fundamentaram as 
orientações do guia. 
O documento é resultado de uma 
construção coletiva. Houve consulta pública por 
meio da internet e recolhimento de contribuições 
de diversos participantes. Contamos, ainda, com a 
colaboração da rede de alimentação e nutrição, 
constituída pelas coordenações estaduais, centros 
colaboradores e de referência na área, que foi 
estimulada diretamente a analisar a proposta. 
As contribuições dos usuários desta 
publicação, contudo, serão importantes e bem-vindas 
para o aperfeiçoamento das edições 
subseqüentes. Acreditamos que as diretrizes aqui 
estabelecidas serão úteis para os profissionais da 
saúde, para os trabalhadores nas comunidades, 
para as famílias do Brasil e para a nação como um 
todo. 
O governo do Presidente Luiz Inácio Lula 
da Silva, por meio do Programa Fome Zero e de 
outros programas que buscam criar uma rede de 
proteção às camadas mais vulneráveis da 
população, avança no sentido de prover 
alimentação e nutrição adequadas ao conjunto dos 
brasileiros. 
Este guia, que apresenta diretrizes acerca 
dos hábitos alimentares saudáveis, está inserido nas 
preocupações que têm inspirado as ações do 
governo, tanto na necessária política de segurança 
alimentar e nutricional como na promoção da 
prevenção de agravos à saúde que advenham de 
umaalimentação insuficiente ou inadequada. 
José Gomes Temporão 
Secretário de Atenção à Saúde
Parte1Referencial teórico
PARTE 1 - REFERENCIAL TEÓRICO 15 
REFERENCIAL TEÓRICO 
Introdução 
“Deixe que a alimentação seja o seu remédio e o 
remédio a sua alimentação” (Hipócrates). “O 
destino das nações depende daquilo e de como as 
pessoas se alimentam” (Brillat-Savarin, 1825). 
Afirmações como estas que remontam a 
centenas de anos já atestavam a relação vital entre a 
alimentação e a saúde. 
Este guia, como parte da responsabilidade 
governamental em promover a saúde, é concebido 
para contribuir para a prevenção das doenças 
causadas por deficiências nutricionais, para reforçar 
a resistência orgânica a doenças infecciosas e para 
reduzir a incidência de doenças crônicas não-transmissíveis 
(DCNT), por meio da alimentação 
saudável. A abordagem conjunta desses três grupos 
de doenças, tendo como instrumento a alimentação 
saudável, é uma das estratégias de saúde pública 
brasileira com vistas à melhoria dos perfis 
nutricional e epidemiológico atuais. 
Especificamente, as diretrizes fornecem a 
base para a promoção de sistemas alimentares 
saudáveis e do consumo de alimentos saudáveis, 
com o objetivo de reduzir a ocorrência dessas 
doenças na população brasileira maior de 2 anos 
1 
(crianças, adolescentes, adultos e idosos). 
O guia é destinado a todas as pessoas 
envolvidas com a saúde pública e para as famílias. 
Dá-se destaque aos profissionais de saúde da 
atenção básica, incluindo os vinculados à Estratégia 
de Saúde da Família, que receberão informações 
sobre alimentação saudável a fim de subsidiar 
abordagens específicas no contexto familiar; bem 
como se explicitam as atribuições esperadas do 
setor produtivo de alimentos. Outro público-sujeito 
deste guia são os formuladores e implementadores 
de ações de governo em áreas correlacionadas; e, 
finalmente, destacam-se as mensagens destinadas à 
família. 
As mensagens principais das diretrizes, 
apresentadas em destaque, visam a enfatizar os 
principais aspectos a ser destacados na abordagem 
do profissional de saúde junto aos usuários dos 
serviços de saúde, pela indústria alimentícia e pelos 
governos e ainda pelas famílias. São informações 
importantes que estimulam o olhar intersetorial das 
questões relativas à alimentação e nutrição no 
Brasil. A promoção da alimentação saudável, 
embora tenha o setor saúde como um dos 
protagonistas, requer a integração de outros 
setores e atores sociais, chaves na consecução da 
segurança alimentar e nutricional. 
Neste guia serão abordadas as questões 
necessárias, em termos de base conceitual, sobre o 
que é uma alimentação saudável e como podemos 
alcançá-la no cotidiano de nossas vidas. Uma 
alimentação saudável não deve ser vista como uma 
“receita” pré-concebida e universal, pois deve 
respeitar alguns atributos individuais e coletivos 
específicos impossíveis de serem quantificados de 
maneira prescritiva. Contudo identificam-se alguns 
princípios básicos que devem reger a relação entre 
as práticas alimentares e a promoção da saúde e a 
prevenção de doenças. 
Uma vez que a alimentação se dá em 
função do consumo de alimentos e não de 
nutrientes, uma alimentação saudável deve estar 
baseada em práticas alimentares que tenham 
significado social e cultural. Os alimentos têm gosto, 
cor, forma, aroma e textura e todos esses 
componentes precisam ser considerados na 
abordagem nutricional. Os nutrientes são 
importantes; contudo, os alimentos não podem ser 
resumidos a veículos deles, pois agregam 
significações culturais, comportamentais e afetivas 
singulares que jamais podem ser desprezadas. 
Portanto, o alimento como fonte de prazer e 
identidade cultural e familiar também é uma 
abordagem necessária para a promoção da saúde. 
Esta primeira edição das diretrizes oficiais 
brasileiras é parte da estratégia de implementação 
da Política Nacional de Alimentação e Nutrição, 
integrante da Política Nacional de Saúde (BRASIL, 
2003) e se consolida como elemento concreto da 
identidade brasileira para implementação das 
recomendações preconizadas pela Organização 
Mundial da Saúde, no âmbito da Estratégia Global 
de Promoção da Alimentação Saudável, Atividade 
Física e Saúde (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 
2004). 
OGuia Alimentar e a Política Nacional 
de Alimentação e Nutrição (PNAN) 
A Política Nacional de Alimentação e 
Nutrição (PNAN), homologada em 1999, integra a 
1- As diretrízes alimentares específicas para crianças com até 2 anos de idades foram publicadas em documentos específicos (BRASIL,2002d, 2002e).
16 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Política Nacional de Saúde (BRASIL, 2003f). Tem 
como principal objetivo contribuir com o conjunto 
de políticas de governo voltadas à concretização do 
direito humano universal à alimentação e nutrição 
adequadas e à garantia da Segurança Alimentar e 
Nutricional da população. Todas as ações de alimen-tação 
e nutrição, sob gestão e responsabilidade do 
Ministério da Saúde, derivam do princípio de que o 
acesso à alimentação adequada, suficiente e segura, 
é um direito humano inalienável. Esse princípio, 
norteador do desenvolvimento da própria PNAN e 
suas implicações em termos de regulação, 
planejamento e prática, éumainiciativa pioneira do 
Brasil no cenário internacional. 
A PNAN tem como diretrizes a promoção 
de práticas alimentares saudáveis e a prevenção e o 
controle dos distúrbios nutricionais e das doenças 
associadas à alimentação e nutrição, o monito-ramento 
da situação alimentar e nutricional, a 
garantia da qualidade dos alimentos colocados para 
consumo no País, o desenvolvimento de pesquisas e 
recursos humanos, bem como o estímulo às ações 
intersetoriais que propiciem o acesso universal aos 
alimentos. Muito embora, ao longo da história das 
políticas de alimentação e nutrição no Brasil, a área 
de Saúde tenha chamado para si tais respon-sabilidades 
- mesmo porque é sobre esse setor que 
recaem as conseqüências da insegurança alimentar 
e nutricional -, assegurar o direito à alimentação 
adequada a toda a população é uma respon-sabilidade 
a ser compartilhada por outros setores 
governamentais e pela sociedade como um todo. 
Esse entendimento fica explícito ao se avaliar o 
conceito de Segurança Alimentar e Nutricional 
(SAN), atualmente adotado pelo Brasil: 
SAN é a realização do direito de todos ao 
acesso regular e permanente a alimentos de 
qualidade, em quantidade suficiente, sem 
comprometer o acesso a outras necessidades 
essenciais, tendo como base práticas alimentares 
promotoras de saúde, que respeitem a diversidade 
cultural e que sejam social, econômica e 
ambientalmente sustentáveis. (BRASIL, 2004a) 
Assim, entende-se que a garantia da SAN 
requer a conjugação e priorização de esforços pelo 
Estado, conciliando ações públicas de diferentes 
setores e esferas do governo e da sociedade civil. 
Essas ações dão conseqüência prática ao direito 
humano à alimentação e nutrição adequadas 
(DHAA), extrapolando, portanto, o setor Saúde e 
alcançandoumcaráter intersetorial. 
Por outro lado, a adoção da promoção da 
SAN como tema central do atual governo brasileiro 
reforçou a compreensão do papel do setor saúde no 
tocante à alimentação e nutrição, reconhecidas 
como elementos essenciais para a promoção, 
proteção e recuperação da saúde. 
Os programas e ações em alimentação e 
nutrição do Ministério da Saúde, dentre os quais 
este guia é um exemplo, são desenvolvidos tanto 
para contribuir para a prevenção e controle das 
doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) como 
das deficiências nutricionais e doenças infecciosas, 
promovendo o consumo de uma alimentação 
saudável e a adoção de modos de vida saudáveis. A 
estratégia que orienta essas ações deve combinar 
iniciativas de articulação intersetorial, regula-mentação, 
informação, comunicação e capacitação 
de profissionais. 
Em um país como o Brasil, onde as 
desigualdades regionais são expressivas, é 
importante destacar que a promoção da 
alimentação saudável pressupõe a necessidade de 
definição de estratégias de saúde pública capazes 
de dar conta de um modelo de atenção à saúde e de 
cuidado nutricional, direcionados para a prevenção 
da desnutrição, incluindo a fome oculta e outras 
doenças relacionadas à fome e exclusão social, 
como também do sobrepeso, da obesidade e das 
demais DCNT resultantes da inadequação alimentar 
ou outra forma de manifestação da fome. 
A promoção de práticas alimentares 
saudáveis, além de uma diretriz explícita da PNAN, 
conforma uma ação transversal incorporada em 
todas e quaisquer outras ações, programas e 
projetos. A alimentação saudável tem início com o 
incentivo ao aleitamento materno - exclusivo até o 
sexto mês e complementado até, pelo menos, o 
segundo ano de vida - e está inserida no contexto da 
adoção de modos de vida saudáveis, sendo, 
portanto, componente importante da promoção da 
saúde e da qualidade de vida. Nessa abordagem, 
tem enfoque prioritário o resgate de hábitos e 
práticas alimentares regionais relacionadas ao 
consumo de alimentos locais de elevado valor 
nutritivo, bem como de padrões alimentares mais
PARTE 1 - REFERENCIAL TEÓRICO 17 
variados, desde os primeiros anos de vida até a 
idade adulta e a velhice. 
As diretrizes da PNAN vêm sendo imple-mentadas 
no âmbito do setor saúde, porém, 
extrapolando-o por meio de um conjunto de ações 
em parceria com outros setores governamentais e 
não-governamentais. São alguns exemplos: 
- Educação continuada dos profissionais de saúde 
com ênfase naqueles envolvidos na atenção básica; 
- Desenvolvimento de instrumentos e estratégias 
para a socialização da informação e do 
conhecimento sobre alimentação e nutrição ao 
público em geral (informativos, página eletrônica: 
www.saude.gov.br/nutricao, tele-atendimento por 
meio do ”Disque Saúde”: 0800 61 1997 - ligação 
gratuita); 
- Inserção dos componentes de alimentação e nutri-ção 
na atenção à saúde de grupos populacionais 
específicos, como população do campo, indígenas e 
quilombolas; 
- Programas de prevenção e controle de carências 
nutricionais específicas: Programa Nacional de 
Controle e Prevenção das Deficiências de Vitamina 
A; Programa Nacional de Controle e Prevenção de 
Anemia Ferropriva; Programa Nacional de Controle 
e Prevenção dos Distúrbios por Deficiência de Iodo; 
- Ações e projetos de abordagem da desnutrição 
infantil no âmbito da rede de serviços do Sistema 
Único de Saúde: protocolo de atendimento à 
criança com desnutrição grave (em âmbitos 
hospitalar, ambulatorial e comunitário/ familiar); 
- Saúde do Escolar, em parceria com o 
Departamento de Gestão em Saúde, da Secretaria 
de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde, do 
Ministério da Saúde e com o Ministério da 
Educação. A proposta é incentivar o espaço escolar 
como ambiente para a educação nutricional e 
promoção da alimentação saudável de crianças e 
jovens, contribuindo para a formação de hábitos 
alimentares saudáveis,bemcomo para a inserção da 
alimentação e nutrição no conteúdo programático, 
nos diferentes níveis de ensino; 
- Vigilância Alimentar e Nutricional, por meio da 
coleta sistemática de informações antropométricas 
da população atendida no âmbito do Sistema Único 
de Saúde. A proposta permite acompanhar os 
usuários do SUSemqualquer fase do curso da vida; 
- Promoção e financiamento de estudos e pesquisas, 
em parceria com o Departamento de Ciência e 
Tecnologia/SCTIE/MS e com a rede de Centros 
Colaboradores e Centros de Referência em 
Alimentação e Nutrição; 
- Ações de apoio à institucionalização da área e das 
ações de alimentação e nutrição nos estados e 
municípios por meio da parceria técnica e financeira 
com Coordenações Estaduais de Alimentação e 
Nutrição/Secretarias Estaduais de Saúde. 
Muitas outras ações são desenvolvidas em 
parcerias interinstitucionais, a exemplo da Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária, Ministério do 
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 
Programa de Alimentação do Trabalhador 
(PAT)/Ministério do Trabalho, Programa Nacional 
de Alimentação Escolar (PNAE/FNDE/MEC), Conse-lho 
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional 
(CONSEA), Comissões Intersetoriais de Alimentação 
e Nutrição (CIAN) e da Saúde Indígena (CISI) do 
Conselho Nacional de Saúde, Pastoral da Criança, 
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/ 
Brasil), dentre outras. 
Na abordagem da prevenção integrada de 
doenças fazem-se necessários o fortalecimento e a 
articulação de ações que visem à promoção de 
modos de vida mais saudáveis. Isso requer um 
esforço por parte do Ministério da Saúde, não 
somente quanto aos seus objetivos setoriais 
estratégicos para o enfrentamento da situação, mas 
também para a identificação de parcerias que 
possam efetivar ações com o mesmo objetivo, nos 
diferentes setores governamentais, da sociedade 
civil organizada, do setor produtivo e nas três 
esferas de governo. 
Assim, o Guia Alimentar para a População 
Brasileira é mais um dos instrumentos construídos 
no âmbito das diretrizes da Política Nacional de 
Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, 
com vistas à consolidação de seus propósitos e 
fundamentos. 
Estratégia Global para a Promoção da 
Alimentação Saudável, Atividade Física e 
Saúde 
A proposta de Estratégia Global para a 
Promoção da Alimentação Saudável, Atividade 
Física e Saúde, da Organização Mundial da Saúde, 
sugere a formulação e implementação de linhas de 
ação efetivas para reduzir substancialmente as 
mortes e doenças em todo o mundo. Seus quatro
18 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
objetivos principais são: (1) reduzir os fatores de 
risco para DCNT por meio da ação em saúde pública 
e promoção da saúde e medidas preventivas; (2) 
aumentar a atenção e o conhecimento sobre 
alimentação e atividade física; (3) encorajar o 
desenvolvimento, o fortalecimento e a imple-mentação 
de políticas e planos de ação em nível 
global, regional, nacional e comunitário que sejam 
sustentáveis, incluindo a sociedade civil, o setor 
privado e a mídia; (4) monitorar dados científicos e 
influências-chave na alimentação e atividade física 
e fortalecer os recursos humanos necessários para 
qualificar e manter a saúde nesse domínio 
(ORGANIZAÇÃO MUNDIALDASAÚDE, 2004). 
Para a concretização da Estratégia Global, 
a OMS recomenda a elaboração de planos e 
políticas nacionais e o apoio de legislações efetivas, 
infra-estrutura administrativa e fundo orçamen-tário 
e financeiro adequado e investimentos em 
vigilância, pesquisa e avaliação. 
Sugere, ainda, a construção de propostas 
locais e a provisão de informação adequada aos 
consumidores, por meio de iniciativas vinculadas à 
educação, à publicidade, à rotulagem, a legislações 
de saúde, e enfatiza a necessidade de garantia de 
articulação intersetorial e políticas nacionais de 
saúde, educação, agricultura e alimentação que 
incorporem, em seus objetivos, a nutrição, a 
segurança da qualidade dos alimentos e a 
segurança alimentar sustentável, a promoção da 
alimentação saudável e da atividade física, além de 
políticas de preços e programas alimentares. 
As recomendações específicas sobre dieta, 
constantes do documento final da estratégia, são: 
- Manter o equilíbrio energético e o peso saudável; 
- Limitar a ingestão energética procedente de 
gorduras; substituir as gorduras saturadas por 
insaturadas e eliminar as gorduras trans (hidro-genadas); 
- Aumentar o consumo de frutas, legumes e 
verduras, cereais integrais e leguminosas (feijões); 
- Limitar a ingestão de açúcar livre; 
- Limitar a ingestão de sal (sódio) de toda 
procedência e consumir sal iodado. 
Comrespeito à atividade física, a Estratégia 
Global recomenda pelo menos 30 minutos de 
atividade física, regular ou intensa ou moderada, na 
maioria dos dias da semana, senão em todos, a fim 
de prevenir as enfermidades cardiovasculares e 
diabetes e melhorar o estado funcional nas 
diferentes fases do curso da vida e especialmente na 
fase adulta e idosa. 
Dentre outros aspectos, destacar a 
relevância dessa proposição dentro do setor saúde 
pode alavancar e alertar para a importância e 
efetividade que as ações de promoção da 
alimentação saudável podem representar na 
redução de gastos em saúde com ações curativas de 
tratamento e recuperação do grupo de doenças 
crônicas não-transmissíveis. Investimentos em 
saúde focalizados em ações de promoção e 
prevenção podem ser muito eficazes, eficientes e 
efetivos. 
A Estratégia Global incentiva que os 
estados-membros da OMS apliquem-na de acordo 
com suas realidades e de forma integrada às suas 
políticas e aos programas para prevenção de DCNT e 
de promoção da saúde; portanto, a proposta é 
sugestiva e não mandatária, flexível o suficiente para 
seradequadaàs diferentes realidades dos países. 
É importante enfatizar que a proposta da 
Estratégia Global pressupõe que, para modificar os 
padrões de alimentação e de atividade física da 
população, são necessárias estratégias sólidas e 
eficazes acompanhadas de um processo de 
permanente monitoramento e avaliação de 
impacto das ações planejadas. Para assegurar 
progressos sustentáveis, é imprescindível conjugar 
esforços, recursos e atribuições de todos os atores 
envolvidos no processo, tais como as diferentes 
áreas e esferas de governo, organismos multi-laterais, 
sociedades científicas, grupos de defesa do 
consumidor, movimentos populares, pesquisadores 
e o setor privado. 
Assim sendo, a PNAN e a Estratégia Global 
compartilham do mesmo propósito central: 
fomentar a responsabilidade associada entre 
sociedade, setor produtivo e público para efetuar as 
mudanças necessárias no âmbito socioambiental, 
que favoreçam as escolhas saudáveis em níveis indi-vidual 
e coletivo. 
O Panorama Epidemiológico no Brasil: 
o Peso Multiplicado da Doença 
As deficiências nutricionais e as infecções 
ainda são desafios fundamentais da saúde pública 
no Brasil. Ao mesmo tempo, o perfil epidemiológico
PARTE 1 - REFERENCIAL TEÓRICO 19 
adquiriu uma maior complexidade, tendo os 
padrões de doenças mudado radicalmente. As 
doenças crônicas não-transmissíveis vêm assumindo 
importante magnitude, estando associadas às 
causas mais comuns de morte registradas 
atualmente. 
Deficiências nutricionais 
No Brasil, a desnutrição na infância, que se 
expressa no baixo peso, no atraso no crescimento e 
desenvolvimento e na maior vulnerabilidade às 
infecções e, como mostram alguns estudos recentes, 
no maior risco para ocorrência de futuras doenças 
crônicas não-transmissíveis, continua sendo 
importante problema de saúde pública, 
principalmente nas regiões Norte e Nordeste e em 
bolsões de pobreza em todas as demais regiões do 
País (PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 
1998c); portanto, as recomendações nutricionais 
continuam a ser importantes instrumentos para as 
ações com vistas a combater essa face da 
insegurança alimentar e nutricional no Brasil. 
O País não dispõe de informações recentes, 
de representatividade nacional, sobre carências de 
micronutrientes; contudo, estudos disponíveis de 
abrangência local, realizados por diferentes 
instituições em várias regiões geográficas, 
permitem inferir que a carência de vitamina A 
(hipovitaminose A) e a anemia por carência de ferro 
são as principais deficiências nutricionais que 
acometem a população brasileira. Os distúrbios por 
deficiência de iodo (DDI) parecem ser ainda um 
problema em regiões isoladas, provavelmente em 
função do consumo de sal destinado à alimentação 
animal pelas populações rurais, muito embora 
tenha havido sucesso da intervenção por meio da 
iodação do sal para consumo humano. 
Recentemente, a carência de ácido fólico tem sido 
evidenciada, o que fundamentou a decisão 
governamental da fortificação universal das 
farinhas de trigo e milho produzidas no País com 
ferro e ácido fólico. Mais detalhes sobre este tema 
encontram-se disponíveis na Parte 3 deste guia. 
Doenças infecciosas 
As interações entre nutrição e infecção 
estão bem documentadas (SCRIMSHAW et al., 1968; 
TOMKINS; WATSON, 1999) e o papel da nutrição na 
prevenção de infecções graves na infância, 
incluindo infecções respiratórias e doenças 
diarréicas, continua a ser realçado em inúmeros 
relatórios (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1986; 
INSTITUTE OF MEDICINE, 1992; ORGANIZAÇÃO 
PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 1997). Contudo, as 
recomendações dietéticas constantes dos 
documentos elaborados para orientar a prevenção 
das deficiências nutricionais ou doenças crônicas 
não-transmissíveis fazem pouca ou nenhuma 
menção às interações entre nutrição e infecção. 
Uma vez que também a vulnerabilidade a muitas 
doenças infecciosas é agravada pela deficiência 
nutricional durante a vida (SCRIMSHAW et al., 1968; 
TOMKINS; WATSON, 1999), torna-se importante 
que as recomendações dietéticas sejam divulgadas e 
entendidas como instrumento que também 
reforçam a resistência do organismo contra as 
infecções, importante causa de morte e morbidade 
emvárias regiões do mundo. 
O número absoluto e relativo de mortes 
por doenças infecciosas, por exemplo, vem 
declinando no Brasil. Mas as doenças diarréicas e as 
doenças respiratórias agudas - cuja melhor proteção 
consiste no aleitamento materno exclusivo durante 
os primeiros seis meses da vida da criança 
(ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 
1997; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2001c), 
seguida por alimentação complementar oportuna e 
apropriada - permanecem como causas importantes 
de morte entre crianças no Brasil, principalmente 
nas regiões Norte e Nordeste e bolsões de pobreza 
nas demais regiões. 
Doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) 
As DCNT variam quanto à gravidade: 
algumas são debilitantes, outras incapacitantes e 
algumas letais. Afetam muitos sistemas do corpo 
humano e incluem desde cárie dentária, obesidade, 
diabetes, hipertensão arterial, acidentes cerebro-vasculares, 
osteoporose e câncer de muitos órgãos, 
bemcomo doenças coronarianas. 
Relatórios internacionais recentes mos-tram 
que é possível, viável e necessária uma 
abordagem dietética comum direcionada à 
prevenção das DCNT mais importantes (NATIONAL 
RESEARCH COUNCIL, 1989a; WORLD HEALTH 
ORGANIZATION, 1990b, 2003a; WORLD CANCER 
RESEARCH FUND, 1997; PAN AMERICAN HEALTH 
ORGANIZATION, 1998b; UNITED NATIONS
20 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
ADMINISTRATIVE COORDINATING COMMITTEE, 
2000; UNITED NATIONS ADMINISTRATIVE 
COORDINATING COMMITTEE; INTERNATIONAL 
FOOD POLICY RESEARCH INSTITUTE, 2000; 
EURODIET, 2001). O Brasil, ao lado da maioria dos 
países da América Latina, da África e da Ásia, depara 
com as novas epidemias de obesidade, diabetes, 
osteoporose, doenças cardíacas e câncer do pulmão, 
do cólon e do reto, da mama, da próstata e outros. 
Esse peso multiplicado das doenças, sujeito a se 
tornar ainda pior à medida que a população 
brasileira aumenta e envelhece, não pode ser 
abordado apenas com tratamentos médicos e 
cirúrgicos, apesar de serem de importância vital 
(SEN, 1999). Mesmo em países de maior renda, o 
custo do tratamento das doenças crônicas não-transmissíveis 
constitui um enorme encargo social e 
econômico. 
Os modelos de cuidados de saúde 
desenvolvidos principalmente pelos (e para os) 
países de renda mais elevada referem-se quase que 
exclusivamente a intervenções profissionais, tais 
como: triagem em massa, tratamentos médicos e 
cirúrgicos disponíveis e cuidados paliativos, 
associados à recomendação de mudanças 
comportamentais e nos modos de vida adotados 
pelos indivíduos (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 
2000d). 
No Brasil, quer pelas suas dimensões 
continentais, quer pela ampla diversidade social, 
econômica e cultural, a abordagem de tal 
complexidade epidemiológica deve estar 
fundamentada na promoção da saúde e na 
constituição de ambientes e contextos promotores 
de práticas saudáveis que possibilitem e garantam a 
todo e qualquer cidadão a possibilidade e as 
informações necessárias para a adoção de modos de 
vida saudáveis. 
OAspecto Ambiental Mais Geral 
A maioria das doenças é causada pela 
interaçãodefatores individuaiseambientaise,poressa 
razão, pode ser evitada. Os indivíduos nascem com a 
carga genética que os predispõe ou os protege contra 
determinadas doenças, mas comumente os fatores 
genéticos,porsi só,nãoconstituemaprincipal causada 
morbidade. A vulnerabilidade pode levar a doenças 
quando as condições ambientais são favoráveis ao seu 
aparecimento. As causas subjacentes fundamentais de 
muitas doenças são: a pobreza, a migração, a ausência 
de saneamento, a falta de informação, a guerra e os 
conflitos sociais (DUBOS, 1959). Esses problemas são 
resultadosdeprocessos a longo prazo,masdemandam 
ações imediatas para garantia de melhoria. 
Atualmente, há consenso sobre as principais causas das 
DCNT. Também é consenso que muitas dessas doenças 
têm algumas causas comuns, dentre as quais, 
destacam-se o hábito de fumar, a inadequação 
alimentar e a falta de atividade física. Os relatórios 
internacionais sintetizam o estágio do conhecimento 
atual, que evidencia o efeito protetor da composição 
da dieta sobre a maioria das doenças crônicas não 
transmissíveisenapromoçãodasaúde.Essasevidências 
científicas fundamentaram também a formulação das 
diretrizes elaboradas neste guia (NATIONAL 
RESEARCH COUNCIL, 1989a; WORLD HEALTH 
ORGANIZATION, 1990c, 2003b; WORLD CANCER 
RESEARCH FUND, 1997; PAN AMERICAN HEALTH 
ORGANIZATION, 1998a; UNITED NATIONS 
ADMINISTRATIVE COORDINATING COMMITTEE, 
2000). 
As condições ambientais, que são fatores 
de risco para muitas das DCNT, podem ser alteradas 
mais rapidamente por meio de uma abordagem 
prioritária para ação, incisiva e conjugada, tanto 
pelos gestores públicos, profissionais da saúde, 
indústria, organizações sociais civis e mídia quanto 
pelas famílias e pela própria comunidade. 
A promoção da saúde e a prevenção das 
doenças são e permanecerão sendo centrais para os 
planos e programas de políticas de saúde pública do 
Brasil. Isso significa não somente a oferta de 
cuidados básicos de saúde na comunidade, parte da 
Estratégia Saúde da Família, mas também o que é 
algumas vezes denominado “prevenção primor-dial”- 
a proteção e a criação de fatores ambientais 
que previnam doenças, a transformação daqueles 
fatores que aumentam o risco de doenças e a 
promoção da saúde em todas as esferas de governo 
e de ação das políticas públicas delineadas (WORLD 
HEALTH ORGANIZATION, 1990b). 
Modos de Vida Saudáveis 
Este guia constitui-se importante instru-mento 
para promoção de modos de vida saudáveis.
PARTE 1 - REFERENCIAL TEÓRICO 21 
A concepção de promoção da saúde, como 
uma perspectiva capaz de orientar as diferentes 
práticas no campo da saúde, vem sendo 
sistematizada e disseminada a partir da realização 
da Primeira Conferência Mundial sobre Promoção 
da Saúde, ocorrida em Ottawa, no Canadá, em 
1986. Segundo a Carta de Ottawa: 
"Promoção da saúde é o nome dado ao 
processo de capacitação da comunidade para atuar 
na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, 
incluindo uma maior participação no controle desse 
processo. Para atingir um estado completo de bem-estar 
físico e mental e social, os indivíduos e grupos 
devem saber identificar aspirações, satisfazer 
necessidades e modificar favoravelmente o meio 
ambiente. A saúde deve ser vista como um recurso 
para a vida e não como objetivo de viver." (BRASIL, 
2002c). 
Nessa concepção, a saúde é tida como um 
conceito abrangente e positivo que se apóia nos 
recursos sociais, pessoais e não somente na 
capacidade física ou nas condições biológicas dos 
sujeitos. O modo de viver de cada um, portanto, se 
apóia na cultura, nas crenças e nos valores que são 
compartilhados coletivamente. 
Evidências científicas mais recentes mos-tram 
que a saúde pode estar muito mais relacionada 
ao modo de viver das pessoas do que à idéia, 
anteriormente hegemônica, da sua determinação 
genética e biológica. O sedentarismo e a 
alimentação não-saudável, o consumo de álcool, 
tabaco e outras drogas, o ritmo da vida cotidiana, a 
competitividade, o isolamento do homem nas 
cidades são condicionantes diretamente relacio-nados 
à produção das chamadas doenças modernas. 
Por isso, a resolução ou redução de riscos associados 
aos problemas alimentares e nutricionais ampara-se 
na promoção de modos de vida saudáveis e na 
identificação de ações e estratégias que apóiem as 
pessoas a ser capazes de cuidar de si, de sua família e 
de sua comunidade de forma consciente e 
participativa. 
Na abordagem da promoção de modos de 
vida saudáveis, identificam-se duas dimensões: 
aquela que se propõe a estimular e incentivar 
práticas saudáveis, como o aleitamento materno, a 
alimentação saudável e a atividade física regular, e 
outra que objetiva a inibição de hábitos e práticas 
prejudiciais à saúde, como o consumo de tabaco e 
de álcool. 
Aleitamento materno: 
umcuidado para toda vida 
A amamentação é vital para a saúde da 
mãe e da criança durante toda a vida. A 
recomendação da Organização Mundial da Saúde e 
do Ministério da Saúde é que as crianças sejam 
amamentadas exclusivamente com leite materno 
até os 6 meses de idade e, após essa idade, deverá 
ser dada alimentação complementar apropriada, 
continuando, entretanto, a amamentação até pelo 
menos a idade de 2 anos (BRASIL, 2002e; WORLD 
HEALTH ORGANIZATION, 2001a, 2001b). A exceção 
é para as mães portadoras de HIV/aids e outras 
doenças transmitidas verticalmente, que devem ser 
orientadas para as adaptações necessárias para a 
correta alimentação de seus filhos 2 
. 
Oenfoque da alimentação no curso da vida 
é essencial para compreender como intervenções 
nutricionais podem contribuir para a prevenção de 
doenças não-transmissíveis.Oaleitamento materno 
é a primeira prática alimentar a ser estimulada para 
promoção da saúde, formação de hábitos 
alimentares saudáveis e prevenção de muitas 
doenças. 
Esse enfoque, desenvolvido nas últimas 
duas décadas a partir de estudos de coortes em 
diversos países, inclusive no Brasil, sugere que 
exposições nutricionais, ambientais e padrões de 
crescimento durante a vida intra-uterina e nos 
primeiros anos de vida podem ter efeitos 
importantes sobre as condições de saúde do adulto 
(BARKER et al., 2002; MONTEIRO et al.,1995a; 
LUCAS et al., 1999). As evidências indicam que tanto 
o retardo de crescimento intrauterino como 
também o ganho de peso excessivo nos primeiros 
anos de vida estão associados com obesidade, 
hipertensão, síndrome metabólica, resistência 
insulínica e morbimortalidade cardiovascular, 
dentre outros desfechos desfavoráveis (ONG et al., 
2000; STETTLER et al., 2002, 2003; HORTA et al., 
2003; VANHALA et al., 1999; SINGHAL et al., 2003; 
FORSEN et al., 1999; ERIKSSON et al., 1999). 
2- Para maiores informações, consulte o Guia Prático de Preparo de Alimentos para Crianças Menores de 12 meses que não Podem Ser Amamentadas (BRASIL,2004d)
22 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Assim, a nutrição adequada de gestantes e crianças 
deve ser entendida e enfatizada como elemento 
estratégico de ação com vistas à promoção da saúde 
também na vida adulta. 
Pesquisas em diversos países, inclusive no 
Brasil, confirmam que o aleitamento materno 
exclusivo é o modo ideal de alimentação do lactente 
até os 6 meses de vida. A continuidade do 
aleitamento materno até os 2 anos ou mais é 
igualmente importante, pois objetiva ampliar a 
disponibilidade de energia e de micronutrientes da 
alimentação, particularmente do ferro (WORLD 
HEALTH ORGANIZATION, 2001a, 2000a). 
Dentre outras vantagens, o aleitamento 
materno confere importante proteção contra a 
morbimortalidade por doenças infecciosas nos 
primeiros anos de vida, sendo reconhecido como 
potencial fator preventivo importante na redução 
da mortalidade infantil no mundo (WORLD HEALTH 
ORGANIZATION, 2001a, 2000a). Outra questão 
importante diz respeito aos efeitos a longo prazo 
do aleitamento materno. Estudos recentes mostram 
que crianças amamentadas tendem a apresentar 
menor prevalência de obesidade na infância, com 
possíveis repercussões na adolescência (JONES et al., 
2003;OWENet al., 2005). 
O Brasil vem, desde a década de 80, 
desenvolvendo estratégias para apoiar a promoção 
e proteção do aleitamento materno por meio de 
iniciativas de capacitação de recursos humanos, 
apoio aos Hospitais Amigos da Criança, produção e 
vigilância das normas nacionais de comercialização 
de alimentos infantis, campanhas nos meios de 
comunicação e apoio à criação de bancos de leite 
humano, dentre outras. Os resultados desses 
esforços podem ser observados em dados de 
pesquisas nacionais realizadas entre 1975 e 1999. A 
duração mediana do aleitamento materno vem 
aumentando: em 1975, era de 2,5 meses (Endef); de 
5,5 meses em 1989 (PNSN); de 7,0 meses em 1996 
(PNDS); e de 9,9 meses em 1999 (PAMCDF), 
representando um incremento de quase 300% 
nesse período; no entanto muito ainda precisa ser 
feito em relação ao aleitamento materno exclusivo 
(AME), muito embora os resultados mostrem 
expressões relevantes de aumento na sua 
prevalência. Na pesquisa realizada em 1999, pelo 
Ministério da Saúde, o tempo mediano de AME, 
considerando-se todas as localidades estudadas 
(áreas urbana de 25 capitais e do Distrito Federal), 
foi de 23,4 dias (intervalo de variação de 22,1-24,7). 
Considerando apenas as crianças de até 4 meses, a 
prevalência de AME foi de 35,6 dias (34,9-36,4). No 
período decorrido entre 1996 (Bemfam) e 1999 
(PAMCDF), houve um aumento importante nessa 
prática: a prevalência passou de 3,6% em 1996 para 
35,6% em 1999, representando aumento de quase 
dez vezes no período.(BRASIL, 2001b) 
Alimentação saudável 
algumas considerações 
Aquilo que se come e bebe não é somente 
uma questão de escolha individual. A pobreza, a 
exclusão social e a qualidade da informação 
disponível frustram ou, pelo menos, restringem a 
escolha de uma alimentação mais adequada e 
saudável. E o que se come e se bebe é ainda, em 
grande parte, uma questão familiar e social. Em 
geral, contrariamente ao que se possa imaginar, as 
escolhas alimentares são determinadas não tanto 
pela preferência e pelos hábitos, mas muito mais 
pelo sistema de produção e de abastecimento de 
alimentos. 
O termo “sistema alimentar” refere-se ao 
conjunto de processos que incluem agricultura, 
pecuária, produção, processamento, distribuição, 
importação e exportação, publicidade, abas-tecimento, 
comercialização, preparação e consumo 
de alimentos e bebidas (SOBAL et al., 1998). Os 
sistemas alimentares são profundamente influen-ciados 
pelas condições naturais do clima e solo, pela 
história, pela cultura e pelas políticas e práticas 
econômicas e comerciais. Esses são fatores 
ambientais fundamentais que afetam a saúde de 
todos. Se esses sistemas produzem alimentos que 
são inadequados ou inseguros e que aumentam os 
riscos de doenças, eles precisam ser mudados. É aqui 
que se manifesta, com maior propriedade, o papel 
do Estado no que se refere à proteção da saúde da 
população, que deve ser garantida por meio de suas 
funções regulatórias e mediadoras das políticas 
públicas setoriais. O Estado, por intermédio de suas 
políticas públicas, tem a responsabilidade de 
fomentar mudanças socioambientais, em nível 
coletivo, para favorecer as escolhas saudáveis em 
nível individual ou familiar. A responsabilidade 
compartilhada entre sociedade, setor produtivo 
privado e setor público é o caminho para a
PARTE 1 - REFERENCIAL TEÓRICO 23 
construção de modos de vida que tenham como 
objetivo central a promoção da saúde e a prevenção 
das doenças. Assim, é pressuposto da promoção da 
alimentação saudável ampliar e fomentar a 
autonomia decisória dos indivíduos e grupos, por 
meio do acesso à informação para a escolha e 
adoção de práticas alimentares (e de vida) 
saudáveis. 
Uma alternativa de ação para a alimen-tação 
saudável deve favorecer, por exemplo, o 
deslocamento do consumo de alimentos pouco 
saudáveis para alimentos mais saudáveis, 
respeitando a identidade cultural-alimentar das 
populações ou comunidades. As proibições ou 
limitações impostas devem ser evitadas, a não ser 
que façam parte de orientações individualizadas e 
particularizadas do aconselhamento nutricional de 
pessoas portadoras de doenças ou distúrbios 
nutricionais específicos, devidamente funda-mentadas 
e esclarecidas. Por outro lado, 
supervalorizar ou mistificar determinados alimen-tos 
em função de suas características nutricionais ou 
funcionais também não deve constituir a prática da 
promoção da alimentação saudável. Alimentos 
nutricionalmente ricos devem ser valorizados e 
entrarão naturalmente na dieta adotada, sem que 
se precise mistificar uma ou mais de suas 
características, tendência esta muito explorada pela 
propaganda e publicidade de alimentos funcionais 
e complementos nutricionais. 
Atualmente, em função das exigências do 
padrão de estética em “moda”, muitas vezes 
inapropriado para a grande maioria das pessoas, 
são muitas as opções de “dietas milagrosas” que 
prometem a perda de peso, de forma acentuada e 
rápida. Não faltam exemplos, como a dieta da lua, 
dieta das frutas, dietas da sopa, dieta das proteínas, 
dietas dos shakes 
, dietas com restrição a carboi-drato, 
entre tantas outras. São dietas que 
geralmente restringem o tipo de alimento a ser 
consumido (tipo e qualidade) e a quantidade diária 
de ingestão. Em sua grande maioria causam efeitos 
negativos na saúde e não atendem aos requisitos 
exigidos de uma alimentação saudável para 
manutenção da saúde. 
Mesmo as dietas para perda ou manu-tenção 
do peso corporal, que exigem redução 
calórica, devem atender ao padrão alimentar e 
nutricional considerado adequado. Além disso, 
deve ser uma oportunidade de aprender e exercitar 
a reeducação alimentar, atendendo aos quesitos da 
adequação em quantidade e qualidade, prazer e 
saciedade. 
A formação dos hábitos alimentares se 
processa de modo gradual, principalmente durante 
a primeira infância; é necessário que as mudanças 
de hábitos inadequados sejam alcançadas no tempo 
adequado, sob orientação correta. Não se deve 
esquecer que, nesse processo, também estão 
envolvidos valores culturais, sociais, afetivos/ 
emocionais e comportamentais, que precisam ser 
cuidadosamente integrados às propostas de 
mudanças. 
De acordo com os princípios de uma 
alimentação saudável, todos os grupos de alimentos 
devem compor a dieta diária. A alimentação 
saudável deve fornecer água, carboidratos, 
proteínas, lipídios, vitaminas, fibras e minerais, os 
quais são insubstituíveis e indispensáveis ao bom 
funcionamento do organismo. A diversidade 
dietética que fundamenta o conceito de 
alimentação saudável pressupõe que nenhum 
alimento específico ou grupo deles isoladamente , 
é suficiente para fornecer todos os nutrientes 
necessários a uma boa nutrição e conseqüente 
manutenção da saúde. 
A ciência comprova aquilo que ao longo do 
tempo a sabedoria popular e alguns estudiosos, há 
séculos, apregoavam: a alimentação saudável é a 
base para a saúde.Anatureza e a qualidade daquilo 
que se come e se bebe é de importância funda-mental 
para a saúde e para as possibilidades de se 
desfrutar todas as fases da vida de forma produtiva 
e ativa, longa e saudável. 
Salienta-se ainda que a prática de ativi-dade 
física é igualmente estratégica para redução 
de peso. Não é possível dissociar o consumo 
alimentar do gasto energético. 
A perda de peso acelerada e “instantânea” 
impede a perda de gordura corporal. O que se 
perde, nesses casos, é água corporal que pesa na 
balança, mas não se emagrece de fato. Com a 
orientação de um nutricionista, os resultados de 
perda e manutenção do peso saudável, estes os 
aspectos mais difíceis e comprometidos pelas 
“dietas da moda”, podem ser excelentes e 
alcançados sem comprometimento da saúde e do 
estado nutricional.
24 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Atividade física: 
elemento fundamental para manutenção 
da saúde e do peso saudável 
O princípio fundamental para manter um 
balanço energético é o equilíbrio entre ingestão e 
gasto energéticos. Se a ingestão excede o gasto, 
ocorre um desequilíbrio positivo, com deposição de 
gorduras corporais e conseqüente ganho de peso; 
quando a ingestão é inferior ao gasto, ocorre 
depleção dos depósitos energéticos e tendência à 
perda de peso.Emcircunstâncias normais, o balanço 
energético oscila ao longo do dia e de umdia para o 
outro sem, contudo, levar a uma mudança 
duradoura do balanço energético ou do peso corpo-ral. 
Isso porque mecanismos fisiológicos múltiplos 
determinam mudanças coordenadas entre ingestão 
e gasto energético, regulando o peso corporal em 
torno de um ponto de ajuste que mantém o peso 
estável. 
A Estratégia Global da OMS recomenda 
que os indivíduos adotem níveis adequados de 
atividade física durante toda a vida (ORGANIZAÇÃO 
MUNDIAL DE SAÚDE, 2004). A atividade física pode 
ser definida como qualquer movimento realizado 
pelo sistema esquelético com gasto de energia. Esse 
conceito não se confunde com o de exercício físico, 
que é uma categoria da atividade física definida 
como um conjunto de movimentos físicos 
repetitivos planejados e estruturados para 
melhorar o desempenho físico. Ambos são formas 
importantes de manter o balanço energético; 
contudo, o primeiro implica adotar hábitos mais 
ativosempequenas, mas importantes, modificações 
no cotidiano, optando-se pela realização de tarefas 
no âmbito doméstico e no local de trabalho e por 
atividades de lazer e sociais mais ativas. O segundo 
geralmente requer locais próprios para sua 
realização, sob a supervisão e orientação de um 
profissional capacitado em academias de ginástica, 
clubes e outros locais. 
A atividade física adotada ao longo do 
curso da vida contribui para a prevenção e para a 
reversão de limitações funcionais. Isso é 
particularmente importante ao considerar-se o 
aumento da expectativa de vida e, conseqüen-temente, 
o crescimento da população idosa no 
Brasil. 
A maior expectativa de vida da população, 
se não acompanhada de investimento na promoção 
da saúde dos indivíduos, pode resultar em aumento 
de anos vividos com doenças crônicas não-transmissíveis 
e incapacidades, comprometendo a 
qualidade de vida das pessoas. Estudos epidemio-lógicos 
prospectivos demonstram que tanto um 
estilo de vida ativo como um condicionamento 
aeróbico moderado estão associados de forma 
independente à diminuição da incidência de DCNT e 
da mortalidade geral e por doenças cardio-vasculares. 
Embora não seja uma recomendação 
específica de alimentação e nutrição, este guia 
insere uma diretriz para atividade física (Diretriz 
Especial 1), entendendo-a como elemento 
potencializador dos resultados esperados pela 
adoção de práticas alimentares adequadas e, 
portanto, modos de vida saudáveis. 
Oconsumo de bebidas alcoólicas 
O consumo de álcool não é recomendado 
por motivos nutricionais e sociais. O álcool, droga 
cuja ação é responsável pela depressão do sistema 
nervoso central, causa alterações comportamentais 
e psicológicas, além de importantes efeitos 
metabólicos. O seu consumo em excesso pode 
provocar problemas como violência, suicídio, 
acidentes de trânsito, causar dependência química e 
outros problemas de saúde como desnutrição, 
doenças hepáticas, gastrointestinais, cardio-vasculares, 
respiratórias, neurológicas e do sistema 
reprodutivo. Interfere também no desen-volvimento 
fetal e ainda aumenta o risco de 
desenvolvimento de vários tipos de câncer (INTER-NATIONAL 
AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER, 
1988; PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 
2005). 
Os efeitos prejudiciais do álcool são 
independentes do tipo de bebida e são provocados 
pelo volume de álcool (etanol) consumido. 
Além das conseqüências acima relatadas, o 
consumo de álcool, a longo prazo, dependendo do 
número de doses, freqüência e circunstâncias, pode 
provocar um quadro de dependência conhecido 
como alcoolismo. Dessa forma, o consumo 
inadequado do álcool, aliado a sua aceitação social, 
é um importante problema de saúde pública, 
acarretando altos custos para a sociedade e 
envolvendo questões médicas, psicológicas, 
profissionais e familiares (UNIVERSIDADE FEDERAL 
DE SÃO PAULO, 2005).
PARTE 1 - REFERENCIAL TEÓRICO 25 
As bebidas alcoólicas contêm pouco ou 
nenhum nutriente. Incluem cervejas e vinhos, 
consideradas fermentadas, cujo volume de álcool 
(etanol) varia de 4% a 7% e de 10% a 13% 
respectivamente, e as bebidas alcoólicas destiladas 
como a aguardente (cachaça), vodka e uísque, que 
contêm 30% a 50% de volume de álcool. Cada 
grama de etanol contém 7 quilocalorias (kcal) 
(WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997). 
O álcool exaure o corpo de vitaminas do 
complexo B e também de ácido ascórbico (vitamina 
C), afetando dessa forma negativamente o estado 
nutricional das pessoas. Os indivíduos dependentes 
de álcool, cuja alimentação é geralmente 
deficiente, podem sofrer de beribéri e escorbuto, 
provocados respectivamente pela deficiência de 
tiamina (vitamina B1) e ácido ascórbico, dentre 
outras doenças carenciais (SIMONE, 1994). 
Por outro lado, consumidores de grandes 
quantidades de álcool normalmente têm alterações 
no fígado e perdem a capacidade de utilizar o álcool 
como fornecedor de energia; adicionalmente, 
muitos se alimentam inadequadamente, o que 
explica por que essas pessoas, cuja maior parte da 
ingestão de energia vem principalmente de bebidas 
destiladas, são muitas vezes magras (JAMES, 1993; 
WORLDHEALTH ORGANIZATION, 2000d). 
O álcool tem sido associado a vários tipos 
de câncer, embora os mecanismos dessa ação não 
estejam completamente esclarecidos. Em 1988, a 
Agência Internacional para Pesquisa em Câncer 
(Iarc) classificou o álcool como um carcinógeno para 
câncer de boca, faringe, laringe, esôfago e câncer 
primário de fígado. O índice de câncer entre os 
bebedores é preocupante, quer por ação tópica do 
próprio álcool sobre as mucosas, quer por conta dos 
aditivos químicos de ação cancerígena que entram 
no processo de fabricação das bebidas (WORLD 
CANCER RESEARCH FUND, 1997; UNIVERSIDADE 
FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO, 2005). 
Adicionalmente, os estudos evidenciam que o risco 
do câncer de mama também está associado ao 
consumo de bebidas alcoólicas (LONGNECKER, 
1994;WORLDCANCER RESEARCH FUND, 1997). 
O consumo regular de álcool na quan-tidade 
de três a quatro doses por dia ou mais 
aumenta o risco de hipertensão e acidente vascular 
cerebral, de câncer da boca, garganta, esôfago e 
cólon e também o risco de câncer no fígado como 
conseqüência da cirrose hepática (JAMES, 1993; 
INTERNATIONAL AGENCY FOR RESERACH ON 
CANCER, 1988; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 
1997). Esse risco aumenta se associado a outros 
hábitos não-saudáveis, como o tabagismo. 
O álcool pode causar dependência e afeta 
as funções mental, neurológica e emocional. A 
ingestão regular de bebidas alcoólicas induz ao 
esquecimento e aumenta o risco de demência. 
Uma grande proporção de acidentes, 
ferimentos e mortes em casa, no trabalho e nas 
estradas envolve pessoas afetadas pelo álcool. No 
Brasil, o álcool está associado à maioria dos casos de 
violência doméstica e ao desemprego crônico 
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1999a). Dados 
de São Paulo indicam que cerca de 50% dos 
homicídios e também cerca de 50% das mortes 
causadas por acidentes de carro estão relacionados 
com o consumo de álcool (WORLD HEALTH 
ORGANIZATION, 1999b). Esses valores são 
comparáveis com as estimativas da América do 
Norte e na Europa, em que 30% dos homicídios, 
45% de mortes por incêndios e 40% de acidentes 
nas estradas são relacionados com o álcool (WORLD 
HEALTH ORGANIZATION, 1995a, 1995b, 2000c). 
Outro estudo, em São Paulo, identificou as 
“brigas de bar” ou o “álcool” como as principais 
razões para 12,6% dos homicídios (WORLD HEALTH 
ORGANIZATION, 1999a). Outro estudo, em 
Salvador, Bahia, verificou que um em cada quatro 
condutores de carros relatou ter sofrido acidente 
com carro, dos quais 38% admitiram que haviam 
bebido antes do acidente (WORLD HEALTH 
ORGANIZATION, 1999b). 
Os números atuais de morte por homicídio 
no Brasil são cerca de 40.000 por ano e 30.000 são 
mortes provocadas por acidentes de carro, taxa alta 
em comparação com outros países. Essa é a taxa 
mais alta do mundo (MURRAY; LOPEZ, 1996). 
Oconsumo de álcool é medido por doses. A 
quantidade de etanol contido em cada dose varia 
entre os países: no Brasil, por exemplo, cada dose de 
bebida alcoólica representa 14g de etanol, 
enquanto que na Austrália esse valor é de 10g. Para 
se calcular a quantidade de etanol consumida por 
um indivíduo, é necessário considerar outros 
aspectos, além do número de doses.Oteor alcoólico 
das bebidas varia não somente entre os diferentes 
tipos de bebidas, de acordo com seu processo de
26 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
fabricação, como também entre bebidas do mesmo 
tipo. 
O quadro abaixo exemplifica o cálculo da 
dose-equivalente de álcool para três tipos de 
bebidas: 
Para os que fazem uso de bebidas alcoóli-cas, 
o consumo deve ser limitado a duas doses 
diárias para homens e uma dose para mulheres. A 
recomendação é diferente para homens e mulheres 
em razão da estrutura física. As mulheres são 
normalmente menores e mais leves que os homens, 
o que torna o organismo feminino mais vulnerável 
ao álcool. 
As pesquisas indicam que entre 3% e 9% 
dos adultos nas grandes cidades brasileiras são 
dependentes do álcool. A dependência se 
caracteriza, para os homens, quando consomem 6 
ou mais doses e, para as mulheres, quando o 
consumo é de 4 ou mais doses por dia (WORLD 
HEALTH ORGANIZATION, 1999a). 
Recente pesquisa realizada pelo Instituto 
Nacional de Câncer (INCA) indicou que a 
prevalência de consumo médio diário de álcool 
considerado de risco (superior a duas doses por dia 
para os homens e superior a 1 dose por dia para as 
mulheres) entre a população pesquisada (15 anos 
ou mais residente em 15 capitais brasileiras e 
Distrito Federal) variou de 4,6% a 12,4%. Entre os 
homens e as mulheres esta prevalência variou, 
respectivamente, de 5,4% a 21,6% e de 1,7% a 8,1% 
(BRASIL, 2004e). 
Por essas evidências, as políticas referentes 
ao combate ao consumo de álcool devem considerar 
os seus efeitos sociais e também nutricionais 
(EDWARDS et al., 1994). 
O controle da propaganda e publicidade que 
incentivam o consumo de álcool; a proibição de 
venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 
anos, prevista no Estatuto da Criança e do 
Adolescente; a penalização de indivíduos que 
conduzem veículo com níveis de etanol acima do 
limite estipuladoemlei,bemcomo ações educativas 
que esclareçam a população e que protejam os 
jovens do hábito de consumir bebidas alcoólicas são 
medidas importantes de proteção à saúde que vêm 
sendo desenvolvidas pelo Estado brasileiro (BRASIL, 
1990). 
Oconsumo de tabaco 
A maioria das orientações sobre alimentos, 
nutrição e saúde aborda, concomitantemente, o 
uso do tabaco, uma vez que o consumo do cigarro 
ou outros produtos derivados do tabaco é prejudi-cial 
à saúde e mata cerca de cinco milhões de 
pessoas por ano no mundo, 200 mil no Brasil (PAN 
AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 2002). 
Dessa forma, não há mais razão para 
considerar o consumo de cigarros, charutos e outros 
derivados do tabaco uma mera opção com-portamental 
ou um estilo de vida. Hoje, o 
tabagismo é amplamente reconhecido como uma 
doença crônica gerada pela dependência da 
nicotina, estando por isso inserido na Classificação 
Internacional de Doenças (CID-10) da Organização 
Mundial da Saúde, que expõe continuamente os 
usuários dos produtos de tabaco a cerca de 4.700 
substâncias tóxicas, sendo 60 delas cancerígenas 
para o ser humano (WORLD HEALTH ORGANIZA-TION, 
1999c). 
Essa exposição faz do tabagismo o mais 
importante fator de risco isolado de doenças graves 
Quadro 1 - CÁLCULO DA DOSE EQUIVALENTE DE ÁLCOOL DE UMA BEBIDA 
BEBIDA ml TA(%) VOLUME(ml) ÁLCOOL DOSE 
Vinho Tinto 150 12 18 14,4 1 
Cerveja (lata) 350 5 17,5 14 1 
Destilada 40 40 16 12,8 1 
FONTE: INCA. 
Legenda: 
TA = teor alcoólico; 
volume = (volume em ml x TA)/100; 
Álcool = volume x 0,8 ou a densidade do álcool 
Dose = 14 g
PARTE 1 - REFERENCIAL TEÓRICO 27 
e letais. São atribuíveis ao consumo de tabaco: 45% 
das mortes por doença coronariana (infarto do 
miocárdio), 85% das mortes por doença pulmonar 
obstrutiva crônica (enfisema), 25% das mortes por 
acidente vascular cerebral e 30% das mortes por 
câncer. É importante enfatizar que 90% dos casos 
de câncer de pulmão ocorrem em fumantes 
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2005). 
O tabagismo também é hoje considerado 
uma doença pediátrica, pois 90% dos fumantes 
começam a fumar antes dos 19 anos e a média de 
idade da iniciação é 15 anos. A cada dia cerca de 
100.000 jovens começam a fumar no mundo e 80% 
deles vivem em países em desenvolvimento 
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2005). A partir 
da década de 70, começaram a ser divulgados 
resultados de pesquisas que indicam que, além dos 
riscos para os fumantes, as crianças expostas à 
fumaça de tabaco ambiental apresentavam taxas de 
doenças respiratórias mais elevadas do que as que 
não se expunham (REPACE; ACTION ON SMOKING 
ANDHEALTH, 2003). 
Estudos mais recentes mostram que não-fumantes 
cronicamente expostos à fumaça do 
tabaco têm 30% de risco de desenvolver câncer de 
pulmão e 24% de risco de desenvolver doenças 
cardiovasculares mais que os não-fumantes não 
expostos. Nos EUA, estima-se que a exposição à 
fumaça do tabaco é responsável por cerca de 3 mil 
mortes anuais devido ao câncer de pulmão entre 
não-fumantes (REPACE; ACTION ON SMOKING AND 
HEALTH, 2003). 
As mulheres e as crianças são os grupos de 
maior risco, em função da exposição passiva no 
ambiente doméstico. Além disso, os efeitos do 
tabagismo passivo também decorrem da exposição 
no ambiente de trabalho, onde a maioria dos 
trabalhadores não é protegida da exposição 
involuntária da fumaça do tabaco, pela ausência de 
regulamentações de segurança e de saúde nos 
ambientes de trabalho. Na atualidade a 
Organização Mundial da Saúde considera a 
exposição à fumaça do tabaco fator de risco 
ocupacional (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 
2005). 
O Programa Nacional de Controle do 
Tabagismo sistematiza quatro grandes grupos de 
estratégias: o primeiro voltado para a prevenção da 
iniciação do tabagismo, tendo como público-alvo 
crianças e adolescentes; o segundo, envolvendo 
ações para estimular os fumantes a deixar de fumar; 
um terceiro grupo no qual se inserem medidas que 
visam proteger a saúde dos não-fumantes da 
exposição à fumaça do tabaco em ambientes 
fechados; e, por fim, medidas que regulam os 
produtos de tabaco e sua comercialização (BRASIL, 
2003g). 
Em 15 anos, as ações desenvolvidas 
reduziram a proporção de fumantes na população 
brasileira, de 32% em 1989, para 19% em 2003. Esta 
taxa é similar às encontradas atualmente nos 
Estados Unidos e Canadá, países líderes no controle 
do tabagismo (BRASIL, 2003g). 
PRINCÍPIOS 
As diretrizes deste guia seguem um 
conjunto de princípios. Alguns deles são comuns aos 
vários relatórios de recomendações dietéticas 
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1998). Outros 
são específicos para a realidade brasileira. Assim, a 
abordagem baseada na família reflete a cultura 
brasileira e a atual preocupação com a relação entre 
doenças, alimentação e modos de vida. 
Este guia foi elaborado em uma linguagem 
simples. Os profissionais de saúde que trabalham na 
comunidade são encorajados a utilizá-lo como base 
para a elaboração de folhetos, cartazes e outros 
instrumentos de apoio adaptados às condições 
locais. 
Oprincípio da “abordagem integrada” 
Considerando o perfil epidemiológico 
nacional, caracterizado pelo peso multiplicado das 
doenças, as políticas e os programas brasileiros de 
alimentação e nutrição não devem se restringir à 
prevenção e ao controle das DCNT, uma vez que as 
deficiências nutricionais e as doenças infecciosas 
permanecem como aspectos fundamentais da 
saúde pública no Brasil. 
Assim, as diretrizes deste guia terão 
também o efeito de apoiar a prevenção da 
desnutrição e de deficiências nutricionais e o 
aumento da resistência a muitas doenças infecci-osas. 
Recomendações de natureza integrada 
têm sido formuladas e sancionadas pelos governos 
de diferentes nações, desde o início do século XX
Parte2Princípios e diretrizes do Guia 
e os atributos da alimentação saudável
DIRETRIZ 6 - GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 31 
PARTE 2 - Princípios e diretrizes do Guia e os atributos da alimentação saudável 
(DRUMMOND e WILBRAHAM, 1981). Tornou-se 
evidente, nos últimos dez ou 15 anos, que uma 
abordagem nutricional abrangente, diretamente 
orientada para as deficiências nutricionais e DCNT, é 
possível, necessária e viável (BENGOA et al., 1988, 
1989; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1990c; 
WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; UNITED 
NATIONS ADMINISTRATIVE COORDINATING 
COMMITTEE, 2 0 0 0 ; UNITED NATIONS 
ADMINISTRATIVE COORDINATING COMMITTEE; 
INTERNATIONAL FOOD POLICY RESEARCH 
INSTITUTE, 2000; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 
2003a). Não é mais apropriado delinear recomen-dações 
destinadas a prevenir um tipo ou grupo 
específico de doença relacionada à alimentação. O 
instrumento para ambas as abordagens é único e 
unificado e inclui a promoção da alimentação 
saudável e a adoção de modos de vida saudáveis. 
Essa abordagem integrada é também 
apoiada por provas convincentes de que as 
deficiências nutricionais e as doenças crônicas não-transmissíveis 
estão biologicamente associadas e de 
que, especificamente, a desnutrição da criança no 
útero materno aumenta a suscetibilidade a um 
conjunto de DCNT na vida adulta (BARKER, 1998; 
PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 2000; 
U N I T E D N A T I O N S A D M I N I S T R A T I V E 
COORDINATING COMMITTEE; INTERNATIONAL 
FOOD POLICY RESEARCH INSTITUTE, 2000); 
portanto, a promoção de modos de vida saudáveis - 
em especial conjugando e articulando alimentação 
saudável e atividade física - deve ser enfatizada ao 
longo do curso da vida: da infância à velhice, 
permitindoumavida longa, produtiva e saudável. 
O princípio do “referencial científico e a 
cultura alimentar” 
As recomendações que buscam a 
prevenção das doenças se baseiam em padrões 
alimentares semelhantes àqueles utilizados 
tradicionalmente em muitas regiões do mundo que 
possuem uma cultura alimentar consolidada e onde 
as pessoas não convivem com situações de 
insegurança alimentar e nutricional. 
Tal como indicado nos relatórios que refe-renciam 
este guia, essas dietas apresentam as 
seguintes características: 
- São ricas em grãos, pães, massas, tubérculos, raízes 
e outros alimentos com alto teor de amido, 
preferencialmente na sua forma integral. 
- São ricas e variadasemfrutas, legumes e verduras e 
em leguminosas (feijões) e outros alimentos que 
fornecem proteínas de origem vegetal; 
- Incluem pequenas quantidades de carnes, 
laticínios e outros produtos de origem animal; 
- Em conseqüência, contêm fibras alimentares, 
gorduras insaturadas, vitaminas, minerais e outros 
componentes bioativos. Contêm também baixos 
teores de gorduras, açúcares e sal. 
Esse consenso científico em relação aos 
princípios de uma alimentação adequada, que ficou 
evidente nos anos 80 e foi consolidado nos anos 90, 
é uma informação vital para os governos e para 
outros agentes de transformação, porque implica 
uma reorientação de prioridades: incentivar o 
delineamento de políticas para criar ou proteger 
sistemas alimentares baseados em uma grande 
variedade de alimentos de origem vegetal. Em nível 
nacional, a recomendação para o consumo de 
maiores quantidades de frutas, legumes e verduras 
e menor quantidade de gorduras, açúcares e sal tem 
implicações profundas nas políticas e práticas 
agrícolas e industriais. Por exemplo, o consenso de 
que dietas baseadas em uma grande variedade de 
alimentos de origem vegetal contribuem na 
proteção contra as doenças implica desenvolver ou 
identificar formas efetivas e atuais de apoio a 
práticas sustentáveis de produção de alimentos. Isso 
porque, em muitas partes do mundo, incluindo o 
Brasil, a agricultura familiar, a produção e o 
processamento tradicionais de alimentos criaram 
culturas alimentares baseadas em grãos, raízes, 
leguminosas, frutas, legumes e verduras. 
Oprincípio do “referencial positivo” 
Sempre que possível, as diretrizes deste 
guia foram desenvolvidas a partir de um referencial 
positivo. Elas enfatizam primeiramente as 
vantagens dos alimentos e das refeições saudáveis, 
estimulando o consumo de determinados alimentos 
mais do que proibindo o de outros. A segunda, 
terceira e quarta diretrizes, para alimentos que 
contêm amidos (cereais, tubérculos e raízes), frutas, 
legumes e verduras e para feijões são exemplos de 
recomendações positivas. Mensagens com uma
32 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
abordagem positiva são mais eficazes, porque as 
pessoas são naturalmente mais atraídas por esse 
tipo de contexto. 
Algumas orientações com caráter restritivo 
- por exemplo para que se consumam menos 
gorduras, gorduras saturadas e açúcar, menos sódio 
(sal) - são, contudo, inevitáveis frente às evidências 
científicas que relacionam o consumo excessivo 
desses grupos de alimentos ao risco aumentado de 
desenvolvimento de DCNT, repercutindo nas 
estatísticas nacionais e internacionais de morbidade 
e mortalidade. 
A intenção da abordagem deste guia é que 
ele seja mais propositivo e menos prescritivo, ou 
seja, que enfatize os atributos, as vantagens e as 
ações factíveis para adoção de uma alimentação 
saudável, ao invés de focalizar e explorar ações que 
não devem ser realizadas. Salientando-se o que se 
tem de positivo na alimentação brasileira, pode-se 
fomentar mudanças e auxiliar em escolhas mais 
saudáveis, tanto para o consumo alimentar quanto 
em relação ao estilo de vida. É importante preservar 
a autonomia de escolha das pessoas em relação à 
seleção de alimentos, desde que o direito à 
informação esteja garantido. O resgate das práticas 
e dos hábitos regionais brasileiros, apostando em 
um movimento oposto à “globalização das dietas” 
e descaracterização das culturas alimentares 
mundiais, além de promover saúde, pode contribuir 
para reforçar a soberania alimentar e auxiliar na 
preservação da identidade alimentar-cultural do 
Brasil. 
Oprincípio da “explicitação de quantidades” 
As diretrizes específicas para profissionais 
de saúde e membros de famílias, sempre que 
possível, são quantificadas e expressas como limites 
de consumo ou por número de porções. Reco-mendações 
qualitativas, tais como “coma mais 
frutas, legumes e verduras” ou “modere o seu 
consumo de açúcar”, são úteis como orientações 
gerais, mas necessitam de recomendações 
quantificadas adicionais para tornarem-se con-cretas 
e práticas, auxiliando os profissionais e as 
famílias a estipular as metas a serem alcançadas 
para atendimento das diretrizes (SOUTHGATE et al., 
1990). 
Oprincípio das “variações das quantidades” 
As diretrizes são geralmente expressas com 
uma margem de variação. Assim, “cerca de 10%” e 
“três ou mais porções” indicam variações. 
O princípio da quantificação implica que as 
diretrizes são expressas como porcentagens ou 
proporções do consumo total de energia. O 
consumo de energia necessário para manutenção 
da saúde e da boa nutrição varia com o sexo, a 
idade, o nível de atividade física, o estado 
fisiológico, a presença ou ausência de doenças e 
mesmo do estado nutricional atual da pessoa; 
contudo, neste guia as informações são para a 
população como um todo. Assim, para essas 
quantificações, este guia adotou como parâmetro 
um brasileiro saudável com uma ingestão média 
diária de 2.000 quilocalorias (kcal). As porções reco-mendadas 
para grupos e pessoas com exigências 
expressivamente diferentes de 2.000kcal por dia 
devem ser calculadas individualmente por um 
nutricionista. 
Oprincípio do “alimento como referência” 
O ato de alimentar-se envolve diferentes 
aspectos que manifestam valores culturais, sociais, 
afetivos e sensoriais. Assim, as pessoas, dife-rentemente 
dos demais seres vivos, ao alimenta-rem- 
se não buscam apenas suprir as suas 
necessidades orgânicas de nutrientes. Não se 
“alimentam” de nutrientes, mas de alimentos 
palpáveis, com cheiro, cor, textura e sabor; 
portanto, as diretrizes deste guia são baseadas em 
alimentos e, consideradas no seu conjunto, abarcam 
um plano alimentar completo. Isso significa que, 
sempre que possível, são expressas em termos de 
alimentos e bebidas, mais do que em termos de 
componentes nutricionais, como ocorria com a 
maioria dos documentos com orientações dietéticas 
produzidos até os anos 90. 
As diretrizes envolvem todos os grupos de 
alimentos que são importantes veículos de 
nutrientes essenciais e, portanto, visam à adoção de 
uma alimentação completa, adequada e saudável. 
Algumas recomendam o aumento do consumo de 
determinados grupos de alimentos; outras 
objetivam assegurar a manutenção dos níveis de 
consumo pela nossa população porque estão 
adequadas às orientações para uma dieta saudável;
DIRETRIZ 6 - GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 33 
já outras orientam a redução ou a moderação no 
consumo de alguns grupos de alimentos também 
baseadasemevidências científicas que revelamuma 
associação destes grupos com maior risco de 
doenças (açúcares, sal e gorduras, por exemplo). 
Os argumentos favoráveis às reco-mendações 
dietéticas baseadas em alimentos estão 
muito bem documentados na literatura científica.O 
aumento no leque de evidências científicas sobre a 
relação de dietas com as doenças é expresso em 
termos de alimentos, mais do que em componentes 
dietéticos específicos (WORLD CANCER RESEARCH 
FUND, 1997; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 
1998). 
As diretrizes para a alimentação saudável, 
baseadas em alimentos, quando devidamente 
especificadas, são facilmente compreendidas por 
todas as pessoas. Ao contrário, as recomendações 
baseadas nos componentes nutricionais dos 
alimentos, tais como gorduras saturadas, fibras e 
ácido fólico, encerram mais complexidade e 
dificultam a compreensão, embora sejam 
relevantes para profissionais de saúde, sendo úteis e 
essenciais para o planejamento de serviços de 
alimentação e de nutrição para a coletividade. São 
também úteis para orientação dos consumidores 
para entendimento adequado dos rótulos dos 
alimentos. 
Destaca-se ainda que as diretrizes com base 
nos alimentos encerram um sentido especial nos 
documentos nacionais, porque especificam o tipo 
dos alimentos e as refeições consumidos no País, 
enfatizando as práticas alimentares em nosso 
contexto cultural. 
Oprincípio da “sustentabilidade ambiental” 
O enfoque assumido neste guia, com o 
claro incentivo ao consumo de alimentos nas formas 
mais naturais e produzidos localmente e à 
valorização dos alimentos regionais e da produção 
familiar e da cultura alimentar, além de estimular 
mudanças de hábitos alimentares para a redução do 
risco de ocorrência de doenças, valoriza a produção 
e o processamento de alimentos com o uso de 
recursos e tecnologias ambientalmente susten-táveis. 
Atualmente se reconhece como prioritária a 
produção de alimentos que fomente e garanta a 
Segurança Alimentar e Nutricional nacional, mas se 
reconhece como igualmente prioritário o uso da 
terra e da água, de forma ecologicamente 
sustentável e com impactos sociais e ambientais 
positivos. 
O princípio da “originalidade - um guia 
brasileiro” 
Este guia contém as primeiras diretrizes 
alimentares oficiais para o Brasil e para os 
brasileiros. É um guia para a população brasileira, 
com base em alimentos do Brasil e fundamentado 
em sua cultura alimentar. A ciência em que se 
baseiam as diretrizes é, com certeza, universal e os 
objetivos e as orientações utilizam, como pilares, as 
recomendações e os textos de apoio recentemente 
publicados em documentos internacionais 
(NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989a; WORLD 
HEALTH ORGANIZATION, 1990c; WORLD CANCER 
RESEARCH FUND, 1997; UNITED NATIONS 
ADMINISTRATIVE COORDINATING COMMITTEE, 
2000; UNITED NATIONS ADMINISTRATIVE 
COORDINATING COMMITTEE, INTERNATIONAL 
FOOD POLICY RESEARCH INSTITUTE, 2000; WORLD 
HEALTH ORGANIZATION, 2003a). Este guia 
assemelha-se, no desenvolvimento de seus prin-cípios, 
com outros recentemente produzidos em 
muitos países da América Latina (PAN AMERICAN 
HEALTH ORGANIZATION, 1998c) e emoutras partes 
do mundo. 
Muitas vezes supõe-se que a alimentação 
saudável é muito diferente daquela que as pessoas 
consomem habitualmente. É verdade que, nas 
últimas duas décadas, os brasileiros, tanto os que 
vivem nas cidades como aqueles de áreas rurais, 
mudaram o seu padrão alimentar, reduzindo o 
consumo de frutas, legumes e verduras e elevando o 
de alimentos e bebidas com alto teor de gordura e 
açúcares e/ou sal (MONTEIRO et al., 1995a, 2000a, 
2000) e se distanciaram dos alimentos e refeições 
tradicionais brasileiros, reconhecidos como 
saudáveis e saborosos, devendo ser valorizados e 
difundidos.Umexemplo é o abandono do consumo 
de uma das preparações mais típicas e comuns a 
todas as regiões brasileiras: arroz com feijão, 
combinação nutricionalmente rica e adequada. 
Oprincípio da “abordagem multifocal” 
Cada recomendação neste guia é expressa 
de quatro maneiras. A primeira é uma recomen-dação 
direcionada para todas as pessoas e é 
PARTE 2 - PRINCÍPIOS E DIRETRIZES
34 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
concebida para ser utilizada em diferentes 
contextos informativos e educacionais. Posterior-mente, 
há recomendações para aqueles setores da 
sociedade que estão intrinsecamente mais 
preocupados com o tema: são as sugestões para os 
governos ou para as indústrias, objetivos para os 
profissionais de saúde e recomendações para 
membros da família. 
Existem vantagens nessa abordagem 
multifocal. Os governos e a indústria têm 
responsabilidades próprias, os profissionais de 
saúde precisam de objetivos com uma abordagem 
técnica e os membros das famílias precisam de 
diretrizes práticas, o que é complementado na 
seção “Colocando as diretrizes em prática (p.106)”. 
Desse tipo de abordagem poderão também fazer 
uso outros profissionais, como os de educação e 
comunicação, por exemplo, que necessitem fazer 
uso de orientação mais prática sobre os temas de 
alimentação. 
Sugestões para os governos e para o setor 
os 
produtivo de alimentos (indústria e comércio): 
profissionais e gestores políticos que atuam em 
todas as esferas - federal, estadual e municipal - 
necessitam ter acesso aos consensos científicos e 
técnicos sobre alimentação e saúde, de maneira 
que não sejam criadas situações de competição ou 
anulação entre programas e ações, mas que 
auxiliem na formulação e implementação de 
políticas saudáveis, sustentáveis e em consonância 
de objetivos e metas, em diferentes áreas. O mesmo 
se aplica a todos os ramos da indústria de alimentos, 
incluindo agricultores, produtores, distribuidores, 
fornecedores de alimentação, importadores e 
exportadores. É do interesse de todos que o sistema 
alimentar brasileiro promova a saúde. Na verdade, 
quanto mais valor se dá à alimentação, mais 
prósperos todos os envolvidos tendem a ser. Por 
exemplo, é provável que a recomendação dietética 
mais desafiadora deste guia seja a de que todas as 
pessoas devam consumir mais frutas, legumes e 
verduras. Essa recomendação para os governos e 
para o setor industrial é concretizada por meio da 
orientação para promover a produção, a 
transformação e o consumo de todos os tipos de 
frutas, legumes e verduras, principalmente aqueles 
disponíveis local e regionalmente. A iniciativa de 
promover o resgate e valorizar o consumo de 
alimentos regionais (BRASIL, 2002b) contribui para 
a concretização dessa recomendação, assim como a 
maior disponibilidade desses produtos no comércio 
a preços acessíveis para toda a população. 
, os objetivos 
Para os profissionais de saúde 
das orientações destinam-se a capacitá-los para 
orientar adequadamente grupos populacionais 
saudáveis a partir dos 2 anos de idade. Elas foram 
especificamente elaboradas para profissionais - em 
âmbito nacional, regional, estadual, institucional, 
municipal e da comunidade - cujas preocupações 
incluem promover a saúde e prevenir doenças. Isso 
significa que as orientações são destinadas a manter 
as pessoas saudáveis e, portanto, 
não estão 
incluídas orientações para grupos “de risco” e 
pessoas já doentes, em situação clínica relacionada 
a alguma alteração específica na alimentação 
. Essas 
pessoas devem ser atendidas, orientadas e 
acompanhadas individualmente por nutricionista. 
As 
orientações para os membros da família 
têm como objetivo revalorizar a refeição em grupo. 
Compartilhar as refeições em família é, por si só, um 
hábito saudável, tanto sociocultural como 
nutricionalmente. 
Nas sociedades modernas, as pessoas cada 
vez mais se isolam dos outros membros da família, 
mesmo quando estão sob o mesmo teto. É crescente 
o número de refeições feitas pelo indivíduo de 
maneira solitária, fora de casa e mesmo em casa. 
Não é esta a proposta deste guia. Ao contrário, 
valoriza-se o ato de alimentar-se no ambiente famil-iar, 
permitindo a integração das pessoas por meio 
do compartilhar o momento da alimentação, como 
importante para o fortalecimento das relações 
afetivas e de integração familiar. 
As orientações para os membros da família 
e as sintetizadas no capítulo “Colocando as 
diretrizesemprática (p.106)”, quando especificadas 
em quantidades individuais, têm apenas o objetivo 
de facilitar o cálculo para transformação das 
quantidades para o número de membros familiares. 
Tais como os objetivos para os profissionais de 
saúde, as orientações para os membros da família 
são para as pessoas saudáveis 
com idade igual ou 
Orientações especiais para 
superior a 2 anos. 
membros da família considerados “de risco” ou em 
situação clínica relacionada a alguma doença que 
necessite de uma alteração específica na 
alimentação deverão ser elaboradas por 
nutricionistas nos serviços de saúde.
DIRETRIZ 6 - GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 35 
Os Atributos da Alimentação Saudável 
O ato da alimentação deve estar inserido 
no cotidiano das pessoas, como um evento 
agradável e de socialização. Por se tratar deumguia 
que deve atender a toda a população, com suas 
diversas e variadas características demográficas, 
sociais, econômicas, culturais, não é possível 
estabelecer-se aqui prescrições dietéticas impor-tantes 
e fundamentais sem dúvida para aten-dimento 
individual, sob condições específicas feitas 
por nutricionistas. Dessa forma, não constitui 
objetivo deste guia apresentar “prescrições 
dietéticas”, mas diretrizes que podem e devem ser 
seguidas por todos, possibilitando que as pessoas 
dêem preferência aos alimentos mais nutritivos em 
quantidades suficientes de maneira a promover 
saúde e prevenir doenças. 
As práticas alimentares saudáveis devem 
ter como enfoque prioritário o resgate de hábitos 
alimentares regionais inerentes ao consumo de 
alimentos in natura 
, produzidos em nível local, 
culturalmente referenciados e de elevado valor 
nutritivo, como frutas, legumes e verduras, grãos 
integrais, leguminosas, sementes e castanhas, que 
devem ser consumidos a partir dos 6 meses de vida 
até a fase adulta e a velhice, considerando sua 
segurança sanitária. Não se pode esquecer de 
sempre considerar os aspectos comportamentais e 
afetivos relacionados às práticas alimentares. 
Uma alimentação saudável deve contem-plar 
alguns atributos básicos. São eles: 
ao contrário do 
- Acessibilidade física e financeira: 
que tem sido construído socialmente, por meio de 
informação equivocada, veiculada principalmente 
pela mídia, uma alimentação saudável não é cara, 
pois se baseia em alimentos in natura 
e produzidos 
regionalmente. O apoio e o fomento aos 
agricultores familiares e às cooperativas para a 
produção e a comercialização de produtos 
saudáveis, como grãos, leguminosas, frutas, 
legumes e verduras, são importantes alternativas, 
não somente para a melhoria da qualidade da 
alimentação, mas também para estimular a geração 
de renda em pequenas comunidades, além de 
sinalizar para a integração com as políticas públicas 
de produção de alimentos; 
o argumento da ausência de sabor da 
- Sabor: 
alimentação saudável é outro tabu a ser desmis 
- 
tificado, pois uma alimentação saudável é e precisa 
ser pragmaticamente saborosa. O resgate do sabor 
como um atributo fundamental é um investimento 
necessário à promoção da alimentação saudável. As 
práticas de marketing 
muitas vezes vinculam a 
alimentação saudável ao consumo de alimentos 
industrializados especiais e não privilegiam os 
alimentos naturais e menos refinados, como, por 
exemplo, tubérculos, frutas, legumes e verduras e 
grãos variados - 
alimentos saudáveis, saborosos, 
culturalmente valiosos, nutritivos, típicos e de 
produção factível em várias regiões brasileiras, 
inclusive e principalmente por pequenos agricul 
- 
tores familiares; 
o consumo de vários tipos de alimentos 
- Variedade: 
fornece os diferentes nutrientes, evitando a 
monotonia alimentar, que limita a disponibilidade 
de nutrientes necessários para atender às demandas 
fisiológicas e garantirumaalimentação adequada; 
a alimentação saudável contemplaumaampla 
- Cor: 
variedade de grupos de alimentos com múltiplas 
colorações. Sabe-se que quanto mais colorida é a 
alimentação, mais rica é em termos de vitaminas e 
minerais. Essa variedade de coloração torna a 
refeição atrativa, o que agrada aos sentidos e 
estimula o consumo de alimentos saudáveis, como 
frutas, legumes e verduras, grãos e tubérculos em 
geral; 
esta característica da alimentação se 
- Harmonia: 
refere especificamente à garantia do equilíbrio em 
quantidade e em qualidade dos alimentos 
consumidos para o alcance de uma nutrição 
adequada, considerando que tais fatores variam de 
acordo com a fase do curso da vida e outros fatores, 
como estado nutricional, estado de saúde, idade, 
sexo, grau de atividade física, estado fisiológico. 
Vale ainda ressaltar que, entre os vários nutrientes, 
ocorrem interações que podem ser benéficas, mas 
também prejudiciais ao estado nutricional, o que 
implica a necessidade de harmonia e equilíbrio 
entre os alimentos consumidos; 
os alimentos devem ser 
- Segurança sanitária: 
seguros para o consumo, ou seja, não devem 
apresentar contaminantes de natureza biológica, 
física ou química ou outros perigos que 
comprometam a saúde do indivíduo ou da 
população. Assim, com o objetivo de redução dos 
riscos à saúde, medidas preventivas e de controle, 
incluindo as boas práticas de higiene, devem ser 
adotadas em toda a cadeia de alimentos, desde a 
PARTE 2 - PRINCÍPIOS E DIRETRIZES
36 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
sua origem até o preparo para o consumo em 
domicílio, em restaurante e em outros locais que 
comercializam alimentos. A vigilância sanitária 
deve executar ações de controle e fiscalização para 
verificar a adoção dessas medidas por parte das 
indústrias de alimentos, dos serviços de alimentação 
e das unidades de comercialização de alimentos. 
Além disso, a orientação da população sobre 
práticas adequadas de manipulação dos alimentos 
deve ser uma das ações contempladas nas políticas 
públicas de promoção da alimentação saudável. 
A estratégia para promoção da alimen-tação 
saudável também deve levar em consideração 
modificações históricas importantes que contri-buíram 
para a transição nutricional, tais como: 
- O papel do gênero nesse processo, quando a 
mulher assume uma vida profissional extra-domicílio, 
continua ainda acumulando a res-ponsabilidade 
sobre a alimentação da família. A 
atribuição de atividades à mulher no ambiente do 
trabalho remunerado e no espaço doméstico se 
coloca como um novo paradigma da sociedade 
moderna, que não tem criado mecanismos de 
suporte social para a desconcentração dessa 
atribuição como exclusivamente feminina; 
- A modificação dos espaços físicos para o com-partilhamento 
das refeições e nas práticas 
cotidianas para a preparação dos alimentos; 
- As mudanças ocorridas nas relações familiares e 
pessoais com a diminuição da freqüência de 
compartilhamento das refeições em família (ou 
grupos de convívio); 
- A perda da identidade cultural no ato das 
preparações e receitas com a chegada do “evento 
social” da urbanização/globalização; 
- O crescente consumo de alimentos indus-trializados, 
pré-preparados ou prontos que respon-demaumademanda 
de praticidade; 
- A desagregação de valores sociais e coletivos que 
vêm culturalmente sendo perdidos em função das 
modificações acima referidas. 
O principal desafio na formulação e na 
implementação de estratégias para a promoção da 
alimentação saudável passa, portanto, necessa-riamente, 
por torná-la viável em um contexto no 
qual os papéis, os valores e o sentido de tempo estão 
emconstante mudança. 
Assim, a promoção de uma alimentação 
saudável, de modo geral, deve prever um escopo 
amplo de ações que contemplem a formação de 
hábitos alimentares saudáveis desde a primeira 
infância, favorecendo o deslocamento do consumo 
de alimentos pouco saudáveis para alimentos mais 
saudáveis e resgatando hábitos e fomentando 
padrões alimentares mais saudáveis entre grupos 
populacionais com o hábito alimentar já esta-belecido, 
respeitando a identidade cultural e 
alimentar de indivíduos e de populações. 
As Diretrizes: 
algumas considerações 
A parte 2 do Guia Alimentar para a Popu-lação 
Brasileira está organizada em três tópicos 
principais: 
- O primeiro tópico desenvolve o conjunto de 
diretrizes visando à alimentação saudável e à 
promoção da saúde; 
- O segundo tópico apresenta sugestões práticas, 
sistematizadas no capítulo “Colocando as diretrizes 
em prática”(p.106), que, como o próprio título 
sugere, são informações que dão aos membros da 
família idéias e sugestões sobre como cumprir as 
diretrizes e como planejar refeições saborosas, 
acessíveis e saudáveis; 
- O terceiro tópico aborda o tema da rotulagem de 
alimentos, valorizando as informações contidas nos 
rótulos dos alimentos como ferramenta essencial 
para a seleção de alimentos mais saudáveis, 
esclarecendo o seu conteúdo e orientando a sua 
adequada utilização para esse fim. 
Todas as diretrizes do guia alimentar estão 
dispostas da mesma maneira: primeiro, as 
orientações para todas as pessoas, expressas 
sumariamente numa linguagem clara que se dirige 
indistintamente às pessoas saudáveis maiores de 2 
anos de idade; depois, seguem-se os objetivos para 
os profissionais de saúde, as sugestões específicas 
para os governos e para o setor produtivo de 
alimentos, incluindo a indústria e o comércio, e as 
orientações para os membros da família. Cada 
diretriz apresentada está baseada em evidências 
científicas que estão sintetizadas na parte 3 deste 
documento. 
refere-se aos alimentos 
A Diretriz 1 
saudáveis e às refeições no seu conjunto, abordando 
inclusive alguns conceitos que serão adotados no 
decorrerdaapresentação das demais diretrizes.
DIRETRIZ 6 - GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 37 
As Diretrizes 2, 3 e 4 
componentes da alimentação que correspondem ao 
grupo dos grãos (como arroz, milho e trigo) e outros 
alimentos que são ricos em amido ou carboidratos 
complexos (pães, massas, mandioca e outros 
tubérculos e raízes); grupo das frutas, legumes e 
verduras; e grupo das leguminosas (feijões) e outros 
vegetais ricos em proteínas. Esses três grupos de 
alimentos são os componentes principais de uma 
alimentação saudável. 
A Diretriz 5 
animal (leite e derivados, carnes e ovos), que são 
nutritivos e integram, em quantidades moderadas, 
dietas saudáveis. 
A Diretriz 6 
com altos teores de gorduras, açúcares e sal, 
prejudiciais à saúde quando consumidos de maneira 
regular e emgrandes quantidades. 
A Diretriz 7 
trata dos alimentos de origem 
trata de alimentos e bebidas 
tem como tema a água, cujo 
A Diretriz Especial 1 
A Diretriz Especial 2 
especificam os 
AnexoA 
consumo é vital para a saúde. 
trata da atividade 
física regular ao longo da vida, que, aliada à 
alimentação saudável, resulta em um impacto 
positivo e protetor à saúde. Embora este seja um 
guia alimentar, as evidências científicas mostram, 
inequivocamente, que a alimentação saudável e a 
prática de atividade física são importantes e 
indissociáveis para a promoção de modos de vida 
saudáveis e para a qualidade de vida, justificando-se 
esta recomendação no guia alimentar. 
diz respeito aos 
cuidados para manter a qualidade sanitária dos 
alimentos desde o momento da compra à 
conservação, à preparação e ao consumo dos 
alimentos. 
Embora não elaborado em forma de 
diretriz, reconhece-se que o conhecimento sobre 
métodos e técnicas de processamento de alimentos 
deve merecer a atenção, pois tem impacto na 
seleção de alimentos mais (ou menos) saudáveis que 
comporão as refeições diárias. A maior parte dos 
alimentos que compõem a alimentação diária é, 
obviamente, processada de alguma forma. Os 
métodos de produção, processamento, preser-vação, 
incluindo a adição de sal e açúcar, 
preparação e cozimento dos alimentos afetam a sua 
qualidade e sua composição nutricional. Essa 
abordagem está presente no . 
Espera-se que as diretrizes estejam ela-boradas 
de forma clara e que sejam úteis ao 
trabalho dos profissionais de saúde, que sejam 
incorporadas por gestores de políticas públicas em 
alimentação e nutrição e pelas indústrias de 
alimentos e que efetivamente contribuam para 
melhorar a qualidade de vida e para a promoção da 
saúde das famílias brasileiras. 
PARTE 2 - PRINCÍPIOS E DIRETRIZES
1Os Diretrizalimentos saudáveis 
e as refeições
DIRETRIZ 6 - GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 41 
Todos 
- Refeições são saudáveis quando prepa-radas com 
alimentos variados, com tipos e quantidades 
adequadas às fases do curso da vida, compondo refe-ições 
coloridas e saborosas que incluem alimentos 
tanto de origem vegetal como animal. 
- Para garantir a saúde, faça pelo menos três refei-ções 
por dia (café da manhã, almoço e jantar), inter-caladas 
por pequenos lanches. 
- A alimentação saudável tem início com a prática 
do aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de 
idade e complementar até pelo menos os 2 anos, e 
se prolonga pela vida com adoção de bons hábitos 
alimentares. 
Profissionais de saúde 
- Sobre a necessidade de se realizar pelo menos três 
refeições diárias, intercaladas com lanches saudá-veis; 
- Quanto à importância da consulta e interpretação 
da informação nutricional e da lista de ingredientes 
presentes nos rótulos dos alimentos, para a seleção 
de alimentos mais saudáveis; 
-As mulheres durante a gestação sobre a importância 
da prática do aleitamento materno exclusivo até os 6 
meses de idade da criança e sobre os passos para a 
alimentação complementar após esse período. 
- Os cereais, de preferência integrais, as legumi-nosas 
e as frutas, legumes e verduras, no seu 
conjunto, devem fornecer mais da metade (55% a 
75%) do total de energia diária da alimentação. 
Governo e setor produtivo de alimentos 
- Aumentar e incentivar a produção, o processa-mento, 
o abastecimento e a comercialização de 
todos os tipos de alimentos que compõem uma 
alimentação saudável. 
- Implementar programas de orientação e 
educação nutricional, de forma continuada, respei-tando 
a identidade cultural das populações. 
- Garantir a qualidade dos alimentos - in natura 
e 
processados - colocados no mercado para consumo 
da população. 
Orientar: 
Saber que: 
- Implantar, fiscalizar e exigir a implantação das 
Boas Práticas de Manipulação de Alimentos em 
locais de processamento, manipulação, venda e 
consumo de alimentos. 
- Assegurar o cumprimento da legislação que 
promove o aleitamento materno enquanto direito 
da criança à alimentação adequada. 
- Garantir que programas públicos de alimentação 
e nutrição incorporem os princípios da alimentação 
saudável. 
- Regulamentar estratégias de marketing 
de alimen-tos, 
em todas as formas de mídia, principalmente 
para aquelas direcionadas para crianças e adoles-centes. 
Família 
- Consuma diariamente alimentos como cereais inte-grais, 
feijões, frutas, legumes e verduras, leite e deri-vados 
e carnes magras, aves ou peixes. 
- Diminua o consumo de frituras e alimentos que 
contenham elevada quantidade de açúcares, 
gorduras e sal. 
- Valorize a sua cultura alimentar e mantenha seus 
bons hábitos alimentares. 
- Saboreie refeições variadas, ricas em alimentos 
regionais saudáveis e disponíveis na sua comuni-dade. 
- Escolha os alimentos mais saudáveis, lendo as 
informações nutricionais dos rótulos dos alimentos. 
- Alimente a criança somente com leite materno até 
a idade de 6 meses e depois complemente com 
outros alimentos, mantendo o leite materno até os 
2 anos ou mais. 
- Procure nos serviços de saúde orientações a 
respeito da maneira correta de introduzir alimentos 
complementares e refeições quando a criança 
completar 6 meses de vida. 
Considerações e informações adicionais 
Oque se denomina “alimentação saudável” 
pode adquirir muitos significados dependendo do 
país ou região de um mesmo país, cultura e época. 
Porém, em geral, a alimentação saudável é sempre 
constituída por três tiposdealimentos básicos: 
1) alimentos com alta concentração de 
carboidratos, como os grãos (incluindo arroz, milho 
e trigo), pães, massas, tubérculos (como as batatas e 
o inhame) e raízes (como a mandioca); 
DIRETRIZ 1 - Os alimentos saudáveis e as refeições
42 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
2) As frutas, legumes e verduras; 
3) Os alimentos vegetais ricos em proteínas 
(particularmente os cereais integrais, as legumi-nosas 
e também as sementes e castanhas) 
(NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989a; WORLD 
HEALTH ORGANIZATION, 1990b, 2003a; WORLD 
CANCER RESEARCH FUND, 1997; PAN AMERICAN 
HEALTH ORGANIZATION, 1998b; UNITED NATIONS 
ADMINISTRATIVE COORDINATING COMMITTEE, 
2000). 
As leguminosas incluem o feijão-verde, 
feijão-de-corda, jalo, preto, largo, flageolé, cario-quinha, 
azuqui, rim, mungo, pinto, fradinho, 
macassar, guandu e branco e também as lentilhas, 
ervilhas secas, fava, soja e grão-de-bico. Neste guia, 
a palavra “feijões” será usada para se referir a todos 
esses tipos de leguminosas. 
Os alimentos de origem animal também 
são parte de uma alimentação saudável, que inclui 
pequenas quantidades de carne de boi ou porco, 
carneiro, coelho, jacaré e outras, aves, peixe, ovos e 
também leite, queijo e iogurte, preferencialmente 
desnatados ou com baixos teores de gordura. 
Os sistemas alimentares, compostos pela 
rede de produção, abastecimento e comer-cialização, 
que disponibilizam alimentos variados 
de origem vegetal, somados aos tipos mais saudá-veis 
de alimentos de origem animal, e que têm como 
base a cultura alimentar nacional e regional, são de 
importância fundamental para a saúde pública, 
para a segurança alimentar e nutricional e para a 
soberania deumpaís. 
As diretrizes contidas neste guia contri-buirão 
para a adoção de uma alimentação saudável, 
em todas as fases do curso da vida, exceto para 
crianças menores de 2 anos de idade que têm orien-tações 
específicas consolidadas no 
para Crianças Menores de Dois Anos" e nos “Dez Passos 
para a Alimentação Saudável da Criança Menor de Dois 
Anos" 
(BRASIL, 2002d, 2002e). 
"Guia Alimentar 
A alimentação, quando adequada e vari-ada, 
previne as deficiências nutricionais e protege 
contra as doenças infecciosas, porque é rica em 
nutrientes que podem melhorar a função imunoló-gica. 
Pessoas bem alimentadas são mais resistentes 
às infecções (SCRIMSHAW et al., 1968; UNITED 
NATIONS ADMINISTRATIVE COORDINATING 
COMMITTEE, 2000; SCRIMSHAW, 2000). Uma 
alimentação saudável contribui também para a 
proteção contra as doenças crônicas não-transmissíveis 
(DCNT) e potencialmente fatais, 
como diabetes, hipertensão, acidente vascular cere-bral, 
doenças cardíacas e alguns tipos de câncer, 
que, em conjunto, estão entre as principais causas 
de incapacidade e morte no Brasil e emvários outros 
países. Essa proteção é devida a três fatores interre-lacionados: 
1) o consumo de uma diversidade de nutri-entes 
que protegem e mantêm o funcionamento 
adequado do organismo; 
2) a reduzida quantidade de gorduras satu-radas, 
gorduras totais, açúcares, sal e álcool, compo-nentes 
relacionados ao aumento de risco de DCNT; 
3) a baixa concentração energética que 
previne o excesso de peso e a obesidade, que, por 
sua vez, aumentam o risco de outras doenças 
crônicas não-transmissíveis (NATIONAL RESEARCH 
COUNCIL, 1989a; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 
1990b, 2000a, 2003a; WORLD CANCER RESEARCH 
FUND, 1997; UNITED NATIONS ADMINISTRATIVE 
COORDINATING COMMITTEE, 2000). 
Em crianças, a ingestão inadequada de 
energia por meio dos alimentos pode gerar uma 
deficiência nutricional séria que compromete a 
saúde, o crescimento e o desenvolvimento adequa-dos, 
a resistência contra as doenças, podendo levá-las 
à morte. 
Atualmente, os cientistas, profissionais de 
saúde pública e formuladores de políticas em 
alimentação e nutrição estimulam o desenvolvi-mento 
de recomendações para uma alimentação 
saudável baseadaemalimentos e nãoemnutrientes 
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1998), mesmo 
porque os alimentos são compostos por nutrientes; 
mas, para definir e recomendar uma alimentação 
saudável, os parâmetros nutricionais são conside-rados 
e, com bases neles, são estabelecidas as orien-tações 
para consumo dos alimentos organizadosem 
grupos, de acordo com seus nutrientes principais. 
Sempre que necessário, ao longo deste 
guia foram incluídas informações adicionais a 
respeito dos nutrientes: compostos bioativos, 
vitaminas e minerais, fibra alimentar, proteínas, 
carboidratos e açúcar, gorduras e ácidos graxos. 
Todos esses nutrientes são encontrados nos 
alimentos.
DIRETRIZ 6 - GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 43 
Carboidratos totais: 
Sabendo um pouco mais 
“Carboidratos” 
Gorduras: 
Sabendo um pouco mais 
Carboidratos 
Sabendo um pouco mais “Os Diferentes 
Tipos de Gorduras” (página 78). 
Proteínas: 
Sabendo um pouco mais 
“Proteínas” (página 63). 
Os carboidratos compõem a maior parte da matéria viva no planeta Terra, constituindo, 
portanto, a maior parte da alimentação humana: 55% a 75% do VET devem ser fornecidos pelo 
grupo dos carboidratos. Os carboidratos são subdivididos em carboidratos complexos (amidos), 
carboidratos simples (açúcares simples ou livres) e fibras alimentares. No Guia Alimentar para a 
População Brasileira chamaremos os carboidratos complexos (ricos em amidos) de carboidratos e 
os simples de açúcares. 
De forma geral, todos os grupos de alimentos, exceto as carnes, os óleos e as gorduras e o 
sal possuem carboidratos, diferindo na quantidade e no tipo de carboidrato que compõe o 
alimento. Quando essa quantidade é alta, considera-se o alimento como fonte de carboidratos: 
cereais, tubérculos e raízes. Os carboidratos complexos são fontes de energia e também de 
vitaminas do complexo B e de ácidos graxos essenciais que participam do metabolismo do sistema 
nervoso. 
A alimentação saudável deve incluir os carboidratos complexos 
em grande quantidade 
e fibras alimentares. Para mais informações, veja box 
(45% a65%do VET) Sabendoumpouco mais 
“Fibra Alimentar” (página 61). 
Os carboidratos simples 
(açúcares simples), fontes apenas de energia, devem compor a 
alimentação em quantidades bem reduzidas (< 10% do VET) 
, porque o seu consumo excessivo está 
relacionado com o aumento de risco de obesidade e outras doenças crônicas não-transmissíveis e 
cáries dentais. 
As evidências científicas mais recentes 
estabelecem as seguintes recomendações para a 
participação dos macronutrientes (carboidratos, 
gorduras e proteínas) no valor energético total 
(VET) da alimentação, que são levadas em conta 
neste guia para as diretrizes aqui estabelecidas. 
55% a 75% do valor 
energético total (VET). Desse total, 45% a 65% 
devem ser provenientes de carboidratos complexos 
e fibras e menos de 10% de açúcares livres (ou 
simples) como açúcar de mesa, refrigerantes e sucos 
artificiais, doces e guloseimas em geral. Para mais 
informações, veja box 
, nesta seção. 
15% a 30% do valor energético 
total (VET) da alimentação. As gorduras (ou lipídios) 
incluem uma mistura de substâncias com alta 
concentração de energia (óleos e gorduras), que 
compõem, em diferentes concentrações e tipos, 
alimentos de origem vegetal e animal. São 
componentes importantes da alimentação humana, 
pois são fontes de energia; contudo, o consumo 
excessivo de gorduras saturadas está relacionado a 
várias doenças crônicas não-transmissíveis (doenças 
cardiovasculares, diabetes, obesidade, acidentes 
cerebrovasculares e câncer). Para mais informações, 
veja box 
10% a 15% do valor energético 
total (VET). São componentes dos alimentos de 
origem vegetal e animal que fornecem os 
aminoácidos, substâncias importantes e envolvidas 
em praticamente todas as funções bioquímicas e 
fisiológicas do organismo humano. As fontes 
alimentares mais importantes são as carnes em 
geral, os ovos e as leguminosas (feijões). Para mais 
informações veja box 
De acordo com a Organização Mundial da 
Saúde (OMS), o presente guia também se propõe a 
orientar e estimular a prática de uma alimentação 
saudável segundo as seguintes recomendações: 
- Manter o equilíbrio energético e o peso saudável; 
- Limitar a ingestão energética procedente de 
gorduras; substituir as gorduras saturadas por 
insaturadas e eliminar as gorduras trans (gorduras 
hidrogenadas); 
DIRETRIZ 1 - Os alimentos saudáveis e as refeições
44 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
- Aumentar o consumo de frutas, legumes e ver-duras, 
cereais integrais e feijões; 
- Limitar a ingestão de açúcar livre; 
- Limitar a ingestão de sal (sódio) de toda pro-cedência 
e consumir sal iodado. 
Sabendo um pouco mais 
Doenças Transmitidas por Alimentos e Água (DTA) 
A qualidade sanitária dos alimentos é uma das condições essenciais para a promoção e 
manutenção da saúde e deve ser assegurada pelo controle eficiente da manipulação em todas as 
etapas da cadeia alimentar. 
Procedimentos incorretos de manipulação dos alimentos podem causar as DTA, ou seja, 
doenças em que os alimentos ou a água atuam como veículo para transmissão de organismos 
prejudiciais à saúde ou de substâncias tóxicas. As DTA podem se manifestar das seguintes formas: 
a) infecções transmitidas por alimentos 
: são doenças que resultam da ingestão de um 
alimento que contenha organismos prejudiciais à saúde. Exemplos: salmonelose, hepatite viral 
tipoAe toxoplasmose; 
b) intoxicações alimentares 
: ocorre quando uma pessoa ingere alimentos com 
substâncias tóxicas, incluindo as toxinas produzidas por microrganismos, como bactérias e 
fungos Exemplos: botulismo, intoxicação estafilocócica e toxinas produzidas por fungos; 
c) : são doenças que resultam da ingestão de 
alimentos que apresentam organismos prejudiciais à saúde, sendo que eles ainda liberam 
substâncias tóxicas. Exemplo: cólera. 
Os sintomas das DTA variam de acordo com o organismo ou a toxina encontrados no 
alimento e a quantidade do alimento ingerido. Os sintomas mais comuns das DTA são vômitos e 
diarréias, podendo também apresentar dores abdominais, dor de cabeça, febre, alteração da 
visão, olhos inchados, dentre outros. 
Para adultos sadios, a maioria das DTA dura alguns dias e não deixam seqüelas; para 
pessoas mais susceptíveis, como crianças, idosos, gestantes e pessoas doentes, as conseqüências 
podem ser mais graves, podendo inclusive levar à morte. Algumas DTA são mais severas, 
apresentando complicações mais graves até para as pessoas sadias. 
Para evitar ou reduzir os riscos de DTA, medidas preventivas e de controle, incluindo as 
boas práticas de higiene, devem ser adotadas na cadeia produtiva, nos serviços de alimentação, 
nas unidades de comercialização de alimentos e nos domicílios, visando à melhoria das condições 
sanitárias dos alimentos. 
Veja mais informações na 
. 
toxinfecção causada por alimentos 
Diretriz Especia 2 (página 97) .
2Cereais, Diretriztubérculos 
e raízes
DIRETRIZ 2 - Cereais, tubérculos e raízes 47 
Todos 
- Arroz, milho e trigo, alimentos como pães e massas, 
preferencialmente na forma integral; tubérculos 
como as batatas; raízes como a mandioca devem ser 
a mais importante fonte de energia e o principal 
componente da maioria das refeições. 
Profissionais de saúde 
Orientar: 
- O consumo de alimentos ricos em carboidratos 
complexos (amidos), como cereais, de preferência 
integrais, tubérculos e raízes, para garantir 45% a 
65%da energia total diária da alimentação; 
- O consumo diário de 
6 porções de cereais, 
tubérculos e raízes. 
Saber que: 
- A presença diária desses alimentos na alimentação 
vem diminuindo (em 1974, correspondia a 42,1% e 
em 2003 era de 38,7%). Essa tendência deve ser 
revertida, por meio do incentivo ao consumo desses 
grupos de alimentos pela população, na forma 
in 
. Para atender ao limite mínimo recomendado 
natura 
(45%), o consumo atual deve ser aumentado em 
aproximadamenteem20%; 
- No Brasil, é obrigatória a fortificação das farinhas 
de trigo e milho com ferro e ácido fólico, estratégia 
que objetiva a redução da anemia ferropriva e de 
problemas relacionados à má-formação do tubo 
neural. A orientação de consumo dessas farinhas é 
particularmente importante para crianças, idosos, 
gestantes e mulheresemidade fértil. 
Governo e setor produtivo de alimentos 
- Promover a produção, a industrialização, a 
comercialização e o consumo de todos os tipos de 
alimentos ricos em carboidratos, preferencialmente 
os integrais e os regionais produzidosemnível local. 
- Incentivar a pesquisa e incorporação de tecnologia 
de processamento que preserve o valor nutritivo dos 
alimentos. 
- Assegurar e fomentar a incorporação de cereais, 
tubérculos e raízes nos programas institucionais de 
alimentação. 
Família 
Coma diariamente 
- 6 porções do grupo de arroz, 
pães, massas, tubérculos e raízes 
. Dê preferência 
aos grãos integrais. 
Considerações e informações adicionais 
Desde os primórdios da agricultura, há 
cerca de 12.000 anos, até muito recentemente, a 
maior parte da energia consumida por diferentes 
populações tinha origem em alimentos à base de 
carboidratos. 
Os carboidratos podem ser simples (que 
são os açúcares) ou complexos (que são os amidos 
presentes principalmente em cereais, tubérculos e 
raízes). Para efeito deste guia, chamaremos os 
carboidratos complexos (ricos em amidos) de 
carboidratos e os simples de açúcares. Para mais 
informações sobre carboidratos, consulte o box 
Sabendoumpouco mais “Carboidratos” 
(página 43). 
As principais fontes de carboidrato na 
alimentação do brasileiro são os grãos, como o 
arroz, o trigo e o milho; os tubérculos, como as 
batatas; e as raízes, principalmente a mandioca. 
Os grãos contêm na sua composição cerca 
de 70% de carboidrato. Além da presença de 
carboidratos complexos, nutrientes importantes 
para uma alimentação saudável são compostos por 
proteínas e vitaminas do complexo B e outras 
vitaminas, minerais, ácidos graxos essenciais e fibras 
alimentares. Por exemplo, uma alimentação rica em 
ácido fólico, ou vitamina B9, protege a integridade 
do tubo neural durante o seu desenvolvimento nos 
primeiros meses de vida intra-uterina, evitando má-formação 
da medula espinhal da criança e 
anencefalia(WYNNeWYNN, 1979; GARZA, 1993). 
Tubérculos e raízes, tais como batata-i 
n g l e s a , b a t a t a - d o c e , b a t a t a - b a r o a 
(mandioquinha), mandioca, cará ou inhame, têm 
alta porcentagem de água e, portanto, contêm 
relativamente menor quantidade de carboidrato 
que os grãos, mas a maior parte da energia que 
proporcionam ainda é fornecida pelos carboidratos. 
Contêm também vitaminas e minerais em 
quantidades variáveis. A batata-inglesa e batata-doce 
são fontes de ácido ascórbico (vitamina C ) . 
A batata-doce é rica em carotenos, 
precursores vegetais da vitamina A (substâncias que 
no organismo humano ajudam na formação desse
48 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Sabendo um pouco mais 
As Porções e Quantidades Recomendadas nas Diretrizes 
Otamanhoemque os alimentos são oferecidos aumentou, ou seja, as porções oferecidas 
ficaram maiores. Neste guia, para garantir que as pessoas saibam a quantidade correta de 
alimento a ser consumida, de acordo com o grupo do alimento, adotaremos o conceito de porção 
de alimento. “Porção” é aqui utilizado como “a quantidade de alimento em sua forma usual de 
consumo expressa em medida caseira, unidade ou forma de consumo (fatia, xícara, unidade, 
colher de sopa, etc.)" (PHILIPPI, 2003), considerando também a “quantidade média do alimento 
que deve ser usualmente consumida por pessoas sadias, para compor uma alimentação saudável” 
(BRASIL, 2003b). Essas duas definições têm o objetivo de controlar os casos em que o padrão usual 
de consumo origina porções de alimentos que não permitem alcançar ou que extrapolem as 
quantidades que poderiam ser saudáveis no conjunto da alimentação. Porções de diferentes 
alimentos estão apresentadas no Anexo C deste guia. 
nutriente). Essa vitamina é essencial para a 
atividade imunológica e para a visão. 
Na sua forma integral, todos os tubérculos e 
raízes são ricosemfibras alimentares; grande parte das 
fibras, juntamentecoma vitamina B, é perdidaquando 
esses alimentos são descascados. Por isso, recomenda-se 
que esses alimentos sejam cozidos com casca, 
previamente bem higienizada, que será retirada 
apenas antes do consumo. Podem ser utilizados de 
diferentes formas: cozidos, assados e fritos. A 
mandioca, alimento rico em carboidrato e originário 
do Brasil, pode ser consumidaemsua forma natural ou 
como farinha, e são inúmeros os exemplos da culinária 
nacionalparaseuusoempreparaçõessalgadasedoces. 
Os tubérculos e as raízes podem ser cozidos de 
diferentes maneiras e combinados com outros 
alimentos. Quando fritos, absorvem muita gordura, 
porissopreparaçõesfritasdevemser evitadas. 
Fibra alimentar é o termo técnico utilizado 
para denominar as partes dos vegetais que resistem 
ao processo de digestão. A alimentação com 
quantidade adequada de alimentos com 
carboidratos em sua forma integral, ou seja, que 
preservaram a fibra alimentar, auxilia a função intes-tinal, 
protegendo contra a constipação intestinal 
(prisão de ventre) e possivelmente contra a doença 
diverticular e o câncer do cólon (ROYAL COLLEGE OF 
PHYSICIANS, 1980; WORLD CANCER RESEARCH 
FUND, 1997). Para mais informações, veja os boxes 
Sabendo um pouco mais “Constipação Intestinal”, 
(página 58) e “Fibra Alimentar” (página 61). 
A recomendação de dar preferência às 
formas integrais dos alimentos é justificada pelo 
fato de que a manutenção do teor de vitaminas e 
minerais do produto original depende do grau de 
processamento a que o alimento é submetido. Uma 
técnica comum de processamento de cereais é a 
refinação. As vitaminas, minerais, ácidos graxos 
essenciais e fibras são preservados no arroz e na 
farinha de trigo integrais, mas o arroz branco, o pão 
branco e a farinha e as massas comuns refinadas 
perdem a maior parte das vitaminas, os minerais, os 
ácidos graxos e as fibras. Já a técnica que processa o 
arroz parboilizado permite reter mais vitaminas do 
complexo B e óleos, se comparado com o arroz 
branco, masemteores menores do que os existentes 
nos alimentos integrais. 
A fortificação de alimentos é a técnica 
industrial que pode recuperar, intensificar ou 
adicionar valor nutricional aos alimentos. A 
ocorre quando, durante o pro-cessamento 
do alimento, determinado nutriente é 
recuperação 
perdido e, para correção, o nutriente é reposto no 
produto. A intensificação 
ocorre quando um 
nutriente que é natural do alimento é adicionado 
em maiores quantidades e a adição 
quando um 
alimento, embora não seja fonte natural de um 
determinado nutriente, do ponto de vista 
tecnológico pode ser um bom veículo desse 
nutriente. Atualmente, o mercado de alimentos 
dispõe de uma ampla variedade de alimentos 
fortificados. No caso do Brasil, visando à prevenção
DIRETRIZ 2 - Cereais, tubérculos e raízes 49 
e ao controle das deficiências de ferro (anemia 
ferropriva) e de ácido fólico na população, a 
legislação nacional tornou obrigatória a 
fortificação das farinhas de trigo e milho com ferro 
e ácido fólico (RDC-Anvisa n° 344/2002). A 
fortificação do alimento é descrita no rótulo dos 
alimentos. 
Como uma das orientações para uma 
alimentação saudável, o grupo dos carboidratos 
totais (complexos + açúcares livres ou simples) deve 
fornecer de 55% a 75% do valor energético total 
(VET) da alimentação diária; destes, mais da metade 
da energia fornecida deverá ter origem em 
alimentos ricos em carboidratos complexos (grãos, 
tubérculos e raízes), ou seja, 45% a 65% do VET. 
Uma alimentação que atenda a essa recomendação 
traz muitos benefícios, principalmente quando se 
utilizam carboidratos em sua forma integral. 
Considerando uma mesma faixa de 
ingestão de energia, por exemplo, 2.000kcal, uma 
alimentação rica em carboidratos possivelmente 
terá menor quantidade de gordura, principalmente 
as saturadas, e menos açúcar e pode proteger, 
portanto, as pessoas contra o excesso de peso, 
obesidade, alguns tipos de câncer e outras DCNT 
(NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989a; WORLD 
HEALTH ORGANIZATION, 1990b, 2000a; 
DEPARTMENT OF HEALTH AND SOCIAL SECURITY , 
1994; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; 
U N I T E D N A T I O N S A D M I N I S T R A T I V E 
COORDINATING COMMITTEE, 2000). Em termos 
técnicos, essa alimentação será 
concentrada em 
(alta densidade de nutrientes),emvez de 
nutrientes 
concentrada em energia, característica que está 
associada ao excesso de peso e obesidade e a outras 
DCNT. 
Por outro lado, se o consumo de alimentos 
ricos em carboidratos é maior do que o 
recomendado (acima de75%do total energético da 
alimentação diária) e há pouca variedade nos tipos 
de alimentos consumidos, os nutrientes fornecidos 
por essa alimentação não são suficientes para 
garantir a nutrição e a saúde adequadas, podendo 
levar a algum tipo de deficiência nutricional. Por 
isso, crianças de famílias de baixa renda estão mais 
expostas ao risco de deficiência de proteínas e de 
micronutrientes, pois a alimentação disponível 
nessas famílias é baseada principalmente em 
alimentos fontes de energia, mas pobres em 
micronutrientes e com baixo teor protéico 
(SOUTHGATE, 1993a). Essas crianças estão também 
mais vulneráveis a doenças infecciosas (SCRIM-SHAW 
et al., 1968; SCRIMSHAW, 2000). Além da 
desnutrição e das deficiências específicas de 
micronutrientes, como anemias, hipovitaminoseAe 
outras, estudos recentes sugerem que a 
alimentação pobre durante a fase de crescimento e 
desenvolvimento da criança possivelmente 
aumenta o risco de alguns tipos de câncer na fase 
adulta (WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997). 
Os tipos de carboidratos que compõem a 
alimentação também merecem atenção. Por 
exemplo, uma alimentação baseada em 
alimentos 
e que alcancem apenas o limite infe-rior 
não-refinados 
recomendável (45%) é mais saudável que as 
constituídas por alimentos refinados 
, mas que se 
encontram no limite superior (65%) de energia 
oriunda desse grupo de alimentos. 
A tendência de consumo desses alimentos 
no Brasil é de queda: enquanto em 1974 esses 
alimentos forneciam 42,1% do valor energético da 
alimentação da população, em 2003 essa taxa caiu 
para 38,6%. Isso significa que, para alcançar o limite 
mínimo de consumo recomendado (45%), é preciso 
aumentar em cerca de 20% o consumo atual desse 
grupo de alimentos. A participação relativa desses 
alimentos nas famílias de menor renda é mais alta 
do que nas de maior renda; entre os mais pobres o 
consumo atende ao recomendado. Outra 
característica do consumo nacional desses 
alimentos é a queda de consumo de arroz e pão e 
aumento de biscoitos (bolachas salgadas, doces e as 
recheadas); estes são produtos, em geral, com 
elevado teor de gorduras trans e sal ou açúcar, 
portanto prejudiciais à saúde quando consumidos 
em grandes quantidades (INSTITUTO BRASILEIRO 
DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2004a). 
Orientações complementares 
Profissionais de Saúde 
- Dada a magnitude estimada da anemia por 
carência de ferro no Brasil, é fundamental que as 
pessoas, independentemente da fase do curso da 
vida, sejam orientadas a consumir farinhas 
fortificadas com ferro e ácido fólico e os produtos 
elaborados com elas. Essas farinhas estão
50 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
disponíveis no mercado, por obrigatoriedade de 
Resolução da Anvisa (RDC n.° 344/2002), desde 
junho de 2004. Essa orientação é particularmente 
importante para crianças, idosos, gestantes e 
mulheresemidade fértil. 
Governo 
- O incentivo à utilização de alimentos naturais, ou 
com um mínimo de processamento, em programas 
de alimentação em escolas, em creches ou em 
outros locais de atendimento a grupos específicos 
(população institucionalizada como idosos, 
população carcerária, centros de acolhimento de 
crianças e adolescentes) é exemplo de ação 
governamental que pode contribuir para o alcance 
desta diretriz e para o desenvolvimento e 
manutenção de hábitos alimentares saudáveis. 
- Ressalta-se ainda a importância de capacitação dos 
profissionais de saúde, em particular os que 
trabalham com alimentação e nutrição na atenção 
básica, de maneira a assegurar informação e 
orientação adequadas aos usuários dos serviços de 
saúdeemtodas as fases do curso da vida. 
- Garantir os procedimentos e as rotinas de inspeção 
da qualidade e teor de fortificação das farinhas de 
trigo e milho. 
Setor produtivo de alimentos 
- É importante fomentar o desenvolvimento de 
produtos menos refinados e com baixo teor de 
gorduras, sal e açúcar e sua comercialização a preços 
acessíveis a toda a população. 
Sabendo um pouco mais 
OConsumo Recomendado de Alimentos Vegetais 
Recomenda-se o consumo diário de 6 porções do grupo do arroz, pães, massas, batata, 
mandioca, alimentos ricos em carboidratos. Nas próximas páginas, também se orienta o consumo 
de 3 porções de frutas, 3 porções de verduras e legumes e 1 porção de leguminosas (feijões) por dia. 
A recomendação é que 55% a 75% da energia diária provenham de frutas, legumes e verduras, 
cereais - de preferência integrais - e tubérculos e raízes. Essa recomendação geral a respeito dos 
vegetais acompanha os documentos oficiais e relatórios internacionais (WORLD HEALTH 
ORGANIZATION, 1990b, 2003a; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; UNITED NATIONS 
ADMINISTRATIVE COORDINATING COMMITTEE, 2000; EURODIET, 2001; NATIONAL RESEARCH 
COUNCIL, 1989b; PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 1998b). 
Inicialmente pode parecer que esta orientação seja difícil de ser alcançada ao longo do 
dia, no entanto, os pesos dos alimentos preconizados para as porções são referentes aos alimentos 
preparados e prontos para consumo. No prato, o arroz e o feijão, por exemplo, pesam muito mais 
do que quando secos.
3Frutas, Diretrizlegumes 
e verduras
DIRETRIZ 6 - GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 53 
Todos 
- Frutas, legumes e verduras são ricos em vitaminas, 
minerais e fibras e devem estar presentes 
diariamente nas refeições, pois contribuem para a 
proteção à saúde e diminuição do risco de 
ocorrência de várias doenças. 
Profissionais de saúde 
Orientar: 
-Oconsumo diário de 3 3 
porções de frutas e porções 
nas refeições diárias; 
delegumes e verduras 
- Sobre a importância de variar o consumo desses 
grupos de alimentos nas diferentes refeições e ao 
longo da semana; 
- E informar sobre a grande variedade desses 
alimentos disponíveis em todas as regiões do País e 
incentivar diferentes modos de preparo desses 
alimentos para valorizar o sabor. 
Saber que: 
- A participação de frutas, legumes e verduras no 
valor energético total fornecido pela alimentação 
das famílias brasileiras, independentemente da 
faixa de renda, é baixa, variando de 3% a 4%, entre 
1974-2003; 
- O consumo mínimo recomendado de frutas, 
legumes e verduras é de 400 gramas/dia para 
garantir 9% a 12% da energia diária consumida, 
considerando uma dieta de 2.000kcal. Isso significa 
aumentar em pelo menos 3 vezes o consumo médio 
atual da população brasileira. 
Governo e setor produtivo de alimentos 
- Valorizar e promover a produção e o proces-samento, 
com preservação do valor nutritivo de 
frutas, legumes e verduras, principalmente os de 
origem local, na perspectiva do desenvolvimento 
sustentável. 
- Fomentar mecanismos de redução dos custos de 
produção e comercialização desses alimentos. 
- Criar estratégias que viabilizem a instalação de 
rede local de comercialização, facilitando o acesso 
regular da população a esses alimentos, a preços 
acessíveis. 
- Monitorar, segundo a legislação, o uso de agentes 
químicos (agrotóxicos) potencialmente prejudiciais 
à saúde. 
- Viabilizar campanhas e outras iniciativas de 
comunicação social e de educação que valorizem e 
incentivem o consumo desses alimentos. 
- Assegurar a presença desses alimentos nos 
programas públicos e/ou institucionais de 
alimentação e nutrição (como o Programa de 
Alimentação do Trabalhador, Programa de 
Alimentação Escolar e outros) e nas refeições das 
populações institucionalizadas. 
Família 
- Coma diariamente pelo menos 
3 porções de 
como parte das refeições e 
legumes e verduras 3 
porções ou mais de frutas nas sobremesas e 
lanches 
. 
- Valorize os produtos da sua região e varie o tipo 
de frutas, legumes e verduras consumidos na 
semana. Compre os alimentos da estação e esteja 
atento para sua qualidade e estado de conservação. 
Considerações e informações adicionais 
A trilogia “frutas, legumes e verduras” é 
utilizada para enfatizar a importância da variedade 
alimentar e também porque esses grupos de 
alimentos devem ser parte importante das refeições 
e não somente lanches ocasionais (NATIONAL 
HEART FORUM, 1997a, 1997b; WORLD CANCER 
RESEARCH FUND, 1997). 
As frutas, os legumes e as verduras são 
considerados excelentes alimentos e são abun-dantes 
no Brasil. As regiões brasileiras têm uma 
riqueza e variedades incalculáveis desses alimentos, 
veja box 
Sabendo um pouco mais “Alimentos 
Regionais”, nesta seção. 
Dependendo da região do Brasil e da 
cultura alimentar, as pessoas podem denominar de 
maneiras distintas os alimentos vegetais. Assim 
pode-se encontrar sob a denominação “verdura” 
todo o grupo de hortaliças e legumes. A depender 
da situação específica, adaptações de linguagem 
deverão ser feitas para facilitar a compreensão e 
adequada identificação do alimento a ser 
incentivado, o grupo correto ao qual o alimento 
pertence e o número de porções do referido 
alimento. Para mais informações, consulte o box 
Sabendo um pouco mais 
“O Que São Frutas, 
Legumes e Verduras Para os Fins de Orientação 
Neste Guia?”, nesta seção. 
DIRETRIZ 3 - Frutas, legumes e verduras
54 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Sabendo um pouco mais 
OQue São Frutas, Legumes e Verduras para os Fins de Orientação Neste Guia? 
Verduras e legumes são plantas ou partes de plantas que servem para consumo humano. 
As partes normalmente consumidas são as folhas, frutos, caules, sementes, tubérculos e raízes 
(PHILIPPI, 2003). 
Denomina-se “verdura” quando a parte comestível do vegetal são as folhas, flores, 
botões ou hastes. Utiliza-se a denominação “legume” quando as partes comestíveis são os frutos, 
sementes ou as partes que se desenvolvem na terra. Fruta é a parte polposa que rodeia a semente 
de plantas que possui aroma característico, sendo rica em suco, e tem sabor adocicado (PHILIPPI, 
2003). 
A variedade desse grupo de alimentos é imensa; alguns têm apenas ocorrência local ou 
regional. Os de cultivo e comercialização mais abrangente incluem, por exemplo: 
acelga, agrião, aipo, alface, almeirão, brócolis, chicória, couve, couve-flor, 
escarola, espinafre, mostarda, repolho, rúcula, salsa e salsão. 
cenoura, beterraba, abobrinha, abóbora, pepino, cebola. 
acerola, laranja, tangerina, banana, maçã, manga, limão, mamão e muitas outras. 
No guia alimentar brasileiro, alimentos vegetais como os tubérculos e as raízes são 
considerados alimentos ricos em carboidratos ) e os feijões e outros grãos de 
leguminosas são considerados vegetais ricos em proteínas , portanto não estão 
incluídos nesta diretriz. 
Oincentivo ao consumo desses grupos de alimentos concentra-se principalmente em suas 
formas naturais. Produtos com alta concentração de açúcar, como as geléias de fruta e as bebidas 
com sabor de fruta e os vegetaisemconserva, com alto teor de sal, fazem parte do conjunto de 
alimentos cujo consumo está sendo incentivado nesta diretriz. 
O consumo regular de uma variedade de 
frutas, legumes e verduras, juntamente com 
alimentos ricos em carboidratos pouco processados, 
oferece garantia contra a deficiência da maior parte 
de vitaminas e minerais, isoladamente ou em 
conjunto, aumentando a resistência às infecções 
(SCRIMSHAW et al., 1968; SCRIMSHAW, 2000). 
As frutas, legumes e verduras são ricos em 
fibra alimentar e diferentes tipos de vitaminas como 
os carotenóides (precursores vegetais da vitamina 
A, que existem em grande quantidade nos vegetais 
verde-escuros e frutas de coloração amarela ou 
avermelhada), os folatos ou vitamina B9 (assim 
chamados porque,emlatim, o termo folium 
significa 
“folhas”) e o ácido ascórbico (vitamina C) (U.S. 
DEPARTMENT OF AGRICULTURE, 2005). 
Alimentos ricos em carotenóides protegem 
contra xeroftalmia, cataratas e outras doenças 
oculares, além de auxiliar na imunidade do 
organismo contra infecções. Já o ácido ascórbico 
(vitamina C) aumenta a absorção orgânica do ferro 
de origem vegetal, ajudando a prevenir a anemia 
ferropriva. O estímulo ao consumo desses 
a l i m e n t o s - f o n t e é muito importante 
particularmente nas regiões onde as deficiências de 
vitamina A e de ferro são altas (MCLAREN et al., 
1993; HALSTED, 1993; KLERK et al., 1998). 
Por outro lado, é importante ressaltar que 
os vegetais não contêm vitamina B12, que, junto 
com o folato (ácido fólico ou vitamina B9), participa 
da formação das hemácias - células vermelhas do 
sangue - e do metabolismo de ácidos graxos e 
aminoácidos. As fontes principais da vitamina B12 
são os alimentos de origem animal. 
Comreferência aos minerais, todas as frutas, 
os legumes e as verduras são ricos em potássio, cuja 
necessidade aumenta proporcionalmenteemrelação 
à quantidade de sódio na alimentação. Alguns 
alimentos desses grupos contêm quantidades 
adequadas de magnésio, cálcio e elementos-traço, 
que dependem da qualidade do solo no qual são 
produzidos(SOUTHGATE,1993b). 
Verduras: 
Legumes: 
Frutas: 
(Diretriz 2 
(Diretriz 4) 
não
DIRETRIZ 6 - GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 55 
DIRETRIZ 3 - Frutas, legumes e verduras 
O iodo faz parte da constituição dos 
hormônios tiroidianos - tiroxina (T4) e triiodoti-ronina 
(T3) -, que regulam o metabolismo 
energético, e pode estar presente em alguns 
alimentos vegetais. Porém, dependendo da 
composição do solo para cultivo, pode ocorrer 
insuficiência de iodo nos alimentos produzidos 
nesses locais. Portanto, para garantir o consumo 
adequado de iodo, a fonte mais segura é o sal 
fortificado para consumo humano (sal iodado). 
Outra vantagem nutricional das frutas, dos 
legumes e das verduras e também dos grãos e das 
leguminosas é que eles possuem compostos 
bioativos, que exercem funções biológicas 
benéficas distintas. Para mais informações, veja o 
box 
Sabendo um pouco mais “Compostos 
Bioativos”, nesta seção. 
As evidências científicas mostram ainda 
que uma alimentação rica em frutas, legumes e 
verduras protege contra as doenças pulmonares 
crônicas e obstrutivas, incluindo a asma e a 
bronquite. O mecanismo de ação parece ser a 
melhoria do fluxo de ar provocada pelos 
carotenóides e pelo ácido ascórbico, devido à ação 
antioxidante desses nutrientes (KLERK et al., 1998). 
Os estudos científicos mais recentes têm 
relacionado o consumo regular de uma quantidade 
mínima de 400g/dia desses grupos de alimentos ao 
menor risco de desenvolvimento de muitas doenças 
crônicas não-transmissíveis e à manutenção do peso 
adequado (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 
2003a). São elementos de proteção para hiper-tensão 
arterial e para os acidentes cere-brovasculares 
(acidente vascular cerebral), 
provavelmente pelo seu alto teor de potássio. 
Devido ao seu alto teor de fibras e de compostos 
antioxidantes, esses alimentos são protetores 
também para hiperlipidemia (excesso de gordura 
no sangue) e doenças cardíacas. Por esses e outros 
motivos, essa alimentação auxilia na prevenção do 
câncer de vários órgãos (boca, esôfago, pulmão, 
estômago, cólon e reto e, provavelmente, pâncreas, 
mamae bexiga). 
As frutas, os legumes e as verduras, além de 
ricos em nutrientes, possuem baixo teor energético, 
portanto o consumo adequado desses alimentos 
Sabendo um pouco mais 
Vitaminas e Minerais 
As vitaminas e os minerais são substâncias presentes nos alimentos de origem vegetal ou 
animal em quantidades muito pequenas quando comparadas aos carboidratos, proteínas e 
gorduras, mas que são essenciais à saúde e à nutrição adequadas. Embora muitos alimentos 
contenham essas substâncias, as frutas, os legumes e as verduras são especialmente ricos em várias 
vitaminas e minerais. 
No Brasil e em muitos países, o controle das deficiências de vitaminas e minerais é 
prioridade em saúde pública. Por exemplo, a deficiência de vitamina A e de ferro são as principais 
deficiências no Brasil (WORLD BANK, 1994; BRASIL, 2003f). A deficiência de iodo, embora 
controlada, em zonas rurais de alguns estados do Centro-Oeste e Nordeste ainda merece atenção. 
Por outro lado, as deficiências de vitaminas e minerais não se limitam àquelas 
consideradas problemas de saúde pública, como as deficiências de ferro, vitamina A e iodo. A 
fome oculta, definida como a carência não explícita de um ou mais nutrientes, é considerada 
problema nutricional importante no mundo e envolve o estágio anterior ao surgimento de sinais 
clínicos detectáveis. Comumente há deficiência combinada de vitaminas e minerais (RAMALHO, 
2004). As quantidades e proporções dos alimentos recomendados neste guia fornecem 
quantidades de vitaminas e minerais em níveis iguais e muitas vezes superiores aos necessários 
para a prevenção das deficiências (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989b; WORLD CANCER 
RESEARCH FUND, 1997). Portanto, se seguidas as orientações deste guia, o uso de suplementos 
alimentares de vitaminas e minerais não é necessário, a não ser quando indicados individualmente 
por médico ou nutricionista.
56 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
auxilia na prevenção e no controle da obesidade e, 
indiretamente, contra outras doenças crônicas não-transmissíveis 
(diabetes, doenças cardíacas e alguns 
tipos de câncer), cujo risco é aumentado pela 
obesidade (NATIONAL HEART FORUM, 1997a, 
1997b;WORLDCANCER RESEARCH FUND, 1997). 
Por outro lado, uma alimentação baseada 
em frutas, legumes e verduras não garante 
apenas 
proteção contra a deficiência de energia e 
proteínas, devido à baixa densidade energética 
desses grupos de alimentos. 
O consumo desses alimentos no Brasil é 
tradicionalmente baixo.Aparticipação desses grupos 
de alimentos no valor energético da alimentação das 
famílias brasileiras variou entre 3% e 4% do VET, 
entre 1974 e 2003. Embora a tendência de consumo 
esteja relativamente estável, é preciso implementar 
esforços para aumentar substancialmente o consumo 
desses grupos de alimentos. Nem mesmo as famílias 
de maior renda consomem atualmente o valor 
mínimo recomendado, mas entre famílias de mais 
alta renda o consumo chega a ser seis vezes maior do 
que entre as famílias mais pobres (INSTITUTO 
BRASILEIRODEGEOGRAFIAE ESTATÍSTICA, 2004a). 
Para alcançar o consumo recomendado 
como saudável para esses grupos de alimentos (9% 
a 12% do VET, considerando uma dieta de 
2.000kcal), é preciso aumentar em quase três vezes 
o consumo médio atual da população, tendo-se 
como meta quantitativa mínima o valor de 400g/dia 
per capita. 
Esses grupos de alimentos têm um custo 
relativamente mais alto em relação a outros 
alimentos vegetais, se considerado o índice 
custo/caloria. Assim, diferentes áreas de governo 
podem contribuir para o aumento da oferta e 
redução de preços desses produtos, como 
agricultura, desenvolvimento agrário, indústria e 
comércio. 
Uma linha de estratégia importante é a 
continuidade e o fortalecimento do sistema 
orgânico de produção agropecuária e industrial de 
alimentos no País, com vistas à maior 
disponibilidade desses produtos a custos acessíveis à 
população. O sistema orgânico, também 
denominado ecológico, biodinâmico, biológico, 
natural, regenerativo, agroecológico e outros, 
utiliza processos e controles culturais, biológicos e 
Sabendo um pouco mais 
Compostos Bioativos 
Além das vitaminas e dos minerais, as verduras, os legumes e as ervas nativas do Brasil 
também contêm componentes bioativos, alguns dos quais especialmente importantes para a 
saúde humana (WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; WATZL e LEITZMANN, 1999). Eles 
incluem: aliáceas, encontradas na cebola e no alho (que dão o sabor característico a essas 
hortaliças); fitoestrogêneos, encontrados nos grãos e leguminosas, principalmente os de soja; 
glucosinolatos, encontrados nos vegetais crucíferos (couve e repolho); inibidores de proteases, 
encontrados em grãos e feijões; flavonóides, encontrados nas frutas, legumes e verduras e 
também no café e chá; e cumarinas, encontradas principalmente na mandioca. Outros compostos 
bioativos encontrados nos alimentos são: carotenóides (em frutas amarelas e verduras e legumes 
verde-escuros) e fosfolipídios (lecitina de soja). 
Os experimentos laboratoriais e a identificação dos mecanismos biológicos de ação 
dessas substâncias sugerem que alguns desses compostos podem reduzir o risco de doenças, 
incluindo as doenças cardíacas e o câncer. 
Contudo, a ciência nessa área ainda está no seu estágio inicial. Somente alguns vegetais 
foram analisados em sua composição fitoquímica e o efeito protetor dessas substâncias, nas 
concentrações em que ocorrem nas plantas, ainda não foi completamente compreendido. Com o 
desenvolvimento do conhecimento, a orientação permanece a mesma: uma alimentação rica em 
frutas, legumes e verduras, fontes naturais de vitaminas, minerais e compostos bioativos, é funda-mental 
para a manutenção da saúde.
DIRETRIZ 6 - GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 57 
DIRETRIZ 3 - Frutas, legumes e verduras 
mecânicos em qualquer fase do processo de 
produção de alimentos ou da cadeia produtiva, em 
contraposição ao uso de organismos geneticamente 
modificados, agrotóxicos, hormônios e 
anabolizantes promotores de crescimento, 
radiações ionizantes e outros, com a finalidade de 
ofertar produtos saudáveis e isentos de 
contaminantes intencionais, proteger o meio 
ambiente, manter ou incrementar a atividade 
biológica e a fertilidade do solo, promovendo o uso 
saudável dos recursos naturais (do solo, da água e 
do ar). 
No Brasil, para sua comercialização, os 
alimentos e outros produtos orgânicos, oriundos de 
produção agropecuária ou de processo extrativista 
sustentável, devem ser certificados por organismo 
reconhecido oficial-mente, como associações, 
cooperativas e outras entidades que controlam a 
qualidade da produção segundo critérios 
estabelecidos em regulamento. O mercado para 
esse tipo de produto vem crescendo, 
principalmente nos grandes centros urbanos, 
apesar dos preços relativos serem, em geral, mais 
altos. Contudo, ao tempo em que é incentivada a 
integração e regionalização dessa atividade, entre 
os diferentes segmentos da cadeia produtiva, deve 
ser fomentada e fortalecida no âmbito das políticas 
públicas setoriais, para permitir maior escala na 
produção desses alimentos e facilitar o acesso da 
população a alimentos mais baratos e sob condições 
sanitárias adequadas. 
Orientações complementares 
Profissionais de Saúde 
- O aumento no consumo desses grupos de 
alimentos pode ser considerado o desafio mais 
importante do Guia Alimentar para a População 
Brasileira, tanto porque as provas científicas dos 
benefícios do consumo de frutas, legumes e 
verduras para a saúde são irrefutáveis, quanto 
Sabendo um pouco mais 
Alimentos Regionais 
Alguns tipos de frutas, legumes e verduras são produzidos e/ou comercializados em 
diferentes países. Dentre estas, as frutas mais comuns incluem maçã, banana, mamão, uva, limão, 
manga, melão, laranja, pêra, abacaxi, morango e melancia. Entre as verduras e legumes, berinjela, 
feijão-verde, couve, cenoura, couve-flor, pimentão, abóbora, cebola, alho-poró, espinafre, dentre 
outros. 
Outras frutas, legumes e verduras, originários do Brasil, não são comercializados 
nacionalmente em supermercados e estão presentes, preponderantemente, em redes locais, 
muitas vezes apenas em sistemas informais de varejo. Esses frutos regionais são: açaí, araçá, ata, 
babaçu, bacuri, biribá, buriti, cajá, cajarana, caju, carambola, cupuaçu, dendê, fruta-do-conde, 
fruta-de-palmas, jenipapo, goiaba, graviola, jabuticaba, jaca, jambo, juá, mangaba, maracujá, 
murici, oiti, pequi, pitanga, pitomba, pupunha, sapoti, sirigüela, tamarindo, umbu, etc. As 
hortaliças regionais são: alfavaca, azedinha, caruru, espinafre-africano, jambu-vinagreira, feijão-de- 
asa, feijão-de-metro, palma, taioba, beldroega, azedinha, bertalha, ora-pro-nobis, pimenta-murupi. 
Muitas frutas regionais são ricas em micronutrientes e emvárias substâncias bioativas. Por 
exemplo: buriti, dendê e pequi são fontes extremamente concentradas de carotenóides, bem 
como os seus óleos. Esses alimentos, abundantes nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, são 
naturalmente protetores contra a deficiência de vitamina A, que é endêmica nessas regiões, sendo 
importantes fontes locais dessa vitamina para a população (BRASIL, 2002b). 
O Brasil precisa reconhecer a importância dessa incalculável riqueza para o alcance de 
uma situação estável de segurança alimentar e nutricional de sua população. Para conhecer parte 
da diversidade regional de frutas, legumes e verduras no Brasil, consulte a publicação 
do Ministério da Saúde (www.saude.gov.br/nutricao). 
Alimentos 
Regionais
58 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
porque a média de consumo, tanto de legumes e 
verduras quanto de frutas, é baixa, apesar da sua 
abundância no Brasil. Os profissionais de saúde são 
elementos-chave para auxiliar no alcance da meta 
de aumento do consumo desses grupos de alimentos 
especialmente considerando a ampla variedade e 
disponibilidade deles nas diferentes regiões 
geográficas. 
- Conhecer e valorizar os alimentos regio-nais e os 
produtos produzidos localmente é um bom começo 
para incentivar o consumo desses grupos de 
alimentos. 
Governo e setor produtivo de alimentos 
- A diretriz para o consumo de frutas, legumes e 
verduras é umgrande desafio, uma vez que os níveis 
atuais estão muito aquém do que é 
comprovadamente saudável e protetor. O 
Ministério da Saúde, em suas ações de promoção da 
alimentação saudável, destaca a importância do 
aumento do consumo de frutas, legumes e verduras. 
- No âmbito da educação, a inserção de temas de 
alimentação e nutrição como componente 
transversal nos currículos do ensino fundamental e 
médio pode dar sustentabilidade às iniciativas de 
educação em saúde. A formação de hortas escolares 
e/ou comunitárias é estratégia que facilita o acesso 
a esses alimentos, além de ser um excelente 
instrumento de a t i v i d a d e s d i d á t i c a s , 
complementação de renda, participação e 
mobilização social, dentre outras vantagens. 
- O Programa Nacional de Agricultura Familiar 
(Pronaf), do Ministério do Desen-volvimento 
Agrário, pode ser uma janela de oportunidade para 
aumentar a produção desses alimentos, 
disponibilizando-os a preços acessíveis à população 
local, bem como assegurando o abastecimento de 
alimentos frescos e nutritivos em programas 
institucionais (escolas, creches, asilos e outros locais 
de acolhimento de população específica), 
conciliando produção e consumo saudável. Essa 
estratégia redundaria ainda na geração de renda 
para os agricultores familiares. 
- O setor produtivo necessita intensificar o 
desenvolvimento e a oferta de produtos saudáveis, 
a preços acessíveis, que incorporem frutas, legumes 
e verduras como matéria-prima principal e 
nenhuma ou quase nenhuma adição de açúcares, 
sal e gorduras, o que compromete o valor 
nutricional original desses alimentos. 
Sabendo um pouco mais 
Constipação Intestinal 
A constipação intestinal ou prisão de ventre é uma doença provocada principalmente 
pelo consumo insuficiente de fibras, porém, outros aspectos também são importantes para 
manter um bom funcionamento intestinal, evitando essa e outras doenças de origem gastroin-testinal. 
O bom funcionamento intestinal depende de três elementos inseparáveis. São eles: a 
ingestão de água, o consumo de fibras e a prática de atividade física. A regularidade da atividade 
intestinal só é adequada quando estes três fatores são atendidos. As fibras auxiliam na formação 
do bolo fecal e, em parceria com a quantidade de água ingerida e a atividade física, são 
responsáveis por estimular a atividade muscular intestinal. 
A forte tendência de consumo de alimentos industrializados pode agravar ou prejudicar 
o consumo diário de fibras. Os alimentos industrializados são, em sua grande maioria, 
processados. O processamento acaba retirando alguns nutrientes do alimento, sendo as fibras 
um deles. Observe a rotulagem nutricional que especifica a quantidade de fibras disponível nos 
alimentos selecionados para o seu consumo. 
As frutas, os legumes e as verduras (por exemplo, mamão, tamarindo, laranja, ameixa, 
manga, folhas em geral) são alimentos in natura 
e ótimas fontes de fibras e micronutrientes, além 
de ter baixa densidade energética. Os cereais integrais como arroz integral, pão integral, centeio, 
aveia, sementes de linhaça, farelo de aveia e trigo, dentre outros, também são ótimas 
alternativas para aumentar a quantidade de fibras ingeridas. Para mais informações veja box 
Sabendoumpouco mais " Fibra Alimentar" ( página 61).
Diretriz4Feijões e outros alimentos 
vegetais ricos em proteína
DIRETRIZ 6 - GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 61 
DIRETRIZ 4 - Feijões e outros alimentos vegetais ricos em proteína 
Todos 
- As leguminosas como os feijões e as oleaginosas 
como as castanhas e sementes são alimentos 
fundamentais para a saúde. 
- A preparação típica brasileira feijão com arroz é 
uma combinação alimentar saudável e completa em 
proteínas. 
Profissionais de saúde 
Orientar e estimular: 
- Oconsumodiáriode 
1porçãodeleguminosas(feijões); 
- O consumo diário de feijão com arroz, na 
proporção de 1 para 2 partes; 
- O consumo de modo a que as leguminosas como 
feijões, lentilhas, ervilha seca, grão-de-bico, soja e 
outros garantam, no mínimo, 5% do total de 
energia diária.; 
- O consumo de castanhas e sementes, inclusive 
como ingredientes de diferentes preparações.; 
- O uso de diferentes modos de preparo para a 
valorização do sabor de todos os tipos de 
leguminosas. 
Saber que: 
- Embora a participação relativa de feijões na 
alimentação brasileira (5,68%) ainda esteja dentro 
da faixa recomendada de consumo, há uma 
Sabendo um pouco mais 
Fibra Alimentar 
O termo “fibra alimentar” refere-se às partes dos alimentos vegetais que resistem à 
digestão. 
As principais fontes de fibras são os alimentos vegetais como grãos, tubérculos e raízes, 
as frutas, legumes e verduras, leguminosas e outros vegetais, ricos em proteínas. Nenhum 
alimento de origem animal contém fibra alimentar. 
Os alimentos com alto teor de fibra são benéficos para a função intestinal. Elas reduzem 
o tempo que o alimento leva para ser digerido e eliminado e, por essa razão, previnem a 
constipação e possivelmente são fatores de proteção contra doenças diverticulares e contra o 
câncer do cólon (ROYAL COLLEGE OF PHYSICIANS, 1980; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 
1997). 
Os alimentos com alto teor de fibra podem também reduzir o risco de outras doenças. 
Existem algumas evidências de que os alimentos com alto teor de fibra, de uma forma geral, e em 
particular os que contêm fibras solúveis (aveia, feijão e inhame, por exemplo), protegem contra a 
hiperlipidemia (excesso de gordura no sangue) e também são benéficos para pessoas com 
diabetes (ENGLYSTH, 1993; TROWELL e BURKITT, 1981; TROWELL et al., 1985). 
A quantidade de fibras na alimentação é um parâmetro de uma alimentação saudável, 
pois indica que a alimentação é rica em alimentos vegetais integrais e relativamente pouco 
refinados, e por isso rica em vitaminas, minerais e outros nutrientes (WORLD CANCER RESEARCH 
FUND, 1997; UNITED NATIONS ADMINISTRATIVE COORDINATING COMMITTEE, 2000). 
Recomenda-se um consumo diário de no mínimo 25g/dia de fibras. Se a alimentação 
adotar a quantidade de cereais, tubérculos e raízes (Diretriz 1) 
; de frutas, legumes e verduras 
; e de feijões e outros alimentos vegetais ricosemproteínas , recomendados 
(Diretriz 2) (Diretriz 3) 
neste guia, essa quantidade de fibras é atendida. 
Alguns exemplos de quantidade média de fibra nos alimentos: maçã com casca - 3g; 
banana - 2g; laranja média - 3g; 1/2 xícara de brócolis - 2g; cenoura média - 2g; tomate médio - 2g; 
1 xícara de alface - 1g; 1 fatia de pão integral - 2g; 1/2 xícara de arroz integral - 2g. 
Os alimentos processados no Brasil especificam o conteúdo de fibras. Para mais 
informações sobre a rotulagem de alimentos, consulte a seção 
“Utilizando o Rótulo dos 
Alimentos” (página 117).
62 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
tendência de queda preocupante, necessitando ser 
revertidaemcurto tempo. 
Governo e setor produtivo de alimentos 
- Promover a produção, processamento, comer-cialização 
e consumo de todos os tipos de 
leguminosas e oleaginosas, principalmente as 
originárias do Brasil, valorizando os hábitos 
alimentares regionais. 
- Fomentar mecanismos de redução dos custos de 
produção e comercialização de leguminosas, 
sementes e castanhas. 
- Assegurar a utilização de feijão e outras 
leguminosas, de acordo com os hábitos alimentares 
locais, em programas de alimentação nas escolas, 
creches e outras instituições. 
- Desenvolver ações de valorização da culinária 
nacional que promovam o consumo de preparações e 
alimentos saudáveis, inclusive por meio de campanhas 
educativaseinformativasnosmeiosdecomunicação. 
Família 
- Coma 1 porção de feijão por dia 
. Varie os tipos de 
feijões usados (preto, carioquinha, verde, de-corda, 
branco e outros) e as formas de preparo. Use 
também outros tipos de leguminosas (soja, grão-de-bico, 
ervilha seca, lentilha, fava). 
- Coma feijão com arroz na proporção de uma parte 
de feijão para duas partes de arroz, cozidos. Esse 
prato brasileiro é uma combinação completa de 
proteínas ebompara a saúde. 
Considerações e informações adicionais 
Os alimentos vegetais mais ricos em 
proteínas são as leguminosas; quando cozidos, 
contêm 6% a 11% de proteína. As leguminosas 
incluem os feijões verde, branco, jalo, preto, largo, 
flageolé, carioquinha, azuki, da-colônia, mantei-guinha, 
rim, mungo, pinto, fradinho, decorda ou 
macassar, guandu ou andu, mangalô e também as 
lentilhas, ervilhas secas, fava, soja e grão-de-bico. 
Para efeito deste guia, a palavra “ feijões 
” abrange 
todos esses tipos de leguminosas. 
Os feijões contêm ainda carboidratos 
complexos (amido) e são ricos em fibra alimentar, 
vitaminas do complexo B, ferro, cálcio e outros 
minerais, bem como em compostos bioativos. 
Contêm pequenas quantidades de gordura, quase 
toda do tipo insaturada. São normalmente 
preparados e cozidos a partir de sua forma seca, 
retendo grande parte de seus nutrientes originais. 
Embora sejam ricos em ferro, esse 
nutriente é menos disponível que o fornecido por 
alimentos de origem animal, como as carnes, prin-cipal 
fonte de ferro da alimentação, que contêm 
ferro de maior biodisponibilidade (a utilização pelo 
organismo do ferro nos alimentos de origem animal 
é muito maior do que o ferro contido nos alimentos 
de origem vegetal). 
Para aumentar a utilização biológica do 
ferro e de outros minerais de origem vegetal, 
recomenda-se o consumo concomitante de 
alimentos ricos em vitamina C, provenientes das 
frutas, legumes e verduras (HALLBERG et al., 1993). 
A soja é uma leguminosa que, 
diferentemente das demais, é composta por 
proteínas de alto valor biológico, ou seja, que se 
assemelha às proteínas de origem animal. 
As sementes (de girassol, gergelim, 
abóbora e outras) e castanhas (do-brasil, de-caju, 
nozes, nozes-pecã, amêndoas, dentre outras) são 
também boas fontes de proteína e gordura, na sua 
maior parte insaturada, vitaminas (ácido fólico, 
niacina) e minerais (zinco, selênio, magnésio, 
potássio, dentre outros). Existem evidências de que 
as castanhas contribuem para reduzir o risco de 
doenças cardíacas, diabetes e algumas formas de 
câncer. Podem ser utilizadas como complemento de 
pratos e em lanches. É recomendável que o 
consumo seja nas formas assada e sem sal, uma vez 
que muitas delas já contêm naturalmente grande 
quantidade de gordura. 
A maior parte da proteína da alimentação 
típica brasileira era originariamente fornecida pela 
combinação de feijão e arroz. As proteínas dos 
feijões combinadas com a do arroz (cereais), cozidos 
na proporção de 
1 parte de feijão para 2 partes de 
, são uma fonte completa de proteína para os 
arroz 
seres humanos 
(DE ANGELIS ET AL, 1982a; 1982b; 
. Já a alimentação constituída 
SOUZA, 1973) 
basicamente por mandioca e feijão, tradicio-nalmente 
representada pela farinha com feijão, é 
deficiente em proteínas, bem como em outros 
nutrientes essenciais, se contiver pouco grão e 
pouca carne ou outro alimento de origem animal. 
Os dados nacionais disponíveis, que 
permitem estimar o consumo alimentar domiciliar,
DIRETRIZ 6 - GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 63 
DIRETRIZ 4 - Feijões e outros alimentos vegetais ricos em proteína 
revelam uma tendência de queda no consumo de 
feijões pela população, em prol de alimentos 
industrializados e menos saudáveis. Entre 1974 e 
2003, a participação relativa de feijão e outras 
leguminosas no total energético da alimentação 
caiu em 31% (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEO-GRAFIA 
E ESTATÍSTICA, 2004a). 
Esse grupo de alimentos, além de boa 
fonte de proteínas, fibras, vitaminas e minerais, é 
uma fonte importante de energia para famílias de 
mais baixa renda. Em 2003, os feijões contribuíram 
com 5,68% do total de calorias, considerando toda a 
população. Desagregados por classe de rendimento 
familiar per capita 
(SMFPC), os dados mostram que a 
contribuição foi de 9,7% na classe de rendimento de 
até 1/4 do salário mínimo familiar 
per capita 
(SMFPC), enquanto que na classe de maior 
rendimento (mais de 5 SMFPC) a contribuição 
relativa foi de 4,49%. A participação dos feijões no 
valor energético da alimentação diminui com o 
aumento da renda, de tal forma que nas classes de 
renda mais elevada o consumo é menos da metade 
que na classe de famílias mais pobres (INSTITUTO 
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2004a). 
A diminuição no consumo de feijões 
resultou em uma redução importante na ingestão 
de fibra alimentar, que era de 20g na década de 70 e 
de 12g na década de 90 (MENEZES et al., 2000). 
Considerando a importância nutricional da 
combinação arroz e feijão, ela deve ser resgatada 
ou mantida, valorizada e incentivada como 
elemento central da alimentação da população 
brasileira, pois há evidências de que este prato está 
perdendo importância e valor no hábito alimentar. 
Sabendo um pouco mais 
Proteínas 
Alimentos de origem animal, tais como carne de todos os tipos, leite e derivados e ovos, 
são nutritivos e boas fontes de proteínas. Essas proteínas são completas, o que significa que elas 
contêm todos os aminoácidos essenciais de que os seres humanos necessitam para o crescimento e 
a manutenção do corpo, mas que o organismo não é capaz de produzir (GARLICK; REEDS, 1993). Já 
os alimentos de origem vegetal podem ser ricos em proteínas; mas, com exceção da soja, elas são 
incompletas, ou seja, não possuem todos os aminoácidos essenciais ou na quantidade adequada 
às necessidades do ser humano. No entanto há algumas combinações de alimentos que 
complementam entre si os aminoácidos ou suas quantidades, tornando a combinação de 
proteínas de alto valor biológico (completa). Por exemplo, as refeições que combinam grãos de 
cereais e leguminosas são fontes completas de proteínas. Essas combinações têm vantagens. Os 
cereais e leguminosas são relativamente mais baratos que a carne; são integrais e, em geral, 
altamente nutritivos e, ao contrário da carne, têm baixos teores de gorduras e teor muito baixo de 
gorduras saturadas.Oequilíbrio e a harmonia na escolha das fontes protéicas animal e vegetal e a 
inclusão de grandes quantidades de frutas, legumes e verduras tornam a alimentação saudável 
emtodos os aspectos. 
No passado, acreditava-se que as crianças e também os adultos fisicamente ativos 
precisavam consumir alimentação com alto teor de proteína de origem animal. Hoje, sabe-se que 
não é assim. Uma alimentação rica em proteínas animais contém altos teores de gorduras totais e 
de gorduras saturadas, portanto pode não ser saudável. A alimentação recomendada neste guia 
tem como base quantidades essenciais e adequadas de proteínas vegetais e de origem animal, 
tanto para o crescimento de crianças maiores de 2 anos quanto para saúde dos adolescentes, 
adultos jovens e idosos (FOODANDAGRICULTURE ORGANIZATION, 1985).
64 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Orientações complementares 
Profissionais de Saúde 
- Os níveis atuais do consumo médio nacional de 
feijão estão dentro do recomendado; no entanto, a 
ação dos profissionais de saúde deve promover a 
manutenção desses níveis ou mesmo o aumento dos 
níveis do consumo. Pelo menos metade da ingestão 
diária de proteínas deveria ser de origem vegetal, 
não havendo inconveniência para a saúde se essa 
quantidade for ultrapassada. 
- Para melhor aproveitar o ferro existente nesses 
alimentos (aumento da biodisponibilidade do 
ferro), é adequado orientar o consumo de verduras 
ricas em vitamina C, junto com os feijões, ou 
temperar saladas com limão. A presença de um 
pedaço de carne na refeição, mesmo que pequeno, 
também aumenta a absorção do ferro de origem 
vegetal, se esses alimentos forem consumidos 
juntos. 
- É recomendado que leite e derivados não sejam 
consumidos junto às refeições principais (almoço e 
jantar), pois o cálcio interfere negativamente na 
absorção do ferro de origem vegetal e vice-versa. 
- Para assegurar refeições saudáveis, é preferível 
que os feijões não sejam preparados com carnes 
gordas ou embutidos, pois isso eleva muito o teor de 
gorduras saturadas e de sal, minimizando o efeito 
positivo do consumo de leguminosas. Feijoada e 
feijões com carnes gordas devem ser eventual ou 
ocasionalmente consumidos.
5Leite Diretrize derivados, 
carnes e ovos
67 
Todos 
- Leite e derivados, principais fontes de cálcio na 
alimentação, e carnes, aves, peixes e ovos fazem 
parte de uma alimentação nutritiva que contribui 
para a saúde e para o crescimento saudável. 
- Os tipos e as quantidades desses alimentos devem 
ser adequados às diferentes fases do curso da vida. 
Leites e derivados devem ser preferen-cialmente 
desnatados, para os adultos, e integrais para 
crianças, adolescentes e gestantes. 
Profissionais de saúde 
Orientar: 
- O consumo diário de 
derivados; 
- O consumo diário de 
3 porções de leite e 
1 porção de carnes, peixes ou 
ovos. 
- Sobre o alto valor biológico das proteínas presentes 
nos ovos, carnes, peixes, leite e derivados.; 
- Sobre a alta biodisponibilidade do ferro presente 
nas carnes, principalmente nos miúdos e nas vísceras 
e peixes; 
- E informar que leite e derivados são fontes de 
proteínas, vitaminas e a principal fonte de cálcio da 
alimentação, nutriente fundamental para a 
formação e manutenção da massa óssea. O 
consumo desse grupo de alimentos é importante 
em todas as fases do curso da vida, particularmente 
na infância, na adolescência, na gestação e para 
adultos jovens; 
- A escolha de produtos que contenham menor teor 
de gordura. O leite e seus derivados, para adultos 
que já completaram seu crescimento, deve ser 
preferencialmente desnatado. Crianças, 
particularmente, adolescentes e gestantes devem 
consumir leite e derivados na forma integral, desde 
que não haja contra-indicação em seu uso, definida 
por médico ou nutricionista. 
Governo e setor produtivo de alimentos 
- Promover a produção, o processamento, a 
comercialização e o consumo de leite e laticínios e 
outros alimentos de origem animal com baixos 
teores de gordura, tornando-os mais acessíveis - 
física e financeiramente - a toda a população. 
- Aumentar a disponibilidade interna de peixes por 
meio da produção sustentável e incentivar o seu 
consumo por toda a população. 
Família 
Consuma diariamente: 
- 3 porções de leite e derivados 
. Os adultos, sempre 
que possível, devem escolher leite e derivados com 
menores quantidades de gorduras. Crianças, 
adolescentes e mulheres gestantes devem consumir 
a mesma quantidade de porções, porém usando 
leite e derivados na forma integral; 
- 1 porção de carnes, peixes ou ovos 
. Prefira as 
carnes magras e retire toda a gordura aparente 
antes da preparação; 
- Coma mais frango e peixe e sempre prefira carne 
com baixo teor de gordura. Charque e derivados de 
carne (salsicha, lingüiça, presuntos e outros 
embutidos) contêm, em geral, excesso de gorduras 
e sal e somente devem ser consumidos ocasio-nalmente; 
- Coma pelo menos uma vez por semana vísceras e 
miúdos, como o fígado bovino, coração de galinha, 
entre outros. Esses alimentos são excelentes fontes 
de ferro, nutriente essencial para evitar anemia, em 
especial em crianças, jovens, idosos e mulheres em 
idade fértil. 
Considerações e informações adicionais 
Os seres humanos são onívoros, isto é, 
alimentam-se de uma enorme variedade de 
alimentos tanto de origem vegetal como animal. 
Desde a pré-história, a carne e os outros alimentos 
de origem animal fazem parte do consumo 
alimentar humano. 
Alimentos de origem animal incluem 
carnes e miúdos, aves, peixe e ovos, bem como leite, 
queijo e outros derivados do leite. No Brasil, as 
carnes mais comuns são as carnes bovinas, suínas e 
de aves (frango principalmente). Peixes de água 
doce e de água salgada são abundantes no Brasil, o 
que favorece o consumo de grande variedade de 
espécies. 
Os alimentos de origem animal são 
nutritivos, desde que consumidos com moderação. 
O consumo moderado é recomendado devido ao 
alto teor de gorduras saturadas nesses alimentos, 
que aumentam o risco de desenvolvimento da 
obesidade, de doenças cardíacas e outras doenças, 
incluindo alguns tipos de câncer (WORLD HEALTH 
ORGANIZATION, 1990b; DEPARTMENT OF HEALTH 
AND SOCIAL SECURITY, 1994; WORLD CANCER 
DIRETRIZ 5 - Leite e derivados, carnes e ovos
68 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Sabendo um pouco mais 
Alimentação Vegetariana 
Todos os tipos de carne e não somente a carne vermelha e o frango são fontes 
importantes de ferro de alta biodisponibilidade, nutriente importante para todas as pessoas, mas 
essencial para o crescimento das crianças e também para as mulheres em idade fértil, 
principalmente durante a gravidez. Os produtos de origem animal são fontes exclusivas de 
vitamina B12. Essa vitamina participa da formação das células vermelhas do sangue e no 
metabolismo de ácidos graxos. Sua deficiência leva, por exemplo, à anemia e a danos 
neurológicos. 
O leite, independentemente de seu conteúdo de gordura, é a principal fonte alimentar 
de cálcio, que juntamente com a vitamina D (sintetizada pelo organismo a partir da luz do sol), é 
necessário para o fortalecimento dos ossos durante a fase de crescimento (NATIONAL RESEARCH 
COUNCIL, 1989b). A atividade física regular ajuda na fixação do cálcio nos ossos. Por tudo isso, 
carnes vermelhas, aves, peixes, leite e derivados são nutritivos. O principal cuidado em relação ao 
consumo desses alimentos está relacionado ao conteúdo de colesterol, gordura total e gordura 
saturada que os compõem. 
Ao longo da história, na maioria das civilizações, os seres humanos consumiram carne e 
outros alimentos de origem animal. Por outro lado, algumas culturas e grupos não consomem 
carne, laticínios ou qualquer outro tipo de alimento de origem animal, seja por motivos religiosos, 
filosóficos ou por preferência e são populações saudáveis. Estudos nos EUA e na Inglaterra 
indicaram que os vegetarianos estão sujeitos a um menor risco de doenças cardíacas e de câncer, 
mas esses grupos têm também a tendência a não se expor a outros fatores de risco como o hábito 
de fumar, o que pode interferir nesse resultado (WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997). Outros 
estudos demonstram que indivíduos vegetarianos não apresentam risco maior de desenvolver 
osteoporose, quando comparados com não-vegetarianos (LEITZMANN, 2005; KOHLENBERG-MUELLER; 
RASCHKA, 2003; NEW, 2003; SELLMEYER et al., 2001; HEANEY, 2001; REED et al., 1994). 
Asoja, que tem participação importante nas dietas vegetarianas, apresenta menor quantidade de 
aminoácidos sulfurados do que as carnes vermelhas. Esse tipo de aminoácido está relacionado ao 
aumento de excreção de cálcio e, conseqüentemente, ao aumento do risco de desenvolvimento 
de osteoporose (COELHO, 1995). 
Quando a alimentação fornece quantidade adequada de ácido ascórbico (vitamina C), a 
absorção do ferro oriundo dos alimentos vegetais é melhorada. 
Portanto, uma alimentação vegetariana nutricionalmente adequada pode ser capaz de atender 
às necessidades nutricionais. Ao optar por uma alimentação vegetariana, é importante a consulta 
a um nutricionista de maneira a garantir a adequada substituição e combinação dos alimentos e 
não aumentar o risco à saúde por inadequação alimentar. Quanto mais restrita a alimentação, isto 
é, se exclui, além das carnes, leite e derivados e/ou ovos, mais importante ainda é essa orientação, 
especialmente se adotada por crianças, adolescentes, mulheres em idade fértil, gestantes e 
idosos. 
A alimentação vegetariana de qualquer tipo pode ser saudável ou não, dependendo dos 
alimentos escolhidos. Conhecer os alimentos e suas características nutricionais e saber compor 
uma alimentação, com mistura e variedade adequadas de alimentos, é o que torna ou não a 
alimentação vegetariana saudável.
DIRETRIZ 6 - GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 69 
DIRETRIZ 5 - Leite e derivados, carnes e ovos 
Sabendo um pouco mais 
Cálcio x Osteoporose 
O tecido ósseo é um tecido orgânico ativo: seu metabolismo envolve a fixação e a saída 
do cálcio dos ossos (reabsorção). Nas fases do curso de vida quando os ossos estão sendo formados 
- infância e adolescência -, a fixação do cálcio é maior do que a sua reabsorção. 
O ser humano atinge o pico de massa óssea por volta dos 25 anos de idade. A partir dessa 
idade, a velocidade de fixação do cálcio nos ossos diminui progressivamente. Uma das 
conseqüências do envelhecimento é a perda de massa óssea que torna os ossos mais frágeis e a 
pessoa, às vezes, reduz de tamanho. 
Se a quantidade de cálcio fixada é menor do que a reabsorvida, a massa óssea vai 
tornando-se menos densa, podendo ocasionar a osteoporose. A osteoporose vem despontando 
nas últimas décadas como um importante problema de saúde pública. É uma doença que diminui 
a quantidade de massa óssea, levando à fragilidade dos ossos e aumentando o risco e a incidência 
de fraturas, em particular as vertebrais e femurais. Estima-se que 1/3 das mulheres com mais de 50 
anos apresente risco de desenvolver osteoporose. 
O consumo excessivo de sódio é muito prejudicial, podendo levar ao aparecimento da 
osteoporose (MCBEAN et al., 1994). Este é mais um motivo para orientar o consumo moderado de 
sal e evitar alimentos processados com alto teor de sódio. Também o consumo elevado de carnes 
vermelhas, devido ao seu elevado teor de aminoácidos sulfurados, está relacionado ao maior risco 
de osteoporose, sendo este mais um motivo para a recomendação de consumo moderado desse 
grupo de alimentos (COELHO, 1995) . 
A osteoporose é uma doença que não tem cura, apenas controle, portanto medidas de 
prevenção e promoção devem ser feitas precocemente. A melhor prevenção é uma dieta 
adequada na infância e na adolescência, a fim de se garantir quantidade adequada de ingestão 
de cálcio, contribuindo para a boa formação do tecido ósseo. A manutenção da dieta saudável no 
decorrer da vida adulta, associada à prática de exercícios físicos e exposição solar também são 
ações importantes. 
O leite é a melhor fonte de cálcio na alimentação. No Brasil, há uma aparente tendência 
de redução no consumo de leite pela população. Isto é particularmente preocupante quando se 
observa que as crianças e jovens vêm substituindo o consumo de leite por refrigerantes. Essa 
tendência repercute negativamente sobre a saúde óssea por dois caminhos: primeiro, a 
disponibilidade adequada de cálcio nas fases de crescimento e desenvolvimento pode ser 
comprometida e, segundo, as substâncias contidas no refrigerante impedem a fixação do cálcio 
na matriz óssea. Nessas fases do curso da vida, ocorreumrápido crescimento dos tecidos muscular, 
esquelético e endócrino, aumentando a necessidade nutricional desse nutriente. 
O consumo regular de leite e derivados associado à recomendação de exposição ao sol, 
observando os horários adequados para evitar problemas de superexposição aos raios solares, e à 
prática de atividade física em quaisquer fases do curso da vida deve ser estimulado e incentivado 
pelos profissionais de saúde. 
Crianças de 3 e de 4 a 8 anos necessitam, respectivamente, de 500mg e 800mg de cálcio 
por dia (INSTITUTE OF MEDICINE, 2000). Considerando pré-escolares (1 a 6 anos) e os escolares (7 a 
14 anos), o atendimento das necessidades de cálcio requer o consumo de 3 copos (600ml) e de2a3 
copos (400ml a 600ml) de leite por dia. A necessidade diária de cálcio dos adolescentes de ambos 
os sexos é de 1.300mg e, entre idosos, de 1.200mg. As necessidades de cálcio para gestantes 
também são maiores: adolescentes grávidas, 1.300mg/dia, e gestantes adultas, 1.000mg/dia.
70 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
RESEARCH FUND, 1997; UNITED NATIONS 
ADMINISTRATIVE COORDINATING COMMITTEE, 
2000). Os alimentos de origem animal também 
contêm colesterol, um componente lipídico que 
pode se acumular nos vasos sangüíneos, 
constituindo risco para doenças cardíacas (DEPART-MENTOF 
HEALTHANDSOCIAL SECURITY, 1994). 
As carnes e os peixes, de modo geral, são 
boas fontes de todos os aminoácidos essenciais, 
substâncias químicas que compõem as proteínas, 
necessárias para o crescimento e a manutenção do 
corpo humano, bem como são fontes importantes 
de ferro de alta biodisponibilidade e vitamina B12; 
peixes são também boas fontes de cálcio. 
As carnes bovinas, de aves e de peixes 
contêm cerca de 20% de proteína, variando de 4% 
ou menos, para os animais selvagens e peixe de 
carne branca, a 30% a 40%, para as carnes dos 
animais provenientes de produção pecuária. As 
carnes bovinas e de aves são fontes de vitaminas B6 
e B12 e de zinco e selênio de fácil absorção. 
Particularmente, os miúdos (vísceras) são 
ricos em ferro e devem compor a alimentação de 
crianças, adolescentes, gestantes e idosos, pelo 
menos, uma vez por semana. Mais que isso não é 
recomendado, uma vez que também possuem alto 
teor de gorduras saturadas e de colesterol. A 
alimentação monótona, com poucos alimentos de 
origem animal, aumenta o risco de deficiência de 
ferro (anemia ferropriva), que retarda o 
desenvolvimento físico e mental. 
Os peixes contêm menor quantidade 
desses nutrientes, mas são ricos em ácidos graxos 
essenciais. Já os mariscos contêm proteínas e 
gordura e têm grandes quantidades de colesterol. 
Outro nutriente vital, o zinco, é necessário 
para o crescimento e desenvolvimento dos músculos 
e está disponível nos alimentos de origem animal 
(NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989b; WORLD 
BANK, 1994; UNITED NATIONS ADMINISTRATIVE 
COORDINATING COMMITTEE,2000). Alguns 
alimentos de origem vegetal também são boas 
fontes de zinco: semente de abóbora, grãos de 
feijão e soja cozidos, as castanhas, dentre outros. 
Os produtos derivados da carne, 
embutidos, hambúrgueres, salsichas e outros têm, 
em geral, quantidades bem maiores de gordura e 
alto teor de sal, devendo ser evitados. 
Os ovos contêm proteínas de alto valor 
biológico e gordura e têm grandes quantidades de 
colesterol; entretanto, algumas evidências têm 
mostrado que o consumo de ovos, 
em uma 
alimentação com níveis baixos de gorduras totais, 
parece não exercer efeitos negativos nos níveis 
plasmáticos de colesterol e, conseqüentemente, no 
aumento do risco de doenças cardiovasculares. Uma 
explicação para isso seria o fato de que 50% da 
gordura presente nos ovos é do tipo insaturada. 
Além disso, é boa fonte de vitaminas do complexo B 
(colina e biotina) (KATZ et al., 2005; HERRON et al., 
2003; HERRON et al., 2004; SONG; KERVER, 2000; 
KRITCHEVSKY; KRITCHEVSKY, 2000; HU et al., 
1999). Pelas suas características nutricionais, os ovos 
também são componentes de uma alimentação 
saudável, desde que consumidos com moderação, 
de acordo com a orientação dada para todos os 
alimentos de origem animal. 
O leite é uma fonte importante de 
riboflavina (vitamina B2) e principal fonte de cálcio 
na alimentação. Mesmo os leites com baixo teor de 
gordura e os desnatados são ricos em cálcio. Os 
derivados do leite, como o iogurte e o queijo 
branco, têm o mesmo perfil nutricional do leite, 
, que são 
exceto a manteiga e o creme de leite 
compostos praticamente de gordura. Atenção espe-cial 
deve ser dada ao consumo de iogurtes e bebidas 
lácteas industrializadas com sabores e outros 
ingredientes, pois podem conter uma quantidade 
considerável de açúcar acrescentado durante a 
fabricação do produto. Os iogurtes naturais são 
mais recomendados. 
Alguns alimentos de origem vegetal, como 
brócolis, repolho, couve e o tofu (queijo de soja), 
também são boas fontes de cálcio (LOPEZ et al., 
2003). O cálcio é necessário para o crescimento e 
desenvolvimento dos ossos e dentes. A manutenção 
da saúde óssea ao longo do curso da vida é 
garantida pelo consumo adequado de cálcio e 
outros nutrientes, associado à exposição das 
pessoas aos raios solares, o que auxilia o organismo 
a produzir vitamina D e à prática regular de 
atividade física. Esses dois últimos fatores são ainda 
mais importantes quando a alimentação tem um 
teor de cálcio abaixo do recomendado, pois 
auxiliam a sua fixação na matriz óssea. Para mais 
informações, veja box 
Sabendo um pouco mais 
“Cálcio X Osteoporose”, nesta seção.
DIRETRIZ 6 - GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 71 
As tendências nacionais de consumo desses 
grupos de alimentos, especialmente das carnes, são 
crescentes: em 1974, o consumo de carnes e de leite 
e derivados correspondia a 14,9% do consumo 
energético diário das famílias brasileiras; em 2003, 
essa participação foi de 21,2%. Por essas tendências, 
é prudente a manutenção da média de consumo 
atual da população; contudo, as famílias de menor 
poder aquisitivo, com alimentação monótona, 
podem necessitar de um aumento no consumo de 
alimentos de origem animal. Entre as 184 famílias 
mais pobres, o consumo de alimentos de origem 
animal corresponde a 11,7% do valor energético 
diário, comparado com uma participação de 24,1% 
entre as famílias de mais alta renda. 
Uma boa alternativa que deve ser 
incentivada é o consumo de peixes, pois contêm 
proteínas de alto valor biológico e gorduras 
insaturadas que não são prejudiciais à saúde. 
Embora o Brasil seja rico em produção de 
pescados, o consumo é baixo e foi reduzido à 
metade entre 1974 e 2003. Também os ovos 
apresentam uma clara tendência de queda de 
consumo (84%) nesse período. 
Orientações complementares 
Profissionais de Saúde 
- As carnes selecionadas para o consumo devem ser 
aquelas com menor quantidade de gordura. Uma 
orientação prática e importante é a retirada de 
toda a gordura aparente das carnes antes de sua 
preparação para consumo da família. 
- Os produtos derivados da carne, embu-tidos, 
hambúrgueres, salsichas e outros, têm 
quantidades bem maiores de gordura e alto teor 
de sal, devendo ser consumidos apenas ocasio-nalmente. 
- Para crianças, adolescentes e gestantes, é 
recomendado o consumo de leite e derivados 
integrais, porque nessas fases do curso da vida há 
necessidade de ácidos graxos essenciais 
importantes para a formação do tecido nervoso, 
que estão contidos na gordura do leite e 
derivados. Se houver justificativa clínica, o 
consumo de leite e derivados com baixo teor de 
gordura poderá ser prescrito por médico ou 
nutricionista individualmente. 
- Caso existam pessoas que adotem uma 
alimentação vegetariana, referencie-as para a 
orientação de um nutricionista, especialmente se 
forem crianças, adolescentes, gestantes e idosos. 
Governo e setor produtivo de alimentos 
São medidas complementares importantes 
para o alcance das metas dietéticas desta diretriz: 
- Estimular o desenvolvimento de métodos de 
produção/criação que resultem carnes com baixo 
teor de gordura; 
- Estimular a prática regular da atividade física para 
assegurar a saúde do sistema ósseo. 
DIRETRIZ 5 - Leite e derivados, carnes e ovos
72 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Sabendo um pouco mais 
Intolerância à Lactose e Alergia à Proteína do Leite 
Aintolerância à lactose é caracterizada pela deficiência de uma enzima digestiva - a 
lactase -, que diminui a capacidade de digestão da lactose (açúcar presente no leite). A 
lactose não digerida presente no intestino sofre fermentação pelas bactérias intestinais, 
podendo causar sintomas como irritação intestinal, flatulência (gases intestinais), distensão 
abdominal, cólicas e diarréia. 
No Brasil, estima-se que cerca de 37 milhões de brasileiros 
maiores de 15 anos 
apresentem intolerância à lactose. Desse total, cerca de dez milhões têm intolerância grave 
(SEVÁ-PEREIRA, 1996). A alergia ao leite de vaca é a alergia alimentar mais comum na faixa 
etária pediátrica, com relatos da literatura indicando uma prevalência de até 7% em 
crianças menores de 3 anos de idade. As manifestações clínicas são muito variadas, sendo as 
mais comuns cutâneas, gastrointestinais e respiratórias (CASTRO et al., 2005). 
Para indivíduos portadores dessas patologias, o leite e alguns de seus derivados não 
são considerados fontes adequadas de proteínas e de cálcio; portanto, é importante que 
pessoas com hipersensibilidade alimentar recebam orientação alimentar de um 
nutricionista.
Diretriz6Gorduras, 
acúcares e sal
DIRETRIZ 6 - GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 75 
Todos 
- As gorduras e os açúcares são fontes de energia. 
- O consumo freqüente e em grande quantidade de 
gorduras, açúcar e sal aumenta o risco de doenças 
como obesidade, hipertensão arterial, diabetes e 
doenças do coração. 
- Utilize sempre o sal fortificado com iodo (sal 
iodado). 
Profissionais de saúde 
Orientar: 
- A redução do consumo de alimentos com alta 
concentração de sal, açúcar e gordura para diminuir 
o risco de ocorrência de obesidade, hipertensão arte-rial, 
diabetes, dislipidemias e doenças 
cardiovasculares; 
- Sobre a importância da consulta e interpretação 
da informação nutricional e da lista de ingredientes 
nos rótulos dos alimentos para seleção de alimentos 
mais saudáveis. 
Emrelação ao consumo deGORDURAS 
Saber que: 
- A contribuição de gorduras e óleos, de todas as 
fontes, não deve ultrapassar os limites de 15% a 
30% da energia total da alimentação diária. Uma 
vez que os dados disponíveis de consumo alimentar 
no Brasil são indiretos e baseados apenas na 
disponibilidade domiciliar de alimentos, é 
importante que o consumo de gorduras seja 
limitado para que não se ultrapasse a faixa de 
consumo recomendada; 
- O total de gordura saturada não deve ultrapassar 
10%do total da energia diária; 
- O total de gordura trans consumida deve ser 
menor que 1% do valor energético total diário (no 
máximo 2g/dia paraumadieta de 2.000 kcal). 
Orientar: 
- O consumo máximo diário de 
1 porção de 
, dando 
alimentos do grupo dos óleos e gorduras 
preferência aos óleos vegetais, azeite e margarinas 
livres de ácidos graxos trans; 
- Sobre os diferentes tipos de óleos e gorduras e 
seus distintos impactos sobre a saúde. 
Emrelação ao consumo de AÇÚCARES 
Saber que: 
- O consumo de açúcares simples não deve 
ultrapassar 10% da energia total diária. Isso 
significa redução de, pelo menos,33%(um terço) na 
média atual de consumo da população. 
Orientar: 
- O consumo máximo diário de 
1 porção de 
alimentos do grupo dos açúcares e doces; 
- E informar que os açúcares são fonte de energia e 
podem ser encontrados naturalmente nos 
alimentos, como frutas e mel, ou ser adicionadosem 
preparações e alimentos processados; 
- A redução do consumo de alimentos e bebidas 
processados com alta concentração de açúcar e das 
quantidades de açúcar adicionado nas preparações 
caseiras e bebidas. 
Emrelação ao consumo de SÓDIO (sal) 
Saber que: 
- O consumo de sal diário deve ser 
no máximo de 
. Isso 
5g/dia (1 colher rasa de chá por pessoa) 
significa que o consumo atual médio de sal pela 
população deve ser reduzido à metade. Essa 
quantidade é suficiente para atender às neces-sidades 
de iodo. 
Orientar: 
- E informar que o sal de cozinha possui sódio. Este 
mineral quando consumidoemexcesso é prejudicial 
à saúde. 
- Que todo o sal consumido deve ser iodado. 
- Que o sal destinado ao consumo animal não deve 
ser utilizado pelas famílias das zonas rurais, pois 
esse sal não contém a quantidade de iodo 
necessária para garantir a saúde de seres humanos. 
- A redução do consumo de alimentos processados 
com alta concentração de sal, como temperos 
prontos, caldos concentrados, molhos prontos, 
salgadinhos, sopas industrializadas e outros. 
Governo e setor produtivo de alimentos 
- Investir no desenvolvimento de tecnologia que 
atenda aos princípios da alimentação saudável. 
DIRETRIZ 6 - Gorduras, açúcares e sal
76 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
- A redução substancial no consumo do sal, açúcares 
e gorduras exige mudanças imediatas nas práticas 
de industrialização de alimentos. 
- Desenvolver e adotar técnicas de produção de 
alimentos, a custos acessíveis, que resultem em 
produtos com menores quantidades de açúcares, 
gorduras e sal. Esse princípio deve nortear a 
produção industrial em geral e não ser restrito 
apenas para o grupo dos chamados “alimentos para 
fins especiais”. 
- Garantir que todo o sal para consumo humano 
seja iodado e atenda aos teores de iodação 
estabelecidos pela legislação nacional vigente. 
- Regulamentar o comércio, a propaganda e as 
estratégias de marketing 
de alimentos densamente 
energéticos (altos teores de gorduras e açúcar) e 
com teor elevado de sal. 
Família 
- Reduza o consumo de alimentos e bebidas 
concentrados em gorduras, açúcar e sal. Consulte a 
tabela de informação nutricional dos rótulos dos 
alimentos e compare-os para ajudar na escolha de 
alimentos mais saudáveis; escolha aqueles com 
menores percentuais de gorduras, açúcar e sódio. 
- Use pequenas quantidades de óleo vegetal 
quando cozinhar. Prefira formas de preparo que 
utilizam pouca quantidade de óleo, como assados, 
cozidos, ensopados, grelhados. Evite frituras. 
- Consuma não mais que 
1 porção por dia de óleos 
vegetais, azeite ou margarina sem ácidos graxos 
trans. 
- Consuma não mais que 
1 porção do grupo dos 
açúcares e doces por dia. 
- Reduza a quantidade de sal nas prepa-rações e 
evite o uso do saleiro à mesa. 
- A quantidade de sal por dia deve ser, 
no máximo, 
distribuídas em 
uma colher de chá rasa, por pessoa, 
todas as preparações consumidas durante o dia. 
- Utilize somente sal iodado. Não use sal destinado ao 
consumodeanimais.Eleéprejudicialàsaúdehumana. 
- Valorize o sabor natural dos alimentos, reduzindo 
o açúcar ou o sal adicionado a eles. 
- Acentue o sabor de alimentos cozidos e crus 
utilizando ervas frescas ou secas ou suco de frutas 
como tempero. 
Considerações e informações adicionais 
As gorduras e os açúcares são fontes de 
energia para o organismo. Além disso, as gorduras 
são fontes de ácidos graxos essenciais e de vitaminas 
lipossolúveis (A, D, E, K), que necessariamente 
devem ser veiculados pelos alimentos, pois o 
organismo não pode produzí-los. Assim, todos os 
seres humanos precisam de fonte de gordura. O 
importante é saber distinguir aquelas que são mais 
saudáveis e essenciais ao bom funcionamento do 
organismo daquelas que devem ser evitadas por 
prejudicar a saúde e consumi-las dentro das faixas 
recomendadas para a boa nutrição. No grupo de 
alimentos denominado “gorduras”, estão incluídas 
as margarinas e todos os óleos vegetais, como o de 
soja, milho, girassol, canola, algodão, bem como as 
gorduras de origem animal (banha, manteiga, leite 
e laticínios e a própria gordura que compõem as 
carnes). Para mais informações, veja box 
Sabendo 
um pouco mais ”Os Diferentes Tipos de Gorduras”, 
nesta seção. 
O açúcar é usado para adoçar e preservar 
alimentos e bebidas industrializados e os caseiros. 
Ao contrário de alguns tipos de gorduras, o açúcar 
não é necessário ao organismo humano. Ele 
pertence ao grupo dos carboidratos, portanto, a 
energia requerida pelo nosso organismo pode ser 
adquirida pelos grupos de alimentos-fonte de 
carboidratos complexos (amidos) e não de açúcares 
simples. Mas, o ser humano, desde que nasce, tem 
uma preferência por alimentos com sabor doce, o 
que explica o grande consumo e preferência por 
esse tipo de alimento. O aumento da disponi-bilidade 
e do consumo de açúcar - diretamente ou 
incorporado aos alimentos industrializados - tem 
efeitos prejudiciais à saúde. Para mais informações, 
veja box - Sabendo um pouco mais “Carboidratos” 
(página 43) . 
Os alimentos com alta concentração de 
energia (gorduras e açúcares) estão relacionados ao 
aumento da incidência do excesso de peso e da 
obesidade e de DCNT, cujo risco é aumentado pela 
obesidade (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989a; 
WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1990b, 2000a, 
2003a; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; 
U N I T E D N A T I O N S A D M I N I S T R A T I V E 
COORDINATING COMMITTEE, 2000). 
O sal de cozinha cloreto de sódio é usado 
como tempero para realçar o sabor dos alimentos
DIRETRIZ 6 - GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 77 
DIRETRIZ 6 - Gorduras, açúcares e sal 
nas preparações caseiras e também na conservação 
de alimentos.Ocloreto de sódio e outros compostos 
químicos que contêm sódio em sua composição por 
exemplo, o glutamato de sódio são muito usados 
também pela indústria de alimentos no 
processamento de inúmeros produtos. O consumo 
de sal, de todas as fontes (adicionado às 
preparações caseiras ou o utilizado no 
processamento de alimentos e preparações 
industriais), deve ser limitado de maneira a reduzir 
o risco de doenças coronarianas. 
Gorduras 
As gorduras e os óleos são muito 
concentradosemenergia, fornecendo 900kcal/100g 
(comparativamente, proteínas e carboidratos 
fornecem 400kcal/100g), mas todas as pessoas 
precisam consumir alguma gordura. 
Pela sua alta concentração de energia, 
facilmente armazenada no organismo, os seres 
humanos evoluíram com uma “fome de gordura”. 
Essas reservas corporais viabilizavam a sobrevi-vência 
em períodos de migração ou escassez de alimentos. 
Os nossos ancestrais, inicialmente agricultores e 
camponeses, tinham sua alimentação composta, na 
sua maioria, por alimentos frescos e in natura 
ou 
processados minimamente. Essa alimentação 
continha cerca de 20% a 25% de gordura, medida 
como porcentagem de energia total (TROWELL e 
BURKITT, 1981;EATONet al., 1988). 
A maioria dos alimentos, mesmo os 
vegetais, contém alguma gordura. Por exemplo, dos 
grãos como arroz e milho, de sementes como 
girassol e de leguminosas como a soja são extraídos 
óleos vegetais, largamente utilizados no preparo de 
alimentos. Outros vegetais, como abacate, coco e 
azeitonas, têm alto teor de gordura. Os óleos de 
dendê, buriti e pequi, além de fornecer energia, são 
muito ricos em carotenóides, os precursores da 
vitamina A (BRASIL, 2002b). As carnes e os órgãos 
(miúdos) de muitos animais, bem como alguns tipos 
de peixes, contêm gordura. 
Sabendo um pouco mais 
Colesterol 
O colesterol é uma gordura que está presente apenas em alimentos de origem animal e 
também é produzida pelo fígado. É umcomponente das paredes celulares e precursor de muitos 
hormônios (estrógeno e testosterona) e de ácidos biliares. O colesterol participa ainda dos 
processos de absorção das gorduras e da síntese de vitamina D.Oorganismo é capaz de sintetizar 
o suficiente para cobrir as necessidades metabólicas; dessa maneira, não há necessidade de 
consumo externo desse composto, por meio da alimentação; no entanto, pode haver uma 
elevada ingestão de colesterol alimentar proveniente das carnes, vísceras, ovos e laticínios. 
O colesterol sérico pode ser classificado em vários tipos, de acordo com suas funções e 
propriedades, destacando-se os dois mais importantes, que são o HDL e o LDL-colesterol.O HDL-colesterol, 
lipoproteína de alta densidade, é responsável pelo transporte do colesterol dos 
diferentes tecidos do corpo para o fígado, freqüentemente associado a um menor risco de 
doenças cardíacas. O LDL, colesterol ligado a lipoproteínas de baixa densidade, é responsável 
pelo transporte do colesterol nos diferentes tecidos orgânicos. O LDL-colesterol atua sobre as 
paredes internas dos vasos sangüíneos, favorecendo a formação de depósitos de gordura e 
células nas paredes das artérias, levando ao seu estreitamento, que prejudica o fluxo sangüíneo. 
Por isso, o LDL é considerado como o “colesterol mal” e está associado a maior risco de doenças 
cardíacas. Esses dois tipos de colesterol são encontrados apenas no sangue e não nos alimentos.A 
alimentação que contém baixos níveis de gordura saturada e colesterol favorece a redução no 
LDL circulante. Adicionalmente, a atividade física eleva a quantidade de HDL circulante. Essas 
evidências também fundamentam a diretriz deste guia que recomenda a moderação no 
consumo de alimentos de origem animal, dando preferência àqueles com menores teores de 
gorduras.
78 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Sabendo um pouco mais 
Os Diferentes Tipos de Gorduras 
Do ponto de vista da saúde, há três aspectos que se deve saber sobre as gorduras e óleos 
de origem animal e vegetal. Primeiro, as gorduras e óleos são produtos de alta concentração 
energética: fornecem 900kcal/100g. Isso é mais do que o álcool e duas vezes mais do que os 
carboidratos e as proteínas. Segundo, existem tipos diferentes de gordura com impactos 
diferentes na saúde. Terceiro, o impacto das gorduras e dos óleos na saúde depende em grande 
parte do tipo de alimento consumido e do nível de atividade física. 
Os alimentos, tais como óleos vegetais, margarinas, banha de porco, gordura vegetal 
hidrogenada e manteiga, são constituídos por praticamente 100% de gordura; mas as gorduras 
também compõem muitos outros alimentos de origem animal ou vegetal, seja como componente 
natural ou como ingrediente adicionado aos produtos industrializados ou às preparações 
caseiras. Uma grande variedade de produtos industrializados e mesmo caseiros, como bolos, 
tortas, biscoitos e chocolates, é elaborada com uma combinação de gordura e açúcar que deve ter 
o consumo reduzido e controlado, pois aumenta o risco de ocorrência de DCNT. 
As gorduras são distintas em suas propriedades físicas e químicas. São essas 
características que podem ser mais ou menos benéficas para a saúde humana. É com base nessas 
características que se classificam as gorduras em saturadas e insaturadas; portanto, embora as 
gorduras componham uma alimentação saudável, a quantidade e o tipo de gordura devem ser 
observados. 
aumentam o risco de dislipidemias como também de doenças 
Gorduras saturadas: 
cardíacas. As principais fontes são alimentos de origem animal (manteiga, banha, toucinho e 
carnes e seus derivados, leite e laticínios integrais), embora alguns óleos vegetais sejam ricos nesse 
tipo de gordura (óleo de coco). Essas gorduras são prejudiciais à saúde. A alimentação composta 
por grandes quantidades de carnes, derivados de carne e de leite e laticínios integrais são, por 
essa razão, uma causa importante das doenças cardíacas (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1998a; 
WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1990a; DEPARTMENT OF HEALTH AND SOCIAL SECURITY, 
1994). É recomendável que o total de energia da alimentação fornecido pelas gorduras saturadas 
seja menor do que 10%. 
dividem-se em dois tipos: . 
As gorduras insaturadas monoinsaturadas e poliinsaturadas 
Ao contrário das gorduras saturadas, as insaturadas não causam problemas de saúde, exceto 
quando consumidasemgrande quantidade. 
: as principais fontes são azeite de oliva, óleos vegetais 
Ácidos graxos monoinsaturados 
(girassol, canola e arroz), azeitona, abacate e oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas). A 
quantidade recomendada desse tipo de gordura é calculada pela diferençaemrelação à soma dos 
demais [gordura total - (gordura saturada + gordura poliinsaturada + gordura trans)], para 
completar o percentual total recomendado para gorduras totais. 
algumas gorduras poliinsaturadas são essenciais para 
Ácidos graxos poliinsaturados: 
manutenção da saúde e da própria vida. As principais fontes são os óleos vegetais (óleos de 
algodão, milho, soja, girassol e de linhaça) e óleo de peixe. Os peixes em geral são ricos em ácidos 
graxos poliinsaturados (DEPARTMENT OF HEALTH AND SOCIAL SECURITY, 1994). Por isso, 
recomenda-se incentivar o consumo de peixes no Brasil. O teor recomendado de consumo de 
gorduras desse tipo é de 6%a10%do total de energia diária. 
é um tipo de gordura obtido principalmente do processo de indu-stria- 
Ácidos graxos trans: 
lização de alimentos, a partir da hidrogenação de óleos vegetais. Recomenda-se, no 
máximo, que 1% do valor energético da alimentação diária seja proveniente desse tipo de 
gordura. Esse tipo de gordura é tão ou mais prejudicial à saúde que as gorduras saturadas. 
Para mais informações, veja box 
Sabendo um pouco mais “Hidrogenação”, nesta seção.
DIRETRIZ 6 - GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 79 
As gorduras são de diferentes tipos e, de 
acordo com isso, podem ser mais ou menos 
prejudiciais à saúde. A gordura saturada 
está 
presente em alimentos de origem animal, é sólida à 
temperatura ambiente e seu consumo deve ser 
moderado. A OMS recomenda que não mais que 
10% do total de energia consumida seja fornecida 
por esse tipo de gordura. A 
gordura vegetal 
também chamada 
hidrogenada gordura trans 
deve ser evitada, pois é prejudicial à saúde e está 
presenteemmuitos alimentos processados. 
As gorduras insaturadas 
, naturalmente 
presentes nos óleos vegetais, são fontes de ácidos 
graxos essenciais e devem compor a alimentação em 
todas as fases do curso da vida, em quantidades 
moderadas. Os ácidos graxos essenciais e as vitaminas 
A,D,EeKnãopodem ser produzidos pelo organismo 
humano, devendo ser fornecidos pela alimentação, 
mas também em pequenas quantIdades. Alguns 
óleos vegetais, como o de coco, possuem gorduras 
saturadas, devendo ser utilizados com moderação e 
apenas ocasionalmente na alimentação. O óleo de 
palma (dendê) contém ácidos graxos saturados, 
insaturados e poliinsaturados (SAMBANTHAMURTHI 
et al., 2000). O consumo desse tipo de óleo foi 
associado à melhoria do perfil lipídico: redução e/ou 
produção de níveis normais de colesterol total e 
elevação dos níveis do HDL-colesterol (KESTELLOT et 
al., 1989; NG et al., 1991). Pelo seu elevado teor de 
carotenóide e de vitamina E pode atuar como fator 
de proteção e inibidor da carcinogênese (SYLVESTER 
et al., 1986;SUNDRAMet al., 1989). 
Estudos têm mostrado que alguns tipos de 
ácidos graxos essenciais (ômega-3 e ômega-6), 
presentes nas gorduras insaturadas, são fatores de 
proteção à saúde. O ácido graxo ômega-3, por 
exemplo, está associado com a redução do risco de 
doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer e 
no tratamento de doenças inflamatórias como 
artrite reumatóide (OH, 2005); SEO et al., 2005; 
CARRERO et al., 2005; NETTLETON; KATZ, 2005; 
SAHIDI; MIRALIAKBARI, 2004; HOLUB; HOLUB, 
2004; SALDEEN; SALDEEN, 2004; EILAT-ADAR et al., 
2004). Esse tipo de ácido graxo está presente 
principalmente na gordura dos peixes. Já o ácido 
graxo ômega-6 está presente nos óleos vegetais, 
exceto os de coco, cacau e palma (dendê) 
(CONSENSO BRASILEIRO SOBRE DISLIPIDEMIAS, 
1996). 
O consumo excessivo de alimentos com 
alto teor de gordura está associado ao crescimento 
e ao risco de incidência de várias doenças. Devido à 
densidade energética da gordura, quando as dietas 
de populações sedentárias contêm mais de 25% de 
gordura, as pessoas tendem a ter excesso de peso ou 
obesidade (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 
2000d). A alimentação contendo muita gordura 
saturada é a causa de dislipidemias e das doenças 
cardíacas (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989a; 
WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1990b, 2000d, 
2003a; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; 
U N I T E D N A T I O N S A D M I N I S T R A T I V E 
COORDINATING COMMITTEE, 2000). 
Esse risco é maior em populações 
sedentárias. Quando as populações são ativas, a 
quantidade de gordura naturalmente presente nos 
alimentos de origem animal e vegetal e extraída de 
vegetais, como os óleos, provavelmente, não causa 
muitos problemas de saúde (UNITED NATIONS 
ADMINISTRATIVE COORDINATING COMMITTEE, 
2000; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000d, 
2003a). Por isso, a alimentação com alto teor de 
gorduras é mais prejudicial atualmente do que há 
duas gerações, quando as pessoas eram fisicamente 
mais ativas. Mas também é verdade que, em geral, a 
alimentação atual contém mais gordura, tanto nos 
alimentos de origem animal quanto nos alimentos 
processados, pois com a industrialização dos 
alimentos o teor de gordura nos alimentos 
aumentou e a composição química da gordura 
utilizada foi modificada. 
Alguns alimentos merecem muita atenção, 
pois a gordura presente neles não é visível: a 
maioria dos bolos, tortas, biscoitos, chocolates, 
salgadinhos, pastéis que levam muita gordura na 
preparação da massa, recheio e cobertura e ainda 
todos os alimentos fritos. A gordura usada nesses 
tipos de alimentos é do tipo vegetal hidrogenada 
(gordura trans). Essa gordura, embora seja feita a 
partir de óleos vegetais, é tão ou mais prejudicial à 
saúde que as gorduras saturadas. Para mais 
informações, veja box 
Sabendo um pouco mais 
”Hidrogenação”, nesta seção. 
Os dados da última pesquisa nacional que 
permitem estimar a participação relativa das 
gorduras na alimentação das famílias revelam que o 
consumo de gorduras totais e de ácidos graxos 
saturados apresenta tendência crescente. Em 2003, 
DIRETRIZ 6 - Gorduras, açúcares e sal
80 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Sabendo um pouco mais 
Hidrogenação 
Grande parte dos alimentos processados contém muita gordura, principalmente a do 
tipo hidrogenado. A hidrogenação converte os óleos vegetais líquidos e insaturados em gorduras 
sólidas e mais estáveis à temperatura ambiente, produzindo um tipo de gordura conhecida como 
“ácidos graxos trans” ou “gordura trans”. A hidrogenação é utilizada com dois objetivos 
comerciais. Ela possibilita a conversão de todos os tipos de óleos vegetais e de origem animal em 
um único produto uniforme e esse tipo de gordura demora mais tempo para estragar e ficar 
rançosa. Aumenta, portanto, o tempo de conservação dos produtos, principalmente nos climas 
tropicais, como o do Brasil. Observe a lista de ingredientes dos alimentos processados. Você verá a 
palavra “hidrogenada” em muitos produtos e que esses produtos têm prazos de validade bem 
longos, alguns maiores queumano. 
Os biscoitos recheados ou não, bolos e pães industrializados em geral, outros tipos de 
massas, margarinas e gorduras vegetais utilizam a gordura trans (hidrogenada) como 
ingrediente. 
Quanto menos alimentos com esse tipo de ingrediente você consumir, melhor para a sua saúde. O 
corpo humano não evoluiu com a capacidade de consumir grandes quantidades de gordura 
saturada de origem animal e de gorduras elaboradas por processo de hidrogenação sem sofrer 
sérias conseqüências metabólicas.Oconsumo da gordura trans tem efeitos semelhantes aos que a 
gordura saturada causa na saúde humana; por isso, deve ser evitado. 
Já nos anos 90 acumulavam-se evidências de que as gorduras trans acarretam maior risco 
do que as gorduras saturadas para o desenvolvimento de doenças cardíacas (DEPARTMENT OF 
HEALTH AND HUMAN SERVICES, 1994; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; EURODIET, 2001; 
WORLDHEALTH ORGANIZATION, 2003a). 
Fique atento à rotulagem dos produtos e evite alimentos cujos rótulos mencionam 
“gordura hidrogenada”, “gordura trans”, “óleo hidrogenado” ou “gordura vegetal” na sua lista 
de ingredientes. 
o consumo de gorduras totais extrapolou os limites 
recomendados nas regiões metropolitanas e em 
Brasília e Goiânia, em áreas urbanas das regiões 
Centro-Oeste, Sudeste e Sul e em segmentos 
populacionais de rendimentos mais altos (acima de 
dois salários mínimos familiares per capita 
). Essas 
evidências são ainda mais preocupantes, uma vez 
que as informações não incluem o consumo de 
alimentos fora dos domicílios; portanto a 
orientação sobre a moderação no consumo de 
gorduras e alimentos com alta concentração desse 
nutriente, bem como sobre os tipos de gordura e 
seus efeitos sobre a saúde, precisa ser priorizada no 
contexto da adoção deumaalimentação saudável. 
Açúcar 
O açúcar, assim como o amido, é um tipo de 
carboidrato. As frutas e alguns vegetais contêm 
naturalmente açúcar do tipo frutose. O açúcar, na sua 
forma de frutose, tal como as gorduras e os óleos, 
apresentam-se como parte dos alimentos que também 
contêm vitaminas, minerais e outros nutrientes. Essa 
forma natural não é o tipo de açúcar cujo consumo 
deve ser reduzido. Esta diretriz está voltada para a 
diminuição do consumo do açúcar tipo sacarose ou 
açúcar de mesa - que consumimos diariamente 
acrescentando-o às preparações diversas e é também 
amplamente usado nos produtos industrializados. 
Nesses produtos, o açúcar é utilizado para torná-los 
mais saborosos e é adicionado a muitos alimentos e 
bebidasnaformaconcentradadexarope.
DIRETRIZ 6 - GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 81 
Estudos apontam que os nossos ancestrais 
consumiam dietas que continham cerca de 4% a 6% 
de açúcar, principalmente sob a forma de frutas e 
mel. Os seres humanos evoluíram tendo uma 
aceitação intensa ao sabor doce, provavelmente 
porque, na natureza, a doçura indica que as frutas 
estão maduras e prontas para ser consumidas 
(TROWELL; BURKITT, 1981; MINTZ, 1985; EATON et 
al., 1988). Nos primeiros séculos do regime colonial, 
a indústria mais importante no Brasil e também no 
Caribe era a de produção de açúcar e, como 
resultado da industrialização, a quantidade de 
açúcar nos estoques de alimentos da Europa e 
América do Norte, vendido como tal ou como 
componente de alimentos industrializados, 
aumentou demasiadamente a partir do século XIX 
(MINTZ, 1985). Os alimentos das confeitarias são 
praticamente todos feitos com açúcar, as geléias na 
sua maioria têm grande concentração de açúcar e os 
refrigerantes são quase totalmente formados de 
açúcar, além da água. 
Uma alimentação com alto teor de açúcar 
simples (sacarose), além de estar associada ao 
excesso de peso e obesidade, está também 
relacionada às cáries dentárias entre crianças, 
especialmente as bebidas doces e guloseimas de 
consistência pastosa (FREIRE, 2000). Outros fatores 
associados à gênese da cárie dental são: quando e 
com que freqüência o açúcar é consumido durante o 
dia, a relativa viscosidade dos alimentos com açúcar, 
a natureza do açúcar e os hábitos de higiene bucal. 
Embora a alimentação com alto teor de açúcar 
simples aumente a quantidade de glicose 
sangüínea, ela não é causa direta do diabetes ou das 
doenças do coração (DEPARTMENT OF HEALTH 
ANDSOCIAL SECURITY, 1989), mas pode ser fator de 
risco para câncer do cólon (WORLD CANCER 
RESEARCH FUND, 1997). 
Os dados da Pesquisa de Orçamentos 
Familiares 2002-2003 mostram uma tendência leve 
de queda no consumo de açúcar e, por outro lado, 
um aumento considerável no consumo de 
refrigerantes (400%), se comparado ao consumo na 
década de 70. Apesar da tendência de queda, o 
consumo do grupo de açúcares, que inclui os 
refrigerantes, extrapola os limites das recomen-dações 
nas regiões metropolitanas, em todas as 
regiões geográficas, nas áreas rurais e urbanas e em 
todas as classes de rendimentos. A situação mais 
preocupante refere-se às classes de rendimentos 
entre 1/2 e 2 SMFPC, em que a contribuição 
energética chega próximo de 15%, ou seja, supera 
em 50% o recomendado. Da mesma forma que para 
as gorduras, o consumo desse grupo de alimentos 
pode ser ainda maior, uma vez que os dados não 
incluem o consumo extradomiciliar. Como média 
para a população brasileira e com base nos dados 
disponíveis, a meta a ser alcançada pelas diretrizes 
deste guia é a redução em pelo menos 1/3 no 
consumo atual desses alimentos para atendimento 
das recomendações para uma alimentação 
saudável. 
O sódio e o potássio são minerais essenciais 
Sal 
para a regulação dos fluidos intra e extracelulares, 
atuando na manutenção da pressão sangüínea. O 
sal de cozinha - cloreto de sódio 
- é composto por 
40% de sódio, sendo a principal fonte desse mineral 
na alimentação. 
As evidências atuais sugerem que o 
consumo não maior que 1,7g de sódio (5g de cloreto 
de sódio por dia) pode contribuir para a redução da 
pressão arterial. A maior parte dos indivíduos, 
mesmo as crianças, consome níveis desse mineral 
além de suas necessidades.Oconsumo populacional 
excessivo, maior que 6g diárias (2,4g de sódio), é 
uma causa importante da hipertensão arterial. 
Estima-se que essa doença atinja cerca de 
20% da população adulta brasileira. Não existem 
dados nacionais sobre o consumo de sal na 
população. Dados da POF 2002-2003 indicam, por 
meio das despesas com a aquisição de sal para 
consumo do domicílio, uma média estimada de 
9,6g/pessoa/dia, mas aqui não está considerado o sal 
consumido fora do domicílio. 
Com base nessas informações, estima-se 
que o consumo médio de sal pela população 
brasileira deve ser reduzido, pelo menos, à metade 
para atender ao patamar máximo de consumo 
recomendado, isto é, 5g de sal/per capita/dia. 
Além de fonte de sódio, o sal é a fonte prin-cipal 
de iodo na alimentação brasileira. O iodo é 
essencial para o desenvolvimento e crescimento do 
corpo humano. A deficiência desse mineral leva a 
várias doenças, denominadas distúrbios por 
deficiência de iodo (DDI), sendo causa comum de 
deficiências mentais. Embora a manifestação clínica 
mais evidente seja o bócio (“papo”), essa deficiência 
DIRETRIZ 6 - Gorduras, acúcares e sal
82 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
é também causa importante de abortos 
espontâneos, nascimento de natimortos e baixo 
peso ao nascer. Crianças geradas por mulheres com 
deficiência de iodo podem nascer com retar-damento 
mental e físico ou apresentar dificuldades 
de aprendizado. O Brasil, como muitos outros 
países, utiliza o sal como veículo para fornecer iodo 
em concentrações adequadas para a população. O 
Programa Nacional para a Prevenção e Controle dos 
Distúrbios por Deficiência de Iodo, coordenado pelo 
Ministério da Saúde, envolve ações diversas, 
incluindo a obrigatoriedade de fortificação do sal 
para consumo humano com iodato de potássio, 
ação desenvolvida com sucesso no País, desde a 
década de 50. Merece atenção dos profissionais e a 
adequada orientação da população, no entanto, o 
uso do sal destinado para consumo animal, 
especialmente nas famílias de zonas rurais, pois o 
teor de iodo nesse tipo de sal não atende ao 
recomendado para prevenir os distúrbios por 
deficiência de iodo. 
É importante destacar que a redução do 
consumo de sal para os níveis recomendados 
(<5g/dia) não originará problemas, pois a 
quantidade recomendada garante a quantidade 
adequada de iodo para prevenir os DDI. 
Orientações complementares 
Profissionais de Saúde 
- Em uma alimentação saudável, a ingestão de 
gordura não deve ser menor do que15%do total de 
energia. Para as pessoas fisicamente ativas, uma 
quantidade de até 30% de gordura pode não ser 
prejudicial, 
desde que o consumo da gordura 
saturada e gorduras hidrogenadas permaneça 
baixo. 
- Para alcançar os objetivos dietéticos para as 
gorduras, é preciso que se leve em consideração nas 
orientações, além das gorduras utilizadas na 
preparação dos alimentos, as gorduras que 
compõem os alimentos e as que são adicionadas no 
processamento dos alimentos. 
- Em relação ao consumo do açúcar, a meta é a 
redução em pelo menos 1/3 no nível de consumo 
atual para alcançar a recomendação (máximo de 
Sabendo um pouco mais 
OConsumo de Gorduras e as Pessoas Ativas e CriançasemCrescimento. 
Atualmente, a maioria da nossa população tem empregos ou estilos de vida com baixa 
atividade física. Mesmo pessoas muito ativas (pessoas cujo trabalho envolve muita atividade 
física ou que praticam esportes de intenso gasto energético, como jogadores de futebol e 
atletas, e crianças ativas em idade de crescimento) não precisam consumir alimentos ou bebidas 
que contenham quantidades extras de gordura, açúcar, proteínas ou sal. 
Essas pessoas têm maior necessidade de alimentos, porque são mais ativas fisicamente 
e têm, portanto, gasto energético diário mais elevado. O que elas precisam, no entanto, é de 
uma alimentação saudável, com nutrientes e conteúdo energético que atendam às suas 
necessidades nutricionais, seguindo as diretrizes deste guia (TUNSTALL, 1993). As necessidades 
individuais devem ser ajustadas na dieta, elaborada sob orientação de um nutricionista, para 
garantir a saúde e umbomestado nutricional. 
Bebês e crianças pequenas, de até 2 anos de idade, são uma exceção porque eles estão 
em crescimento e têm relativamente pequena capacidade gástrica, recomendando-se para esse 
grupo etário 30% a 40% de energia sob a forma de gordura (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 
2000b). Para mais informações sobre as recomendações alimentares para crianças pequenas, 
consulte oGuia Alimentar para CriançasMenores de Dois Anos (BRASIL, 2002d).
DIRETRIZ 6 - GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 83 
DIRETRIZ 6 - Gorduras, açúcares e sal 
10% do valor energético total da dieta). Para 
alcance desse objetivo, as orientações devem 
aplicar-se aos açúcares refinados acrescentados aos 
alimentos ou às preparações alimentares, sejam elas 
caseiras ou industrializadas; portanto, não incluem 
o açúcar naturalmente presente nas frutas e em 
outros alimentos. 
- Para que a meta de redução de sal seja alcançada, é 
preciso saber e informar que o sal está contido em 
muitos alimentos processados e, portanto, o 
consumo desses alimentos deve ser desestimulado, 
bem como o hábito de acrescentar sal aos alimentos 
já preparados. Para mais informações, veja box 
Sabendo um pouco mais “Alimentos Salgados e 
ComSal”, nesta seção. 
Sabendo um pouco mais 
Alimentos Salgados e com Sal 
O nome químico do sal de cozinha é cloreto de sódio. O sal é composto por dois 
quintos (40%) de sódio, que é umnutriente essencial para o ser humano. 
A necessidade humana de sódio varia entre 300 e 500 miligramas por dia, para 
pessoas acima de 2 anos de idade (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989b). Em excesso 
(consumo maior que 6 gramas por dia de sal ou 2,4 gramas de sódio), é uma causa 
importante da hipertensão arterial, de acidente vascular cerebral e de câncer de estômago 
(NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989a, 1989b; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1982, 
1990b, 2003a; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; UNITED NATIONS ADMINISTRATIVE 
COORDINATING COMMITTEE, 2000). 
Grande parte da população brasileira consome salemexcesso: a média estimada de 
consumo é 9,6g/dia/per capita, 
(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2004a). 
não computado o sal consumido fora do domicílio 
Isso se deve principalmente ao consumo de alimentos industrializados e também 
devido à adição de sal durante o cozimento ou à mesa. A dieta muito salgada dos brasileiros 
tem origem na tradição portuguesa de salgar os alimentos como meio de conservação. 
Muitos alimentos são conservados em salmoura, em vinagre ou sal (picles, vegetais, ervas e 
especiarias). Os alimentos em salmoura, tipo picles, podem aumentar o risco de câncer no 
estômago, quando esse tipo de alimento é consumido de maneira intensa e regular 
(WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997). 
Ao tentar reduzir o consumo de sal, as pessoas que consomem habitualmente 
alimentos salgados geralmente consideram a comida não tão saborosa, já que o sal é usado 
como condimento. As células do paladar podem levar algum tempo para ajustar-se ao sabor 
menos intenso do sal ( período médio de até três meses 
). É importante que as pessoas 
saibam disso para persistir no consumo de alimentos com menos sal. 
Os rótulos dos alimentos processados apresentam o conteúdo de sódio. São 
exemplos de alimentos que possuem altos teores de sódio: sal de cozinha, embutidos, 
queijos, conservas, sopas e molhos e temperos prontos.
diretriz7água
87 
Todos 
- A água é um alimento indispensável ao 
funcionamento adequado do organismo. 
- Toda água que você beber deve ser tratada, 
filtrada ou fervida. 
Profissionais de saúde 
Orientar 
- E incentivar o consumo de água independente de 
outros líquidos; 
- As pessoas a ingerir no mínimo dois litros de água 
por dia (seis a oito copos), preferencialmente entre 
as refeições. Essa quantidade pode variar de acordo 
com a atividade física e com a temperatura do 
ambiente; 
- A oferta ativa e regular de água às crianças e aos 
idosos ao longo do dia; 
- Sobre os cuidados domésticos que garantam a 
qualidade e segurança da água a ser consumida 
pela família. 
Governo e setor produtivo de alimentos 
- Garantir o acesso e a qualidade da água tratada 
para toda a população brasileira. 
- Sistemas de abastecimento seguro de água são 
requisito fundamental para a saúde pública. 
- Promover a expansão da rede pública de 
saneamento, permitindo a capilarização dos 
equipamentos de fornecimento de água tratadaem 
domicílios, espaços públicos, escolas, locais de 
trabalho e outras unidades coletivas de 
acolhimento de populações específicas (carcerárias, 
idosos, crianças, entre outras). 
- Garantir e preservar os mananciais de água em 
território nacional, como requisito para a saúde e 
elemento de soberania nacional. 
Família 
- Use água tratada ou fervida e filtrada, para beber e 
para preparar refeições e sucos ou outras bebidas. 
- Beba pelo menos de dois litros (seis a oito copos) de 
água por dia. Dê preferência ao consumo de água 
nos intervalos das refeições. 
- Ofereça água para crianças e idosos ao longo de 
todo o dia. Eles precisam ser estimulados 
ativamente a ingerir água. 
Considerações e informações adicionais 
A água é um nutriente essencial à vida. 
Nenhum outro nutriente tem tantas funções no 
organismo como a água, sendo a sua ingestão diária 
crucial para a saúde humana. Todos os sistemas e 
órgãos do corpo utilizam água. Ela desempenha 
papel fundamental na regulação de muitas funções 
vitais do organismo, incluindo a regulação da 
temperatura, participa do transporte de nutrientes 
e da eliminação de substâncias tóxicas ou não mais 
utilizadas pelo organismo, dos processos digestivo, 
respiratório, cardiovascular e renal. 
O corpo humano é, na sua maior parte, 
formado por água. A proporção de água depende 
do volume de gordura orgânica (ASTRAND et al., 
1970), variando entre 60% nos homens e 50% a 
55% nas mulheres. Sua deficiência se manifesta 
rapidamente: uma variação de cerca de 1% no grau 
de hidratação já leva ao aparecimento dos sintomas 
da desidratação. A privação completa de água leva 
à morte em poucos dias, enquanto que, na privação 
de alimentos, o homem pode sobreviver semanas. 
Apesar disso, a importância vital da água é muitas 
vezes subestimada, porque usualmente ela é 
abundante. 
Os alimentos também contêm água em sua 
composição, em proporções variadas. O peso das 
frutas é de até 95% ou mais de água e da carne até 
50% ou mais, enquanto que o açúcar e os óleos não 
contêm água. A densidade energética dos 
alimentos é, em grande parte, uma função do seu 
conteúdo de água: quanto maior o percentual de 
água no alimento, menor é a sua densidade 
energética. Portanto, alimentos cujo conteúdo de 
água é elevado, têm menor probabilidade de causar 
excesso de peso e obesidade. Além disso, o volume 
de água no sistema digestivo ajuda a provocar 
sensação de saciedade (WORLD HEALTH 
ORGANIZATION, 2000a), diminuindo a necessidade 
de consumir mais alimentos. 
Atenção especial deve ser dada ao 
abastecimento público de água tratada e à 
orientação para consumo de água tratada, fervida 
ou filtrada, de boa qualidade,umavez que a água é 
um potencial veículo de doenças. Principalmente 
entre crianças, são comuns as diarréias causadas por 
agentes infecciosos transmitidos pelo consumo de 
água de má qualidade e não tratada. A única 
exceção de não orientação de consumo de água é 
DIRETRIZ 7 - Água
88 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
para bebês amamentados exclusivamente ao peito 
, 
porque o leite materno contém a quantidade 
necessária de água de que o bebê, nessa fase da 
vida, necessita para a sua saúde e adequada 
hidratação. 
Orientações complementares 
Profissionais de saúde 
- Estabelecer a necessidade diária exata para 
consumo de água é difícil; essa necessidade 
depende dos processos metabólicos, do gasto 
energético do organismo e das condições 
ambientais. Um método prático é considerar o 
consumo de 1ml/kcal de energia gasta para adultos 
em condições moderadas de gasto energético e 
temperaturas ambientais não muito elevadas. Por 
exemplo, para um VET de 2.000kcal, seriam 
necessários dois litros de água. Para crianças, a 
estimativa pode ser calculada considerando 
1,5ml/kcal de energia gasta (NATIONAL RESEARCH 
COUNCIL, 1989b). 
- Além das crianças, especial atenção deve ser dada 
ao consumo de água por pessoas idosas, pois o 
mecanismo de controle de sede pode ser menos 
eficiente. 
- Suco de fruta fresca ou polpa congelada sem a 
adição de açúcar contam como uma porção de 
água. Incentive a substituição do refrigerante, 
bebidas alcoólicas e sucos industrializados por água.
especial1Atividade física 
Diretriz
DIRETRIZ 6 - GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 91 
Todos 
-A alimentação saudável e a atividade física regular 
são aliadas fundamentais para a manutenção do 
peso saudável, redução do risco de doenças e 
melhoria da qualidade de vida. 
Profissionais de saúde 
- Abordar de maneira integrada a promoção da 
alimentação saudável e o incentivo à prática regular 
de atividade física. 
- Orientar sobre a importância do equilíbrio entre o 
consumo alimentar e o gasto energético para a 
manutenção do peso saudável, em todas as fases do 
curso da vida. 
- Utilizar a avaliação antropométrica, nos serviços 
de saúde (Sisvan), para acompanhamento do peso 
saudável de pessoas em quaisquer fases do curso da 
vida. 
- Estimular a formação de grupos para prática de 
atividade física e orientação sobre alimentação 
saudável nos serviços de saúde, escolas e outros 
espaços comunitários, sob supervisão de 
profissionais capacitados. 
Governo e setor produtivo de alimentos 
- Proteger, criar e manter ambientes urbanos e 
rurais, nos quais a prática de atividade física diária 
seja viável, adequada, agradável e segura. 
- Adequar espaços urbanos criando áreas para 
pedestres, pistas destinadas a ciclistas, espaços e 
quadras comunitários, parques e clubes 
comunitários, mantendo-osbem conservados. 
- Criar oportunidades de tempo e espaço para 
prática de atividade física nas comunidades e nos 
locais de trabalho. 
- Valorizar a atividade física regular nas escolas e 
práticas lúdicas ativasemcreches e pré-escolas. 
- Fortalecer políticas públicas de incentivo aos 
esportes. 
- Desenvolver formas de divulgação e comunicação 
social que informem e valorizem a adoção de modos 
de vida saudáveis, conjugando a promoção da 
alimentação saudável e a prática de atividade física 
regular 
Família 
- Torne seu dia-a-dia e lazer mais ativos. Acumule 
pelo menos 30 minutos de atividade física todos os 
dias. Movimente-se! Descubra um tipo de atividade 
física agradável! O prazer é também fundamental 
para a saúde. 
- Procure nos serviços de saúde orientações sobre 
alimentação saudável e atividade física. 
Caminhe, dance, ande de bicicleta, jogue bola, 
brinque com crianças. Escolha estas e outras 
atividades para movimentar-se. 
- Aproveite o espaço doméstico e espaços públicos 
próximos a sua casa para movimentar-se. Convide os 
vizinhos e amigos para acompanhá-lo. 
- Incentive as crianças a realizar brincadeiras que 
fazem parte de nossa cultura popular e que sejam 
ativas como aquelas que você fazia na sua infância e 
ao ar livre: pular corda, correr, amarelinha, esconde-esconde, 
pega-pega, andar de bicicleta e outras. 
Oriente-as a não ficar muito tempo em frente à 
televisão ou em jogos de computador. Estimule-as a 
dividir o tempo de lazer entre essas duas opções. 
Considerações e informações adicionais 
Os seres humanos são preparados para ser 
fisicamente ativos. Todas as formas de atividade 
física são benéficas para a saúde. Há pouco tempo, 
pensava-se que somente o exercício físico vigoroso, 
como esportes com bola, corrida e ginástica, trazia 
benefícios para a saúde em geral e para o sistema 
cardiovascular. Hoje, as evidências mostram que 
mesmo as atividades físicas moderadas e regulares, 
que praticamente todas as pessoas estão aptas a 
realizar, são boas para a saúde (ASTRAND et al., 
1970; DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN 
SERVICES, 1996). 
Qualquer trabalho que envolva atividades 
que exijam movimento do corpo, como andar, 
correr, jogar, limpar casa, lavar carro e praticar 
jardinagem ou cultivo de hortas, gasta energia 
física. Andar em ritmo acelerado, exercícios de 
alongamento, ciclismo, dança e todas as formas de 
recreação e esporte que mantenham o corpo em 
forma, mais forte e jovial são atividades físicas. 
Aatividade física regular e freqüente, além 
de prevenir o sobrepeso e a obesidade, é também 
benéfica para a saúde mental e emocional (DEPART-MENT 
OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 1996; 
DIRETRIZ ESPECIAL 1 - Atividade física
92 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Sabendo um pouco mais 
Balanço Energético 
O estado nutricional, no plano individual ou biológico, resulta do equilíbrio entre 
consumo alimentar e gasto energético do organismo. Esse gasto refere-se à utilização dos 
alimentos pelo organismo para suprir as suas necessidades nutricionais e está relacionado ao 
estado de saúde e à capacidade de utilização dos nutrientes fornecidos pela alimentação. As 
necessidades nutricionais de energia variam em função da idade, do sexo, do estado de 
saúde e do estado fisiológico e nível de atividade física dos indivíduos. Para um adequado 
estado nutricional, no que se refere à energia, o consumo alimentar deve estar em perfeito 
equilíbrio com o gasto da energia do organismo usada para manter as funções vitais e nas 
atividades físicas diárias. 
As pessoas em equilíbrio energético não ganham nem perdem peso; é o que se 
denomina “balanço energético”. Portanto, o balanço energético é o “saldo” obtido a partir 
do total de energia ingerida e o total de energia gasta pelo organismo em suas atividades 
diárias. Caloria (kcal) é a unidade de medida da energia gasta pelo corpo humano em suas 
atividades metabólicas e físicas e do teor de energia encontrado nos alimentos (proteínas e 
carboidratos: 4kcal/g; gorduras: 9kcal/g). Vitaminas e minerais não fornecem energia. 
Se a alimentação fornece mais energia do que é requerida pelo organismo, a 
energia excedente é acumulada na forma de gordura corporal. Isso significa que, se a pessoa 
não ingerir menos alimentos ou aumentar a atividade física, irá ganhar peso, principalmente 
pelo acúmulo de gordura, o que poderá levar ao sobrepeso ou à obesidade, se esse 
desequilíbrio for mantido por longo tempo. 
As recomendações deste guia são baseadas em um consumo energético médio da 
população de 2.000 calorias diárias. Isso não é uma recomendação 
, mas uma estimativa da 
necessidade de energia média para uma população considerada sedentária. Em média, os 
homens brasileiros alcançam balanço energético com cerca de 2.400 calorias por dia; as 
mulheres, com cerca de 1.800 ou 2.200 calorias por dia. A média de 2.000 calorias atende 
também às necessidades de energia das pessoas mais jovens. Esses dados servem apenas para 
ilustrar e ajudar a entender o equilíbrio energético. Por exemplo, as mulheres pequenas e 
inativas que seguem as recomendações alimentares deste guia, para manter o balanço 
energético, devem consumir um número menor de porções entre as recomendadas para 
cada grupo de alimentos, se comparadas aos homens de mesma idade e nível de atividade 
física, e devem ser particularmente cuidadosas em consumir pequenas quantidades de 
alimentos com alta densidade energética (açúcar e gordura). 
O objetivo principal da recomendação nesta seção - aumentar a atividade física 
diária - é ajudar a alcançar o balanço energético, para que as pessoas possam alimentar-se 
adequadamente sem acumular gordura corporal.
DIRETRIZ 6 - GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 93 
CENTRO DE ESTUDOS DO LABORATÓRIO DE 
APTIDÃO FÍSICA DE SÃO CAETANO DO SUL, 1998). 
P e s s o a s que s ã o f i s i c a m e n t e at i v a s , 
conseqüentemente, possuem um equilíbrio 
energético mais elevado, o que significa que são 
capazes de aproveitar melhor os alimentos 
nutritivos, sem acumular gordura no corpo. À 
medida que a atividade física aumenta, o mesmo 
acontece com a massa corporal magra (massa 
muscular) e o corpo gradualmente muda de forma, 
ocorrendo a substituição da gordura por massa 
muscular (ASTRAND et al., 1970). 
A atividade física regular mantém múscu-los, 
ossos e articulações fortes e os perfis hormonais 
e sangüíneos e as funções imunológica e intestinal 
equilibradas e dentro dos níveis de normalidade. 
Também contribui para a prevenção das DCNT e 
doenças dos ossos e articulações. Demodoinverso, a 
inatividade física aumenta o risco dessas doenças e 
incapacidades (BLIX; WRETLIND, 1965; 
DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 
1996; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; 
WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000a; 
WRETLIND, 1967). As mulheres que estão 
fisicamente em forma têm maior probabilidade de 
ter gravidez e parto sem complicações. 
É muito importante manter a atividade 
física por toda a vida. Em geral, as pessoas que estão 
fisicamente em forma desfrutam mais da vida, do 
trabalho, dormem melhor, ficam menos enfermas, 
têm menos incapacidades e muito provavelmente 
terão uma expectativa de vida maior, envelhecendo 
com saúde (DEPARTMENT OF HEALTHANDHUMAN 
SERVICES,1996; CENTRO DE ESTUDOS DO 
LABORATÓRIO DE APTIDÃO FÍSICA DE SÃO 
CAETANODOSUL, 1998). 
Igualmente, as pessoas fisicamente em 
forma são profissionalmente mais produtivas, 
faltam menos ao trabalho e desenvolvem maior 
resistência a doenças. 
As crianças fisicamente ativas têm um 
melhor desempenho escolar e relacionamento com 
os pais e amigos e, provavelmente, terão menos 
tendência a fumar ou utilizar drogas (CENTRO DE 
ESTUDOSDOLABORATÓRIO DE APTIDÃO FÍSICA DE 
SÃO CAETANO DO SUL, 1998). A prática de 
atividade física regular contribui para o desen-volvimento 
de hábitos de vida saudáveis, em 
qualquer fase do curso da vida. 
A atividade física beneficia as pessoas doentes ou 
enfermas, bem como pessoas idosas, contribuindo 
paraumamaior capacidade de mobilidade e melhor 
sentido de equilíbrio, aumentando a sua autonomia 
e auto-estima (DEPARTMENT OF HEALTH AND 
HUMAN SERVICES, 1996; CENTRO DE ESTUDOS DO 
LABORATÓRIO DE APTIDÃO FÍSICA DE SÃO 
CAETANODOSUL, 1998). 
Níveis de atividade 
Estima-se que 70% da população brasileira 
faça pouquíssima ou quase nenhuma atividade 
física (CENTRO DE ESTUDOS DO LABORATÓRIO DE 
APTIDÃO FÍSICA DE SÃO CAETANODOSUL, 1998). 
Como na maioria dos países do mundo, no 
Brasil, há uma tendência crescente de que as pessoas 
tornem-se cada vez mais inativas fisicamente, 
especialmente porque os avanços tecnológicos 
produzem ocupações, profissões e modos de vida 
mais sedentários. Poucas pessoas caminham ou 
pedalam habitualmente para se locomover; ao 
contrário, cada vez mais fazem uso de veículos 
automotores. As cidades e mesmo os ambientes 
rurais são projetados para carros e ônibus.Emgrande 
parte dos ambientes de trabalho, as máquinas e 
equipamentos fazem a maior parte do trabalho que, 
temposatrás,eramexecutados manualmente. 
Atividades de recreação ou lúdicas mais 
ativas vêm sendo substituídas por atividades de 
lazer mais sedentárias: assistir TV ou usar 
computadores e jogos eletrônicos. 
Adicionalmente, em muitas regiões e 
cidades, a falta de segurança pública e a violência 
são impedimentos para a prática de atividade física, 
o que leva crianças, jovens e adultos a passar mais 
tempo em casa ou em locais fechados, em 
detrimento de atividades de lazer ao ar livre e mais 
ativas. Em alguns locais, especialmente grandes 
centros urbanos, a atividade física tornou-se 
inviável, desagradável e até perigosa. Muitas 
escolas não contam com um espaço físico adequado 
para as aulas de educação física, prática de esportes 
e de recreação. 
A avaliação nutricional como instrumento 
para o controle do peso saudável 
A avaliação nutricional de rotina de 
crianças, adolescentes, adultos, idosos e de 
DIRETRIZ ESPECIAL 1 - Atividade física
94 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
gestantes por meio das medidas antropométricas - 
medidas do corpo - é um importante instrumento 
para avaliação do estado nutricional e de saúde, 
permitindo identificar precocemente pessoas e 
grupos populacionais de risco. Para mais 
informações, consulte o box 
Sabendo um pouco 
mais “Massa Corporal”, nesta seção. 
Para a avaliação nutricional de crianças, o 
Ministério da Saúde recomenda a utilização da 
Caderneta da Criança, que apresenta a curva de 
referência do NCHS (1977) do peso em relação à 
idade (P/I), para acompanhamento sistemático do 
crescimento e desenvolvimento infantil. 
Os índices antropométricos também 
recomendados para a avaliação nutricional de 
crianças menores de 10 anos de idade são: o índice 
altura por idade (A/I), que expressa o crescimento 
linear, indicando o efeito cumulativo de situações 
diversas sobre o crescimento; e o índice peso por 
altura (P/A), que reflete a harmonia entre as 
dimensões do corpo (massa corporal e altura), 
sendo mais preciso para o diagnóstico de excesso de 
peso. 
A avaliação nutricional de gestantes, tanto 
adultas quanto adolescentes, é feita utilizando o 
IMC segundo a semana gestacional. Para maiores 
informações, consulte a publicação 
Vigilância 
Alimentar e Nutricional (Sisvan). Orientações Básicas 
para a coleta, o processamento, a análise de dados e a 
informação em serviços de saúde 
, do Ministério da 
Saúde (BRASIL, 2004g). 
Orientações complementares 
Profissionais de saúde 
-Oobjetivo da prática de atividade física é manter o 
índice de massa corporal (IMC) entre 18,5 e 
24,9kg/m2 e manter o balanço energético nos níveis 
recomendados neste guia. Para mais informações 
sobre o IMC, veja box 
Sabendo um pouco mais 
. 
“Massa Corporal”, nesta seção 
- É recomendável submeter as pessoas com histórico 
de doença cardíaca ou que estão acima de 50 anos a 
um teste simples de esforço, para avaliar a sua 
condição para a prática de atividade física. 
- O Ministério da Saúde disponibilizou um sistema 
de informações, nas unidades básicas de atenção à 
saúde, que permite monitorar o estado nutricional 
das pessoasemquaisquer fases do curso da vida, por 
meio de medidas antropométricas (peso, altura e 
circunferência da cintura), denominado Sistema de 
Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan). Com 
essa ferramenta, é possível aos profissionais e 
gestores locais utilizar a informação gerada, indi-vidual 
ou coletiva para estimular a adesão dos 
usuários do serviço e a comunidade em geral a 
avaliar sistematicamente o seu peso corporal e 
participar de atividades de promoção da 
alimentação saudável e prática de atividade física 
regular. 
- Grupos de pessoas por idade ou sexo, por exemplo, 
podem ser formados, sob orientação dos 
profissionais das unidades de saúde, indepen-dentemente 
de serem portadores de algum tipo de 
patologia. Modos de vida saudáveis devem ser 
estimulados também entre pessoas sadias, para 
prevenir doenças e promover a qualidade de vida e 
umenvelhecimento saudável.
DIRETRIZ 6 - GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 95 
DIRETRIZ ESPECIAL 1 - Atividade física 
Sabendo um pouco mais 
Massa Corporal 
O índice de massa corporal (IMC) é uma medida recomendada 
internacionalmente para avaliação do estado nutricional de adolescentes, adultos e 
idosos e permite estimar a massa corporal e o risco progressivo de desenvolvimento de 
doenças crônicas não-transmissíveis associadas ao sobrepeso e à obesidade (WORLD 
HEALTH ORGANIZATION, 2003a). 
Quanto maior o IMC, maior é o risco de o indivíduo ser acometido por DCNT, tais 
como hipertensão, diabetes e dislipidemias (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000d, 
2003a). 
O IMC é calculado dividindo o peso em quilogramas pela altura ao quadrado em 
metros (kg/m2). Por exemplo, um adulto que pesa 70kg e cuja altura seja 1,75 metros terá 
um IMC de 22,9; portanto, esse índice sinaliza se há ou não uma relação de harmonia 
entre o peso e a altura, embora não permita a distinção entre massa gorda e magra. 
Existem pontos de corte específicos de IMC para cada uma das fases do curso da vida, 
visando atender às características fisiológicas de cadaumadelas. 
Para a avaliação de adolescentes, além da altura e do peso, no cálculo do IMC são 
considerados também a idade e o sexo, sendo recomendado o critério de classificação 
percentilar do IMC. Após o cálculo do IMC, a classificação nutricional deve ser realizada de 
acordo comumacurva de distribuiçãoempercentis (P) de IMC para cada sexo. 
ADOLESCENTES (idade 10 anos e <20 anos): 
- IMC < p5: baixo peso 
- IMC p5 e < p85: peso adequado/eutrófico 
- IMC p85: sobrepeso 
ADULTOS (idade 20 anose<60anos): 
- IMC < 18,5: baixo peso 
- IMC 18,5 e < 25,0: peso saudável (eutrofia) 
- IMC 25 e < 30,0: sobrepeso 
- IMC 27: obesidade 
IDOSOS ( 60 anos) 
- IMC 22: baixo peso 
- IMC > 22 e < 27: peso adequado/eutrófico 
- IMC 27: sobrepeso 
Os profissionais de saúde devem usar o IMC nas avaliações de estado nutricional 
e do risco de DCNT para orientar as suas ações junto aos usuários dos serviços, 
individualmente ou de forma coletiva. 
Para mais informações sobre uso e aplicação do IMC, consulte a publicação 
(BRASIL, 2004g). 
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Vigilância Alimentar e Nutricional. Orientações Básicas para a coleta, o processamento, a análise 
de dados e a informação em serviços de saúde
2Qualidade sanitária 
dos alimentos 
Diretriz 
especial
99 
DIRETRIZ ESPECIAL 2 - Qualidade sanitária dos alimentos 
Todos 
- A garantia da qualidade sanitária dos alimentos 
implica a adoção de medidas preventivas e de 
controle em toda a cadeia produtiva, desde sua 
origem até o consumo do alimento no domicílio. A 
manipulação dos alimentos segundo as boas 
práticas de higiene é essencial para redução dos 
riscos de doenças transmitidas pelos alimentos. 
Profissionais de saúde 
- Orientar sobre as medidas preventivas e de 
controle, incluindo as práticas de higiene, que 
devem ser adotadas na cadeia produtiva, nos 
serviços de alimentação, nas unidades de 
comercialização e nos domicílios, a fim de garantir a 
qualidade sanitária dos alimentos. 
- Informar que alimentos manipulados ou 
conservados inadequadamente são fatores de risco 
importantes para muitas doenças. 
Governo e setor produtivo de alimentos 
Governo 
- A d o t a r m e d i d a s m u l t i s s e t o r i a i s e 
multidisciplinares que visem à promoção da 
qualidade sanitária dos alimentos nas esferas local, 
nacional e internacional. 
- Garantir uma legislação e um sistema de controle 
e fiscalização eficiente para que em todas as etapas 
da cadeia produtiva de alimentos sejam adotadas 
medidas necessárias para que a população disponha 
de produtos seguros para o consumo. 
- Estabelecer parcerias com setores de apoio ao 
segmento produtivo e comercial de alimentos com 
objetivo de disseminar e apoiar a imple-mentação 
da legislação por meio de capacitações, orientações 
técnicas e assessorias aos estabelecimentos. 
- Orientar a população sobre os riscos relacionados à 
incorreta manipulação e conser-vação dos alimentos 
e sobre as medidas e práticas de higiene que devem 
ser adotadas a fimdeprevenir esses riscos. 
- Adotar medidas de intervenção em situações que 
se caracterizem como de riscos iminentes à saúde. 
Setor produtivo de alimentos 
- Adotar as medidas preventivas e de controle, 
incluindo as boas práticas de higiene, necessárias 
para que a população disponha de produtos 
seguros para o consumo. 
- Capacitar os manipuladores de alimentos nos 
temas relacionados à prática de higiene e à correta 
manipulação dos alimentos, conscien-tizando-os 
sobre sua responsabilidade na pre-venção das 
doenças transmitidas por alimentos. 
Família 
- Ao manipular os alimentos, siga as normas básicas 
de higiene, na hora da compra, da preparação, da 
conservação e do consumo de alimentos. 
Considerações e informações adicionais 
Uma característica fundamental para a 
alimentação saudável é que o alimento consumido 
seja seguro, ou melhor, não apresente perigos 
intrínsecos ou contaminação de natureza biológica, 
física ou química em níveis que comprometam a 
saúde do consumidor. Os riscos de contaminação do 
alimento são inúmeros e o consumidor tem papel 
importante para a prevenção desses riscos mediante 
a manipulação correta do alimento, seguindo as 
normas básicas de higiene. Para conhecer as 
principais fontes de contaminação de alimentos, veja 
os boxes 
Sabendo um pouco mais “As Principais 
Fontes de Contaminação dos Alimentos” e “Os Cinco 
Pontos-Chave da Organização Mundial da Saúde 
para a Inocuidade dos Alimentos”, nesta seção. 
A promoção da qualidade sanitária dos 
alimentos deve ser uma prioridade na agenda da 
saúde pública, uma vez que a disponibilidade de 
alimentos seguros, além de melhorar a saúde das 
pessoas e a produtividade de um país, é um direito 
básico de cidadania. Segundo a Organização 
Mundial da Saúde (OMS),umterço da população de 
países desenvolvidos é acometida a cada ano por 
doenças transmitidas por alimentos e possivel-mente 
esse quadro é mais dramático em países em 
desenvolvimento. 
A importância dos microrganismos está 
vinculada ao fato de que eles estão amplamente
100 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Sabendo um pouco mais 
As Principais Fontes de Contaminação dos Alimentos 
1) Pessoas 
Pessoas com sintomas de doenças transmitidas por alimentos (DTA) podem transportar 
microrganismos perigosos para um alimento durante sua manipulação. Até mesmo uma pessoa 
saudável pode transmitir esses microrganismos ou quando atuam como veículo, transportando esses 
agentes deumalimento contaminado paraumalimento não contaminado ou quando são portadoras 
sem apresentar sintomas aparentes (os portadores assintomáticos). Nesses casos, os alimentos podem 
ser contaminados quando as pessoas os tocam sem lavar as mãos ou quando falam, tossem ou 
espirram sobre eles. 
2) Alimentos crus ou não lavados 
Alguns alimentos crus podem apresentar organismos perigosos que são eliminados quando 
completamente cozidos. Da mesma forma, os alimentos não lavados podem apresentar esses 
organismos que são removidos após eficiente lavagem; entretanto esses alimentos, antes de passar 
pelo cozimento ou lavagem, podem contaminar direta ou indiretamente um alimento já preparado. 
Umexemplo de contaminação indireta é quando se cortaumfrango cru e, sem lavar a faca, utiliza-se a 
mesma faca para cortar salsinha lavada. Esse tipo de contaminação é denominado contaminação 
cruzada. 
3) Insetos, ratos e animais domésticos 
A área de preparo de alimentos é atrativa para os animais que, ao terem contato 
diretamente com os alimentos desprotegidos ou as superfícies com as quais o alimento entra em 
contato, podem transmitir organismos prejudiciais à saúde. Entre os insetos, deve-se ter especial 
cuidado com as formigas, moscas e baratas. Algumas vezes é difícil identificar a presença de ratos, 
devendo-se ficar atento aos sinais de sua presença, como alimentos ou embalagens roídos ou 
presença de fezes. Os animais domésticos, por transportar organismos prejudiciais à saúde em seu 
corpo, podem contaminar o alimento por meio do contato direto ou dos pêlos que soltam. 
4) Sujeira (pó, terra e outros resíduos) 
Há vários organismos perigosos dispersos na sujeira, portanto, é importante manter as áreas 
de preparo dos alimentos limpas. Quando se realiza a varredura da área de preparo do alimento, a 
poeira é levantada e se espalha no ar, aumentando o risco de contaminação dos alimentos. Por isso é 
importante manter os alimentos sempre protegidos em suas embalagens ou em recipientes fechados 
com tampas quando estiver varrendo ou limpando a casa, principalmente a cozinha e ambientes 
próximos a ela. 
5) Superfícies e utensílios 
As superfícies que entramemcontato direto com os alimentos, como a bancada da cozinha, e 
os utensílios utilizados no preparo dos alimentos, como facas, panelas, bacias e outros vasilhames, 
podem ser fonte de contaminação quando sujos. Outro risco de contaminação ocorre quando as 
superfícies e os utensílios que foram utilizados na manipulação de alimentos crus são utilizados em 
alimentos preparados sem ter sido previamente lavados.Umafonte clássica de contaminação cruzada 
dos alimentos é o pano, comumente utilizado em cozinhas e estabelecimentos que preparam 
alimentos. 
6) Lixo e alimentos estragados 
Os alimentos estragados devem ser descartados e os locais onde estavam armazenados 
submetidos a uma boa lavagem. O lixo deve permanecer fechado com tampa e ser retirado 
freqüentemente da área de preparo dos alimentos. Após o manuseio do lixo, deve-se lavar as mãos.
DIRETRIZ 6 - GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 101 
DIRETRIZ ESPECIAL 2 - Qualidade sanitária dos alimentos 
distribuídos no ambiente, podendo ser encontrados 
na água, no solo e no ar. O homem também 
desempenha papel importante na transmissão 
desses agentes, uma vez que podem apresentar 
microrganismos distribuídos por todo o corpo, 
incluindo pele, boca, nariz, ouvidos, garganta, 
olhos, cabelos, mãos, unhas e tratos genital e intes-tinal. 
Da mesma forma como ocorre no homem, 
outros animais, como os animais de estimação, 
roedores, pássaros e insetos, apresentam 
esses microrganismos distribuídos pelo corpo. 
Considerando a ampla distribuição dos 
microrganismos, é importante que os alimentos 
sejam manipulados sob criteriosas condições de 
higiene, prevenindo assim que os agentes 
prejudiciais à saúde contaminem os alimentos. Pela 
sua própria condição, os alimentos crus podem 
apresentar microrganismos prejudiciais à saúde, 
sendo necessário redobrar o cuidado durante sua 
manipulação. Antes do consumo, os alimentos crus 
devem ser completamente cozidos e adequa-damente 
lavados. Veja o box 
Sabendo um pouco 
mais “Procedimentos para Seleção, Lavagem e 
Desinfecção de Frutas, Legumes e Verduras”, nesta 
seção. 
Após a contaminação dos alimentos, os 
microrganismos multiplicam-se rapidamente, desde 
que sejam encontradas condições apropriadas. A 
temperatura dos alimentos é uma condição 
essencial para a multiplicação dos microrganismos, 
sendo seu controle muito utilizado na prevenção 
das doenças transmitidas por alimentos (DTA). A 
maioria dos microrganismos se multiplica 
rapidamente em temperaturas próximas a 37ºC 
(temperatura do corpo humano). Entretanto, 
alguns microrganismos prejudiciais à saúde são 
capazes de se multiplicar em temperaturas 
superiores a 5ºC e inferiores a 60ºC, sendo esse 
intervalo consideradoumazona de perigo. 
Em temperaturas inferiores a 5ºC, os 
microrganismos cessam ou reduzem o processo de 
multiplicação, assim como em temperaturas 
superiores a 60ºC. A maioria dos microrganismos é 
eliminada em temperaturas superiores a 70ºC. Por 
isso, como medida preventiva e de controle das 
DTA, recomenda-se que o alimento seja conservado 
fora da zona de perigo, ou seja, sob refrigeração a 
temperaturas inferiores a 5ºC, congelados ou 
mantidos aquecidos em temperaturas superiores a 
60ºC.Comomedida de segurança, são considerados 
completamente cozidos os alimentos que são 
submetidos a temperaturas superiores a 70ºC. 
Os alimentos que devem ser conservados 
sob temperaturas específicas são genericamente 
conhecidos como perecíveis 
. Da mesma forma, os 
alimentos que apresentam condições intrínsecas 
que não favorecem a multiplicação de micro orga-nismos 
e, portanto, não necessitam de conservação 
em temperaturas específicas são denominados 
não-perecíveis 
. Como exemplo de alimentos perecíveis 
podem-se citar as carnes e os queijos; quanto aos 
alimentos não perecíveis, são exemplos o arroz, o sal 
e os biscoitos. 
Dessa forma, embora haja a possibilidade 
de que alimentos durante sua manipulação 
adquiram uma carga microbiana proveniente de 
fontes mais diversas, como solo, ar, água, animais e 
outras, a adoção de práticas adequadas de higiene 
pode reduzir esse risco. Além disso, essa carga 
microbiana pode ser controlada, reduzida ou até 
mesmo eliminada quando se adotam medidas 
como eficiente lavagem, cozimento em tempe-raturas 
suficientes ou conservação sob refrigeração, 
congelamento ou aquecimento. 
Ainda em relação aos perigos biológicos, 
deve-se destacar que a emergência de novos 
agentes, como os prions que estão relacionados à 
doença da vaca louca, e a associação de 
microrganismos perigosos que antes não eram 
vinculados aos alimentos, como a ocorrência da 
doença de Chagas aguda pelo consumo de caldo-de- 
cana, constituem os novos desafios na garantia 
da qualidade sanitária dos alimentos. 
A contaminação dos alimentos por 
substâncias químicas tóxicas, como agrotóxicos, 
toxinas de algas, metais pesados e drogas 
veterinárias, também representa um problema 
grave para a saúde pública. Essas substâncias podem 
causar dano à saúde apósumaúnica exposição ou, 
mais freqüentemente, em decorrência de uma 
exposição continuada. Em geral, os efeitos crônicos, 
ou seja, efeitos cumulativos provocados pela 
exposição continuada a pequenas doses dessas 
substâncias, são difíceis de ser monitorados e seu 
impacto na saúde ainda é subestimado. A maioria 
dos relatos de danos à saúde está relacionada aos 
efeitos agudos decorrentes de uma única exposição 
a altas doses dessas substâncias tóxicas.
102 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Há vários meios de um alimento ser 
contaminado e, em conseqüência, causar uma 
doença transmitida por alimento. Alguns hábitos 
culturais, como o consumo de alimentos mal cozidos 
ou crus e uso indiscriminado de agrotóxicos, aliados 
às condições inadequadas de higiene na 
manipulação dos alimentos, procedimentos incor-retos 
de conservação e à falta de conhecimento das 
pessoas, têm papel significativo nesse processo. 
Segundo a OMS, a utilização de algumas técnicas e 
cuidados simples pode reduzir substancialmente o 
número de pessoas acometidas com esse tipo de 
doença. Veja box 
Sabendoumpouco mais “Os cinco 
pontos-chave da Organização Mundial da Saúde 
para a inocuidade dos alimentos”, nesta seção. 
Para evitar ou reduzir os riscos desse tipo 
de agravo, é fundamental que as medidas visando à 
melhoria das condições sanitárias dos alimentos 
sejam adotadas em toda a cadeia produtiva, 
iniciando na produção primária - plantio e criação 
de animais - até o consumo dos alimentos. A correta 
manipulação dos alimentos, com adoção das 
medidas preventivas e de controle aliada às boas 
práticas de higiene, promove a melhoria do estado 
de saúde e nutricional da população, contribuindo 
para o aumento da produtividade e bem-estar das 
pessoas. Além do envolvimento de todos os 
segmentos associados com a produção e 
comercialização dos alimentos, a garantia da 
qualidade sanitária dos alimentos e a prevenção das 
DTA requer a implementação de estratégias de 
educação da população, que adquirem especial 
importância no Brasil, considerando que a maioria 
das DTA notificadas ocorre nas residências. 
Sabendo um pouco mais 
Procedimentos para Seleção, Lavagem e Desinfecção de Frutas, Legumes e 
Verduras. 
Na hora da compra, observar as seguintes características para escolher as frutas, legumes e 
verduras. Se apresentarem essas condições, não são próprias para consumo 
: 
- partes ou casca ou polpa amolecidas, manchadas, mofadas ou de cor alterada; 
- folhas, talos ou raízes murchas, mofadas ou deterioradas; 
- qualquer alteração na cor, na consistência ou no cheiro característico; 
- excesso ou falta de umidade característica. 
Selecionar, retirando as folhas, partes e unidades deterioradas. 
Lavar em água corrente os vegetais folhosos (alface, escarola, rúcula, agrião, etc.), folha a 
folha, e as frutas e legumes, um a um. 
Colocar de molho, por dez minutos, em água clorada, utilizando produto 
adequado para esse fim (ler o rótulo da embalagem), na diluição de até 200ppm (uma 
colher de sopa para um litro). 
Fazer o corte dos alimentos para a montagem dos pratos com as mãos e utensílios bem 
lavados. 
Manter sob refrigeração até a hora de servir.
DIRETRIZ 6 - GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 103 
DIRETRIZ ESPECIAL 2 - Qualidade sanitária dos alimentos 
Sabendo um pouco mais 
Os Cinco Pontos-Chave da Organização Mundial da Saúde 
para a Inocuidade dos alimentos 
1. Mantenha a limpeza 
Por quê? Os microrganismos perigosos que causam doenças transmitidas por 
alimentos podem ser encontrados na terra, na água, nos animais e nas pessoas. Eles são 
transportados de uma parte a outra por meio das mãos e dos utensílios, das roupas, dos panos, 
das esponjas e quaisquer outros elementos que não tenham sido lavados de maneira adequada 
e umleve contato pode contaminar os alimentos. 
2. Separe alimentos crus e cozidos 
Por quê? Os alimentos crus, especialmente carne, frango e pescado, podem estar 
contaminados com microrganismos perigosos que podem transferir-se a outros alimentos, 
como comidas cozidas ou prontas para o consumo, durante o preparo dos alimentos ou durante 
a sua conservação. 
3. Cozinhe completamente os alimentos 
Por quê? A correta cocção mata quase todos os microrganismos perigosos. Estudos 
mostram que cozinhar os alimentos de forma a que todas as partes alcancem 70ºC garante a 
segurança desses alimentos para consumo. Existem alimentos, como pedaços grandes de carne, 
frangos inteiros ou carne moída, que requerem um especial controle da cocção. O 
reaquecimento adequado elimina microrganismos que possam ter se desenvolvido durante a 
conservação dos alimentos. 
4. Mantenha os alimentos a temperaturas seguras 
Por quê? Alguns microrganismos podem multiplicar-se muito rapidamente se o 
alimento é conservado à temperatura ambiente, pois eles necessitam de alimento, umidade, 
temperatura e tempo para se reproduzir. Abaixo de 5ºC e acima de 60°C o crescimento 
microbiano se faz lentamente ou pára. Alguns microrganismos patogênicos podem crescer 
aindaemtemperaturas abaixo de 5ºC. 
5. Use água e matérias-primas seguras 
Por quê? As matérias-primas, incluindo a água, podem conter microrganismos e 
produtos químicos prejudiciais à saúde. É necessário ter cuidado na seleção de produtos crus e 
tomar medidas preventivas que reduzem o risco, como lavagem e descasque.
Colocando 
as diretrizes 
em prática
Colocando as diretrizes em prática 107 
Colocando as diretrizesemprática 
As orientações deste guia têm origem no 
conhecimento científico atual, expressoemumasérie 
de relatórios de especialistas, produzidos pelas 
Nações Unidas e por outras agências internacionais, 
bem como pelos Ministérios da Saúde de diferentes 
países, nos últimos dez ou mais anos. Elas são, 
portanto, cientificamente fundamentadas, 
confiáveis e atuais. Após olhar para todas as 
diretrizes, pode-se questionar: “Por onde e como 
começar?” 
Para alguns tipos e grupos de alimentos há 
muita diferença entre o que os brasileiros 
consomem atualmente e o que recomenda o guia.A 
população está consumindo menos feijão 
(leguminosas); o consumo de frutas, legumes e 
verduras é muito baixo; o consumo de alimentos 
gordurosos, muito açucarados, refrigerantes e sucos 
industrializados aumentou; o consumo de sal é alto; 
é comum o consumo de álcool; e também ocorreu 
uma redução nos níveis de atividade física, o que 
resultouemexcesso de peso e obesidade no País. 
O objetivo do Guia Alimentar para a 
População Brasileira é contribuir para que essas 
tendências sejam revertidas. Os indivíduos e grupos 
que seguirem essas orientações estarão mais 
protegidos contra todos os tipos de doenças 
relacionadas à alimentação e darão a si próprios uma 
oportunidadededesfrutarumavida longa e ativa. 
Da mesma forma, os profissionais de saúde 
que adotarem e aplicarem as diretrizes nas 
orientações dadas às pessoas que atendem em seu 
trabalho e incentivarem a população a selecionar 
alimentos e preparar as refeições de maneira mais 
saudável estarão dando uma contribuição valiosa 
para a saúde pública. 
Todas as diretrizes deste guia são 
importantes, mas aquela relacionada às frutas, aos 
legumes e às verduras é possivelmente a mais 
importante de todas; isto porque, além de 
contribuir para a variedade da alimentação e oferta 
mais adequada de micronutrientes, o aumento no 
consumo desses alimentos pode colaborar para a 
reorientação ou deslocamento no consumo, 
promovendo a redução no consumo de alimentos 
inadequados, aqueles com alto teor de gordura, sal 
e açúcares. Éumasubstituição positiva e gradual. 
Neste capítulo, estão informações práticas 
destinadas a facilitar que todos possam seguir as 
recomendações do guia alimentar e, ao mesmo 
tempo, desfrutar de refeições e lanches saborosos, 
utilizar melhor o dinheiro gasto em alimentação, 
divertir-se socialmente e aumentar a oportunidade 
paraumavida saudável, feliz e ativa. 
Essas informações são para toda a família e 
principalmente para pessoas que planejam, fazem 
as compras e preparam as refeições. Por isso, nas 
recomendações práticas a seguir, usam-se muitas 
vezes frases como “sirva uma grande porção de 
qualquer vegetal com folhas verdes a cada refeição 
principal” ou “use óleos insaturados para 
cozinhar”. Essas informações são detalhamentos da 
“orientação para os membros da família” existente 
em cada diretriz que, para reforçar conceitos, 
também são repetidos aqui. 
As pessoas que moram sozinhas e os 
membros da família que comem fora, em cantinas 
ou restaurantes, bem como as famílias que dividem 
entre si as responsabilidades de planejar, comprar e 
cozinhar, podem “traduzir” essas informações de 
forma a adaptá-las à sua própria situação. 
São sugestões que darão uma melhor idéia 
de como adotar as diretrizes. São também ponto de 
partida para que profissionais de saúde que 
trabalham nas esferas estadual, municipal e local 
possam adaptar as recomendações e estendê-las 
para as diferentes realidades de nosso país, bem 
como aos diferentes tipos de família com restrições 
econômicas ou não, pequenas e grandes, urbanas 
ou rurais e também às pessoas com diferentes 
idades. 
Diretriz 1 
Os alimentos saudáveis e as refeições 
- Consuma diariamente alimentos como cereais 
integrais, feijões, frutas, legumes e verduras, leite e 
derivados e carnes magras, aves ou peixes. 
- Diminua o consumo de frituras e alimentos que 
contenham elevada quantidade de açúcares, 
gorduras e sal. 
- Valorize a sua cultura alimentar e os alimentos 
regionais. 
- Saboreie refeições variadas, ricas em alimentos 
regionais saudáveis e disponíveis na sua 
comunidade. 
- Escolha os alimentos mais saudáveis, lendo as 
informações nutricionais nos rótulos dos alimentos.
108 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
- Alimente a criança somente com leite materno até 
a idade de 6 meses e depois complemente com 
outros alimentos, mantendo o leite materno até os 
2 anos ou mais. 
- Procure nos serviços de saúde orientações a 
respeito da maneira correta de introduzir alimentos 
complementares e refeições quando a criança 
completar 6 meses de vida. 
E… 
- Nas refeições, monte o seu prato com pelo menos 
dois terços dos alimentos de origem vegetal. 
- Faça as refeições em local apropriado e 
confortável. Encontre oportunidades para que a 
família se reúna na hora da refeição. 
- Aproveite o tempo e desfrute as refeições. Elas são 
o centro da convivência social e familiar. 
- Desligue a televisão na hora das refeições e coma 
as refeições em volta da mesa - as crianças também. 
Quando você come assistindo televisão, perde a 
noção de quantidade, não mastiga suficientemente 
e,emgeral,nemsabe o que está comendo. 
- Faça ao menos três refeições principais por dia, 
sempre que possívelemcasa. 
- Evite que as crianças “belisquem” e substituam as 
refeições por fast food, biscoitos ou salgadinhos, 
comam na rua ou decidam sozinhas sobre suas 
refeições. A criança deve articipar, na medida de sua 
possibilidadeecomsegurança,dadecisãoeelaboração 
das refeições junto com um adulto, para que vá 
construindopráticasalimentaressaudáveis. 
- Comece a refeição com uma quantidade grande de 
salada, com folhas verdes e variedade de legumes, 
temperados com um molho de ervas frescas feito 
emcasa. 
- Beba muita água entre as refeições. Sempre tenha 
água em locais de fácil acesso, principalmente das 
crianças. 
- Os melhores lanches, entre as refeições, são frutas 
frescasousucosdefrutasfrescassemaçúcaradicionado. 
- Nos mercados e nos restaurantes por quilo, escolha 
muitas frutas, legumes e verduras e grãos em geral 
(cereais e feijões). 
- Prefira os alimentos frescos. Se for possível, faça 
compras pelo menos duas vezes por semana de 
alimentos frescos da estação, que são mais baratos e 
nutritivos. 
- Alimentos ou bebidas coloridos ou aromatizados 
artificialmente são normalmente más escolhas, por 
possuirem muito açúcar e, em geral, nenhum outro 
nutriente. 
- Entre os alimentos processados, prefira aqueles 
nos quais foi utilizado secagem, fermentação, 
engarrafamento ou congelamento. 
- Escolha formas de preparação de alimentos na sua 
casa que preservem o valor nutricional dos 
alimentos. Cozinhar os alimentos no vapor ou em 
pouca água ou óleo são os melhores métodos. 
- Mantenha os alimentos adequadamente 
conservados em refrigeração, quando for o caso, e 
protegidos de insetos, poeira e animais caseiros. 
- Por segurança, lave, esfregue as frutas, os legumes 
e às verduras. Higienize muito bem esses alimentos, 
mesmo aqueles que não são consumidos com casca. 
- Descarte alimentos mofados ou com bolor ou 
alimentos que pareçam estragados ou que cheirem 
mal ou estejam com sabor estranho. 
- Grande parte dos cereais industrializados 
destinados à refeição matinal são, quase sempre, 
feitos com milho refinado, trigo ou arroz, com 
quantidades variáveis de açúcar adicional, sal e 
outros ingredientes e, muitas vezes, fortificados 
com vitaminas e minerais. Leia a informação 
nutricional no rótulo dos produtos e prefira aqueles 
integrais e com menor quantidade de açúcar e 
gordura. 
- Evite usar margarina, manteiga ou maionese nos 
sanduíches. Para substituir, experimente um pouco 
de óleo vegetal temperado com ervas, casca de 
limão ou alho. Você mesmo pode temperar o óleo, 
emcasa. 
Diretriz 2 
Cereais, tubérculos e raízes 
- Coma diariamente 
6 porções do grupo do arroz, 
. Dê preferência 
pães, massas, tubérculos e raízes 
aos grãos integrais. 
E… 
- Preencha mais da metade do seu prato com esses 
alimentos, ricosemamido, nas refeições principais. 
- Procure consumir alimentos na sua forma natural. 
Quanto mais próximo o alimento ou bebida for da 
sua forma originalnanatureza, melhor para a saúde.
Colocando as diretrizes em prática 109 
- Produtos como sopasempó, conservas de vegetais, 
biscoitos, salgadinhos e refeições congeladas, em 
geral, contêm altas concentrações de sal, gorduras 
ou açúcar, o que não é saudável para a sua família. 
- Pão e arroz integrais são fontes de fibra, vitaminas 
e minerais e substâncias bioativas que ajudam a 
proteger a sua saúde. 
- No Brasil, as farinhas de trigo e milho são 
fortificadas com ferro e ácido fólico (veja no rótulo 
do alimento); esses nutrientes ajudam a prevenir 
anemia e outras doenças. Use-as para preparar 
pães, bolos ou outras receitasemsua casa. 
- Se preferir o arroz branco, escolha o parboilizado; 
é mais nutritivo. 
- Consuma com maior freqüência as raízes e 
tubérculos tradicionais brasileiros, como a 
mandioca, inhame, cará e a batata-doce. 
- Alimentos com amido, quando preparados com 
pouca ou nenhuma gordura ou açúcar, são mais 
saudáveis e ajudam a manter o peso adequado. 
- Para qualquer tipo de alimento, prefira as 
preparações assadas e cozidas às fritas. 
- O valor nutritivo de muitos alimentos, como as 
batatas, inhame, mandioca e outros ricosemamido, 
pode ser preservado quando são cozidos com casca. 
Lave-os muito bem antes de colocá-los na panela 
para cozimento. 
- Pães crocantes e biscoitos cracker são opções de 
lanches, mas leia os rótulos para ver a quantidade 
de gordura total, gordura saturada, gordura trans e 
sódio. Escolha os tipos e as marcas com teores 
menores desses componentes. 
- Experimente todos os tipos de massa e prefira os 
molhos de ervas e tomate, que são muito saborosos 
e menos calóricos. Cuidado com a adição excessiva 
de gordura aos molhos. 
- Prefira as pizzas elaboradas com legumes e 
verduras ou frutas e pouco queijo. 
- Pastéis, bolos e biscoitos são também considerados 
alimentos ricos em gorduras e açúcares. Evite 
consumi-los diariamente. Quando fizer ou comprar 
bolos, prefira os mais simples, de frutas, sem 
cobertura ou recheio. Deixe os bolos mais 
elaborados para comemorações eventuais e 
especiais. 
Diretriz 3 
Frutas, legumes e verduras 
- Coma diariamente pelo menos 
legumes e verduras 3 
porções ou mais de frutas 
E… 
3 porções de 
como parte das refeições e 
nas sobremesas e lanches. 
- Valorize os produtos da sua região e varie o tipo de 
frutas, legumes e verduras consumidos na semana. 
Compre os alimentos da estação e esteja atento 
para sua qualidade e estado de conservação. 
- Para alcançar o número de porções recomendadas 
de frutas e de legumes e verduras é necessário que 
esses alimentos estejam presentes em todas as 
refeições e lanches realizados no decorrer do dia. 
- Consuma saladas com variedade de tipos de 
verduras no almoço e no jantar; outros vegetais em 
preparações assadas ou cozidas durante as refeições 
principais; frutas como sobremesa e nos lanches e 
sucos de fruta fresca sem açúcar. 
- Experimente colocar frutas em preparações 
salgadas como carnes, peixes, molhos e saladas. 
- Use legumes e verduras todos os dias 
acompanhando arroz ou cozidos no feijão. 
- Cuide da adequada higienização desses produtos 
em sua casa, bem como de sua conservação. Mesmo 
aqueles que são consumidos cozidos ou sem casca 
devem serbemlavados antes da preparação. 
- As refeições ficam mais bonitas, nutritivas e 
atrativas quando são utilizados legumes e verduras 
de diferentes cores, além de aumentar a 
quantidade de diferentes vitaminas e minerais e de 
fibras. 
- Sempre que possível, consuma frutas, legumes e 
verduras com casca ou retire o mínimo possível; em 
grande parte dos alimentos, a maior quantidade de 
vitaminas e minerais se encontra na casca. 
- Ao cozinhar frutas, legumes e verduras, faça-o no 
menor tempo possível e use pouca quantidade de 
água. Algumas vitaminas se perdem com o calor e se 
diluem na água.Osabor e a textura também ficarão 
melhores. 
- Coloque esses alimentos na água já em fervura e 
sempre utilize a panela tampada para o tempo de 
cozimento ser o menor possível. 
- A água do cozimento dos vegetais pode ser 
utilizada na preparação de outros alimentos, como
110 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
arroz, ensopados, molhos. As vitaminas e minerais 
diluídos são reaproveitados. 
- Não utilize bicarbonato de sódio para deixar os 
vegetais mais verdes. Esse composto destrói 
algumas vitaminas. 
- Use muito tomate, pimentão e cebola frescos, 
cozidos ou como molhos. 
- Redescubra o valor e o sabor das sopas. Um prato 
grande de sopa de vegetais, com caldo bem grosso, 
pode s e r considerado uma r e f e i ç ã o , 
complementada por salada e fruta. 
- Conheça novos sabores; experimente frutas, 
legumes e verduras brasileiras de cada época do ano 
e experimente novas receitas com esses alimentos. 
- Ao utilizar frutas, legumes e verduras 
industrializados, dê preferência àqueles 
conservados no próprio suco, água ou vinagre. 
Fique atento: leia no rótulo a quantidade de sal e 
açúcar e escolha os que têm menor teor desses 
componentes. 
- Coma frutas frescas no café da manhã, nas 
refeições principais, como sobremesa, ou nos 
lanches, entre as principais refeições. 
- Sempre que possível, dê frutas frescas às crianças 
todos os dias para levar para a escola. Para variar 
também podem ser usadas frutas secas, como 
banana, abacaxi e outras disponíveis. Prefira 
aquelas que foram feitas sem açúcar adicionado. 
Procure essa informação na lista de ingredientes no 
rótulo dos alimentos. 
- Sucos de fruta feitos na hora são os melhores. A 
polpa congelada perde alguns nutrientes, mas é 
uma opção melhor do que sucos artificiais ou 
refrigerantes. 
- Sempre que possível, ofereça suco natural de 
frutas variadas todas as manhãs para todas as 
pessoas da família e não adicione açúcar. Se precisar 
adicionar um líquido, prefira suco de laranja ou 
água de coco. 
- Se você tem um quintal ou qualquer lugar 
adequado, faça uma horta, plante frutas, legumes, 
verduras e ervas (manjericão, orégano, salsa, 
cebolinha, coentro) para a família e amigos. Além 
dos benefícios alimentares, pode ser uma fonte de 
lazer e movimento. 
- Dê cestas de frutas e não bolos ou chocolates como 
presentes. Esta é uma maneira simpática e diferente 
de contribuir para uma vida mais saudável de todas 
as pessoas a quem você quer bem. 
Diretriz 4 
Feijões e outros alimentos vegetais ricos em 
proteínas 
- Coma 1 porção de feijão por dia 
. Varie os tipos de 
feijões usados (preto, carioquinha, verde, de-corda, 
branco e outros) e as formas de preparo. Use 
também outros tipos de leguminosas (soja, grão-de-bico, 
E... 
ervilha seca, lentilha, fava). 
- Coma feijão com arroz na proporção de uma parte 
de feijão para duas partes de arroz cozidos. Esse 
prato brasileiro é uma combinação completa de 
proteínas ebompara a saúde. 
- O prato favorito e típico do Brasil arroz e feijão é 
uma excelente combinação e escolha. Adote-o 
como base de sua alimentação. 
- O feijão deve ser preparado com quantidades 
pequenas de gordura, preferencialmente óleos 
vegetais. 
- Não use a água em que o feijão ficou de remolho 
para cozinhá-lo. 
- Feijoada e outros pratos feitos com feijão e carnes 
gordas, embutidos, toucinho e outros tipos de 
carnes têm alto teor de gordura saturada e de sal, o 
que não é saudável; consuma esse tipo de 
preparação ocasionalmente. 
- Acrescente feijão, ervilha ou lentilha aos 
ensopados e cozidos. 
- Acrescente feijões, oleaginosas (castanhas, nozes, 
amendoim) e sementes às saladas para torná-las 
mais nutritivas. 
- As sementes (de girassol, gergelim, abóbora e 
outras) e castanhas (do-brasil, de-caju, nozes, nozes-pecã, 
amêndoas e outras) são fontes 
complementares de proteínas e gorduras de boa 
qualidade. Se possível, consuma-as com mais 
freqüência. Utilize-as como ingrediente de saladas, 
sopas, no iogurte, salada de frutas, molhos, pães e 
bolos. 
- Tenha sempre em casa uma quantidade de feijões 
e lentilhas secos e sementes (girassol, abóbora). Se 
for possível, tenha também castanhas e nozes. 
- Nos restaurantes por quilo ( self-service 
) e cantinas 
inicie a montagem do seu prato pelas saladas 
(verduras e legumes) e feijões. Tempere a salada 
com pequena quantidade de azeite ou limão. Evite
Colocando as diretrizes em prática 111 
servir-se de frituras, salgadinhos, empanados, 
molhos brancos e molhos à base de maionese ou de 
queijo. 
- Para o lanche das crianças, nas viagens ou se sentir 
fome entre as refeições, uma boa alternativa é 
comer um pouco de nozes, castanhas ou sementes 
(oleaginosas) sem sal, ou frutas secas sem açúcar 
adicionado. 
Diretriz 5 
Leite e derivados, carnes e ovos 
Consuma diariamente: 
- 3 porções de leite e derivados 
. Os adultos, sempre 
que possível, devem escolher leite e derivados com 
menores quantidades de gorduras. Crianças, 
adolescentes e mulheres gestantes devem consumir 
leite e derivados na forma integral. 
- 1 porção de carnes, peixes ou ovos 
. Prefira as 
carnes magras e retire toda a gordura aparente 
antes da preparação. 
-Comamais frango e peixe e sempre prefira carne com 
baixo teor de gordura. Os derivados de carne (charque, 
salsicha, lingüiça, presuntos e outros embutidos) 
contêm,emgeral,excessodegordurasesaledevemser 
consumidosocasionalmente. 
- Coma pelo menos uma vez por semana vísceras e 
miúdos, como o fígado bovino, coração de galinha, 
entre outros. Essas carnes são excelente fonte de ferro, 
nutriente essencial para evitar anemia,emespecialem 
crianças, jovens,idososemulheresemidadefértil. 
E… 
- Carne fresca de aves e peixes é sempre melhor. 
- Procure comer peixe fresco pelo menos duas vezes 
por semana. Tanto os peixes de rio como de mar são 
saudáveis. 
- Descarte, antes de preparar, toda a gordura 
aparente das carnes e a pele das aves. 
- Cada tipo de corte de carne possui diferentes 
quantidades de energia e gordura. Prefira aqueles de 
menores valores. Por exemplo, a cada 100g: acém 
(121kcal, 4,3g de gordura total); contrafilé (192kcal, 
12,8g de gordura total); patinho (118kcal, 4,02g de 
gordura total); coxa de frango (161kcal, 9,32g de 
gordura total); peito sem pele (110kcal, 1,84g de 
gorduratotal). 
- Não existem diferenças importantes no valor 
nutritivo de carnes denominadas “de primeira” ou 
“de segunda”. O que é importante é optar por 
aqueles cortes com menor teor de gordura. 
- Prefira carnes, peixes ou aves assados ou 
preparados com pouca gordura. 
- Prepare as carnes com pouco sal e evite o uso de 
temperos prontos que são ricosemsódio. 
- Evite produtos com carne processada tipo 
hambúrgueres e salsichas, que geralmente têm alta 
porcentagem de gordura e de sal. Consulte as 
informações nutricionais dos rótulos de alimentos 
(gordura total, gordura saturada) para ajudá-lo a 
selecionar alimentos com menores teores de 
gorduras e sódio. 
- Coma somente ocasionalmente alimentos de 
origem animal curados, defumados, grelhados ou 
churrasco. 
- Quando fizer um churrasco, ofereça frango, peixe 
grelhado, acompanhados de saladas e frutas como 
opção. 
- Prefira iogurtes desnatados e queijos com pouca 
gordura. Em geral os queijos brancos, como a ricota 
e o minas frescal, possuem menos gordura. Consulte 
os rótulos nutricionais e escolha os produtos com 
menos gordura e sódio. 
- Iogurte desnatado temperado com ervas, como 
manjericão, salsa, tomilho e coentro frescos, é uma 
excelente opção para sanduíches e molho de 
saladas em substituição à maionese, manteiga ou 
margarina. 
- Os ovos são nutritivos. Prefira-os cozidos, 
escaldados, mexidos ou como omelete, preparados 
com pouco ou nenhum óleo. 
- Dois a três copos de leite por dia contribuem para 
um adulto atingir suas recomendações de cálcio. O 
iogurte pode ser também uma opção para garantir 
o fornecimento de cálcio. Prefira os caseiros. 
- Crianças, adolescentes, gestantes e idosos devem 
consumir mais leite e derivados, para atender às 
suas necessidades de cálcio. 
- Caso você ou sua família adote uma alimentação 
que não contenha nenhum tipo de carne, ovos ou 
leite e derivados, procure nos serviços de saúde a 
orientação de nutricionista para assegurar-se de 
que sua alimentação seja saudável.
112 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Diretriz 6 
Gorduras, açúcares e sal 
- Reduza o consumo de alimentos e bebidas 
concentrados em gorduras, açúcar e sal. Consulte a 
tabela de informação nutricional dos rótulos dos 
alimentos e compare-os para ajudar na escolha de 
alimentos mais saudáveis. Escolha aqueles com 
menores percentuais de gorduras, açúcar e sódio. 
- Use pequenas quantidades de óleo vegetal 
quando cozinhar. Prefira formas de preparo que 
utilizam pouca quantidade de óleo, como assados, 
cozidos, ensopados, grelhados. Evite frituras. 
Consuma 
- não mais que 1 porção por dia de óleos 
vegetais, azeiteoumargarinasemácidosgraxostrans. 
- Consuma 
não mais que 1 porção do grupo dos 
açúcares e doces por dia. 
- Reduza a quantidade de sal nas preparações e 
evite o uso do saleiro na mesa. A quantidade de sal 
por dia deve ser, 
por pessoa 
E... 
no máximo, uma colher de chá rasa 
, distribuída em todas as preparações 
consumidas durante o dia. 
- Valorize o sabor natural dos alimentos, reduzindo 
o açúcar ou o sal adicionado a eles. Acentue o sabor 
de alimentos cozidos e crus utilizando ervas frescas 
ou secas ou suco de frutas como tempero. 
- Utilize somente sal iodado. Não use sal destinado 
ao consumo de animais. Ele é prejudicial à saúde 
humana. 
- Quanto menos gordura, gordura saturada, sal e 
açúcarvocêconsumir,melhorparasuasaúde. 
- Leia os rótulos dos alimentos. Evite alimentos com 
alto teor de gordura total, de gordura saturada, 
gorduratrans,desódio(sal)oudeaçúcar. 
- Lembre-se: você pode estranhar o sabor inicial, mas 
depois de um tempo você irá preferir o sabor dos 
alimentos preparadoscompouca gordura, sal e açúcar. 
Dêotemponecessário paraoseu paladar se acostumar 
aisso. Seja persistente.Suasaúdeagradece. 
-Os óleos vegetais são melhor escolha que a manteiga 
ou margarina. Use-os para cozinhar. Escolha entre os 
decanola,milho,algodão,girassolousoja. 
- Uma lata de 900ml é suficiente para o preparo de 
alimentos de uma família de quatro pessoas, 
durante um mês. Se você usa mais que essa 
quantidade por mês, tente reduzir o óleo das 
preparações até que o consumo de óleo atinja essa 
quantidade. 
- O azeite de oliva é uma ótima opção, 
principalmente para temperar saladas. É saboroso e 
nutritivo. Observe no rótulo do produto se ele é 
puro, pois muitos são adicionados de outros tipos de 
óleo vegetal. Use-o com moderação, pois também 
tem alto teor de energia. 
- Use ervas ou temperos e não sal, para tornar os 
alimentos mais saborosos. Evite temperos prontos 
que contêm alta concentração de sal. 
- Mantenha os molhos de saladas e molhos de 
alimentos separados das preparações. Acrescente-os 
apenas quando montar o seu prato, em 
quantidade pequena, apenas para realçar o sabor. 
- Evite consumir alimentos industrializados que 
contêm altos teores de sal, como embutidos 
(salsichas, lingüiças, salames, presuntos, 
mortadela), queijos, conservas de vegetais, sopas, 
molhos e temperos prontos. Além disso, alguns 
geralmente têm alto teor de gordura. 
- Cozinhar com muito óleo e fritar tornam qualquer 
alimento rico em gorduras e, portanto, não-saudável. 
- Se for consumir, prefira os salgadinhos assados e 
também aqueles que não são preparados com 
gordura vegetal hidrogenada (veja na lista de 
ingredientes no rótulo). Somente os consuma 
ocasionalmente. Atenção com os folhados e 
empadinhas de massa “podre”, que são assados, 
mas também ricosemgorduras. 
- Evite bolos, biscoitos doces, sobremesas e doces 
como regra da alimentação. Coma-os menos que 
três vezes por semana. Prefira aqueles preparados 
emcasa, com óleos vegetais. 
- Refrigerantes, bebidas industrializadas, doces e 
produtos de confeitaria contêm muito açúcar e 
favorecem o aparecimento de cáries, além de 
sobrepeso e obesidade, e não são nutritivos. Evite o 
consumo diário desses produtos e explique às 
crianças e aos adolescentes que esses alimentos não 
são saudáveis, podendo ser consumidos apenas 
eventualmente,emocasiões especiais.
Colocando as diretrizes em prática 113 
- Quando consumir qualquer tipo de alimento com 
açúcar, escove os dentes imediatamente depois. 
Essa prática é particularmente importante para as 
crianças, para a prevenção de ocorrência da cárie 
dental. 
- Procure não adicionar açúcar ao café ou a outras 
bebidas. Em caso de dificuldade, faça uma redução 
progressiva. Após um tempo seu paladar se adaptará 
e as bebidasemgeral terãoumgosto melhor. 
- Diminua progressivamente o consumo de 
refrigerantes; a maioria contém corantes, 
aromatizantes, açúcar ou edulcorantes. Sucos 
industrializados também são ricos em açúcar. 
Consuma-os moderadamente, diluídos com água 
ou escolha os diet ou light. 
- Evite alimentos engarrafados, enlatados ou 
empacotados com adição de açúcar ou sal ou que 
contêm muita gordura ou óleos hidrogenados 
(gorduras trans). 
Diretriz 7 
Água 
- Use água tratada ou fervida e filtrada para beber e 
para preparar refeições e sucos ou outras bebidas. 
- Beba pelo menos dois litros (seis a oito copos) de 
água por dia. Dê preferência ao consumo de água 
nos intervalos das refeições. 
- Ofereça água para as crianças e idosos ao longo de 
todo o dia. Eles precisam ser estimulados 
ativamente a ingerir água. 
E... 
- Beba água de boa qualidade, tratada ou fervida e 
filtrada, entre as refeições, ou sucos naturais de 
frutas sem adição de açúcar. 
- A água usada para preparar os alimentos ou 
higienizá-los deve merecer o mesmo cuidado da 
água para beber. 
- Use sempre um filtro. Procure limpar 
freqüentemente o filtro, principalmente se for do 
tipo que usa vela que pode ser substituída. Fique 
atendo ao prazo de validade das velas. 
- Se não for possível ter um filtro de água em casa, 
mantenha a água a ser utilizada na cozinha em 
recipientes limpos, devidamente protegidos do ar e 
do contato com insetos. 
- Mantenha sempre disponível uma garrafa de água 
no seu ambiente de trabalho. 
- Leve consigo água engarrafada nas viagens e beba 
muita água. 
- Quando consumir bebidas alcoólicas, lembre-se de 
que deve também beber muita água. 
- Os refrigerantes e sucos industrializados não 
devem ser considerados como água, pois esses tipos 
de bebidas contêm muita caloria. 
- Não consuma mais do que duas a três xícaras de 
café por dia. Você pode substituí-lo por chás de 
diferentes ervas frescas sem açúcar. O café deve ser 
evitado por crianças, adolescentes e idosos, além 
das pessoas que têm dificuldade de dormir. 
Diretriz Especial 1 
Atividade física 
- Torne o seu dia-a-dia e seu lazer mais ativos. 
Acumule pelo menos 30 minutos de atividade física 
todos os dias. 
- Procure os serviços de saúde para ser orientado 
sobre alimentação saudável e atividade física. 
- Movimente-se. Descubra um tipo de atividade 
física agradável. O prazer é também fundamental 
para a saúde. Caminhe, dance, ande de bicicleta, 
jogue bola, brinque com as crianças. 
- Aproveite o espaço doméstico e espaços públicos 
próximos a sua casa para se movimentar. Convide 
vizinhos e amigos para acompanhá-lo. 
E… 
- Movimente-se. Procure uma atividade física que 
lhe dê prazer. 
- Caminhe em ritmo acelerado para o trabalho ou, 
pelo menos, caminhe durante parte do percurso. 
- O trabalho de casa é fisicamente ativo. Faça a 
família colaborar. 
- Faça intervalos durante o dia para uma rápida 
caminhada. Cada dez minutos contam. 
- Suba e desça escadasemcasa e no trabalho. 
- O ciclismo é tão bom quanto a caminhada. Pedale 
nos finais de semana.
114 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
- Dance com o(a) seu(ua) companheiro(a) ou dance 
sozinho(a) quando sentir vontade. 
- Participe de um clube, academia ou aula de 
ginástica em que você desfrute de companhia e de 
lazer ativo. 
- Corrida, ciclismo, natação e academias são escolhas 
para exercícios vigorosos; jogos de equipe como o 
futebol, voleibol, basquetebol e tênis são também 
excelentes formas de exercício físico. 
- Certifique-se de que as crianças na família têm 
tempo para fazer esportes e jogos. Brinque com elas 
e faça-as descobrir e adotar as brincadeiras de sua 
infância, feitas preferencialmente ao ar livre: pular 
corda, esconde-esconde, subir em árvores, brincar 
em parquinhos não-eletrônicos, pega-pega, cabra-cega, 
jogar bola, queimada, amarelinha. Elas vão se 
divertir e você também. 
- Diminua o tempo em frente ao televisor e 
computador nas suas horas de lazer. 
- Se você tem algum histórico de doença cardíaca, 
ou se você tem mais de 50 anos, é prudente 
submeter-se a um exame médico antes de iniciar 
qualquer esporte ou atividade física. 
- Verifique, nos serviços de saúde, o seu peso e a 
medida da cintura regularmente. Essas informações 
são importantes para a saúde. 
Diretriz Especial 2 
Qualidade sanitária dos alimentos 
- Ao manipular os alimentos, siga as normas básicas 
de higiene na hora da compra, da preparação, da 
conservação e do consumo de alimentos. 
E.. 
. 
No momento da compra 
- Verifique se o supermercado ou estabelecimento 
comercial apresenta adequadas condições de 
conservação dos alimentos oferecidos. Para 
escolher esses estabelecimentos, não utilize apenas 
critérios como a proximidade do domicílio e o preço 
dos produtos; verifique também a limpeza e 
organização do ambiente. 
- Os atendentes e manipuladores devem estar com 
vestimenta adequada à atividade que exercem e, 
quando necessário, de touca, luvas, máscara de 
proteção e botas. A vestimenta deve estar limpa e 
conservada. 
- Os produtos devem estar acondicionados em 
prateleiras limpas, organizadas e nunca sobre o 
piso. Os alimentos congelados e refrigerados devem 
estar armazenados sob temperatura recomendada 
pelo fabricante. 
- Certifique-se da qualidade dos produtos. 
- Verifique os selos de inspeção, o prazo de validade, 
a identificação do fabricante e as condições da 
embalagem. 
- Observe a embalagem do produto: ela não deve 
estar violada ou rasgada. No caso das latas, não 
compre nem utilize aquelas com ferrugem, que 
estiverem amassadas, estufadas ou com qualquer 
outra alteração. 
- Nos produtos não embalados ou acondicionados 
em embalagens transparentes que permitem 
visualizar seu conteúdo, observe se os alimentos 
apresentam alteração na cor, na consistência, no 
aspecto e se há presença de matérias estranhas. 
- Siga a ordem correta de compra dos alimentos: 
primeiro, os produtos não-comestíveis,comoutensílios 
e materiais de limpeza; segundo, os alimentos não-perecíveis 
e depois os perecíveis (carnes e outros 
produtos conservados sob refrigeração). Organize-se 
para que o tempo entre a compra dos alimentos 
perecíveis e seu armazenamento no domicílio não 
ultrapasseduashoras. 
- Carnes pré-embaladas e congeladas, encontradas 
normalmente em supermercados, devem ser 
mantidas em balcão ou câmara frigorífica. Freezer 
ou balcão frigorífico fora da temperatura correta, 
ou quando desligados à noite, formam água no 
chão, o que indica que os produtos não foram 
conservadosemtemperatura ideal. 
- Os alimentos congelados devem estar firmes e sem 
sinais de descongelamento, como acúmulo de 
líquido. 
- No caso de carnes e aves, verifique se a embalagem 
não está gotejando. No caso de ovos, confira se não 
estão quebrados ou rachados. 
- Produtos de origem animal embalados somente 
devem ser comprados com o selo do Serviço de
Colocando as diretrizes em prática 115 
Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura, 
Pecuária e Abastecimento, ou do serviço de 
inspeção estadual ou municipal. 
- Ao escolher peixes, observe se possuem pele firme, 
bem aderida, úmida e sem a presença de manchas. 
Os olhos devem ser brilhantes e salientes. As 
escamas devem estar unidas e fortemente aderidas 
à pele e brilhantes. As brânquias (guelras) devem 
possuir cor em tons que variam do rosa ao vermelho 
intenso, ser brilhantes e sem viscosidade. 
- No transporte dos alimentos, evite colocá-los em 
locais quentes, como, por exemplo, próximos ao 
motor do carro ou expostos ao sol. 
- Guarde os alimentos perecíveis na geladeira ou 
freezer o mais rápido possível, quando chegar ao 
domicílio. 
No domicílio 
- As mãos devem sempre ser lavadas com água e 
sabão antes do início da preparação dos alimentos. 
As unhas devem estar curtas e limpas. 
- Lave as mãos antes de manipular os alimentos e 
após ir ao banheiro, limpar o nariz, fumar, mexer 
com dinheiro, atender ao telefone, carregar o lixo e 
outras atividades. Também se lembre de lavar as 
mãos após manipular alimentos c r u s , 
principalmente se for manusear alimentos já 
prontos. 
- O local de preparo e armazenamento dos 
alimentos (cozinha, despensa, bancadas e 
equipamentos) devem ser mantidos sempre limpos 
e organizados. 
- As superfícies que entrem em contato com os 
alimentos, como bancadas de cozinhas, devem ser 
mantidas em bom estado de conservação, sem 
rachaduras, trincas e outros defeitos que favoreçam 
o acúmulo de líquido e sujidades. 
- Todos os utensílios, como facas e tábuas de corte, e 
superfícies que entram em contato com os 
alimentos, como bancadas, devem estar limpos. 
Lave os utensílios usados para manipular alimentos 
crus (carnes, pescados e vegetais não lavados) antes 
de utilizá-losemalimentos prontos. 
-Os utensílios devem secar naturalmente. Se utilizar 
panos de prato, eles devem estar limpos. Não utilize 
o mesmo pano de prato usado para secar utensílios 
para secar as mãos. Os panos de prato, panos de pia 
e esponjas devem ser trocados freqüentemente. 
- Caso retire pequenas porções para experimentar o 
alimento que está sendo preparado, lave a colher 
ou outro utensílio que usou antes de utilizá-lo 
novamente. 
- Cozinhe bem os alimentos, especialmente carne, 
aves, ovos e peixes. No caso de carnes e aves, para 
saber se o cozimento foi completo, o suco deve estar 
claro e não rosado e a parte interna também não 
deve estar vermelha ou rosada. Os ovos devem ser 
cozidos até a clara e gema estarem firmes e os peixes 
devem ficar opacos (sem brilho) e se desmanchar 
facilmente. 
-Aágua utilizada no preparo dos alimentos deve ser 
potável. Use a mesma água que é ingerida pela 
família. 
- Alimentos preparados que não serão 
imediatamente consumidos devem ser conservados 
no refrigerador em vasilhas tampadas. Sempre que 
possível, prepare os alimentos em quantidade 
suficiente para consumo imediato. Não deixe os 
alimentos cozidos à temperatura ambiente por mais 
de duas horas. 
- Mantenha a geladeira, o congelador e o freezer 
nas temperaturas adequadas. A temperatura da 
geladeira deve ser inferior a 5ºC. Limpe 
periodicamente e verifique a data de validade dos 
produtos armazenados. 
- A geladeira não deve ficar muito cheia de 
alimentos e as prateleiras não devem ser cobertas 
por panos ou toalhas, porque isso dificulta que o ar 
frio circule. Verifique regularmente se a geladeira 
está funcionando de forma adequada e se as 
borrachas das portas estão em boas condições, 
garantindo o isolamento térmico. 
- Abra a geladeira somente quando necessário e 
mantenha a porta aberta pelo menor espaço de 
tempo para evitar flutuações de temperatura. 
- Armazene adequadamente os alimentos na 
geladeira: prateleiras superiores para alimentos 
preparados e prontos para o consumo; prateleiras 
do meio para produtos pré-preparados e prateleiras 
inferiores para alimentos crus.
116 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
- Não guarde alimentos por muito tempo, mesmo 
que seja na geladeira. O alimento preparado não 
deve ser conservado na geladeira por mais de cinco 
dias. 
- Não descongele os alimentos a temperatura 
ambiente. Use o forno microondas se for prepará-lo 
imediatamente ou deixe o alimento sob 
refrigeração em tempo suficiente para descongelá-lo. 
Alimentos fracionados em pequenas porções 
podem ser cozidos diretamente sem prévio 
descongelamento. 
- Nunca utilize alimentos após a data de validade. 
Para alimentos que necessitam de condições 
especiais de conservação depois de abertos, observe 
as recomendações do fabricante quanto ao prazo 
máximo para consumo. 
- Proteja os alimentos e as áreas da cozinha contra 
insetos, animais de estimação e outros animais. 
- Os alimentos devem ser mantidos em sua 
embalagem original, exceto os enlatados, ou em 
recipientes plásticos, de vidro ou de inox, limpos e 
fechados. Não devem ser utilizados recipientes de 
alumínio para armazenamento de alimentos. 
- Lave os vegetais, especialmente quando forem 
consumidos crus, e guarde-os em geladeira depois 
de limpos, de preferência em sacos plásticos secos e 
próprios para esta finalidade. Os vegetais folhosos 
devem ser lavados folha por folha, como por 
exemplo alface e espinafre. Não use detergente ou 
sabão. 
- O local de armazenagem de produtos secos deve 
ser sempre limpo e arejado (com ventilação 
apropriada). 
- Alimentos e produtos de limpeza devem ser 
armazenados separadamente. 
- Armazene corretamente o lixo em sacos, cestos ou 
latas com tampa, em local separado da área de 
preparo dos alimentos. Após o manuseio do lixo, 
lave as mãos.
Utilizando o rótulo 
dos alimentos
Utilizando o rótulo dos alimentos 119 
Utilizando o rótulo dos alimentos 
Informações como a lista de ingredientes, 
prazo de validade e modo de preparo, quando 
necessário, já são uma realidade nos rótulos dos 
alimentos há muitos anos, no Brasil. Em geral, os 
consumidores as utilizam cotidianamente para 
definir suas compras. Adicionalmente, muitos dos 
alimentos industrializados já possuem em seus 
rótulos a informação da sua composição 
nutricional. A partir de agosto de 2006, os produtos 
obrigatoriamente deverão conter essa informação. 
A informação nutricional é um instrumento funda-mental 
de apoio à escolha de produtos mais 
saudáveis na hora da compra. Neste capítulo, serão 
apresentadas as características da informação 
nutricional que estará presente nos rótulos. O uso 
do rótulo e das informações nutricionais deve ser 
incentivado pelos profissionais de saúde, entidades 
de defesa do consumidor e pela comunidade 
escolar, dentre outros, para transformar esse 
instrumento em ferramenta efetiva para escolhas 
de alimentos mais saudáveis pela população. 
Informações que devem ser 
declaradas no rótulo 
Os rótulos possuem denominação de 
venda do produto e, em certos casos, algumas 
informações a respeito de qualidades ou 
classificações que o diferenciam de um similar. Por 
exemplo, para o consumidor é útil a informação de 
que determinado arroz é parboilizado ou que um 
leite é semidesnatado. Essas informações 
normalmente estão em destaque na embalagem. 
Os rótulos possuem, ainda, uma grande quantidade 
de informação imprescindível ao consumidor, como 
a lista de ingredientes, prazo de validade, conteúdo 
líquido, identificação da origem, lote e instruções 
sobre o preparo e uso do alimento, quando 
necessário. 
Naturalmente a indústria dará maior 
destaque às características positivas de seu produto. 
Dessa maneira, é importante analisar mais de uma 
informação. Por exemplo, um produto com alto 
teor de fibra, que é uma característica positiva, 
poderá, em contrapartida, ter alto teor de gordura, 
açúcar ou sódio. Outro produto com alto teor de 
cálcio pode ter elevada concentração de gordura 
saturada. Muitas vezes os produtos com adição de 
vitaminas e minerais utilizaram na sua composição 
original alimentos ou ingredientes com alto grau de 
refinamento dos quais as vitaminas e minerais 
foram retiradas e, depois, no processamento foram 
adicionadas ao alimento. Nessa situação, não seria 
mais saudável e econômico consumir um produto 
? 
in 
Cada vez mais, é importante que o 
natura 
consumidor tenha acesso a informação, 
fortalecendo-o na capacidade de análise e decisão 
para optar por um ou outro produto, frente à 
indiscriminada quantidade de informações 
disponíveis nos diferentes veículos da mídia e 
publicidade. O fortalecimento dessa capacidade de 
decidir pelo alimento mais adequado, 
contrapondo-se às informações publicitárias e de 
, é umdesafio a conquistar, preservando o 
marketing 
nosso direito de consumidores. 
No endereço http://www.anvisa.gov.br/ 
alimentos/rotulos/index encontram-se disponíveis 
nos seguintes materiais para informações 
adicionais: 
Manual de Orientação aos Consumidores - a 
escolha adequada dos alimentos a partir dos rótulos 
(BRASIL, 2002a); 
(BRASIL, 2003?) 
Guia de bolso do consumidor saudável 
Lista de ingredientes 
Todo alimento industrializado deve, por 
lei, conter a lista de ingredientes, com exceção de 
alimentos com um único ingrediente (por exemplo: 
açúcar, farinha, erva-mate, café, etc.). Como regra, 
os ingredientes são colocados em ordem 
decrescente da respectiva proporção. O item que 
aparece primeiro é o que entra em maior 
quantidade na formulação do produto. De maneira 
geral, se os primeiros ingredientes são gordura ou 
açúcar e derivados, o alimento terá alta 
concentração dessas substâncias. Os aditivos 
alimentares devem ser declarados após os 
ingredientes, constando sua função no alimento. 
Um produto relativamente simples como o 
pão integral terá uma lista básica de ingredientes 
com farinha de trigo refinada, farinha de trigo inte-gral, 
açúcar, fermento biológico, sal e ácido 
ascórbico (aditivo utilizado como “melhorador” de 
farinha aumenta a expansibilidade da massa). 
Assim, mesmo um pão denominado integral tem 
como primeiro ingrediente a farinha de trigo
120 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
refinada.Oproduto denominado pão integral pode 
ter diferentes teores de farinha de trigo integral, 
dependendo do fabricante. 
Analisando a lista de ingredientes, você 
poderá verificar com a alta freqüência em que a 
gordura, principalmente a vegetal hidrogenada (ou 
gordura trans), o açúcar ou o sal são utilizados em 
produtos industrializados. Atenção 
: algumas vezes 
o nome do ingrediente pode estar incompleto como 
no caso de gordura hidrogenada, que pode 
aparecer como gordura vegetal. Gordura vegetal é 
diferente de óleo vegetal (aquela é hidrogenada e 
prejudicial à saúde, este é rico em ácidos graxos 
insaturados que não prejudicam a saúde desde que 
consumidos com moderação). 
Informação nutricional 
A obrigatoriedade da rotulagem nutri-cional 
em todos os rótulos de alimentos é recente 
os 
(Resolução RDC n. 359 e 360, de 23 de dezembro de 
2003 www.anvisa.gov.br).(BRASIL,2003b,2003c) 
Veja o exemplo a seguir de uma 
embalagem de leite desnatado. O primeiro aspecto 
a ser notado é que a informação é apresentada por 
uma “porção de referência”. No caso do leite, 200 
mililitros (ml) - um copo. O fabricante deve 
apresentar a informação por porção, em grama ou 
mililitro, incluindo a medida caseira corres-pondente. 
A declaração por 100g ou 100ml é 
opcional. A medida caseira facilita a compreensão 
do consumidor, uma vez que é mais fácil visualizar o 
copo, xícara ou colher. 
A informação nutricional deve conter a 
quantidade de energia que aquela porção contém e 
a quantidade em gramas ou miligramas dos 
seguintes nutrientes: carboidrato, proteína, 
gordura total, gordura saturada, gorduras trans, 
fibra alimentar e sódio. Caso o fabricante decida, é 
permitido adicionar informações sobre outros 
nutrientes. 
Estão excluídos dessa obrigatoriedade os 
seguintes alimentos: as bebidas alcoólicas; as 
especiarias (como canela, orégano); as águas 
minerais naturais; os vinagres; o sal (cloreto de 
sódio); café, erva-mate, chá e outras ervas sem 
adição de outros ingredientes (como leite e açúcar); 
os alimentos preparados e embalados em 
restaurantes e estabelecimentos comerciais, 
prontos para o consumo (sobremesas como pudins e 
musses); os produtos fracionados nos pontos de 
venda a varejo, comercializados como pré-medidos 
(como queijo, presunto); as frutas, vegetais e carnes 
, refrigerados e congelados e os alimentos 
in natura 
com embalagens cuja superfície visível para 
rotulagem seja menor ou igual a 100cm 2 
(um pouco 
maior que uma caixa de fósforos), caso não sejam 
para fins especiais ou utilizem informação 
nutricional complementar ( claim 
nutricional). 
Valores diários (VD) 
A informação nutricional obrigatória 
contida nos rótulos de alimentos abrange ainda 
uma outra informação. Para o consumidor poderia 
ser de pouca valia saber que determinado produto 
tem tantos gramas de gordura ou tantas calorias. O 
passo seguinte seria saber se isto é suficiente ou 
excessivo em relação a algum parâmetro de 
necessidades nutricionais. Assim, ao lado da 
quantidade de calorias e gramas de nutrientes, há a 
informação do percentual de VALOR DIÁRIO 
(%VD), que informa quanto aquela quantidade de 
calorias ou nutriente representa, considerando uma 
dieta de 2.000kcal. Voltando ao nosso exemplo, um 
copo de leite desnatado de 200ml contribui com8% 
do valor diário de proteína e 2% do valor diário de 
gordura. 
A informação de valor diário 
Fique atento! 
é muito útil, mas é importante ter claro que 
não é 
(DEPARTMENT OF HEALTH 
uma recomendação 
AND SOCIAL SECURITY, 1991). Por exemplo, no caso 
das gorduras saturadas e do sódio quanto menores 
forem os percentuais do VD, melhor, porque indica 
que os teores desses nutrientes no alimento são 
baixos. A declaração de gorduras trans em 
percentual de valor diário (%VD) não é obrigatória, 
uma vez que não é recomendada 
a ingestão de 
gorduras trans, mesmoembaixas quantidades. 
Analise as diferentes informações que 
estão no exemplo abaixo. Você deve controlar o 
consumo de alguns dos componentes - gordura 
total, gordura saturada, gordura trans e sódio. Já 
para outros, você deve procurar garantir o consumo 
diário segundo os parâmetros saudáveis já 
apresentados neste guia. 
Por exemplo: o leite desnatado, como todo 
alimento de origem animal, não contém fibra. Por
Utilizando o rótulo dos alimentos 121 
outro lado, é uma boa opção, pois tem, em relação 
ao produto integral, menor quantidade de gordura 
total e gordura saturada. Compare as informações 
dos dois produtos no quadro 2 a seguir: 
Quadro 2 - Informação nutricional dos leites desnatado e integral 
Porção 200ml (1 copo) 
Leite integral Quantidade %VD Leite desnatado Quantidade %VD 
(1) (1) 
por porção por porção 
Valor energético 118 kcal 6 Valor energético 74 kcal 4 
Carboidratos 9,0 g 3 Carboidratos 9,8 g 3 
Proteínas 6,3 g 8 Proteínas 6,4 g 8 
Gorduras totais 6,4 g 12 Gorduras totais 1,0 g 2 
Gorduras saturadas 4,1 g 19 Gorduras saturadas 0 ,0g 0 
Gorduras trans ND - Gorduras trans 0 ,0g - 
Fibra alimentar 0 g 0 Fibra alimentar 0 ,0g 0 
Sódio 94mg 4 Sódio 100mg 4 
FONTE: PHILIPPI, 2001. 
(1) % Valores Diários com base em uma dieta de 2.000kcal ou 8.400kj. Seus valores diários podem ser maiores ou menores 
dependendo de suas necessidades energéticas. 
Como já mencionado, o rótulo pode conter 
outras informações nutricionais. Se o rótulo 
contiver qualquer atributo, por exemplo, que o 
produto tem baixo teor de açúcar ou tem adição de 
vitaminas e minerais, essas informações devem estar 
quantificadas, obrigatoriamente, na tabela 
nutricional, respeitando a Portaria SVS/MS n.° 
27/98. (BRASIL,1998) 
Porções de alimentos 
O tamanho das porções foi calculado com 
base em uma dieta de 2.000kcal. Pessoas jovens e 
ativas, especialmente em fase de crescimento, 
poderão ter valores diferentes, assim como as 
pessoas inativas e mulheres adultas. 
A regulamentação sobre rotulagem 
nutricional definiu o que seriam as porções de 
referência para que a informação pudesse ser 
veiculada de maneira padronizada. Esses valores de 
referência foram elaborados em relação a uma 
dieta de 2.000kcal e prevendo a distribuição dessas 
calorias nos diferentes grupos de alimentos. É 
necessário que o profissional de saúde apóie o 
indivíduo a fazer as adaptações necessárias dentro 
das suas necessidades nutricionais específicas. 
Para cada grupo de alimentos foi definida 
qual a contribuição calórica para uma dieta 
adequada, considerando um consumo total diário 
de 2.000kcal. 
apresenta os grupos de 
O quadro 3 
alimentos, a recomendação calórica de cada grupo, 
o número de porções diárias de consumo para 
alcançar a recomendação total e, finalmente, o 
valor energético da porção. Esta referência é 
importante para estimar o tamanho da porção dos 
alimentos que não constam das tabelas. 
Declarações relacionadas ao conteúdo de 
nutrientes e energia 
Muitas vezes encontramos produtos com 
alegações como “alto teor em fibra”, “baixo em 
sódio”. Na rotulagem de alimentos, qual é o 
significado de “alto teor” e “baixo”? Essas 
alegações estão regulamentadas pela Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2001a) e
122 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
QUADRO 3 - Porções segundo grupos de alimentos, para fins de rotulagem 
nutricional.(*) 
I – Produtos de panificação, cereais, 
leguminosas, raízes, tubérculos 
e seus derivados 
II – Verduras, hortaliças e conservas 
vegetais 
III – Frutas, sucos, néctares e 
refrescos de frutas 
IV – Leite e derivados 
V – Carnes e ovos 
VI – Óleos, gorduras e sementes 
oleaginosas 
VII – Açúcares e produtos que 
fornecem energia provenientes 
900 6 150 
3 30 
300 
3 70 
2 125 
2 125 
2 100 
300 
1 100 
(*) A tabela de porções para cálculo do % do VET para a alimentação diária se encontra no ANEXO B. 
Para conhecer os Valores de Referência adotados para a informação nutricional de produtos industrializados, acesse 
http://www.anvisa.gov.br/alimentos/legis/especifica/rotuali.htm. 
seu significado depende do nutriente específico. 
Essas alegações podem ser utilizadas para destacar 
o conteúdo de energia ou de nutrientes contidos no 
alimento ou para comparar os níveis de nutrientes 
ou valor energético de dois ou mais alimentos. Veja 
. 
quadro 4 
Alimentos diet e light 
O termo light 
pode ser utilizado nos 
alimentos que apresentam baixo conteúdo de valor 
energético ou de algum nutriente, ou valor 
energético ou de nutrientes reduzido, quando 
comparado a um alimento convencional. Como 
exemplo de alimento light 
, podemos citar um 
iogurte com redução de30%de gordura. 
O termo diet 
pode ser utilizado nos 
alimentos especialmente formulados para grupos 
da população que apresentam condições fisioló-gicas 
específicas: alimentos para dietas com 
restrição de nutrientes (carboidratos, gorduras, 
proteínas, sódio e outros), alimentos sem adição de 
açúcar/alimentos para dietas de ingestão 
controlada de açúcares e alimentos para controle de 
peso. Apresentam na sua composição quantidades 
insignificantes, ou são totalmente isentos, de 
nutriente específico. Como exemplo de alimento 
, podemos citar uma geléia para dieta com 
diet 
restrição de açúcar. 
Tanto alimentos diet quanto light 
não têm 
necessariamente o conteúdo de açúcares ou 
energia reduzidos, uma vez que podem ser 
alteradas as quantidades de gorduras, proteínas, 
sódio, dentre outros; por isso a importância da 
leitura dos rótulos. 
Alegação de propriedades funcional e/ou de 
saúde 
Os rótulos dos alimentos podem trazer 
alegações de propriedades funcional e/ou de saúde, 
desde que previamente avaliadas e aprovadas pela 
Grupos de alimentos 
Recomendação 
calórica média do 
grupo (kcal) 
Número de 
porções diárias do 
grupo 
Valor energético 
médio por porção 
(kcal) 
500
Utilizando o rótulo dos alimentos 123 
QUADRO 4 - Declarações relacionadas ao conteúdo de nutrientes e energia no rótulo 
dos alimentos 
ALEGAÇÃO/ATRIBUTO CONDIÇÕES NECESSÁRIAS 
Para mais informações, consultar www.anvisa.gov.br - alimentos- rotulagem- manual do consumidor. 
Anvisa. Uma alegação de propriedade funcional é 
uma informação relativa ao papel metabólico ou 
fisiológico que o nutriente ou não-nutriente tem no 
crescimento, no desenvolvimento, na manutenção 
e em outras funções normais do organismo 
humano. A alegação de propriedade de saúde é 
aquela que afirma, sugere ou implica a existência de 
relação entre o alimento ou ingrediente com a 
Valor calórico baixo (light) 
Máximo de 40 kcalpor 100g ou 
Máximo de 20 kcal por 100ml 
Não contém (zero) caloria Máximo de 4 kcal por 100g ou 100ml 
Reduzido (light)emcaloria 
Redução mínima de 25% em relação ao 
produto convencional e diferença maior que 
40kcal por 100g ou 20 kcal por 100ml 
Baixo teor de açúcar (light) 
Máximo de 5g em 100g ou 100ml e mesmas 
condições exigidas para os atributos 
"REDUZIDO" ou "BAIXO VALOR 
ENERGÉTICO", ou frase "este não é um 
alimento com valor energético reduzido" ou 
frase equivalente 
Sem adição de açúcar 
Açúcares não foram adicionados durante a 
produção e embalagem do produto e 
também não contém ingredientes nos quais 
açúcares tenham sido adicionados e mesmas 
condições exigidas para os atributos 
REDUZIDO ou BAIXO VALOR ENERGÉTICO, ou 
frase "este não é um alimento com valor 
energético reduzido" ou frase equivalente 
Baixo,emgordura (light) 
Máximo de 3g de gordura em 100g de 
alimento sólido ou 1,5g em 100ml de 
alimento líquido 
Livre de colesterol 
(zeroemcolesterol) 
Máximo de 5mg de colesterol em 100g ou ml 
e máximo de 1,5 g de gordura saturada/100g 
ou máximo de 0,75g de gordura 
saturada/100ml e energiafornecida por 
gorduras saturadas deve ser no máximo 10% 
do valor energético total. 
Fonte de vitamina ou mineral Mínimo de15%da IDR de referênciaem100g 
ou 7,5% da IDRem100 ml de alimento.
124 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
redução do risco da doença ou condição 
relacionada à saúde. Alguns exemplos de alegações 
que podem constar do rótulo dos produtos são: 
- Para fibras alimentares: “As fibras alimentares 
auxiliam o funcionamento do intestino. Seu 
consumo deve estar associado a uma dieta 
equilibrada e hábitos de vida saudáveis”. 
- Para proteína de soja: “O consumo diário de no 
mínimo 25g de proteína de soja pode ajudar a 
reduzir o colesterol. Seu consumo deve estar 
associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida 
saudáveis”. 
As informações contidas nos rótulos 
podem ser muito úteis na escolha de alimentos 
mais saudáveis; no entanto requerem um 
investimento em informação e educação de 
maneira que as informações sejam 
compreensíveis para os consumidores. Uma 
maneira de incentivar a consulta e promover a 
compreensão das informações é a utilização dos 
rótulos como material em atividades didáticas 
em salas de aula, centros de saúde, centros 
comunitários, centros de convivência. Os 
profissionais de saúde e da educação devem 
procurar oportunidades para promover grupos 
para essa discussão.
Parte3As bases epidemiológicas 
e científicas das diretrizes
PARTE 3 - AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 127 
Introdução 
A terceira parte deste guia é dirigida aos 
profissionais de saúde que formulam, implantam e 
avaliam as políticas públicas e a todos aqueles que 
buscam conhecer a situação epidemiológica, 
alimentar e nutricional da população brasileira e as 
evidências que embasam as diretrizes aqui 
apresentadas. 
Documentos como este, contendo 
diretrizes sobre alimentos e práticas alimentares, 
são resultado de um processo intenso de pesquisa, 
acúmulo de evidências e opiniões dos últimos 50 ou 
mais anos. A primeira seção desta terceira parte do 
guia, “ Saúde e nutrição no Brasil 
”, sumariza o 
conjunto de informações disponíveis mais recentes 
a respeito da ocorrência de doenças e óbitos 
relacionados à alimentação e nutrição e a situação 
do consumo de alimentosemnossa população. 
Por fim, no item 
“Bases Científicas para as 
Diretrizes Alimentares Nacionais” 
abordagem do curso da vida 
Saúde e Nutrição no Brasil 
, são apre-sentadas 
informações sobre as evidências atuais, 
que relacionam o maior ou menor risco de 
ocorrência das diferentes DCNT ao consumo de 
distintos alimentos e nutrientes.Tambémapresenta 
a , que recentemente 
tem mostrado a associação da desnutrição na 
infância e na vida uterina ao maior risco de doenças 
crônicas nãotransmissíveis. 
Nas últimas duas ou três gerações, a vida no 
Brasil transformou-se em muitos aspectos. O Brasil 
tornou-se rapidamente uma sociedade 
predominantemente urbana. Os padrões de 
trabalho e lazer; alimentação e nutrição; e saúde e 
doença aproximaram-se agora dos de países 
desenvolvidos. Em 1950, dos 50 milhões de 
brasileiros, a maioria vivia na zona rural; já em 2003, 
de uma população estimada em 176 milhões de 
pessoas, mais de 82% residiam em áreas urbanas. 
Essa urbanização muito rápida desestruturou as 
formas tradicionais de vida e impôs um aumento de 
demanda na estrutura e nos serviços das cidades. 
OBrasil já não é mais um país de jovens. Em 
1950, a esperança média de vida do brasileiro ao 
nascimento era de 45,7 anos e, em 2003, chegou aos 
71,3 anos (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E 
ESTATÍSTICA, 2005). Entre os anos de 1980 e 2000, o 
grupo de menores de 15 anos apresentou uma 
redução de 22%, enquanto que a população com 65 
anos ou mais aumentou em 47% (BRASIL, 2004c). 
Em 2000, o índice de envelhecimento da população 
era de 20, ou seja, existiam 20 idosos para cada 100 
pessoas menores de 15 anos (SIM - Ministério da 
Saúde - IDB, 2001). 
Segundo a Organização Mundial da Saúde 
(OMS), uma população é considerada envelhecida 
quando a proporção de pessoas com 60 anos ou 
mais atinge 7% do total, com tendência a crescer. 
Em 2000, os brasileiros com 60 anos ou mais já 
representavam 8,6% da população total, mais de 
14,5 milhões de pessoas (INSTITUTO BRASILEIRO DE 
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2002). A OMS estima 
que essa população cresça, até 2025, 16 vezes, o que 
colocará o Brasil entre as dez maiores populações de 
idosos do mundo (COSTA et al., 2003a; KELLER et al., 
2002). 
A universalização da educação é quase 
uma realidade: 81,4% das crianças e adolescentes 
com idade de 7 a 14 anos freqüentavam o ensino 
fundamentalem1992, enquanto que,em2002, essa 
taxa era de 93,8%. Em 2002, a proporção da 
população de 15 a 24 anos capaz de ler e escrever 
um simples bilhete atingiu 96,3% no País; porém, o 
analfabetismo entre pessoas com 25 ou mais anos 
ainda é um desafio a ser superado (INSTITUTO DE 
PESQUISA ECONÔMICA E APLICADA, 2004). 
Ocorreram reduções importantes na 
mortalidade infantil. Entre 1990 e 2003, a redução 
foi expressiva (44,1%). Em 2003, ocorreram 27 
óbitos a cada mil crianças menores de 1 ano nascidas 
vivas. Entre crianças menores de 5 anos, a tendência 
foi a mesma. Nesse grupo etário, as políticas 
públicas tiveram impacto positivo nas taxas de 
mortalidade por doença diarréica aguda e infecções 
respiratórias. Em algumas regiões, a mortalidade 
proporcional por diarréia diminuiu 59,5% entre os 
anos de 1990 a 2001, chegando a 70% em algumas 
regiões (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA E 
APLICADA, 2004; BRASIL, 2004c). 
As famílias brasileiras estão menores, 
resultado da queda significativa na fecundidade. A 
razão de fecundidade total caiu de 5,8 filhos por 
mulher, em 1970, para 2,1 em 2003, refletindo uma 
redução de 63,8% no período (BRASIL, 2004c).
128 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Quaisquer que sejam os indicadores para 
medir a pobreza, ela vem declinando signi-ficativamente, 
mas ainda há um expressivo 
contingente de população pobre e extremante 
pobre no País. Em 2002, considerando o indicador 
nacional de pobreza e extrema pobreza, com base 
no valor do salário mínimo (1/2 SM e 1/4 SM 
per 
, respectivamente), havia 53 milhões de 
capita 
pobres e 20 milhões de pessoas em situação de 
indigência no País (INSTITUTO DE PESQUISA 
ECONÔMICA E APLICADA, 2004), o que certamente 
impacta negativamente no perfil de saúde e 
nutrição de nossa população. 
Os avanços obtidos nos indicadores 
citados, bem como a expansão e cobertura dos 
serviços de saúde, em especial da atenção básica e 
do saneamento, a universalização da previdência 
social, a implementação de programas de 
assistência alimentar e de transferência direta de 
renda, sem dúvida alguma, foram importantes para 
o País, repercutindo favoravelmente nos indica-dores 
de saúde nacionais. Contudo, o Brasil tem o 
desafio de superação das grandes desigualdades 
sociais regionais, de raça/etnia e gênero. Essa 
desigualdade se manifesta pelo comprometimento 
do acesso ao alimento e não pela indisponibilidade, 
pois os alimentos produzidos no País são suficientes 
para alimentar toda a população. 
Os padrões de trabalho e lazer para a 
maioria das pessoas também sofreram mudanças, 
assim como o perfil do consumo alimentar em 
decorrência das modificações que vão desde a 
produção até a preparação e o consumo dos 
alimentos, impactando no modo de adoecer e 
morrer da população. Conseqüentemente, os 
serviços e as políticas públicas precisam responder a 
essas transformações e à complexidade de suas 
manifestações na saúde. 
Atransição epidemiológica brasileira 
Os processos de transição demográfica, 
epidemiológica e nutricional vêm ocorrendo desde 
a década de 60, em vários países, incluindo o Brasil. 
Tais processos são decorrentes das modificações no 
padrão demográfico, no perfil de morbi-mortalidade 
e no consumo alimentar e de gasto 
energético (POPKIN, 1994; MONTEIRO et al., 1995a, 
1995b; OLIVEIRA et al., 1996; DREWNOWSKI e 
POPKIN, 1997; PAN AMERICAN HEALTH 
ORGANIZATION, 1998a, 1998c; MONTEIRO, 2000; 
MONTEIRO et al., 2000a; SCHRAMM et al., 2004; 
LAURENTI, 1990;OMRAN,1971). 
A mudança da população do campo para a 
cidade freqüentemente é acompanhada por 
mudanças negativas nos padrões alimentares. A 
denominada “transição nutricional” implica 
mudança no padrão alimentar “tradicional”, com 
base no consumo de grãos e cereais, que aos poucos 
está sendo substituído por um padrão alimentar 
com grandes quantidades de alimentos de origem 
animal, gorduras, açúcares, alimentos 
industrializados e relativamente pouca quantidade 
de carboidratos complexos e fibras (COSTA E SILVA, 
1998; POPKIN, 1994). 
Ao mesmo tempo, os padrões de trabalho e 
lazer mudaram. Há meio século, a maior parte do 
trabalho, nas cidades e no campo, exigia muito 
trabalho físico e conseqüente alto gasto energético. 
Até há pouco tempo, a maioria das pessoas andava 
a pé ou de bicicleta para se locomover; porém, hoje 
em dia carros e ônibus são usados. Nas indústrias e 
nos escritórios e até mesmo nas zonas rurais, em 
grande parte dos domicílios, as máquinas e os 
equipamentos substituem parte do trabalho físico 
anteriormente feito pelas pessoas. 
Por outro lado, o aumento no consumo de 
alimentos processados, ricos em gordura, açúcar e 
sal, associado ao menor gasto energético diário 
devido à redução da atividade física, explicam as 
tendências crescentes de sobrepeso e obesidade na 
população e também das DCNT associadas no Brasil. 
A transição epidemiológica compreende, 
pois, a substituição progressiva de perfis de saúde 
caracterizados por alta morbidade e mortalidade 
por doenças infecciosas por perfis de saúde 
dominados pela presença de doenças crônicas não-transmissíveis 
(DCNT). No Brasil, muitos estudiosos 
consideram que a transição epidemiológica não 
tem ocorrido exatamente como na maioria dos 
países industrializados e mesmo em alguns vizinhos 
latino-americanos, como o Chile, Cuba e Costa Rica, 
porque está ocorrendo uma superposição de 
etapas, onde convivem concomitantemente os 
cenários das doenças transmissíveis e das crônicas 
não-transmissíveis.
PARTE 3 - AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 129 
Epidemiologia da atividade física 
A Pesquisa sobre Padrões de Vida (PPV), 
realizada pelo IBGE em 1996/1997, nas regiões 
Nordeste e Sudeste, é o único inquérito nacional 
disponível com dados sobre atividade física. Esta 
pesquisa apontou que apenas uma minoria dos 
indivíduos adultos (13%) praticava, no lazer, 
atividade física regular (30 minutos diários pelo 
menos uma vez por semana), sendo muito reduzida 
a proporção (3,3%) daqueles que seguiam a 
recomendação de acumular, no mínimo, 30 minutos 
diários de atividade física, em cinco ou mais dias da 
semana (MONTEIRO, et al., 2003a). Esses resultados 
revelam que a freqüência de atividade física no 
lazer no Brasil é bastante inferior à observada em 
países desenvolvidos: a proporção de 87% de 
adultos brasileiros inativos no lazer supera em duas 
a três vezes a encontrada nos Estados Unidos e na 
média dos países europeus. 
A PPV mostrou também diferenças quanto 
à freqüência e aos padrões de atividade física no 
lazer entre homens e mulheres. Homens são mais 
ativos nas idades mais jovens, tendendo a declinar 
entre os 20 e 40 anos. A freqüência da atividade 
física no lazer é equivalente nos dois sexos, a partir 
dos 50 anos de idade. 
Outras evidências foram constatadas: 
- Homens preferem praticar esportes coletivos, 
enquanto mulheres, caminhadas. Homens praticam 
atividade física por diversão e as mulheres alegam 
preocupação com a saúde e motivos estéticos. Com 
o avançar da idade, em ambos os sexos, aumenta a 
periodicidade da atividade física no lazer; 
- A associação da renda e da escolaridade com a 
freqüência da atividade física no lazer é positiva, 
independentemente da idade, região e área de 
residência e entre homens e mulheres. Quanto 
maior a renda e a escolaridade, maior é a freqüência 
de atividade física (MONTEIRO et al., 2003a). 
Em 2002/2003, o Ministério da Saúde, por 
meio do Instituto Nacional do Câncer (INCA), 
realizou um inquérito nacional, de base domiciliar, 
sobre comportamentos de risco e morbidade 
referida de doenças e agravos não-transmissíveis 
em15 capitais e no Distrito Federal. Diferentemente 
da PPV, o inquérito do INCA levou em consideração 
não somente a atividade física desenvolvida no 
momento de lazer, mas também a relacionada com 
ocupação, meios de locomoção e no trabalho 
doméstico. Os dados das informações auto-referidas 
do inquérito revelam que: 
- Há uma variação de 28,2% a 54,5% de pessoas 
maiores de 15 anos de idade consideradas 
insuficientemente ativas nas 16 localidades 
pesquisadas; 
- As mulheres, mais que os homens em todas as 
capitais, exceto em Belém/PA, são insuficien-temente 
ativas; 
- Em relação à idade, o grupo mais jovem (15 a 24 
anos) sempre apresentou prevalências mais baixas 
de indivíduos insuficientemente ativos, exceto em 
Belém, em que essa prevalência entre os mais jovens 
chegou a 30,5%, superando todas as demais faixas 
de idade; 
Considerando a escolaridade, os grupos de 
menor escolaridade apresentaram percentuais 
menores de pessoas insuficientemente ativas, 
embora essas diferenças não sejam estatisticamente 
diferentes, exceto para o Distrito Federal. Apenas 
no Rio de Janeiro e Porto Alegre essa tendência é 
inversa, com maior percentual de indivíduos 
insuficientemente ativos entre os de menor 
escolaridade, sendo as diferenças significativas 
(BRASIL, 2004e). 
Mortalidade 
A mortalidade no Brasil apresenta 
mudanças importantes, nas últimas décadas, tanto 
no que se refere à distribuição etária quanto aos 
grupos de causas. Houve uma queda na proporção 
de mortes em menores de 1 ano e aumento de 
óbitos na faixa de idade de 50 anos e mais. Esse fato 
reflete, provavelmente, os efeitos da transição 
demográfica e epidemiológica que, hoje em dia, se 
manifestam. 
A mortalidade geral apresentou redução 
de 11,1% entre os anos de 1980 e 2001, passando de 
6,3 para 5,6 por mil habitantes no período, 
conservando, entretanto, diferenças regionais e 
etárias importantes. Enquanto nas regiões Norte e 
Nordeste os óbitos por doenças infecciosas, 
perinatais e mal definidas tiveram uma represen-tatividade 
maior, nas regiões Sul e Sudeste são as 
mortes decorrentes de doenças do aparelho 
circulatório, respiratório e neoplasias que apresen-taram 
maior proporção (BRASIL, 2004c). 
A tabela 1 
demonstra que, no período 
decorrido entre o final dos anos 70 e 2003, as mortes
130 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
por deficiência nutricional e por doenças infecciosas 
no Brasil decresceram rapidamente, em relação a 
todas as mortes. Já as doenças crônicas não-transmissíveis 
e as causas externas tiveram um 
crescimento importante como causas de morte. 
A tabela 2 
apresenta a mortalidade 
proporcional, segundo as causas e o sexo, no Brasil, 
no ano de 2001. Nesse ano a população estimada 
pelo IBGE era de 172.385.776 habitantes, sendo a 
Tabela 1- Mortalidade por diferentes tipos de doença no Brasil, 1979, 1998 e 2003 
Causas de morte 1979 
maioria (50,8%) do sexo feminino e o Sistema de 
Informações sobre Mortalidade (SIM) registrou um 
total de 953.399 óbitos no Brasil, dos quais 58,3% 
foram em indivíduos do sexo masculino. As 
principais causas de morte, excetuando-se os 
percentuais de mortes por causas não definidas, 
% 
1998 
% 
2003 
% 
3,1 
17,4 
34,4 
9,2 
35,9 
100,0 
1,2 
9,1 
42,5 
12,7 
34,5 
100,0 
0,7 
4,6 
48,3 
12,6 
33,7 
100,0 
foram, nesta ordem: doenças do aparelho 
circulatório, neoplasias e causas externas, havendo 
para esta última uma expressiva diferença entre 
homens e mulheres. 
Doenças de Deficiência Nutricional(1) 
Doenças Infecciosas(2) 
Doenças Crônicas(3) 
Causas Externas(4) 
Outras Causas(5) 
Total(1-5) 
(1) Especificamente definidas como tal: a deficiência contribui para a morte por outras causas. 
(2) Doenças infecciosas e parasitárias; também infecções perinatais. 
(3) Doença cardiovascular, câncer e diabetes. 
(4) Incluindo acidentes, homicídios, suicídios. 
(5) Das quais apenas mais da metade é de causas mal definidas; a maior parte das restantes são doenças dos vários sistemas do corpo que poderiam 
ser crônicas ou infecciosas. 
Tabela 2 - Percentual de mortalidade proporcional segundo causas e sexo. Brasil, 2001 
Causas Sexo 
Doenças Infecciosas 
Neoplasias 
Aparelho Circulatório 
Aparelho Respiratório 
Afecções Perinatais 
Causas Externas 
Outras Causas Definidas 
Total 
FONTE: DASIS/SVS - Ministério da Saúde. 
Masculino 
Sexo 
Feminino 
Brasil 
5,6 
14,0 
28,9 
10,4 
3,7 
20,9 
16,5 
100,0 
5,2 
17,1 
36,7 
11,9 
4,1 
5,4 
19,6 
100,0 
5,5 
15,3 
32,1 
11,0 
3,9 
14,5 
17,8 
100,0 
FONTE: Ministério da Saúde/SVS/DASIS. Sistema de informação sobre Mortalidade - SIM. (adaptada)
PARTE 3 - AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 131 
Novos padrões de morbidade 
No Brasil, há poucos anos, os principais 
desafios em saúde pública relacionados à 
alimentação eram a desnutrição e as deficiências de 
micronutrientes entre crianças, bem como as 
doenças infecciosas, principalmente na infância e 
adolescência. 
No entanto, recentemente, a evolução das 
doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) coloca-se 
como desafio adicional à segurança alimentar e 
nutricional, o que deve ser conjugado com os 
esforços para a reversão da prevalência da 
desnutrição infantil e o controle e a prevenção das 
deficiências de micronutrientes, que ainda 
acometem milhões de indivíduos de diferentes fases 
do curso da vida. 
Desnutrição infantil e 
deficiências de micronutrientes 
Entre os anos de 1975 e 1996, o Brasil 
reduziu em 70% a desnutrição infantil (de 18,4% 
para 5,7%), considerando o indicador peso por 
idade. Embora sejam evidentes os avanços nas 
condições de saúde e nutrição das crianças 
brasileiras, em 1996, o Brasil ainda abrigava um 
contingente de cerca de um milhão de crianças com 
déficit de peso para a idade. 
Em relação ao déficit de estatura que 
representa o efeito cumulativo de carências 
nutricionais sobre o crescimento esquelético, tendo 
como resultado estaturas mais baixas do que o 
esperado para a idade, observou-se uma redução, 
nesse mesmo período, de 72%; no entanto o déficit 
de altura para a idade entre crianças menores de 5 
anos, em 1996, ainda era significativo: 10,5% 
correspondendo a quatro vezes mais a prevalência 
esperada para populações saudáveis (2,5%), 
chegando a ser 11 vezes maior no Nordeste. Além 
disso, o declínio não foi homogêneo para todo o 
País, pois, na área rural, foi menor, aumentando 
assim a disparidade entre os meios urbano e rural 
(BATISTA; RISSIN, 2003). 
As recomendações alimentares não 
conseguem resolver, por si sós, a desnutrição 
infantil e as carências nutricionais, pois seus 
determinantes incluem também outras causas 
relacionadas à pobreza e à desigualdade de acesso a 
serviços, bens e oportunidades às quais estão ainda 
submetidas parcelas da população brasileira; mas 
podem ser superadas por meio de um 
abastecimento alimentar seguro, adequado e 
variado e dietas nutritivas, conforme se recomenda 
neste guia. 
As pessoas em risco maior de desenvolver 
essas carências são gestantes, especialmente as 
adolescentes, nutrizes (mulheres que estão 
amamentando), crianças menores de 5 anos, com 
ênfase entre as de 6 meses e 2 anos de idade, 
crianças que não são amamentadas adequa-damente, 
idosos e doentes demodogeral. 
Membros de famílias que vivem em 
extrema pobreza, nas zonas rurais e nos bolsões de 
pobreza das cidades, independentemente da fase 
do curso da vida, merecem atenção redobrada para 
as doenças e agravos nutricionais. 
A melhor proteção para crianças contra as 
deficiências de micronutrientes, desnutrição 
infantil e infecções é a amamentação exclusiva 
durante os primeiros seis meses de vida e 
complementar até os 2 anos, com a introdução 
correta e oportuna dos alimentos variados e 
saudáveis a partir do sexto mês de vida (DEPART-MENTOF 
HEALTHANDHUMANSERVICES, 
2000;WORLDHEALTH ORGANIZATION, 2001a). 
O Brasil não dispõe de inquéritos com 
representatividade nacional sobre a prevalência de 
deficiências de micronutrientes; mas, com base em 
diversos estudos feitos em nível local (estadual ou 
municipal), pode-se afirmar que as deficiências de 
micronutrientes mais relevantes são as de vitamina 
A, ferro e ácido fólico. 
A deficiência de vitamina A, denominada 
hipovitaminose A, afeta a visão, podendo causar 
cegueira irreversível, além de comprometer a 
imunidade da criança, estando associada a taxas 
elevadas de mortalidade infantil. A análise dos 
inquéritos bioquímicos disponíveis, sobre 
concentrações séricas de retinol, indica prevalências 
que variam entre 14,6% e 33% em menores de 5 
anos, manifestando-se particularmente nas regiões 
e segmentos mais pobres da população do Brasil. O 
Programa Nacional de Suplementação de Vitamina 
A (“Vitamina A Mais”), sob responsabilidade do 
Ministério da Saúde, objetiva prevenir e controlar 
essa deficiência nutricional mediante a 
suplementação com megadoses de vitamina A, em 
crianças de 6 a 59 meses de idade (100.000UI e 
200.000UI, respectivamente, com intervalo mínimo
132 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
de quatro meses) e puérperas no pós-parto 
imediato (200.000UI em dose única), residentes na 
Região Nordeste, no Vale do Jequitinhonha e 
Mucurici em Minas Gerais. Nessas regiões, há dados 
disponíveis que evidenciam a pertinência e 
segurança dessa intervenção (SANTOS, 2002b). 
A deficiência de ferro, denominada 
anemia ferropriva, é muito prevalente no Brasil, 
principalmente entre as gestantes, mulheres em 
idade fértil e crianças. Os estudos realizados no 
Brasil apontam prevalências de 15% a 50% entre 
crianças e, entre gestantes, de 30% a 40% 
(OLIVEIRA et al., 1996; BATISTA FILHO, 1999). Essa 
deficiência tem apresentado tendência secular 
singular: no mesmo período em que ocorreu um 
acentuado declínio nas prevalências da desnutrição 
infantil e, entre adultos, a emergência epidêmica da 
obesidade, as taxas de anemia ferropriva 
continuaram aumentando. Em São Paulo, em 
1974/1975, a ocorrência era de 22%, elevando-se 
para 35% em 1984 e, finalmente, 46,9% em 1995 
(BATISTA FILHO, 1999; SANTOS, 2002a), o que 
representa um incremento de 116% no período. No 
Estado da Paraíba, houve um aumento de 
aproximadamente 88% no intervalo de dez anos 
(19,3%em1982 e 36,4%em1992) (SANTOS, 2002a). 
Aanemia representa,emtermos de magni-tude, 
o principal problema carencial do País, 
aparen-temente sem grandes diferenciações 
geográficas, afetando,emproporções semelhantes, 
todas as macrorregiões. Em alguns dos estudos 
disponíveis verificam-se as seguintes prevalências, 
em crianças: 46,7% em Pernambuco; 46,4% em 
Salvador/BA; 41,6% em Porto Velho/RO; 46,9% em 
São Paulo; e 47,8% em Porto Alegre/RS (SANTOS, 
2002a). 
A carência de ácido fólico, que também 
provoca um tipo específico de anemia, está 
associada aos defeitos do tubo neural na fase do 
crescimento intra-uterino, quando as crianças são 
geradas por mulheres com aporte inadequado 
desse nutriente. 
Considerando essas evidências, o 
Ministério da Saúde vem desenvolvendo estratégias 
para o controle e a prevenção das deficiências de 
ferro e da anemia ferropriva em três principais 
linhas de ação: a orientação nutricional na rede de 
saúde, a universalização da suplementação 
medicamentosa com sulfato ferroso ao grupo 
materno-infantil e a fortificação de alimentos. 
Neste último caso, a intervenção destina-se também 
ao controle e a prevenção da deficiência de ácido 
fólico. 
O Programa Nacional de Suplementação 
de Ferro, recentemente instituído por meio da 
Portaria n.º 730, de 13 de maio de 2005, do 
Ministério da Saúde, destina-se a prevenir a anemia 
ferropriva mediante a suplementação universal de 
crianças de 6 a 18 meses de idade, gestantes a partir 
da 20.ª semana e mulheres até o 3.º mês pós-parto 
em todo o território nacional. Os suplementos de 
sulfato ferroso, em forma de xarope, deverão ser 
oferecidos rotineiramente nas unidades de atenção 
básica de saúde que conformam a rede do SUS em 
todos os municípios brasileiros. 
A publicação da Resolução Anvisa RDC n.º 
344, de 13 de dezembro de 2002, tornou-o 
brigatória a fortificação das farinhas de trigo e de 
milho com ferro e ácido fólico, pré-embaladas na 
ausência do cliente e prontas para oferta ao 
consumidor, e aquelas utilizadas como matéria-prima 
na fabricação de produtos como pães, 
biscoitos, macarrão, misturas para bolos, 
salgadinhos, dentre outros. Essa resolução,emvigor 
desde junho de 2004, estabelece que: 
- Cada 100g do produto deve fornecer 4,2mg de 
ferro, que representa 30% da ingestão diária 
recomendada (IDR) de adulto (14mg) e 150mcg de 
ácido fólico, o que representa 37% da IDR de adulto 
(400mcg). 
- As farinhas de trigo e de milho devem ser 
designadas usando o nome convencional do 
produto de acordo com a legislação específica, 
seguida de uma das seguintes expressões: 
fortificada com ferro e ácido fólico ou enriquecida 
com ferro e ácido fólico ou rica em ferro e ácido 
fólico. 
Quando as farinhas de milho e de trigo são 
utilizadas como ingredientes em outros produtos, 
elas devem ser fortificadas e declaradas na lista de 
ingredientes da rotulagem como farinha de trigo 
ou farinha de milho, seguida das mesmas 
expressões acima especificadas. 
A deficiência de iodo causa uma série de 
problemas, denominados distúrbios por deficiência 
de iodo (DDI), tendo como manifestações clínicas 
mais evidentes o bócio (“papo”) ou aumento da 
tireóide (uma glândula que fica localizada da base 
frontal do pescoço) e o cretinismo (alterações
PARTE 3 - AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 133 
neurológicas irreversíveis que acometem crianças 
geradas por mulheres com deficiência de iodo e que 
incluem retardamento mental, surdo-mudez, 
alterações motoras, dentre outras) (BRASIL, 1996; 
DUNN;VANDER HARR, 1992). 
Segundo os dados nacionais mais recentes, 
o Brasil conseguiu obter sucesso no controle e na 
prevenção dos DDI. A taxa de prevalência está 
abaixo dos níveis estabelecidos internacionalmente 
como aceitáveis (5%).OProjeto Thyromobil indicou 
uma prevalência de 1,4% da deficiência entre 
escolares, sugerindo que os DDI não são mais um 
problema em âmbito nacional, mas provavelmente 
se mantêm em alguns locais, especialmente zonas 
rurais, onde o consumo de sal para animal ainda é 
prática comum entre as famílias residentes (PRETEL, 
2000; SANTOS, 2002c). 
A erradicação da desnutrição infantil e das 
deficiências de micronutrientes no Brasil constitui-se 
ainda desafio a longo prazo que exige uma ação 
política articulada de programas econômicos e 
sociais, dentre estes os de saúde e de alimentação 
ou transferência direta de renda, que ficam além do 
alcance deumgoverno ou deumministério. Espera-se 
que este guia desempenhe um papel valioso na 
redução da desnutrição e das deficiências por 
micronutrientes. 
Desnutrição e deficiências 
de micronutrientes entre adultos 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) 
recomenda para a avaliação do perfil 
antropométrico de populações de adultos, o índice 
de massa corporal (IMC), que relaciona o peso 
corporal pelo quadrado da altura do indivíduo 
(kg/m2), estabelecendo que uma prevalência de 5% 
de IMC < 18,5kg/m2 na população não deve ser 
tomada como evidência de exposição à desnutrição, 
uma vez que déficits de 3% a 5%são esperados nas 
diferentes populações, por incluir os indivíduos 
constitucionalmente magros. Considerando a 
população adulta brasileira (maior de 20 anos de 
i d a d e ) , os dados mais recentes com 
representatividade nacional resultantes da Pesquisa 
de Orçamentos Familiares (POF) 2002-2003 
(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E 
ESTATÍSTICA, 2004a) revelaram que 4% da 
população total apresentavam IMC < 18,5kg/m2, 
dentro dos parâmetros normais esperados. Da 
mesma forma que houve uma redução na taxa de 
prevalência da desnutrição infantil, entre as 
décadas de 70 e 90, também se observa uma 
tendência de queda de exposição dos adultos à 
desnutrição: enquanto que, em 1975, 9,5% estavam 
expostos e, em 2003, essa taxa caiu para 4%. 
Desagregados por sexo, essas taxas são de 2,8% e 
5,2% entre homens e mulheres, respecti-vamente, 
conforme mostra o gráfico 1 
. 
A análise, desagregada, segundo as 
regiões geográficas, mostra, contudo, diferenças, 
conforme se pode verificar no gráfico 2 
abaixo. 
Esses resultados mostram que as mulheres 
das regiões Nordeste e Sudeste, exceto as residentes 
Gráfico 1 - Tendência secular da desnutrição em adultos, segundo sexo. 
Brasil, 1975-2003 
14 
12 
10 
8 
6 
4 
2 
0 
Brasil Homens Mulheres 
1975 
2003 
9,5 
4 
13,8 
5,2 
7,2 
2,8 
% de adultos com IMC < 18,5 Kg/m2 
FONTE: IBGE, 2004a.
134 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Gráfico 2 - Prevalência da desnutrição em adultos, segundo regiões 
geográficas e sexo. Brasil 2003 
8 
6 
4 
2 
0 Nordeste rural Nordeste urbano Sudeste rural Sudeste urbano 
na zona urbana desta última, estão expostas à 
desnutrição, embora com prevalências baixas, 
segundo a OMS (< 10%). Essa mesma análise, 
desagregada por faixa etária, permite observar que, 
entre os homens com idade de 75 ou mais anos, há 
taxas que superam os 5% (8,9%); entre as mulheres, 
contudo, a desnutrição supera essa taxa nas faixas 
de 20 a 24 anos (12,2%) e de 25 a 29 anos (7,3%). 
Esses últimos dados merecem reflexão cuidadosa, 
uma vez que se trata de mulheres em idade fértil e 
que, por estarem desnutridas, além da repercussão 
sobre a sua própria saúde, poderão vir a gerar 
crianças desnutridas já na vida intra-uterina, de 
baixo peso ao nascer e, portanto, com maior risco de 
morrer e com sérias deficiências nutricionais de 
micronutrientes, com repercussões muitas vezes 
irreversíveis ao longo de sua vida. 
Considerando as prevalências, segundo 
sexo e classe de rendimentos, os dados revelam que 
a exposição à desnutrição acima do esperado para a 
população ocorre entre homens de renda de até 1/2 
salário mínimo per capita (SMPC); já entre mulheres 
ocorre para todas as faixas de renda, exceto para 
aquelas com mais de 5 SMPC. Para ambos os sexos, é 
nítida a relação entre renda e exposição à 
desnutrição: quanto mais baixa a classe de 
rendimentos, mais alta é a taxa de vulnerabilidade à 
desnutrição. 
Esses dados evidenciam que o Brasil, 
embora tenha avançado nas condições de nutrição 
da população, ainda há de concentrar esforços para 
a redução das desigualdades existentes no País, aqui 
ilustradas pelas inegáveis disparidades regionais, 
etárias e de gênero, considerando a vulnerabilidade 
de exposição dos adultos à desnutrição. 
Em relação às deficiências de micronu-trientes 
entre adultos, não há dados com repre-sentatividade 
nacional no Brasil. O Estudo 
Multicêntrico sobre Consumo Alimentar, desen-volvido 
em 1996 em cinco cidades brasileiras 
(NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM ALIMEN-TAÇÃO, 
1997), que trabalhou a família como 
unidade amostral, o que significa a inclusão de 
adultos e crianças, considerando, portanto, a 
composição intrafamiliar, a idade e o sexo, traz 
informações sobre a disponibilidade domiciliar de 
cálcio, fósforo, ferro e vitaminas que podem 
contribuir com informações sobre deficiências de 
nutrientes na população. 
Considerando o consumo individual, 
segundo o sexo dos indivíduos com idade maior de 
18 anos, a pesquisa revelou que 48,9% dos homens 
e 61,3% das mulheres tinham consumo inadequado 
de cálcio; 4,8 e 12,6% de ferro; 1,15% de mulheres, 
consumo inadequado de retinol. 
Apesquisa também avaliou o consumo indi-vidual 
de gordura, mostrando inadequação de 
consumo para gorduras saturadas para 51,6% dos 
homens e 58,4% das mulheres; e, para colesterol, 
71% e 54,4% entre homens e mulheres, respecti-vamente, 
considerando a amostra total dos 
indivíduos dos municípios estudados. 
homens 
mulheres 
4 
7,2 
3,3 
5,9 
4,2 
6,2 
2,7 
4,9 
% de adultos com IMC < 18,5 Kg/m2 
FONTE: IBGE, 2004a.
PARTE 3 - AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 135 
Doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) 
As DCNT são influenciadas pelo ambiente e 
por isso passíveis de prevenção. Esse grupo de 
doenças é considerado uma manifestação da má-nutrição, 
evidência comprovada por estudos 
científicos (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989a; 
WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; PAN 
AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 1998b; 
U N I T E D N A T I O N S A D M I N I S T R A T I V E 
COORDINATING COMMITTEE, 2000; EURODIET, 
2001; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1990a, 
1990b, 2003a). No último século, essas doenças têm 
sido a causa principal de incapacidade e de mortes 
prematuras na maioria dos países economicamente 
desenvolvidos; contudo, conforme já mencionado, 
os processos de transição demográfica, epide-miológica 
e nutricional também começam a afetar 
os países em desenvolvimento, incluindo a América 
Latina (SHETTY; MCPHERSON, 1997) e o Brasil. 
A Pesquisa Nacional por Amostragem 
Domiciliar (Pnad), realizada pelo IBGE em 2003, 
incluiu um módulo destinado a aferir o acesso e a 
utilização dos serviços de saúde pela população 
brasileira que traz importantes informações sobre 
as DCNT (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E 
ESTATÍSTICA, 2003). 
À época da pesquisa, a população 
brasileira residente foi estimada em 176 milhões de 
habitantes. Por meio de informação relatada pelos 
entrevistados, os resultados mostram que aproxi-madamente 
29,9% da população informaram ser 
portadores de pelo menos uma doença crônica não-transmissível. 
Essa proporção aumentava com a 
idade e variava segundo os sexos, sendo maior para 
as mulheres (33,9%) do que para os homens 
(25,7%). Até a idade de 13 anos, a parcela de 
mulheres com doença crônica não-transmissível era 
menor e, repetindo o padrão das demais variáveis 
de estado de saúde avaliadas, superava a dos 
homens em todos os grupos etários a partir de 14 
anos. 
As informações revelam, ainda, que a 
proporção de pessoas com doença crônica 
nãotransmissível se eleva à medida que aumenta o 
rendimento mensal familiar: 26,7% entre aqueles 
com rendimento de um salário mínimo ou menos, 
alcançando 33,6% entre aqueles de 10 e 20 salários. 
Para a classe de rendimento acima de 20 salários, a 
freqüência foi de 32,4%. Entre as pessoas que 
informaram doenças crônicas não-transmissíveis, 
18,5% informaram ter três ou mais doenças, sendo 
este percentual de 13,4% para os homens e de 
22,1% para as mulheres. Estes padrões referentes à 
idade e ao sexo foram semelhantes aos observados 
em outros países (INSTITUTO BRASILEIRO DE 
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2003). 
Um outro inquérito realizado, em 2002/ 
2003, pelo INCA, instituto vinculado ao Ministério 
da Saúde, a partir de amostra de base domiciliar, 
investigou comportamentos de risco e de 
morbidade referida para doenças e agravos não-transmissíveis, 
em 15 capitais e no Distrito Federal. 
Essa pesquisa teve como objetivos estimar a 
prevalência de exposição a comportamentos e 
fatores de risco para as DCNT e a prevalência de 
hipertensão e diabetes auto-referidos. Foram 
entrevistados os indivíduos com idade igual ou supe-rior 
a 15 anos no momento da pesquisa. Os dados 
referem-se a uma amostra de 23.457 pessoas 
entrevistadas. Alguns resultados serão 
apresentados nas páginas seguintes, pois também 
contribuem para elucidar a gravidade da 
prevalência de DCNT em nossa população (BRASIL, 
2004e). 
Destacam-se a seguir algumas informações 
disponíveis sobre doenças cardiovasculares, câncer, 
hipertensão arterial e diabetes que mostram a 
situação no Brasil, doenças estas que têm, entre seus 
fatores de risco, a inadequação alimentar. 
Doenças cardiovasculares 
Atualmente, as doenças cardiovasculares 
são responsáveis por cerca de 18 milhões de mortes 
anuais em todo o mundo. Dentre elas, a doença 
isquêmica do coração e as doenças cerebro-vasculares 
responsabilizam-se por 2/3 das mortes e 
por mais de 20% dos óbitos por todas as causas 
(BEAGLEHOLE et al., 2001). 
No Brasil, na década de 30, as doenças 
infecciosas e parasitárias correspondiam, 
proporcionalmente, a 46% da mortalidade geral, 
enquanto que as cardiovasculares a 12%. Já os 
dados de 2001 mostram uma nítida reversão desses 
dados: enquanto as infecciosas e parasitárias 
respondem por 5,0% de todas as causas de morte, as 
doenças cardiovasculares ascenderam a 31% 
(BARBOSA, 2003).
136 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Segundo estimativas do Ministério da 
Saúde, as doenças cardiovasculares (DCV) corres-ponderam 
a 1/3 dos óbitos por causas conhecidas e 
2/3 dos gastos com atenção à saúde em 2002 
(BARBOSA, 2003). Elas tornaram-se uma das 
principais causas de morte, em conseqüência, entre 
outros fatores, das profundas transformações no 
abastecimento de alimentos e padrão alimentar, 
com o rápido aumento da produção e consumo das 
gorduras saturadas, que tornou as dietas mais 
calóricas, bem como a redução na atividade física 
cotidiana (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1982). 
O impacto econômico das doenças 
cardiovasculares no Brasil pode ser avaliado por 
meio das seguintes informações: esse grupo de 
doenças é responsável por 65% dos óbitos de 
adultos entre 30 e 69 anos de idade e causa de 14% 
das internações nessa faixa etária (1.150.000 
internações/ano) e é também responsável por 40% 
das aposentadorias precoces (BRASIL, 2003d). 
A prevalência de vários tipos de câncer, 
Câncer 
incluindo o do cólon, mama e próstata, aumentou 
expressivamente após a segunda metade do século 
XX, possível conseqüência das mudanças nos 
sistemas alimentares, padrões de trabalho e lazer 
(WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997). 
No Brasil, a incidência de câncer, que até a 
década de 60 matava menos de 5% dos brasileiros, 
aumentou e, no final dos anos 70, já era de cerca de 
10%, quatro vezes maior do que a encontrada na 
década de 30 (OLIVEIRA et al., 1996). Conforme se 
pode observar na Tabela 1 
, ao final da década de 
70, as doenças crônicas não-transmissíveis, que 
englobam doenças cardiovasculares, câncer e 
diabetes, respondiam por 34,4% das mortes, sendo 
este valor de 48,3%em2003. 
Dados do Sistema de Informação de 
Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, relativos 
ao ano de 1998, indicaram que as neoplasias de 
traquéia, brônquios e pulmões e o câncer maligno 
de estômago ocupavam, respectivamente, o 14.º e 
17.º lugar, entre as 20 causas de morte na população 
masculina. Entre as mulheres, essas causas de morte 
ocupam, respectivamente, o 19.º e 20.º lugar, 
destacando-se ainda o câncer de colo de útero em 
11º lugar e o câncer de mama em 7º lugar 
(SCHRAMM, 2003). Em 2001, dados do mesmo 
sistema indicaram que as neoplasias foram causa de 
15,3% das mortes no Brasil (tabela 2, página 141) e 
já são a segunda causa de morte entre homens e 
mulheres no Brasil. 
Hipertensão arterial 
A hipertensão arterial está associada à 
origem de muitas DCNT e é, portanto, uma das 
causas mais importantes de redução da qualidade 
de vida e da expectativa de vida. Ela é responsável 
por complicações cardiovasculares, encefálicas, co-ronarianas, 
renais e vasculares periféricas. 
O Brasil não dispõe de informações sobre a 
prevalência nacional de hipertensão arterial. 
Estudos epidemiológicos locais, com base em 
medidas casuais da pressão arterial, no entanto, 
apontam prevalências de 40% e 50% na população 
adulta com mais de 40 anos de idade. 
No período decorrido entre 1996 e 1999, a 
hipertensão arterial foi causa de 17% das 
internações de pessoas entre 40 e 59 anos e de 29% 
das pessoas com 60 anos ou mais, nos hospitais 
públicos do País (COSTA et al., 2000). 
No ano de 2002, o Ministério da Saúde 
realizou a Campanha Nacional para Detecção de 
Hipertensão Arterial (CNDHA), objetivando a 
detecção de casos não diagnosticados e tendo como 
população-sujeito cerca de 31 milhões de pessoas 
com 40 ou mais anos de idade. Nessa ocasião, foram 
realizadas mais de 12,5 milhões de aferições da 
pressão arterial, em 74% dos municípios brasileiros 
(BRASIL, 2004f). 
A tabela 3 
, a seguir, apresenta os resul-tados 
dos casos suspeitos de hipertensão arterial 14 
rastreados durante a CNDHA, definidos como os 
indivíduos que apresentaram pressão arterial 
140/90mmHg. 
Mais recentemente, em 2002/2003, o 
> 
estudo sobre a prevalência de hipertensão arterial 
brasileiros. auto-referida, em 15 capitais e no 
Distrito Federal, mostrouumnítido crescimento das
PARTE 3 - AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 137 
Tabela 3 - Resultados da Campanha Nacional de Detecção de Hipertensão Arterial 
(CNDHA). BRASIL, 2002 
Região Percentual de exames suspeitos (%) (*) 
Norte 31,9 
Nordeste 38,7 
Centro-Oeste 37,3 
Sudeste 35,2 
Sul 34,5 
Brasil 36,0 
FONTE: BRASIL, 2004f. 
(*) Refere-se aos indivíduos rastreados por ocasião da CNDHA que apresentaram pressão arterial 140/90mmHg, em 4.118 
municípios 
prevalências com a idade: de 7,4% a 15,7% entre 
pessoas de 25 a 39 anos; de 26% a 36,4% entre 40 e 
59 anos e de 39% a 59% em pessoas com 60 ou mais 
anos. Segundo a escolaridade, os resultados 
evidenciam prevalência variando de 25% a 45,8% 
entre pessoas de menor escolaridade e de 16,5% a 
26,6% entre as de maior escolaridade (BRASIL, 
2004e). 
Diabetes 
O diabetes apresenta alta morbimor-talidade, 
sendo uma das principais causas de 
mortalidade, insuficiência renal, amputação de 
membros inferiores, cegueira e doenças cardio-vasculares 
(BRASIL, 2004f). 
A prevalência de diabetes no Brasil, entre 
adultos de 30 a 69 anos residentes em nove capitais 
brasileiras, em 1988, foi estimada em 7,6%; e a de 
tolerância diminuída à glicose, de 7,8%. A 
prevalência é mais alta com a evolução da idade: 
2,7% entre 30 e 39 anos, 5,5% entre 40 e 49 anos, 
12,7% entre 50 e 59 anos e, finalmente, 17,4% entre 
60 e 69 anos (BRASIL, 1988). Esse mesmo estudo 
revelou que 46,5% das pessoas que tiveram o 
diagnóstico confirmado desconheciam ser porta-dores 
de diabetes. 
Dados mais recentes estimam em cerca de 
4,9 milhões de adultos brasileiros diabéticos, 
prevendo-se, para 2025, que esse número será de 
11,6 milhões (KING, 1998). 
Em 2001, o Ministério da Saúde realizou a 
Campanha Nacional para Detecção de Diabetes 
> 
Mellitus (CNDDM), envolvendo 95,3% dos 
municípios brasileiros. A campanha direcionou-se 
para a população brasileira com 40 anos ou mais 
que depende do SUS para atendimento clínico. Esse 
número foi estimado em aproximadamente 31 
milhões de pessoas. Foram considerados casos 
suspeitos indivíduos com glicemia de jejum 
100mg/dl ou glicemia casual 140mg/dl. Por esses 
critérios, por ocasião da campanha, 16,4% foram 
considerados casos positivos. Em uma segunda 
etapa de investigação, que envolveu busca ativa de 
uma amostragem probabilística dos casos positivos, 
10,1% tiveram diagnóstico confirmado (BRASIL, 
2004f). 
No inquérito nacional nas 15 capitais e no 
Distrito Federal, realizado em 2003/2004 pelo Inca, 
que investigou morbidade referida, mostrou que, 
entre os indivíduos que tiveram acesso ao exame 
diagnóstico de diabetes, a prevalência variou de 
5,2% a 9,4% entre a população de 25 ou mais anos. 
Entre os homens, a prevalência auto-referida variou 
de 4,9% a 11,7%; e, entre as mulheres, de 4,9% a 
8,9%. Os resultados evidenciam um significativo 
aumento com a idade, variando de zero a 4,7% na 
faixa de 25 a 39 anos e de 11,6% a 25,2%empessoas 
com 60 ou mais anos de idade (BRASIL, 2004e). 
Excesso de peso e obesidade 
O mais recente inquérito nacional que 
permite estimar as prevalências do excesso de peso 
e da obesidade no Brasil é a Pesquisa de Orçamentos 
Familiares (POF), realizada em 2002-2003, pelo IBGE 
e Ministério da Saúde. As informações estão
138 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
disponíveis apenas para adultos (pessoas com 20 ou 
mais anos de idade), não se dispondo ainda das 
informações para as demais fases do curso da vida. 
A prevalência do excesso de peso e da 
obesidade na população adulta brasileira, apurada 
pela POF 2002-2003, revela que esses agravos 
alcançam grande expressão em todas as regiões do 
País, no meio urbano e rural e emtodas as classes de 
rendimentos. A obesidade, caracterizada por IMC 
igual ou superior a 30kg/m2, afeta 8,9% dos 
homens adultos e 13,1% das mulheres adultas do 
País. Obesos representam cerca de 20% do total de 
Gráfico 3 - Tendência secular do excesso de peso no Brasil, segundo sexo. 
Brasil, 1975-2003 
Homens Mulheres 
homens com excesso de peso e cerca de um terço do 
total de mulheres com excesso de peso. 
Os gráficos 3 e 4 
a seguir evidenciam a 
tendência secular do excesso de peso e da 
obesidade, respectivamente, entre adultos 
brasileiros, a partir de três inquéritos nacionais: o 
Endef, realizado em 1975; a PNSN em 1989; e a POF 
em2002-2003. (IBGE,1977, 2004a; INAN,1990,1989) 
O excesso de peso teve uma nítida 
tendência de aumento no período compreendido 
entre meados da década de 70 e 2003 entre os 
homens; e, entre as mulheres, houve tendência de 
redução entre 1989 e 2003. Em 2003, 40% da 
população adulta apresentavam excesso de peso 
(IMC igual ou superior a 25 kg/m2). 
Considerando a obesidade (IMC maior ou 
igual a 30 kg/m2), a prevalência na população 
adulta é de 11,1%, sendo de 8,9% entre homens e 
de 13,1% entre as mulheres. 
50 
40 
30 
20 
10 
0 
FONTES: ENDEF(1977); PNSN (1989); POF (2004) 
1975 
1989 
2003 
18,6 
29,5 
41,0 
28,6 
40,7 39,2 
Gráfico 4 - Tendência secular da obesidade no Brasil, segundo sexo. Brasil, 1975-2003 
Homens Mulheres 
FONTES: ENDEF(1977); PNSN (1989); POF (2004) 
1975 
1989 
2003 
%IMC 25 Kg/m > 2 
%IMC 30 Kg/m > 2 
2,8 
5,1 
8,8 
7,8 
12,8 12,7 
14 
12 
10 
8 
6 
4 
2 
0
PARTE 3 - AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 139 
gráfico 4 da obesidade, segundo as regiões geográficas, 
O indica comportamento similar 
da tendência de obesidade, se comparada à do 
excesso de peso: crescimento contínuo da 
prevalência de obesidade entre os homens, no 
período estudado; entre as mulheres, o crescimento 
ocorreu no período de 1975 a 1989, tendendo a 
estabilização até 2003. 
Ainda assim as mulheres apresentam 
prevalência de obesidade superior aos homens. Os 
dados da POF-2002 indicam ainda a ocorrência de 
obesidade, tanto em áreas urbanas quanto nas 
rurais, como também nas diferentes regiões do País. 
Entre homens e mulheres residentes em zonas 
rurais, as prevalências encontradas são, 
respectivamente, de 9,7% e de 12,7%; já nas zonas 
urbanas, as taxas são de 8,9 e 13,1%. A prevalência 
revela que, mesmo nas regiões menos 
desenvolvidas, como o Norte e o Nordeste, as 
prevalências são expressivas para ambos os sexos, 
conforme se observa comparando-se os 
. 
Ao analisar os dois gráficos, observa-se que 
para os homens, em todas as regiões geográficas, 
houve um crescimento expressivo e continuado da 
prevalência de obesidade entre 1975 e 2003. Entre 
as mulheres, o comportamento da obesidade 
tendeu a crescer, entre 1975 e 1989, em todas as 
regiões, e a reduzir no período entre 1989 e 2003, 
exceto na Região Nordeste. 
A prevalência da obesidade também 
ocorreemtodas as classes de rendimento. 
gráficos 
5e6 
Gráfico 5 - Tendência secular da obesidade masculina, segundo região brasileira. 
Brasil, 1975-2003 
10 
8 
6 
4 
2 
0 
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste 
Gráfico 6 - Tendência secular da obesidade feminina, segundo região brasileira. 
Brasil, 1975-2003 
1975 
1989 
2003 
3,8 
6,6 
7,8 
1,4 
2,5 
6,8 
3,1 
5,6 
9,8 
3,9 
7,5 
9,7 
2,8 
5,1 
8,4 
18 
16 
14 
12 
10 
8 
6 
4 
2 
0 
11,8 
16,8 
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste 
1975 
1989 
2003 
7,3 
11,2 
4,7 
9,0 
11,5 
8,7 
13,613,3 
10,5 
14,5 
7,6 
12,1 
10,9 
%IMC 30 Kg/m > 2 %IMC 30 Kg/m > 2
140 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Gráfico 7 - Prevalência de obesidade, segundo a renda. Brasil, 2003 
gráfico 7 prevalências (4,6%, 4,6% e 4,3%, respectivamente). 
O mostra que, entre os homens, a 
prevalência aumenta de acordo com o aumento da 
renda; porém, entre as mulheres, esse crescimento 
ocorre somente na classe de menor rendimento. 
O inquérito sobre fatores de risco para 
DCNT fornece informações auto-referidas sobre 
peso e altura dos entrevistados (BRASIL, 2004e), 
porém, alguns desses resultados são muito similares 
aos encontrados pela POF 2002-2003. 
A prevalência de excesso de peso (que 
soma casos de sobrepeso e obesidade) em algumas 
capitais chegou a 40%. O sobrepeso (IMC entre 25,0 
e 29,9kg/m2) variou de 23% a 33,5% e a obesidade 
(IMC 30kg/m2) entre 8,1% e 12,9%. A prevalência 
de sobrepeso foi sempre maior entre os homens que 
entre as mulheres, em todas as capitais. De modo 
geral, as capitais do Sul e Sudeste apresentaram as 
taxas mais elevadas de sobrepeso e de obesidade e 
as prevalências de excesso de peso foram mais 
baixas para os grupos etários mais jovens (BRASIL, 
2004e). 
Essas tendências de excesso de peso e 
obesidade na população adulta brasileira vêm 
comprovar a gravidade e a magnitude que o 
problema assumiu no Brasil, fundamentando a 
urgência de intervenções que façam retroceder o 
avanço do excesso de peso e, concomitantemente, 
das outras DCNT no Brasil. 
Em relação à obesidade entre crianças 
menores de 5 anos, três inquéritos nacionais 
permitem identificar a prevalência: Endef (1974- 
1975), PNSN (1989), PNDS (1996) (INSTITUTO 
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 1977; 
INSTITUTO NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO E 
NUTRIÇÃO, 1990; INSTITUTO BRASILEIRO DE 
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 1997). Os dados 
indicam uma tendência de manutenção das 
Comparando-se os dados do ENDEF com os dados de 
Pesquisa de Padrões de Vida, também realizada 
pelo IBGE em 1996/1997, apenas nas regiões 
Sudeste e Nordeste, observa-se que a prevalência de 
obesidade triplicou entre crianças e adolescentes de 
6 a 18 anos: em 1975 era de 4,1% e aumentou para 
13,9%em1997(WANGet al, 2002). 
Conforme se discutiu anteriormente, 
houve uma queda expressiva da prevalência de 
desnutrição infantil, estimada em 70% para o 
período decorrido entre meados da década de 70 e 
90; contudo, comparando-se as prevalências de 
desnutrição e de obesidade entre crianças, observa-se 
que, em meados da década de 70, havia quatro 
vezes mais crianças desnutridas do que obesas, e 
essa proporção, ao final da década de 80, diminuiu 
para pouco menos de duas crianças desnutridas 
paraumaobesa (MONTEIROet al., 2000). 
Dados mais recentes, oriundos de estudos 
localizados, também referem tendências de 
crescimento da obesidade e do sobrepeso na 
população mais jovem. Em estudo realizado na 
Região Sudeste, em amostra de 10.822 escolares de 
7 a 10 anos, foram observadas taxas de sobrepeso de 
15,7% e de 18% de obesidade. Foram encontradas 
prevalências de obesidade de 16,9% e de 14,3% 
entre meninos e meninas de escolas públicas, 
respectivamente. Em escolas particulares, as taxas 
de obesidade foram, de 29,8% em meninos e 20,3% 
emmeninas (COSTA et al., 2003b). 
Finalmente, a 4 
mostra o percentual 
de óbitos potencialmente evitáveis por meio de 
uma alimentação adequada. Verifica-se que entre 
40% e 90% dos óbitos anuais por DCNT, de acordo 
com o grupo de doenças, podem ser potencial-tabela 
16 
14 
12 
10 
8 
6 
4 
2 
0 
Homens Mulheres 
< 1/4smpc 
1/4 - 1/2 smpc 
1/2 - 1 smpc 
2,7 
4,1 
8,8 
11 
13,5 
7,6 
8,8 
14,4 
12,7 13 
13,7 
11,7 
1 - 2 smpc 
2 - 5 smpc 
> 5 smpc 
%IMC 30 Kg/m > 2 
FONTE: IBGE, 2004a. 
Salário Mínimo Per Capita
PARTE 3 - AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 141 
Tabela 4 - Óbitos ocorridos por doenças crônicas não-transmissíveis e óbitos 
potencialmente evitáveis com alimentação adequada (números relativo e absoluto). 
Brasil, 2003 
Doenças Crônicas(CID 10)* 
Obesidade e outras formas de 
hiperalimentação (E65-E68) 
Diabetes (E10-E14) 
Doenças cérebro-vascular (I60-I69) 
Doenças isquêmicas do coração (I60-I69) 
Outras doenças cardiovasculares 
Neoplasias (Cânceres) (C00-D48) 
Doenças relacionadas com o álcool 
Total 
mente evitados se a população tiver garantido o 
acesso universal a uma alimentação adequada e 
saudável, como se preconiza neste guia. 
Emconclusão, as informações sobre o perfil 
epidemiológico e nutricional no Brasil vêm reforçar 
a tese de que a insegurança alimentar e nutricional 
no País deve, concomitantemente, prever ações de 
promoção da saúde e prevenção da desnutrição 
infantil e das deficiências de micronutrientes em 
vários grupos populacionais, bem como do excesso 
de peso, obesidade e das DCNT a ela associadas, 
formas emergentes de manifestação da má-nutrição 
na população.Apromoção da alimentação 
saudável, para a qual este guia é um instrumento, 
deve ser consolidada na atenção à saúde de todas as 
fases do curso da vida, bem como integrar, como 
eixo estruturante, as políticas de segurança 
alimentar e nutricionalemdelineamento do Brasil. 
N.º de 
óbitos 
% de 
mortes 
evitáveis 
N.º de mortes 
anuais evitáveis 
1.018 
37.451 
88.923 
83.122 
101.706 
134.573 
536 
447.329 
90 
90 
50 - 75 
50 - 75 
50 - 75 
30 - 40 
- 
- 
44.462 - 66.692 
50.853 - 76.280 
40.372 - 53.829 
211.870 - 259.143 
Atransformação nos padrões 
alimentares nacionais 
(atuais) 
916 
33.706 
41.561 - 62342 
- 
O sistema alimentar e a alimentação do 
brasileiro sofreram mudanças nos últimos 50 anos e 
essas mudanças vêm se acelerando com a política 
internacional de "mercado livre", um aspecto da 
globalização (LANG; MCMICHAEL, 1997). 
Nas duas últimas gerações, o sistema 
brasileiro de abastecimento de alimentos 
transformou-se: antes predominantemente 
primário ou composto por produtos minimamente 
processados e comprados em pequenos comércios 
varejistas e atualmente produtos pré preparados e 
embalados, comprados em grandes redes de 
supermercados. 
Essas mudanças no padrão alimentar são 
comparáveis às que ocorreram décadas atrás, como 
resultado do processo de industrialização da Europa 
Ocidental e da América do Norte. Em geral, o 
consumo de alimentos de origem vegetal, incluindo 
cereais, raízes, tubérculos e leguminosas, frutas, 
FONTE: Ministério da Saúde/SVS/DASIS, 2004. 
* CID 10. Classificação Internacional de Doenças, 10.ª edição.
142 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
legumes e verduras, tende a decrescer e a produção 
e o consumo de alimentos de origem animal, 
incluindo a carne e os laticínios fontes de proteína 
animal e de gordura, tende a aumentar. Mais 
recentemente, houve crescimento da produção e do 
consumo de óleos vegetais e margarina, açúcar e, 
em geral, dos alimentos com alta densidade 
energética processados com gorduras 
hidrogenadas, açúcar e sal e produtos refinados 
(CANNON, 1992; MONTEIRO; et al., 1995a, 1995b, 
2000; CANNON, 2001). 
Amaior disponibilidade de alimentos, mais 
especificamente o consumo de alimentos 
industrializados com alta densidade energética, 
aumenta o risco de doenças, especialmente das 
doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT). Por 
outro lado, as evidências científicas também 
mostram que alimentos de origem vegetal, 
principalmente frutas, legumes e verduras, se 
consumidos de forma regular e em quantidades 
apropriadas, são fatores de proteção contra várias 
doenças relacionadas à alimentação, contribuindo 
também para a manutenção de um peso saudável. 
Essas evidências são comprovadas por inúmeros 
estudos, citados e referenciados ao longo deste 
documento, e realizados em diferentes épocas e 
países. 
O acúmulo de evidências que associam a 
dieta ao estado de saúde dos indivíduos levou a 
Organização Mundial da Saúde (OMS) a estabelecer 
limites para o consumo de nutrientes: gorduras 
(10% a 30% do VET), ácidos graxos saturados (10% 
do VET), açúcar livre (10% do VET), colesterol 
(300mg/dia) e sal ( 5g/dia) e a estimular o consumo 
de carboidratos complexos (45% a65%do VET) e de 
frutas, legumes e verduras (400g/dia) (WORLD 
HEALTH ORGANIZATION, 2003a). 
Com base nessas evidências é que este guia 
recomenda a restrição de consumo de alimentos 
densamente energéticos, o resgate e a valorização 
da alimentação brasileira tradicional, baseada em 
preparações combinadas de cereais e leguminosas 
(arroz e feijões), frutas, legumes e verduras. Este 
guia incentiva o consumo de uma alimentação 
variada, com base principalmente em alimentos de 
origem vegetal e in natura 
. 
Consumo de alimentos no Brasil 
Esta seção apresenta as informações 
disponíveis sobre as tendências e mudanças no 
padrão de consumo de alimentos no Brasil e 
compara esses padrões com as diretrizes deste guia, 
que propõem os atributos para uma alimentação 
saudável e as quantidades dos diferentes grupos de 
alimentos que contribuem efetivamente para a 
saúde. 
Tradicionalmente, para a maior parte da 
população brasileira, a alimentação habitual era 
composta basicamente por alimentos dos grupos 
dos cereais (arroz, milho e trigo), leguminosas 
(feijões), tubérculos (batatas) e raízes 
(principalmente mandioca), alguma carne ou 
pequena quantidade de outros alimentos de 
origem animal. 
Os padrões alimentares variam entre as 
diferentes regiões, dependendo do clima, das 
condições de produção de alimentos, das condições 
socioeconômicas da população e suas características 
culturais. Pode-se afirmar que o Brasil possui quatro 
culturas alimentares peculiares: do Sul, das regiões 
centrais, do Nordeste e da região da Amazônia. 
De modo geral, a alimentação brasileira 
recebeu influências dos povos que a constituem: 
indígenas, afro-descendentes e os colonizadores de 
origem européia, variando o padrão alimentar nas 
diferentes regiões de acordo com a maior ou menor 
influência de um ou mais desses grupos étnicos. Por 
exemplo, na Bahia, a cultura alimentar é 
fortemente influenciada por tradições africanas e 
de povos indígenas. Já na Região Norte, a cultura 
alimentar indígena tem maior influência e, no Sul, 
os padrões europeus predominam. 
A produção de alimentos predominantes 
nas diferentes regiões também influencia a cultura 
alimentar local. Por exemplo: Minas Gerais possui 
uma grande produção leiteira e, em Goiás e no Sul, 
predominam a produção extensiva de carne bovina; 
na Região Norte, o consumo de pescados e farinhas 
é expressivo e o açaí, pela abundância local, é 
utilizado em misturas diversas: açaí com farinha de 
mandioca, açaí com peixe, com farinha de tapioca, 
com carne seca. 
Essas características não são imutáveis e 
inflexíveis, sofrendo alterações ao longo da história 
e influenciando-se entre si. Contemporaneamente, 
as pessoas de classe média, nas grandes cidades, 
usufruem da gastronomia de quase todas as regiões 
do mundo (ROMIO, 2000). 
Mesmo assim, existem características 
comuns na alimentação dos brasileiros, que se 
consolidaram a partir do sistema de produção 
alimentar nacional, apesar das especificidades 
regionais ou culturais.
PARTE 3 - AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 143 
As pesquisas: dados nacionais disponíveis 
No Brasil, o único estudo nacional sobre o 
consumo alimentar que utilizou metodologia direta 
de aferição (pesagem dos alimentos consumidos no 
domicílio por indivíduo) é o Estudo Nacional de 
Despesa Familiar (Endef), realizado, na década de 
70, pelo IBGE. Esse estudo ainda é utilizado como 
referência, embora deva-se considerar que ele não 
representa mais o padrão alimentar do brasileiro, 
uma vez que, em 30 anos, a alimentação sofreu 
significativas modificações. No ano de 1996, foi 
realizado o Estudo Multicêntrico de Consumo 
Alimentar, realizado em cinco cidades brasileiras, 
que utilizou metodologia semiquantitativa de 
freqüência de consumo alimentar individual 
(NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM 
ALIMENTAÇÃO, 1997). 
As fontes de dados mais atuais que 
permitem avaliar, indiretamente 
, a tendência do 
consumo alimentar são as Pesquisas de Orçamentos 
Familiares (POF), realizadas pelo IBGE. Essas 
pesquisas possibilitam tais análises por meio da 
estimativa de despesas efetuadas com a aquisição 
de alimentos para consumo no domicílio e os preços 
praticados no mercado. Tais pesquisas têm algumas 
limitações, uma vez que não permitem informações 
sobre o consumo individual, a distribuição 
intrafamiliar dos alimentos e a quantidade de 
alimentos consumidos fora do domicílio. As POF 
foram realizadas nos seguintes períodos: 1961- 
1963; 1987-1988; 1995-1996; e 2001-2003. As três 
últimas POF e o Endef (1974-75) são aqui utilizadas 
para a avaliação da tendência secular do padrão 
alimentar da população brasileira. 
Disponibilidade interna de alimentos 
Uma das informações necessárias para se 
avaliar a situação de segurança alimentar e 
nutricional de uma população é a quantidade de 
alimentos disponíveis para consumo no País. O 
sistema de informações, mantido pela FAO, 
denominado Faostat, possibilita estimativas para a 
disponibilidade de alimentos para consumo 
humano no Brasil para o período 1965-1997. As 
informações consideram dados sobre a produção, a 
exportação e a importação de alimentos e 
descontam estimativas de desperdício e a 
quantidade de alimentos destinados à alimentação 
animal, utilizados como sementes para plantio 
(FOODANDAGRICULTURE ORGANIZATION, 1999). 
Segundo o Faostat, a disponibilidade total 
de alimentos no Brasil tem aumentado, conti-nuamente, 
nas últimas décadas: em 1961, era de 
2.216kcal por pessoa/dia e, em 2002, chegou a 
3.010kcal por pessoa/dia. Considerando que a 
necessidade média de consumo energético 
recomendada para a população brasileira pela 
própria FAO é de 2.300 kcal/pessoa/dia (FOOD AND 
AGRICULTURE ORGANIZATION, 2000), observa-se 
que, no Brasil, não há problemas de 
indisponibilidade de alimentos. A quantidade de 
alimentos é suficiente para atender às necessidades 
energéticas de toda a população brasileira. 
Essa evidência vem corroborar a tese de 
que os problemas relacionados à insegurança 
alimentar e nutricional, que atinge contingentes 
importantes de nossa população, são devidos à 
desigualdade de acesso à alimentação adequada. 
Essa desigualdade ocorre tanto em relação à 
quantidade de alimentos consumidos como em 
termos de qualidade de alimentos. O Endef já 
evidenciava que não havia diferenças no padrão 
alimentar entre pobres e ricos, mas que a 
discrepância na quantidade de alimentos 
consumidos era importante a ponto de manter 
taxas elevadas de desnutrição entre crianças e 
adultos no Brasil, àquela época. A inadequação 
qualitativa da alimentação tanto se manifesta por 
deficiências de micronutrientes que não podem ser 
mensuradas por alterações no peso corporal como 
implica o desenvolvimento de excesso de peso, 
obesidade e de outras DCNT associadas. 
Consumo referidoeminquérito de 
comportamentos de risco para DCNT 
O inquérito realizado pelo INCA, em 
2002/2003, incluiu um módulo sobre consumo 
alimentar com o objetivo de avaliar a freqüência de 
consumo de frutas, legumes e verduras, bem como 
conhecer os hábitos usuais da população, como o 
consumo de gorduras animais (BRASIL, 2004f). 
Em relação ao consumo de frutas, na 
freqüência de consumo de 
cinco ou mais vezes na 
, o menor percentual encontrado foi de 
semana 
35,6% em Campo Grande-MS e o maior de 74,8% 
em Natal-RN, dentre as capitais pesquisadas. De 
modo geral, as capitais do Nordeste apresentaram 
freqüências maiores comparadas às das cidades nas 
demais regiões. Já o consumo de verduras e legumes
144 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
cinco ou mais vezes por semana apresentou uma 
variação de 20,6% em Belém-PA a 57,0% em Porto 
Alegre-RS. Surpreendeu o fato de o consumo de 
verduras e legumes nas capitais pesquisadas da 
Região Norte ser sempre inferior a 25%, 
considerando a riqueza de produtos vegetais 
nativos disponíveis. 
Esse padrão de consumo, para o conjunto 
dos três grupos de alimentos, foi mais freqüente 
entre as mulheres do que entre os homens; menor 
entre grupos mais jovens e entre as pessoas com 
menor nível de escolaridade. 
A avaliação de consumo de gordura 
baseou-se na informação para três tipos de 
alimentos: leite, carne vermelha e frango. O 
consumo relatado de leite foi superior a 70% em 
todas as capitais, de 91% para carne vermelha e 
96%para frango. Entre os que relataram o consumo 
desses alimentos, a pesquisa investigou o consumo 
de leite integral: a freqüência variou entre 61% e 
82%, sendo que o padrão de consumo de leite inte-gral 
foi sempre mais freqüente entre os homens que 
entre as mulheresemtodas as capitais. 
Estimativas da disponibilidade 
domiciliar de alimentos 
As estimativas do consumo médio de 
energia por pessoa no Brasil, segundo os resultados 
da POF (2002-2003), foi de 1.800kcal/dia. Para áreas 
rurais, foi de 2.400kcal/dia e, para áreas urbanas, 
1.700kcal/dia. Embora essa pesquisa tenha 
investigado algumas variáveis sobre o consumo fora 
do domicílio, elas não permitem avaliar a 
adequação da disponibilidade de energia per capita 
e, portanto, não se pode afirmar, apenas com os 
dados disponíveis, que existe deficiência energética 
no País; contudo, como se verá mais adiante, a 
situação de insegurança alimentar e nutricional 
existe e possui perfil diferenciado segundo os 
estratos de renda, sendo, entretanto, mais grave 
naquelas famílias de menor renda familiar e baixa 
escolaridade. 
Para as análises subseqüentes, é preciso 
considerar três aspectos: 
- Os dados da POF descrevem o tipo e a quantidade 
de alimentos que as unidades familiares adquirem 
em períodos determinados de tempo, refletindo 
dessa forma a disponibilidade de alimentos para o 
consumo no domicílio. Com base nesses dados é 
possível estimar indicadores nutricionais 
aproximados do consumo alimentar, ressalvando 
que não se trata de consumo efetivo de alimentos 
per capita, pois se desconhece a fração de alimentos 
adquiridos mas não consumidos, não se consideram 
as parcelas de desperdícios de alimentos e ainda não 
se consideram as refeições feitas fora do domicílio; 
- Algumas das análises dos dados da POF somente 
são possíveis considerando as informações 
disponíveis para as nove regiões metropolitanas 
(Belém, Fortaleza, Salvador, Recife, Belo Horizonte, 
Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre) e 
para Brasília e Goiânia. Outras referem-se às 
informações para o Brasil, desagregando as 
informações por situação de moradia (urbana e 
rural) e/ou por grandes regiões; 
- As comparações são feitas em relação às 
recomendações de macronutrientes estabelecidas 
pela OMS em termos de percentual de participação 
no valor energético total (VET) 3 
como parâmetros 
para uma alimentação saudável: carboidratos totais 
(55-75%), carboidratos complexos (45-65%), 
açúcares simples (<10%), proteínas (10-15%), 
gorduras totais (15-30%), gorduras saturadas 
(<10%) e ácidos graxos poliinsaturados (6-10%) 
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003a). 
A tabela 5 
mostra as tendências temporais 
na composição de macronutrientes na alimentação 
do brasileiro, nas regiões metropolitanas, segundo 
a participação percentual de calorias total da 
alimentação. 
As principais tendências na composição da 
alimentação, ocorridas nesses últimos 30 anos, 
dados das regiões metropolitanas, Brasília e 
Goiânia, foram: 
- Manutenção da participação relativa de proteínas 
na oferta de energia no período (em torno de12%a 
13% do VET), não parecendo haver problemas com 
a disponibilidade de alimentos protéicos, uma vez 
que se tem mostrado dentro da faixa recomendada 
(10% a 15%). Tanto as proteínas de origem animal 
3 - Valor energético total (VET) é definido pela ingestão energética total diária fornecida por meio de metabolização dos em termos de 
participação energética relativa dos macronutrientes, considerando apenas os macronutrientes (carboidratos, gorduras, proteínas), do álcool 
e de fibras e é mensurada, neste guia,emquilocalorias (kcal).
PARTE 3 - AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 145 
Tabela 5 - Evolução da participação relativa de macronutrientes no total de 
calorias determinado pela aquisição alimentar domiciliar nas regiões 
metropolitanas, Brasília e Município de Goiânia, por ano de pesquisa. 
Brasil, 1974-2003 
Macronutrientes 
Açúcar (sacarose) 
Demais carboidratos 
Animais 
Vegetais 
como as vegetais mantiveram uma relativa 
estabilidade no período, porém, com tendências 
diferentes (aumento nas proteínas animais e 
redução na participação das vegetais); 
- Diminuição na participação relativa de 
carboidratos totais e complexos. O total de 
carboidratos na última pesquisa (55,9%) 
aproximou-se do limite inferior do recomendado, 
enquanto que os carboidratos complexos (43,3%) 
não atingiram o limite mínimo. Historicamente, 
vem ocorrendo um deslocamento da 
disponibilidade de carboidratos por gorduras e 
açúcares, mudança desvantajosaemrelação ao risco 
de ocorrência de DCNT, sobretudo se a redução de 
carboidratos estiver ocorrendo entre os 
carboidratos complexos; 
- Tendência temporal de redução no consumo de 
açúcares, embora a participação deste grupo ainda 
permaneça muito acima do recomendado para uma 
alimentação saudável (26% acima da faixa limite). Além 
disso,háevidênciasdequeoconsumodeaçúcarestenha 
se deslocado para o consumo de refrigerantes, sucos e 
bebidas adoçadas cuja oferta no mercado aumentou 
consideravelmentenosúltimosanos; 
- Tendências de elevação das gorduras totais, 
extrapolando o limite recomendado na última 
pesquisa (30,5%). As gorduras saturadas tenderam 
1974-1975 
14,04 
6,00 
6,57 
13,67 
12,81 
7,05 
5,76 
14,16 
13,80 
8,12 
5,68 
12,63 
13,58 
7,78 
5,80 
a aumentar contínua e expressivamente no período 
(30% entre o primeiro e o quarto inquérito) e, em 
2003, os valores (9,6%) aproximaram-se do limite 
máximo recomendado (< 10%). Por outro lado, 
verificou-se também tendência de aumento nos 
ácidos graxos monoinsaturados e poliinsaturados, 
possivelmente em decorrência da substituição das 
gorduras animais pelos óleos vegetais. 
Excetuando-se as observadas em relação às 
proteínas e aos ácidos graxos insaturados, as demais 
tendências são preocupantes, uma vez que 
caracterizam padrões alimentares inadequados e 
de risco à saúde, conforme mostram os estudos mais 
recentes. Vale ressaltar que, em relação aos ácidos 
graxos insaturados, se, por um lado, o aumento na 
sua participação na dieta é desejável, por outro, 
esse aumento deve-se dar em substituição às 
gorduras saturadas de tal forma que a participação 
das gorduras no VET não extrapole os limites 
recomendados (15% a 30%). 
A tabela 6 
a seguir mostra a participação de 
grupos de alimentos no total de energia consumida. 
A análise das informações da tabela 6, que 
compreende os períodos de 1974 a 2003, indica as 
seguintes tendências no padrão alimentar do Brasil, 
considerando as informações disponíveis (regiões 
metropolitanas, Brasília e Goiânia): 
Carboidratos 
Proteínas 
Lipídios 
Ácidos graxos monoinsaturados 
Ácidos graxos poliinsaturados 
Ácidos graxos saturados 
% da evolução da participação relativa de 
macronutrientes, por ano de pesquisa 
1987-1988 1995-1996 2002-2003 
61,66 
47,62 
12,57 
25,77 
7,44 
7,66 
7,47 
57,96 
44,29 
29,23 
7,86 
9,53 
8,54 
57,73 
43,57 
28,46 
7,70 
8,53 
8,79 
55,90 
43,27 
30,52 
8,05 
8,90 
9,62 
FONTE: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços, 
Pesquisa de Orçamentos Familiares, 2002-2003.
146 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
- Redução de 5% no consumo de cereais e derivados. 
Considerando os alimentos que compõem esse 
grupo de alimentos, destaca-se o contínuo 
decréscimo no consumo de arroz (23%) e pão 
francês (13%), sabidamente dois alimentos 
tradicionais da alimentação do brasileiro. 
Inversamente, houve um aumento expressivo e 
preocupante no consumo de biscoitos (400%), em 
função de dois fatores: os biscoitos, mesmo os 
salgados e sem recheio, são ricos em gorduras trans 
e alguns tipos em sal ou açúcar, condições estas de 
risco para a saúde; por outro lado, pode estar 
havendo uma indesejável substituição de alimentos 
mais saudáveis, como o arroz e o pão, por biscoitos, 
já que o consumo de macarrão e farinha de trigo 
praticamente permaneceu o mesmo no período 
estudado; 
- Redução no consumo de feijões e de tubérculos e 
raízes: outra tendência que revela uma mudança no 
padrão alimentar brasileiro e, sem dúvida, não 
desejada é a queda no consumo de feijão (31%) e 
tubérculos, raízes e derivados (32%). Dentre os 
alimentos que compõem este último grupo, a 
batata teve queda de 41% e a mandioca de 5%. O 
feijão é uma fonte importante de ferro, fibras e, 
associado ao arroz, de proteína vegetal de boa 
qualidade. É importante que se estabeleçam 
estratégias para, minimamente, reverter a 
tendência de queda de consumo desses dois grupos 
de alimentos; 
- A participação relativa ao grupo das carnes 
aumentou em cerca de 50%. As carnes bovinas 
tiveram aumento de 23% e a carne de frango 
dobrou a participação (100%). Preocupante foi o 
acréscimo verificado na participação de embutidos, 
Tabela 6 - Evolução da participação relativa de alimentos no total de 
calorias determinado pela aquisição alimentar domiciliar nas regiões 
metropolitanas, Brasília e município de Goiânia, por ano de pesquisa. 
Brasil, 1974-2003. 
Evolução da participação relativa, 
1974-1975 
por ano de pesquisa(%) 
1987-1988 1995-1996 2002-2003 
37,26 
8,13 
4,85 
8,96 
1,15 
5,93 
2,16 
1,14 
3,04 
11,62 
13,78 
0,10 
0,31 
1,26 
0,30 
1.700,00 
34,72 
5,87 
4,10 
10,46 
1,31 
7,95 
2,66 
1,15 
0,95 
14,61 
13,39 
0,15 
0,58 
1,59 
0,51 
1.895,79 
35,04 
5,71 
3,58 
12,98 
0,90 
8,20 
2,58 
1,00 
0,77 
12,55 
13,86 
0,13 
0,57 
1,50 
0,63 
1.695,66 
35,34 
5,68 
3,34 
13,14 
0,18 
8,09 
2,35 
0,92 
1,08 
13,45 
12,41 
0,21 
0,91 
2,29 
0,62 
1.502,02 
Grupos de alimentos 
Cereais e derivados 
Feijão 
Raízes e tubérculos 
Carnes 
Ovos 
Leite e derivados 
Frutas 
Verduras e legumes 
Gordura animal (banha, toucinho e manteiga) 
Óleos e gorduras vegetais 
Açúcar e refrigerantes 
Oleaginosas 
Condimentos 
Refeições prontas 
Bebidas alcoólicas 
Total de calorias (kcal/dia per capita) 
FONTE: IBGE Diretoria de Pesquisas. Coordenação de índices de Preços. Estudo Nacional de Despesa Familiar, 
1974-1975 e Pesquisa de Orçamentos Familiares 1986-1988; 1995-1996 e 2002-2003 (adaptada).
PARTE 3 - AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 147 
geralmente produtos com alto teor de gordura e 
sal, que aumentou em quase 300% a sua 
participação energética na alimentação. Por outro 
lado, houve uma acentuada redução na 
participação dos peixes: em 2003, a participação 
representa cerca da metade do consumo estimado 
em 1974. Esse resultado é particularmente 
importante, tanto porque os peixes são fontes de 
proteínas de boa qualidade e são mais saudáveis 
que os demais tipos de carnes em função de sua 
composição em ácidos graxos insaturados, como 
pelo conhecido potencial da piscicultura nacional, 
seja pelo manancial de rios, seja pela extensão 
marítima de que o Brasil dispõe; 
- Redução acentuada na participação de ovos (84%), 
provavelmente em função de o consumo desse 
alimento ter se deslocado para a aquisição de 
alimentos prontos para o consumo e conseqüente 
diminuição da utilização de ovos em preparações 
caseiras (bolos e pães, por exemplo); 
- Aumento de 36% na participação dos leites e 
derivados, sendo expressivo o aumento dos queijos, 
que dobraram a sua participação no VET; 
- A participação de frutas, legumes e verduras na 
dieta manteve-se relativamente estável durante o 
período compreendido pelas quatro pesquisas, 
correspondendo a 3%-4% da energia total da 
alimentação, estando, porém, muito aquém da 
recomendação. A OMS recomenda um consumo 
mínimo de 400 gramas per capita/dia desses grupos 
de alimentos, em função do efeito protetor que 
apresentam em relação às DCNT (WORLD HEALTH 
ORGANIZATION, 2003a). Tendo por base um VET de 
2.000kcal, assumido como parâmetro de 
exemplificação neste guia, o valor energético 
fornecido por estes grupos de alimentos, segundo 
se propõe para o Brasil, corresponde a 
aproximadamente 12% do VET. Isso significa que o 
Brasil precisa aumentar a quantidade de frutas, 
legumes e verduras consumidos em três a quatro 
vezes para alcançar a meta recomendada parauma 
alimentação saudável. Como diretriz deste guia 
propõe-se o consumo de três porções de verduras e 
legumes (valor calórico médio da porção = 15kcal e 
tamanho médio 60g) e três porções de frutas (valor 
calórico médio da porção de 70kcal e tamanho 
médio de 130g), superando, em gramas, o valor 
mínimo recomendado pela OMS; 
- A tendência secular da participação das gorduras 
de origem animal apresenta dois momentos 
distintos: entre 1974 e 1996, houve uma acentuada 
redução de 75%, enquanto que, entre os dois 
últimos inquéritos, ocorreu um incremento de 40%. 
Mesmo assim, considerando o período decorrido 
entre 1974-2003, a redução na participação desse 
grupo de alimentos foi importante (65%); 
- Houve crescimento de 16% na participação das 
gorduras vegetais. Tanto o óleo de soja como a 
margarina apresentaram crescimento. Se por um 
lado a substituição de gorduras animais por 
vegetais é mais saudável, é importante estabelecer 
estratégias que mantenham o consumo de gorduras 
vegetais dentro das faixas de consumo recomen-dadas 
e diminuir o consumo de gorduras 
hidrogenadas (trans), das quais alguns tipos de 
margarinas e as gorduras vegetais hidrogenadas 
são representantes; 
- O grupo dos açúcares e refrigerantes reduziu a 
participaçãoem10%no período. Contudo, conside-rados 
esses dois itens separadamente, observam-se 
tendências distintas: enquanto os açúcares 
reduziram em 23%, houve um considerável 
aumento na participação dos refrigerantes (400%). 
Alguns estudos têm enfa-tizado a substituição de 
leite por refrigerantes, especialmente entre 
crianças e adolescentes, tendência esta claramente 
indesejável. Essas tendências adquirem maior 
relevância quando se considera que não incluem o 
consumo de açúcares e refrigerantes fora dos 
domicílios; 
- Refeições prontas e misturas industri-alizadas: a 
participação desse tipo de alimento na contribuição 
energética aumentou 82% no período, indicador 
importante de mudança no comportamento 
alimentar da população. Os alimentos processados 
em geral possuem teores elevados de gorduras, 
açúcares e sal, cujo consumo deve ser restringido. 
Essa mesma pesquisa mostra que o percentual de 
despesas com alimentação fora do domicílio é de 
25,7% entre a população residente em áreas 
urbanas e, nas zonas rurais, de 13,1%. Os gastos com 
alimentação fora do domicílio, segundo a classe de 
rendimento mensal da família, variaram entre 
11,8% (rendimentos de até R$400,00) e 37% entre 
famílias com rendimentos de R$4.000,00 ou mais 
(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E 
ESTATÍSTICA, 2004a). Com poucas exceções, é
148 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
provável que essas refeições sejam lanches rápidos 
ou fast-foods que também possuem altos teores 
desses nutrientes, sugerindo consumos ainda mais 
elevados; 
Em relação ao consumo de bebidas 
alcoólicas, vale destacar que os dados referidos na 
também merecem cautela na avaliação, 
tabela 6 
pois referem-se apenas e exclusivamente ao 
consumo de álcool no âmbito dos domicílios das 
regiões metropolitanas e de Brasília e Goiânia, 
estimado a partir de despesas monetária com 
alimentos e bebidas adquiridos para consumo 
domiciliar. O Brasil não dispõe de dados sobre 
consumo de álcool; mas, conforme explicitado no 
referencial teórico deste guia, estudos disponíveis 
indicam que entre3%e 9%dos adultos nas grandes 
cidades brasileiras são dependentes do álcool. Um 
inquérito mais recente, desenvolvido pelo Instituto 
Nacional do Câncer (INCA), indicou que a 
prevalência de consumo médio diário de álcool 
considerado de risco (superior a duas doses por dia 
para os homens e superior a uma dose por dia para 
as mulheres) entre a população pesquisada (15 anos 
ou mais e residentes em 15 capitais brasileiras e 
Distrito Federal) variou de 4,6% a 12,4% (BRASIL, 
2004e). 
A tabela 7 
, seguinte, demonstra a partici-pação 
relativa dos macronutrientes no total de 
energia consumidaemáreas rurais e urbanas. 
Os dados permitem afirmar que, em 
termos de macronutrientes, a alimentação para o 
Brasil e para as zonas rurais e urbanas estão adequa-das, 
exceto para o consumo de açúcar que é 37% 
maior do que o recomendado(10%), significando a 
necessidade de redução em, pelo menos, 1/3 desse 
valor para adequação da alimentação. Embora aten-dendo 
ao recomendado para uma dieta saudável, 
para o conjunto das áreas estudadas, no que se 
refere à distribuição percen-tual dos 
macronutrientes para o VET, pode-se afirmar que a 
alimentação na zona rural é mais adequada que a 
da zona urbana, uma vez que o consumo de 
carboidratos complexos atinge a faixa mínima 
recomendada (50,9%) e os carboidratos totais estão 
em uma proporção mais e elevada (64,6%); por 
outro lado, a participação das gorduras nas áreas 
urbanas está apenas a 1% do limite máximo 
recomendado. Tais considerações apenas objetivam 
demonstrar que não somente atender às faixas 
recomendadas de macronutrientes é importante, 
mas também o tipo e a proporção com que eles se 
apresentam na alimentação é igualmente 
Tabela 7 - Participação relativa de macronutrientes no total de calorias determinado 
pela aquisição alimentar domiciliar, por situação do domicílio. Brasil, 2002-2003 
Total 
Macronutrientes 
Carboidratos 
Açúcar (sacarose) 
Demais carboidratos 
Proteínas 
Animais 
Vegetais 
Lipídios 
Ácidos graxos monoinsaturados 
Ácidos graxos poliinsaturados 
Ácidos graxos saturados 
Participação relativa de macronutrientes(%) 
Urbana Rural 
59,56 
13,70 
45,85 
12,83 
6,97 
5,86 
27,61 
7,25 
8,72 
8,64 
58,08 
13,71 
44,37 
12,94 
7,20 
5,75 
28,97 
7,60 
9,10 
8,92 
64,61 
13,67 
50,90 
12,44 
6,18 
6,25 
22,95 
6,04 
7,44 
7,68 
FONTE: IBGE, 2004a. 
Situação do domicílio
PARTE 3 - AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 149 
importante. Por exemplo, em relação às gorduras, o 
limite máximo recomendado é de 30%, porém, a 
faixa mais saudável é de 20% a 25% para uma 
população sedentária, como é o caso da brasileira. 
Considerando isso, o consumo de gordura total para 
toda a população deve diminuir em 10% e, no caso 
da população urbana, em 16% para atender à 
recomendação. 
Algumas considerações em relação aos 
dados mais recentes, desagregados por classes de 
rendimentos, são importantes, uma vez que, ao se 
trabalhar com dados médios para a população, 
muitas diferenças e evidências importantes podem 
ser encobertas. Os dados da POF 2002-2003 
confirmam que há um padrão diversificado de 
consumo, não somente entre as regiões do País e 
nas zonas rurais e urbanas, mas também entre os 
diferentes estratos socioeconômicos da população 
brasileira. 
A tabela 8 
apresenta a participação relativa de 
grupos de alimentos no total de energia, avaliado 
por meio de aquisição alimentar domiciliar, por 
classe de rendimento familiar mensal per capita. 
Considerando a participação relativa dos 
grupos de alimentos, para alguns itens há uma 
tendência de maior participação com a evolução da 
classe de renda: carnes, leite e derivados, frutas, 
legumes e verduras, condimentos, refeições prontas 
e bebidas alcoólicas. Merece ser destacado que o 
consumo de leite e derivados, na classe de maior 
renda, supera em mais de três vezes a participação 
desse grupo de alimentos na classe inferior de 
rendimentos. O mesmo acontece com as carnes (1,5 
vezes), frutas (quase seis vezes mais elevado) e 
verduras e legumes (três vezes mais alto). Entre as 
carnes, o consumo de carne bovina, frango e 
embutidos apresenta nitidamente tendência de 
aumento com a evolução da renda, enquanto que 
os peixes apresentam decréscimo na participação, 
Tabela 8 - Participação relativa de grupo de alimentos no total de calorias, segundo a aquisição 
alimentar domiciliar, por classe de rendimento familiar mensal em salário mínimo per capita 
(SMPC). Brasil, 2002-2003. 
Faixas de rendimento familiares em SMPC 
até 1/2 
+1/4 a 1/2 +1/2 a 1 +1 a 2 
38,10 
97,70 
15,00 
8,40 
0,26 
3,30 
0,61 
0,35 
1,00 
9,60 
12,50 
0,39 
0,14 
0,64 
0,08 
1.485,75 
37,90 
7,90 
10,10 
9,80 
0,33 
4,10 
0,79 
0,47 
1,30 
12,00 
13,70 
0,35 
0,24 
0,92 
0,13 
1.651,3 
38,00 
7,60 
6,30 
11,20 
0,36 
4,90 
1,00 
0,59 
1,40 
12,30 
14,40 
0,24 
0,41 
1,01 
0,23 
1.724,4 
32,20 
6,10 
4,50 
12,30 
0,36 
6,00 
1,40 
0,71 
1,30 
13,40 
14,20 
0,12 
0,60 
1,48 
0,36 
1.877,05 
Grupos de alimentos 
Cereais e derivados 
Feijão 
Raízes e tubérculos 
Carnes 
Ovos 
Leite e derivados 
Frutas 
Verduras e legumes 
Gordura animal 
(banha, toucinho e 
manteiga) 
Óleos e gorduras vegetais 
Açúcar e refrigerantes 
Oleaginosas 
Condimentos 
Refeições prontas 
Bebidas alcoólicas 
FONTE: IBGE, Pesquisa de Orçamento Familiar. Brasil, 2002-2003. 
+2 a 5 + de 5 
35,10 
5,50 
3,00 
13,30 
0,34 
7,80 
2,20 
0,90 
1,30 
13,70 
13,00 
0,09 
0,97 
2,26 
0,66 
1.929,45 
31,50 
4,50 
2,60 
13,20 
0,28 
10,90 
3,40 
1,14 
1,40 
13,60 
10,90 
0,14 
1,15 
3,97 
1,22 
2.075,16
150 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
sendo que a classe de menor rendimento consome 
2,5 vezes mais peixe que a classe superior de 
rendimentos. 
Entre os grupos de alimentos que apre-sentam 
diminuição na participação com a evolução 
dos rendimentos familiares, merecem ser ressal-tados 
os feijões e os tubérculos e as raízes, que 
apresentam um consumo, respectivamente, 2,2 
vezes e 5,6 vezes maior na classe de menor 
rendimento comparado com a classe de cinco ou 
mais SMPC. Vale destacar que, na classe com 
rendimentos de até 1/2 SMPC, esses grupos de 
alimentos contribuem com 9,7% e 15%, 
respectivamente, do VET, destacando a importância 
desses itens na alimentação da população mais 
pobre. 
Entre os cereais e derivados há uma 
participação relativamente similar entre as classes 
de rendimentos, variando em torno de 1/3 da 
contribuição energética. Dentre eles, o arroz 
apresenta sugestivo declínio com o aumento da 
renda, enquanto que biscoitos, macarrão e pão 
aumentam. 
Também aqui se manifesta uma diferença 
de consumo entre os mais pobres e os mais ricos, em 
favor dos primeiros: a alimentação saudável 
estabelece que, entre os carboidratos, aqueles que 
são fonte de complexos (amidos) deveriam compor 
a dieta na faixa de 45% a 65%. Se comparadas as 
duas faixas de rendimentos-limite e somados os 
grupos de cereais e derivados e tubérculos e raízes 
principais fontes desses nutrientes , observa-se que 
na faixa de rendimentos de até 1/2 SMPC a 
participação é de 53,0%, enquanto que na faixa de 
mais que 5 SMPC essa participação é de apenas 
34,2%, não atingindo, nesta última, sequer o 
mínimo recomendado. O atendimento a essa 
recomendação somente é alcançado nas faixas de 
rendimentos inferiores a um SMPC. Isto justifica a 
recomendação de incentivar o consumo desses 
grupos de alimentos, de tal forma a se promover o 
crescimento da sua participação em pelo menos 
20%, para alcance da meta dietética mínima. 
Em relação às gorduras, tanto as vegetais 
quanto as animais tenderam a aumentar com 
evolução dos rendimentos. No caso dos óleos 
vegetais, o consumo na classe de renda mais alta é 
42%superior ao da classe de menor rendimento. 
Açúcares e refrigerantes têm tendências 
contrárias: enquanto os açúcares diminuem com a 
evolução da renda, os refrigerantes aumentam. O 
consumo de energia vindo desse grupo de 
alimentos supera as recomendações da OMS (< 10% 
do VET), estando muito próximo do ideal apenas na 
classe com renda maior que 5 SMPC (10,9%). 
Também aqui vale lembrar que a POF não 
considerou o consumo fora do domicílio e, 
portanto, essas tendências devem ser vistas com 
cautela; mas, por meio do consumo de açúcar aqui 
mostrado, muito provavelmente o excesso de 
consumo desse grupo de alimentos deve ser bem 
maior na população como um todo, indepen-dentemente 
da classe de rendimentos. 
Em relação ao total da energia disponível 
pela aquisição de alimentos para consumo domici-liar, 
verifica-se, ainda na tabela 8 
, que o consumo 
energético da classe de maior rendimento (> 5 
SMPC) representa cerca de 1,5 vez o consumo da 
classe de menor rendimento (até 1/2 SMPC). 
Evidencia-se aindaumaumento no VET com o incre-mento 
da renda familiar. 
Em função de os dados da POF não 
considerarem o consumo de alimentos extra-domiciliar, 
não se pode afirmar, apenas com os 
dados analisados, que haja insuficiência energética 
entre as famílias brasileiras de renda mais baixa; 
contudo, as tendências dos dados revelam uma 
associação entre esse consumo e a renda familiar 
per capita. Por outro lado, a mesma pesquisa 
realizou uma avaliação subjetiva das condições de 
vida da população, investigando, entre outros, a sua 
percepção sobre o tipo e a suficiência dos alimentos 
consumidos pelas famílias. Os dados mostram que 
47% das famílias destacaram que a quantidade de 
alimentos consumidos era habitualmente ou 
eventualmente insuficiente. Essa informação, 
desagregada segundo a situação de domicílio, 
corresponde a 56,9% entre as famílias residentes 
em áreas rurais e a 44% entre as que moram em 
áreas urbanas. Dentre aquelas, 13,9% afirmaram 
que o alimento era normalmente insuficiente 
(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍS-TICA, 
2004b). 
Quanto ao tipo de alimentos consumidos, 
73% das famílias declararam algum grau de 
insatisfação com o tipo de alimentos consumidos 
(somadas as que afirmaram que os alimentos nem 
sempre eram do tipo preferido às que revelaram
PARTE 3 - AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 151 
Tabela 9 -Participação relativa de macronutrientes no total de calorias 
determinado pela aquisição alimentar domiciliar, por classe de 
rendimento monetário mensal familiar per capita em salários mínimos. 
Brasil, 2002-2003 
Grupo de Alimentos 
Açúcar (sacarose) 
Demais carboidratos 
Animais 
Vegetais 
raramente consumir alimentos preferidos). Entre os 
motivos alegados pelas famílias para não consumir 
alimentos de acordo com sua preferência, em 93% 
dos relatos estava a insuficiência de rendimentos 
(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E 
ESTATÍSTICA, 2004b). 
Estes são mais dados que ilustram a imensa 
desigualdade do País e, por outro lado, revelam que 
a insuficiência alimentar é ainda importante 
problema no País, ao lado da inadequação da 
alimentação (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRA-FIA 
E ESTATÍSTICA, 2004b). 
A distribuição de participação energética 
dos macronutrientes, segundo a classe de rendi-mentos 
per capita das famílias, é apresentada na 
. 
Os dados dessa tabela permitem sugerir 
tabela 9 
que: 
- O consumo de carboidratos total e de complexos 
diminui nitidamente com a evolução da renda. Em 
relação aos carboidratos complexos, as classes de 
rendimentos acima de um SMPC sequer atingem o 
limite mínimo recomendado de 45% e, na classe 
acima de cinco SMPC, o mínimo recomendado para 
carboidratos totais também não é atingido (55%); 
-Oconsumo de açúcar supera as recomendações em 
todas as classes de rendimentos, tendendo a 
Faixas de rendimento familiares em SMPC 
12,91 
56,26 
5,21 
6,51 
14,09 
50,47 
5,87 
6,11 
14,82 
47,34 
6,45 
6,09 
14,51 
44,64 
7,02 
5,78 
13,22 
42,58 
7,77 
5,64 
11,06 
41,13 
8,42 
5,43 
aumentar até a faixa de 1/2 a um SMPC, reduzindo 
discretamente nas classes subseqüentes. A situação 
mais preocupante refere-se às classes de 
rendimentos entre 1/2 e um SMPC, em que a 
contribuição energética chega próximo de 15%, ou 
seja, superaem50%o recomendado; 
- As proteínas, em quaisquer faixas, encontram-se 
dentro dos limites recomendados (10% a 15%), 
merecendo destaque apenas que a tendência de 
participação das proteínas animais e vegetais são 
diferenciadas: enquanto que as proteínas animais 
tendem a aumentar, há um decréscimo de 
participação das proteínas vegetais com a evolução 
dos rendimentos familiares; 
- Em relação ao consumo de gorduras, há uma 
nítida evolução da participação com aumento da 
renda, evidenciando-se que nas duas classes de 
maiores rendimentos essa participação extrapola o 
limite máximo recomendado de 30%. As gorduras 
saturadas, que não devem ultrapassar 10% do VET, 
aumentam intensamente com os rendimentos, 
sendo estes valores alcançados virtualmente na 
classe de dois a cinco SMPC e superados na classe de 
maior rendimento (11,2%). As gorduras mono e 
poliinsaturadas apresentam as mesmas tendências 
de aumento com a classe de renda, embora menos 
intensamente, destacando-se que o consumo de 
até 1/2 
+1/4 a 1/2 +1/2 a 1 +1 a 2 
69,17 
11,72 
19,11 
4,82 
6,73 
5,94 
64,56 
11,98 
23,47 
6,03 
8,18 
7,17 
62,16 
12,54 
25,30 
6,71 
8,33 
7,78 
59,15 
12,80 
28,06 
7,40 
9,07 
8,65 
+2 a 5 + de 5 
55,80 
13,41 
30,80 
8,08 
9,41 
9,68 
52,19 
13,86 
33,95 
8,93 
9,13 
11,22 
Carboidratos 
Proteínas 
Lipídios 
Ácidos graxos monoinsaturados 
Ácidos graxos poliinsaturados 
Ácidos graxos saturados 
FONTE: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços, Pesquisa 
de Orçamentos Familiares. Brasil, 2002-2003.
152 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
poliinsaturados deve estar na faixa de 6% a 10%. 
Embora em todas as faixas de rendimento os valores 
estejam dentro da faixa recomendada, na faixa de 
menor renda eles estão próximos do limite inferior 
(6,7%). 
Em resumo, a análise dos dados da mais 
recente pesquisa nacional que possibilita estimar o 
consumo alimentar das famílias brasileiras, no 
âmbito exclusivo do domicílio, alguns dos quais aqui 
demonstrados permitem concluir que há padrões 
diversificados de consumo alimentar entre as 
regiões do País, entre zonas rural e urbana e entre 
classes de rendimento. 
As características da dieta que são positivas 
e confirmam as tendências temporais desde a 
década de 70 são a adequação do teor protéico da 
alimentação e a participação crescente das gorduras 
vegetais. 
Já as tendências inadequadas na dieta que 
merecem destaque são: 
- O alto consumo de açúcar em todas as classes de 
renda: pelos dados apresentados há, necessa-riamente, 
de se estabelecer estratégias de edução 
em seu consumo, em aproximadamente 1/3, para 
atender às recomendações de limite superior de 
consumo. 
- Consumo muito baixo e insuficiente de frutas, 
legumes e verduras, reconhecidamente fatores de 
proteção para a saúde. Um esforço nacional deve 
ser implementado para se elevar o consumo desses 
alimentos em pelo menos três vezes o consumo 
atual, tornando-os acessíveis - física e 
financeiramente - a todas as classes de rendimento e 
valorizando-os como componentes fundamentais 
deumaalimentação saudável; 
- Há uma tendência de consumo exagerado de 
gorduras totais e de gorduras saturadas entre as 
classes de rendimentos mais elevados, 
especialmente na s r e g i õ e s de maior 
desenvolvimento econômico (Centro-Oeste, 
Sudeste e Sul), e entre famílias urbanas e de maior 
rendimento. Há de se implementar ações para 
reverter essas tendências e assegurar que o 
consumo de gorduras totais, saturadas e 
insaturadas seja mantido nos níveis adequados 
entre as famílias das demais regiões, classes de 
renda e da zona rural; 
- Assegurar a manutenção do consumo de 
leguminosas (feijões) e tubérculos e raízes, fontes 
importantes e fundamentais de carboidratos 
particularmente em classes de rendimentos 
superiores, onde se evidenciou a mais acentuada 
queda de consumo temporal nesses grupos de 
alimentos; 
- Leite e derivados, especialmente, devem ser mais 
acessíveis à população com menor rendimento e o 
fomento à produção desses alimentos com baixos 
teores de gorduras é necessário e pertinente, 
considerando que são boas fontes de cálcio na 
alimentação humana, além de fonte de proteínas 
de alto valor biológico; 
- A queda importante no consumo de peixes requer 
ações que revertam essa tendência, uma vez que o 
Brasil dispõe de grande potencial de produção e 
esses alimentos são fontes importantes e saudáveis 
de proteínas, gorduras poliinsaturadas, dentre 
outros nutrientes. 
Consumo de sal no Brasil 
A última estatística de consumo de sal pela 
população brasileira foi aferida pelo Estudo 
Nacional de Despesa Familiar (Endef) (INSTITUTO 
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 1977). 
Por ter sido realizado há cerca de 30 anos, não é 
apropriada a utilização dessa informação devido às 
mudanças ocorridas no padrão de consumo 
alimentar pela população nesse período. 
A tabela 10 
foi construída a partir de 
informações provenientes da indústria salineira 
Tabela 10 - Estimativa do consumo de sal per capita. Brasil, 1962 - 2000 
12,33 8,55 9,79 13,55 15,09 
Consumo de sal per capita 
1962 1975 1988 1995 2000 
FONTE: SENAI, 2001.
PARTE 3 - AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 153 
nacional.Oconsumo estimado de salemgramas por 
dia foi calculado dividindo o volume de sal no 
abastecimento alimentar pela população (SENAI, 
2001). Desses dados são excluídas as quantidades 
estimadas para desperdício e sal destinado à 
alimentação de animais, mas não se referem à 
exportação e importação, que se assumem 
equilibradasemnosso país. 
Esses números indícam que o consumo de 
sal no país é muito alto, colocando o Brasil entre os 
países de consumo mais elevado do mundo 
(INTERSALT, 1998). Observa-se também uma nítida 
tendência de aumento do consumo. Estes valores 
sugerem que o consumo de sal pela população deve 
diminuir em três vezes para se situar no limite 
máximo recomendado para uma alimentação 
saudável (5 gramas de sal/pessoa/dia). 
Já os dados da POF 2002-2003 mostram que 
a aquisição de sal para consumo domiciliar per capita 
anual corresponde a 2,986kg, sugerindoumconsumo 
diário de 8,2 gramas per capita/dia (1,4 vez acima do 
limite recomendável). Agregando-se a esse valoruma 
estimativa de 16,75% para o sal indireto (consumido 
como componente de produtos alimentares 
adquiridos para consumo no domicílio), obtém-seum 
consumo per capita/dia de 9,6 gramas/dia, que 
corresponde a quase duas vezes o consumo 
recomendado. Essa situação é preocupante, uma vez 
que o cálculo não inclui o consumo de sal direto e 
indireto fornecido por meio do consumo de 
alimentos fora do domicílio (INSTITUTO BRASILEIRO 
DEGEOGRAFIAE ESTATÍSTICA, 2004a). 
Entre as diretrizes deste guia, estabelece-se 
a meta de atingir um consumo de 5g de sal/dia 
(menos de dois gramas de sódio/dia), por meio de 
atitudes adotadas pela população no que se refere ao 
consumo alimentar intra e extradomiciliar, mas 
também pela indústria de alimentos, em particular, 
desenvolvendo tecnologia para produtos com baixo 
teor de sódio. A rotulagem nutricional obrigatória 
(veja mais informação na página 117) obriga a 
informação do teor de sódio nos alimentos 
processados. A utilização adequada desse 
instrumento deve ser fomentada junto à população 
para contribuir para a sua decisão em adquirir 
alimentos mais saudáveis. 
Finalmente, os dados e as informações 
apresentados permitem afirmar que a insegurança 
alimentar e nutricional se manifesta, de maneira 
distinta, entre todos os estratos sociais e econô-micos 
da população brasileira, segundo a 
oportunidade e a possibilidade de acesso a 
alimentos saudáveis, em quantidade e qualidade 
adequadas para assegurar a saúde e o bom estado 
nutricional. Contudo, mesmo estratos de renda 
mais alta não condicionam a seleção de uma 
alimentação mais saudável; portanto, não há mais 
justificativa para ações governamentais voltadas 
para um ou outro segmento da população. O 
desafio que se impõe atualmente é garantir a 
segurança alimentar e nutricional para toda a 
população, fomentando a promoção da 
alimentação saudável em todas as fases do curso da 
vida e o acesso às informações cientificamente 
evidenciadas para todos os estratos de renda, 
cumprindo o direito humano à alimentação 
adequada no Brasil. Certamente, políticas, 
programas e ações emanadas pelos diferentes 
setores governamentais devem ainda, por algum 
tempo, compor a política nacional de segurança 
alimentar e nutricional, atendendo às 
especificidades de manifestação da fome, nas 
diferentes regiões, entre os diversos grupos 
socioeconômicos e nas diferentes fases do curso da 
vida, sempre tendo como objetivos a saúde e a 
adequada nutrição. 
As Bases Científicas das Diretrizes 
Alimentares Nacionais4 
As diretrizes alimentares deste guia e 
outras similares, em diversos países, foram 
elaboradas com o respaldo de evidências científicas 
resultantes de estudos que buscavam relacionar o 
impacto de distintos padrões alimentares na 
redução ou no aumento do risco de ocorrência das 
diferentes DCNT. O conjunto das diretrizes objetiva 
contribuir para garantir o crescimento e 
desenvolvimento adequado de crianças maiores de 
2 anos e de adolescentes, a promoção da saúde e a 
prevenção das doenças relacionadas à alimentação 
e manter o balanço energético. 
4 - Com base do documento Análise da Estratégia Global Para alimantação Saudável, Atividade física e Saúde (BRASIL,2004b) 
, produzido pelo 
Grupo Técnico Assessor, instituído por Portaria Ministerial da Saúde, nº 596, de 8 de abril de 2004. Disponívelem www.saude.gov.br/nutricao 
.
154 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Foi utilizado, como base na composição 
desta parte do guia, o documento denominado 
“ 
Análise da Estratégia Global para Alimentação 
Saudável, Atividade Física e Saúd 
e”. Este documento 
foi elaborado por um grupo técnico assessor do 
Ministério da Saúde, com o objetivo de subsidiar a 
posição do governo brasileiro, por ocasião da 57.ª 
Assembléia Mundial de Saúde, ocorrida em 
Genebra em maio de 2004, quando foi discutida e 
aprovada a Estratégia Global (BRASIL,2004b). Por 
sua vez, foi produto da análise do Relatório Técnico 
n. 916 da OMS e FAO (WORLD HEALTH 
ORGANIZATION, 2003a), documento este que 
orientou a oportunidade e pertinência da 
proposição da EG, uma vez que traz uma extensa 
compilação e análise das evidências científicas, em 
nível mundial, sobre a relação entre alimentação e 
DCNT. 
As recomendações dietéticas para popu-lação 
e indivíduos estabelecidas pela OMS e que 
o 
fundamentam as diretrizes deste guia são: 
- Manter o equilíbrio energético e o peso saudável; 
- Limitar o consumo energético procedente das 
gorduras, substituir as gorduras saturadas por 
gorduras insaturadas e eliminar as gorduras trans: 
- Aumentar o consumo de frutas, legumes e 
verduras e de cereais integrais e frutas secas. 
- Limitar o consumo de açúcares livres; 
- Limitar o consumo de sal (sódio) de toda 
procedência e consumir sal iodado. 
A OMS ainda recomenda às pessoas: 
- Manter-se suficientemente ativas durante toda a 
vida. 
Para fundamentar a análise das evidências 
científicas entre a relação alimentação e saúde, a 
OMS definiu alguns critérios para orientar as 
recomendações estabelecidas para a promoção da 
alimentação saudável, atividade física e saúde 
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003a), que 
serão citados a seguir. 
baseada em 
Evidência convincente: 
estudos epidemiológicos que demonstram 
associações convincentes entre exposição e doença, 
com nenhuma ou pouca evidência contrária. 
baseada em estudo 
Evidência provável: 
que demonstram associações razoavelmente 
consistentes entre exposição e doença, mas onde há 
limitações (falhas) perceptíveis na valiação da 
evidência, ou mesmo alguma evidência em 
contrário, que impeçam um julgamento mais 
definitivo. 
: b a s e a d a 
E v i d ê n c i a p o s s í v e l 
principalmente em resultados de estudos 
casocontrole ou estudos transversais. Evidência 
baseada em estudos não epidemiológicos, tais 
como investigações clínicas e laboratoriais. Pode 
servir de suporte, mas são mais estudos necessários 
ainda para confirmar as associações. 
baseada em 
Evidência insuficiente: 
resultados de poucos estudos onde a associação 
entre exposição e doença é sugerida, mas 
insuficientemente estabelecida. São necessárias 
pesquisas com melhor delineamento para 
confirmar as associaçõesemestudo. 
Com b a s e n e s s e s c r i t é r i o s , a s 
recomendações da EG relativas à alimentação e 
atividade física foram analisadas e são indicadas nos 
tópicos seguintes. 
Recomendação 1 
Manutenção do Balanço Energético 
e do Peso Saudável 
Esta recomendação fundamenta todas as 
diretrizes estabelecidas neste Guia, mas, mais 
especificamente, relaciona-se com as Diretrizes 1, 3, 
4, 6 e a Diretriz Especial 1. 
O crescimento da incidência das DCNT 
observado nas últimas décadas relaciona-se, em 
grande parte, com os hábitos de vida configurados 
nesse período. Entre eles, destacam-se os 
comportamentos que desequilibram o balanço 
energético, induzindo a ganho excessivo de peso. 
Estima-se que, para cada 5% de aumento de peso 
acima daquele apresentado aos 20 anos de idade, 
ocorra um aumento de 200% no risco de 
desenvolver a síndrome metabólica na meia idade 
(EVERSON et al., 1998). Essa síndrome, por sua vez, 
está associada ao desenvolvimento do diabetes, da 
doença cardiovascular e de outras doenças crônicas 
não-transmissíveis (SCHMIDT; DUNCAN, 2003; 
LAKKA et al., 2002; LORENZO et al., 2003).
PARTE 3 - AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 155 
O princípio fundamental para manter um 
balanço energético é que as mudanças nos 
depósitos orgânicos de energia (tecido adiposo ou 
massa gorda) se equilibrem com a diferença entre 
consumo e gasto energéticos. Se a ingestão excede 
o gasto, ocorre um desequilíbrio positivo, com 
deposição energética (tecido gorduroso) e 
tendência ao ganho de peso; quando a ingestão é 
inferior ao gasto, ocorre um desequilíbrio negativo, 
com diminuição dos depósitos de gordura e 
conseqüente perda de peso. Em circunstâncias 
normais, o balanço energético oscila ao longo do 
dia e de um dia para o outro sem, contudo, levar a 
uma mudança duradoura do balanço energético ou 
do peso corporal, porque mecanismos fisiológicos 
múltiplos determinam mudanças coordenadas 
entre ingestão e gasto energético, regulando o 
peso corporal em torno de um ponto de ajuste que 
mantém o peso estável. 
A ingestão energética total é proveniente 
da metabolização dos macronutrientes (carboi-dratos, 
gorduras, proteínas), do álcool e de fibras. A 
ingestão diária é definida pelo valor energético total 
(VET), expressoemquilojoule (kJ) ouemquilocalorias 
(kcal). Neste guia, optou-se por trabalhar o VET 
medido pela unidade kcal, uma vez que essa medida 
é maisamplamenteconhecida pela população. 
A gordura produz mais energia por grama 
de peso (9kcal/g) que os carboidratos (4kcal/g), as 
proteínas (4kcal/g) e o álcool (7kcal/g). As fibras 
contribuem com 1,5kcal/g, energia produzida no 
cólon intestinal a partir da degradação bacteriana. 
Amedida do gasto energético do indivíduo 
é composta por três elementos: a taxa metabólica 
basal (energia requerida para manutenção de todas 
as funções vitais do organismo), o gasto energético 
para metabolizar e armazenar o alimento, o gasto 
energético requerido para atividade física. Também 
se considera que a termogênese adaptativa, que 
varia em resposta à ingestão energética crônica 
(aumenta com o aumento da ingestão energética), 
determina o gasto energético deumindivíduo. 
Já o peso saudável é tema ainda contro-verso, 
mas internacionalmente a tendência é 
utilizar o índice de massa corporal (IMC), que 
relaciona o peso ao quadrado da altura de um 
indivíduo, para estabelecer a faixa de peso 
saudável. A OMS recomenda para a população um 
IMC entre 21 e 23kg/m2. Para indivíduos, a faixa 
recomendada é de 18,5 a 24,9kg/m2, evitando 
ganhos de peso maiores do que 5kg na vida adulta 
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003a). 
Para a manutenção do peso saudável e do 
balanço energético, dois fatores precisam ser 
considerados: o aumento do consumo de alimentos 
industrializados, normalmente ricos em gorduras 
hidrogenadas e carboidratos simples e pobres em 
carboidratos complexos, e o declínio do gasto 
energético associado à atividade física. 
As recomendações para mudanças de 
comportamentos ligados a essa problemática na 
prevenção da obesidade, apresentando as 
evidências que as apóiam, são as seguintes. 
Redução de alimentos de alta densidade 
calórica [evidência convincente] 
Esta orientação está explícita na Diretriz 6 
deste guia. 
Alimentos de alta densidade energética 
promovem ganho de peso. Esses alimentos, ricos em 
gorduras, carboidratos simples ou amido, são em 
geral altamente processados e pobres em 
micronutrientes. Já os alimentos de baixa densidade 
calórica são aqueles que possuem maior teor de água 
emsua composição, como frutas, legumes e verduras, 
que, em geral, são alimentos mais ricos em 
micronutrientes. 
As teorias científicas consideram que 
alimentos com densidade energética muito elevada 
promoveriam um “superconsumo passivo” de 
energia total. Estudos que manipularam de forma 
mascarada (cega) o conteúdo de gordura e a 
densidade energética de alimentos apóiam essa 
hipótese, mas é possível que outros efeitos não-fisiológicos 
tenham influenciado esses resultados 
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003a). 
Há também evidências de que humanos 
seriam capazes de reconhecer alimentos de alta 
densidade energética diminuindo sua ingestão para 
manter sua homeostase energética, no entanto, a 
ingestão de alimentos de excepcional densidade 
energética, típicos de fast-foods, interfere nesse 
controle do apetite, favorecendo a ingestão 
energética excessiva e o desenvolvimento de 
obesidade (PRENTICE; JEBB, 2003).
156 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
As fibras atuam na regulação do peso 
corporal, porque apresentam menor palatabilidade 
e interferem na digestão de outros carboidratos e 
também porque afetam a homeostase da glicose 
hepática (PEREIRA; LUDWIG, 2001). 
As fibras são alimentos de baixo valor 
energético que dão volume à alimentação 
consumida, podendo aumentar a sensação de 
saciedade após a refeição. Como as pessoas tendem 
a consumir quantidades mais ou menos fixas de 
alimentos, uma quantidade grande de alimentos de 
baixo valor energético pode colaborar para evitar a 
ingestão energética excessiva. 
Os estudos demonstram que dietas sem 
restrição calórica, mas ricas em fibras, promovem 
perda de peso, mas não há evidências que permitam 
estabelecer qual é o valor mínimo de fibras 
necessário para a prevenção de obesidade; no 
entanto as quantidades de consumo recomendadas 
para frutas, grãos (cereais e leguminosas), verduras 
e legumes provavelmente garantem uma ingestão 
suficiente de fibras (POPPITT et al., 2002). 
Aumento da ingestão de frutas 
e vegetais [evidência provável] 
Orientação expressa na Diretriz 4 deste 
guia. 
O aumento na ingestão de frutas, legumes 
e verduras reduz a densidade energética da 
alimentação e aumenta a quantidade de alimento 
que pode ser consumida paraumdeterminado nível 
de calorias. A redução da densidade energética 
aumenta a saciedade, um efeito que se manifesta 
após o término da refeição. Esses efeitos podem 
ajudar no balanço energético e no controle do peso 
(ROLLS et al., 2004b). 
Outro aspecto potencialmente benéfico no 
aumento da ingestão de frutas, legumes e verduras 
é que o seu consumo ad libitum (à vontade) pode 
amenizar a sensação de fome, típica de dietas de 
emagrecimento e de manutenção de peso já 
perdido. 
Umaoutra teoria para o efeito do consumo 
desses grupos de alimentos na manutenção do peso 
também decorre do fato de afetar a saciedade e a 
ingestão alimentar: alimentos com baixo índice 
glicêmico aumentariam a saciedade (a resposta 
glicêmica dos alimentos é medida pelo aumento na 
taxa de glicose, após 2 horas da ingestão de 50g de 
carboidratos); porém, mesmo entre esses grupos de 
alimentos e entre as leguminosas existem variações 
no índice glicêmico (por exemplo, batata, mandioca 
e banana têm alto índice, enquanto que maçã, 
cenoura e feijão têm baixo índice). Em função disso, 
Não há evidência de que alimentos ricos 
em gordura mereçam maior atenção na prevenção 
da obesidade do que outros alimentos com alta 
densidade energética, como aqueles ricosemamido 
ou carboidratos simples (ASTRUP et al., 2000b; 
WILLETT ;LEIBEL,2002). 
Aumento regular da atividade física 
[evidência convincente] 
Esta orientação está explícita na Diretriz 
Especial 1 deste guia. 
Há evidência convincente de que a 
atividade física regular protege contra o ganho 
excessivo de peso, enquanto que os hábitos 
sedentários, especialmente as ocupações e 
recreações sedentárias, o promovem. Revisão da 
literatura científica demonstra que pessoas que 
exercem (atualmente) atividade física regular em 
quantidades moderadas a intensas apresentam 
menor ganho de peso e menor ocorrência de 
sobrepeso e obesidade (FOGELHOLM; KUKKONEN-HARJULA, 
2000). 
Apesar de alguns resultados de ensaios 
clínicos serem conflitantes, a recomendação geral 
para adultos de realizar atividades de moderada a 
grande intensidade por 30 minutos, de preferência 
todos os dias, é eficaz na prevenção do diabetes e da 
doença cardiovascular, mesmo parecendo ser 
insuficiente para muitos indivíduos prevenirem 
ganho de peso. Entre pessoas obesas, para prevenir 
o ganho de peso perdido previamente, parecem ser 
requeridas atividades de intensidade moderada por 
60 a 90 minutos diários ou atividades intensas, por 
ummenor tempo (SARIS et al., 2003). 
Mesmo na ausência de evidências 
conclusivas, estabeleceu-se que a transição de 
sobrepeso à obesidade pode ser prevenida com 
atividades de moderada intensidade por 45 a 60 
minutos por dia. 
A importância de manter o balanço 
energético e o peso adequado deve ser orientada 
desde fases precoces do curso da vida, requerendo 
decisões políticas sobre o ambiente social e físico 
que promovam essas mudanças, na infra-estrutura 
urbana, na escola ou no trabalho. 
Aumento da ingestão de fibras 
[evidência convincente] 
Esta orientação está explícita nas Diretrizes 
2, 3 e 4 deste guia.
PARTE 3 - AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 157 
os efeitos de consumo desses tipos de alimentos, no 
que diz respeito à manutenção do peso adequado, 
ainda requerem mais estudos, mas há consenso 
sobre os benefícios dessa recomendação para a 
saúde, conforme se verá mais adiante. 
Redução no consumo de bebidas 
açucaradas [evidência provável] 
Orientação inserida na Diretriz 6 deste 
guia. 
Oconsumo freqüente de refrigerantes tem 
sido associado ao ganho de peso. Uma explicação 
para isso é que os efeitos fisiológicos da ingestão de 
energia sobre a saciedade são diferentes para 
líquidos e para alimentos sólidos. Dessa forma, o 
carboidrato, quando ingerido em líquidos, 
promoveria um balanço energético positivo maior 
(LUDWIG et al., 2001; DIMEGLIO; MATTES, 2000). 
Estudos feitos em escolares mostraram que 
um programa educativo para redução do consumo 
de refrigerantes, mesmo alcançando apenas uma 
modesta redução de consumo em 12 meses, 
mostrou uma diferença média de 8% na freqüência 
de sobrepeso entre os grupos experimental e 
controle (JAMES et al., 2004). 
Ambientes domiciliares e escolares 
que promovam atividade física e 
limentação saudável [evidência provável] 
Esta orientação insere-se na abordagem 
conceitual que fundamentou a elaboração do guia. 
Estudos preliminares experimentais e 
observacionais sugerem que adolescentes obesos 
tendem a ingerir maiores quantidades de fast-food 
e a não compensar esse excesso energético do que 
adolescentes não obesos (EBBELING et al., 2004). 
Outro estudo mostrou que escolares com 
hábitos de vida mais sedentários, por exemplo, os 
que assistem mais televisão, também ingerem maior 
quantidade de refrigerantes e são mais obesos 
(GIAMMATTEI et al., 2003). 
O potencial educativo de papéis-modelo 
em casa e na escola, no desenvolvimento dos 
hábitos de vida de crianças e adolescentes, é 
inquestionável, mas ainda são poucas as evidências 
que apóiam esse ponto de vista (WORLD HEALTH 
ORGANIZATION, 2003a). 
São necessários estudos mais bem 
desenhados sobre essa relação, muitos dos quais já 
estão em desenvolvimento. Por outro lado, 
estratégias que investem na redução de comporta-mentos 
sedentários mostram resultados positivos 
no controle de obesidade entre crianças (CAMP-BELL, 
2002). 
Restrição de alimentos com alto 
índice glicêmico [evidência possível] 
O índice glicêmico é uma forma de 
classificar alimentos de acordo com a resposta 
glicêmica que produzem. Alimentos de alto índice 
glicêmico são rapidamente digeridos e absorvidos, 
com maior efeito na glicemia. Esse índice depende 
de inúmeros fatores, como o tipo de carboidrato 
presente, a presença ou não de lipídios, proteínas e 
fibras e o modo de preparo. Certos tipos de amido, 
como os presentes na batata, no pão branco e em 
cereais matinais, tipo flocos de milho, geram 
alterações glicêmicas maiores e mais rápidas do que 
até mesmo o açúcar. Alimentos com alto índice 
glicêmico têm sido apontados como possível cofator 
da obesidade. Estudos preliminares sugerem que 
esses alimentos provocam mais fome após as 
refeições (ROLLS et al., 2004a). 
A hipótese é que níveis diferentes de 
glicemia provocariam diferentes respostas hormo-nais 
na regulação do apetite. 
Outros Hábitos Alimentares 
[evidência possível] 
Há evidências de que o aumento do 
tamanho das porções alimentares está relacionado 
ao ganho de peso. A teoria que explica esta 
evidência é que o organismo seria incapaz de 
estimar corretamente o tamanho da porção 
ingerida, o que dificultaria a compensação 
energética. Estudos que manipularam o tamanho 
da porção alimentar apóiam essa hipótese: o 
aumento do prato principal (macarrão) de uma 
refeição servida em restaurante, sem aumento do 
preço, aumentou a quantidade ingerida; o mesmo 
aconteceu com o aumento da merenda e de um 
sanduíche (DILIBERTI et al., 2004; ROLLS et al., 
2004a; ROLLS et al., 2004b). 
Outra evidência é que o hábito de fazer 
refeições fora de casa também contribui para o 
aumento da ingestão energética. Tradicionalmente 
essas refeições são maiores, com maior densidade 
calórica e maior conteúdo de gordura total, 
gordura saturada, colesterol e sódio. Nos Estados 
Unidos, por exemplo, indivíduos que costumam 
comer em restaurantes têm maior IMC do que 
aqueles que comem em casa (WORLD HEALTH 
ORGANIZATION, 2003a).
158 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Outros fatores também têm sido 
associados ao ganho de peso, mas as evidências para 
eles são poucas ou com resultados conflitantes. Por 
exemplo, o álcool não tem relação com o ganho de 
peso na maior parte dos estudos, apesar de sua alta 
densidade calórica (7kcal/g); mesmo quando 
presente, essa associação pode apresentar muitos 
fatores que podem interferir nos resultados. 
Omitir refeições tem sido apontado como 
fator de risco para obesidade, uma vez que certos 
estudos mostram que a maior freqüência das 
refeições relaciona-se à tendência de menor ganho 
de peso; entretanto, aumentar a freqüência das 
refeições, por si só, não é suficiente para redução do 
ganho de peso, já que os lanches introduzidos 
podem ter alta densidade calórica (bolachas e 
salgadinhos) (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 
2003a). 
Recomendação 2 
Limitar consumo total de gorduras, 
substituir o consumo de gorduras saturadas 
por insaturadas e eliminar o consumo 
de gorduras hidrogenadas (trans) 
[evidência convincente] 
Esta orientação está contemplada na 
Diretriz 6 deste guia. 
A sugestão das proporções adequadas dos 
macro e micronutrientes na alimentação de uma 
pessoa saudável tem-se baseado nas 
recomendações redigidas pelo Conselho Nacional 
de Pesquisa dos Estados Unidos (NATIONAL 
RESEARCH COUNCIL, 1989b). 
Baseadas no conhecimento científico, as 
RDA estabelecem as necessidades nutricionais para 
a manutenção da saúde da população e sugerem 
que o conteúdo de gordura na alimentação das 
pessoas saudáveis não exceda 30% da ingestão 
calórica, que menos de 10% da energia seja 
proveniente de ácidos graxos saturados e que a 
quantidade de colesterol na alimentação seja 
menor que 300mg/dia. 
Resultados de estudos epidemiológicos são 
ainda inconsistentes quanto à relação causal entre o 
percentual de gorduras na dieta, sobrepeso 
/obesidade e morbimortalidade cardiovascular. 
Para estabelecer esse tipo de relação de forma mais 
consistente, mais estudos são necessários, mas são 
difíceis de ser realizados - necessitam uma 
amostragem muito grande, um longo período de 
acompanhamento (anos) e controle rigoroso de 
todas as variáveis que possam interferir no peso dos 
indivíduos. 
Do ponto de vista de macronutrientes 
(carboidratos, proteínas e lipídios), não há 
evidências que confirmem que a energia 
proveniente das gorduras cause mais obesidade que 
as provenientes dos carboidratos ou proteínas; 
entretanto, os resultados dos estudos 
metodologicamente mais adequados, que mostram 
que uma maior ingestão de alimentos de alta 
densidade energética promove ganho de peso 
inadequado, são considerados convincentes. 
Estudos bem conduzidos sugerem que uma 
dieta pobre em gordura, rica em proteína e em 
carboidratos com alto conteúdo de fibras (de 
diferentes frutas, legumes e verduras e grãos) 
promove mais saciedade, com menor taxa calórica, 
que alimentos gordurosos, produzindo, ainda, 
benefícios para os níveis de gorduras no sangue e 
depressão arterial. Mostram ainda que uma 
redução na gordura da dieta, sem restrição do total 
de energia, previne ganho de peso em indivíduos 
eutróficos e gera perda de peso naqueles com 
sobrepeso e obesos (ASTRUP et al., 2000a). 
Uma revisão de 27 estudos (30.902 
indivíduos) mostrou que ensaios com pelo menos 
dois anos de duração evidenciaram que a redução 
ou alteração na proporção de energia da dieta 
proveniente das gorduras protege contra eventos 
cardiovasculares (HOOPER et al., 2001). 
A quantidade e a natureza da gordura da 
dieta interferem nos níveis de colesterol plasmático 
e altas taxas de colesterol no sangue estão 
fortemente relacionadas à doença vascular 
aterosclerótica, principalmente à doença 
coronariana. Várias evidências (como estudos 
clínicos, nutricionais e com drogas) mostraram que 
o colesterol presente nas lipoproteínas de baixa 
densidade (LDL) é o principal componente nocivo, 
enquanto que altos níveis da lipoproteína de alta 
densidade (HDL) estão associados a menores riscos 
de desenvolvimento de doença coronariana. 
As gorduras trans, formadas pela 
hidrogenação parcial das gorduras vegetais, 
encontradas na margarina, biscoitos, bolos e pão
PARTE 3 - AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 159 
branco, aumentam a relação LDL/HDL plasmática, 
sendo fator de risco para doença coronariana 
(OOMENet al., 2001). 
Estudos clínicos prospectivos sugerem que 
dietas com alta densidade de gordura saturada, 
gordura trans e colesterol estão associadas a um 
risco aumentado de desenvolver doença 
coronariana (OOMEN et al., 2001; WILLETT et al., 
1993; ASCHERIO et al., 1996). 
Outra evidência trazida por esses estudos é 
que, nas populações estudadas, quanto mais ricas 
em gorduras, menor o conteúdo de fibras ingerido 
diariamente nas dietas. Os autores sugerem que 
esse fato possa estar associado a uma maior 
predisposição às doenças coronarianas. Esse mesmo 
trabalho mostra que os benefícios da redução da 
ingestão de ácidos graxos saturados e colesterol são 
maiores se acompanhados de aumento na ingestão 
de alimentos ricos em fibras e que dietas ricas em 
ácido linolênico (3-N - ácido graxo das plantas) - um 
tipo de gordura poliinsaturada - estão associadas a 
um risco reduzido de doença coronariana, 
independentemente dos outros fatores de risco. 
Recomendação 3 
Aumentar o consumo de frutas, 
legumes e verduras e de 
cereais integrais [evidência convincente] 
Esta recomendação está incluída nas 
Diretrizes 2,3e4doguia. 
A OMS recomenda consumo mínimo diário 
de 400g de frutas, legumes e verduras, aumentando 
do consumo de alimentos ricos em fibras, e de nozes 
e sementes. Não há, em princípio, limite máximo de 
consumo para esses grupos de alimentos. Não há 
recomendações específicas para o consumo desses 
alimentos na infância (WORLD HEALTH 
ORGANIZATION,2003a). 
A base principal para recomendar o 
aumento do consumo de frutas, legumes e 
verduras, cereais integrais e de nozes ou 
assemelhados está no fato desses alimentos 
poderem substituir outros de alto valor energético e 
baixo valor nutritivo, como cereais e grãos 
processados e açúcar refinado, básicos na 
preparação de alimentos industrializados e fast- 
foods. Além de sua possível contribuição no balanço 
energético, eles podem introduzir nutrientes com 
efeitos significativos na saúde geral dos indivíduos 
e, mais especificamente, na prevenção de doenças 
crônicas não-transmissíveis, como obesidade, 
diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e certos 
tipos de câncer, como discutido a seguir. 
Efeitos na prevenção da obesidade 
A obesidade, na infância e na idade adulta, 
associa-se a uma incidência maior de doença 
coronariana, diabetes tipo 2 e câncer (WORLD 
HEALTH ORGANIZATION, 2003b). 
Hábitos alimentares saudáveis, como a 
ingestão aumentada de frutas, legumes e verduras, 
têm sido apontados como fatores protetores no 
desenvolvimento da obesidade. Esse efeito se deve 
a menor densidade energética desses alimentos e à 
capacidade que esses alimentos têm de gerar 
sensação de saciedade, conforme se abordou no 
item 
Aumento da ingestão de fibras [evidência 
convincente]. 
O aumento do consumo de nozes ou 
assemelhados deve ser feito com cautela, pelo seu 
alto conteúdo de gordura e tendência ao consumo 
com adição de sal. Estudos recentes sugerem que 
seu uso continuado de forma moderada não parece 
aumentar o peso corporal [evidência possível]. 
Efeitos na prevenção do diabetes tipo 2 
A prevenção do diabetes tipo 2 e suas 
complicações por meio do consumo de frutas, 
legumes e verduras ocorre por meio de seus efeitos 
no controle da obesidade, mas também pela ação 
dos fitonutrientes contidos nesses alimentos. 
Vários estudos de coorte demonstraram 
proteção contra o diabetes, conferida pelo 
consumo de alimentos de base vegetal não-processados, 
como cereais integrais, e pela maior 
ingestão de fibras. Recomendações semelhantes 
foram parte dos ensaios clínicos sobre dieta e 
redução da incidência de diabetes tipo 2 [evidência 
provável]. 
A ingestão de nozes associou-se a menor 
risco de diabetes, independentemente de seu 
conteúdo de ácidos graxos insaturados (JIANG et al., 
2002) [evidência possível]. 
Efeitos na prevenção das doenças 
cardiovasculares [evidência convincente] 
A OMS recomenda um consumo mínimo 
diário de 400g de frutas, legumes e verduras frescos.
160 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
estabelecer hábitos alimentares saudáveis na 
infância é de suma importância para o 
desenvolvimento de uma vida adulta livre de 
doença. 
Recomendação 4 
Limitar o consumo de açúcares livres 
[evidência convincente] 
Recomendação contemplada na Diretriz 6 
do guia. 
A recomendação de limitar o consumo de 
açúcares livres tem como princípio o reconhe-cimento 
de que existem interações complexas entre 
escolhas pessoais, normas sociais e fatores 
ambientais e econômicos que determinam o padrão 
alimentar. Sem desconsiderar a importância funda-mental 
de capacitar os indivíduos para fazer 
escolhas saudáveis quanto a sua alimentação e 
padrões de atividade física, dando ênfase na 
educação de crianças e jovens, a Estratégia Global 
prevê ações de caráter regulatório, fiscal e 
legislativo sobre o ambiente que visam tornar 
factíveis essas escolhas saudáveis. 
O consumo de açúcares livres dentro do 
limite recomendado pode contribuir para o 
controle de peso e prevenção das doenças crônicas 
não-transmissíveis, pelos seguintes mecanismos: 
- Os açúcares livres contribuem para o aumento da 
densidade energética da dieta e o controle de seu 
consumo é importante para o balanço energético 
total. 
- As bebidas que são ricas em açúcares livres, 
principalmente os xaropes de milho ricos em 
frutose, promovem o aumento de ingestão 
energética. Fornecem uma grande quantidade de 
calorias, mas não levam à redução do consumo de 
energia proveniente de alimentos sólidos, em 
quantidade semelhante ao que aportam. Desta 
forma, promovem um balanço positivo de energia 
na dieta e também parecem reduzir o controle do 
apetite. 
- A limitação do consumo de açúcares livres para no 
máximo 10% do VET contribui para a melhor saúde 
bucal e prevenção da cárie dentária. 
O grupo de especialistas nacionais consi-dera 
que recomendar a redução do consumo dos 
carboidratos totais (todos os açúcares) talvez não 
seja apropriado para o Brasil; no entanto, reco- 
Em geral, nessas quantidades é possível alcançar um 
grau de proteção cardiovascular. 
Estudos demonstram que algumas dietas 
tradicionais em algumas regiões do mundo têm 
efeito protetor para doenças cardíacas. Elas são 
baseadas em alimentos vegetais pouco processados 
- pão integral, frutas, legumes e verduras, nozes ou 
assemelhados e óleos ricos em ácidos graxos poli e 
monoinsaturados - e conferem proteção contra 
eventos isquêmicos cardíacos em indivíduos de alto 
risco (SINGH et al., 2002; LORGERIL et al., 1994). 
Efeitos na prevenção do câncer 
[evidência provável/possível] 
O sobrepeso e a obesidade têm sido 
associados a certos tipos de câncer, especialmente 
cólon, mama, endométrio e esôfago. Depois da 
eliminação do tabaco, modificação na dieta é a 
segunda maneira mais eficiente de prevenir o 
câncer. Segundo o World Cancer Research Fund e 
The American Institute of Cancer Research, dietas 
contendo uma quantidade substancial e variada de 
frutas, legumes e verduras podem prevenir até 20% 
dos casos de câncer. 
O mecanismo preciso pelo qual dietas ou 
substâncias em particular são capazes de prevenir o 
câncer ainda não foi completamente elucidado e 
muitas das recomendações dietéticas são emba-sadasemestudos 
observacionais. 
Estudos prospectivos encontraram uma 
relação inversa entre consumo de fibras e câncer de 
cólon, não encontrando diferenças quanto ao tipo 
de fibra ingerido, mas o mecanismo pelo qual isso 
ocorre ainda é desconhecido (BINGHAM et al., 
2003). 
Frutas, legumes e verduras também têm 
sido apontados como fatores protetores em vários 
outros tipos de câncer, como bexiga, pulmão, boca, 
laringe, faringe, esôfago e estômago e mama. Em 
geral, esses estudos apontam menor risco de câncer, 
mas os dados são conflitantes quanto ao tipo de 
câncer e ao tipo de planta (fruta ou vegetal) que 
apresenta esse efeito. 
Menor risco de câncer de mama está 
associado com o consumo maior de verduras e 
legumes (RIBOLI; NORAT, 2003). 
Sendo o câncer uma doença de desen-volvimento 
prolongado e estando intimamente 
relacionado a uma alimentação inadequada,
PARTE 3 - AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 161 
mendar a limitação do consumo de açúcares livres é 
uma medida de saúde pública importante e 
adequada para o nosso país. 
Para limitar o consumo de açúcares livres, 
em nosso contexto, parece mais adequado 
concentrar as estratégias de redução do açúcar 
adicionado aos produtos industrializados. 
Os estudos têm evidenciado que o 
consumo de refrigerantes tem sido um fator 
associado ao ganho de peso, bem como um dos 
poucos estudos de prevenção populacional com 
resultados positivos quanto à redução de ganho de 
peso foi realizado em escolares e baseou-se, 
exclusivamente, na redução de refrigerantes 
(LUDWIG et al., 2001; JAMES et al., 2004). 
Outra evidência refere-se à tendência de 
substituição de bebidas mais nutritivas e 
importantes na constituição de uma alimentação 
saudável por refrigerantes. Uma análise do 
consumo de adolescentes americanos mostrou 
claramente uma primeira substituição de leite por 
refrigerantes e, posteriormente, a parcial 
substituição dos refrigerantes por sucos, com 
grande adição de xarope de frutose (CAVADINI et 
al., 2002). 
Por outro lado, um estudo mostrou que a 
densidade energética de líquidos é menos 
reconhecida como fonte de energia, pelo menos 
entre adultos (VANWYMELBEKEet al., 2004). 
Recomendação 5 
Limitar o consumo de sódio e 
garantir a iodação [evidência convincente] 
Recomendação incluída na Diretriz 6 do 
guia. 
O consumo de sódio, de todas as fontes, 
deve ser limitado de maneira a reduzir o risco de 
doenças coronarianas e acidente vascular encefálico 
(AVE). As evidências atuais sugerem que o consumo 
não maior que 70mmol ou 1,7g de sódio (5g de 
cloreto de sódio) por dia é benéfico para a redução 
da pressão arterial. Todo o sal para o consumo 
humano deverá ser iodado. 
O sódio e o potássio são minerais essenciais 
para a regulação dos fluidos intra e extracelulares, 
atuando na manutenção da pressão sangüínea. O 
sal de cozinha cloreto de sódio é a principal fonte 
de sódio, sendo composto por 40% de sódio. A 
necessidade humana diária de sódio é cerca de 300- 
500 miligramas (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 
1989b). 
O consumo de sódio está relacionado 
diretamente com a pressão arterial. Dados 
populacionais sugerem que a redução de sódio está 
associada com diferenças na pressão sistólica de 
pessoas jovens (15 a 19 anos) e de idosos (60 a 69 
anos), tanto em indivíduos com pressão arterial 
normal quanto entre os hipertensos, bem como à 
redução no número de indivíduos com necessidade 
de tratamento anti-hipertensivo, no número de 
mortes por acidente vascular encefálico (AVE) e por 
doenças coronarianas (LAW et al., 1991; CUTLER et 
al., 1997). 
Ensaios clínicos também originaram 
informações a respeito do efeito redutor do 
controle no consumo de sódio em crianças e idosos 
(GELEIJNSE et al., 1997;HOFMANet al., 1983). 
A maior parte dos indivíduos, mesmo 
crianças, consome níveis além de suas necessidades 
desse mineral. O consumo populacional excessivo, 
maior que 6 gramas diárias (2,4 gramas de sódio), é 
uma causa importante da hipertensão arterial (HA). 
A hipertensão arterial explica 40% das mortes por 
acidente vascular encefálico (AVE) e 25% daquelas 
por doença arterial coronariana. 
A recomendação de redução de sal deve 
objetivar redução de sódio de todas as fontes - sal 
como tempero e o sal adicionado no processamento 
de alimentos industrializados. As evidências atuais 
sugerem que o consumo não maior que 5g de 
cloreto de sódio por dia contribui para a redução da 
pressão arterial. Em metanálise realizada, concluiu-se 
que a recomendação em torno de 5 a 6g/dia de 
cloreto de sódio baseia-se mais no que é possível do 
que o nível cujo efeito positivo máximo pudesse ser 
alcançado. A análise do efeito dose-resposta de 
ensaios clínicos de longa duração indicou que a 
redução de 3g/dia leva a uma queda na pressão de 
3,6 a 5,6/1,9 a 3,2mmHg (sistólica/diastólica) em 
indivíduos hipertensos e 1,8 a 3,5/0,8 a 1,8mmHgem 
indivíduos normais. Segundo os autores desse 
estudo, isto significaria, em uma estimativa 
conservadora, que a redução de 3g do consumo 
diário de cloreto de sódio levaria a uma redução de 
13% nos casos de AVE e 10% nas doenças 
isquêmicas do coração. O efeito dobraria com a 
redução de 6g e triplicaria com a redução de 9g/dia. 
A recomendação de 6g/dia teria efeito positivo na 
redução da HA, mas não pode ser considerada ideal 
a longo prazo (FENG et al., 2003). 
Neste guia, trabalha-se com a meta de 5g 
de sal por dia, o que implica uma redução no 
consumo atual pelo menos à metade, uma vez que o 
consumo atual estimado, por meio das despesas 
familiares com aquisição de alimentos para
162 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
consumo no domicílio, é de 9,6 gramas de sal per 
capita/dia (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E 
ESTATÍSTICA, 2004a). Esse valor provavelmente está 
subestimado, uma vez que não foi mensurado o 
consumo de sal oriundo o consumo extradomiciliar 
de alimentos. 
Dado que a maioria do sal está contida nos 
alimentos industrializados, a conquista de uma 
redução substancial no consumo do sal exigirá 
mudanças nas práticas de industrialização de 
alimentos. 
O sal destinado ao consumo humano deve 
ser iodado com a finalidade de prevenir os 
distúrbios por deficiência de iodo. No Brasil, pode-se 
afirmar com certa segurança que a deficiência de 
iodo foi controlada, tendo sido recentemente 
recomendada a redução na faixa de iodo no sal de 
40 a 100mg/kg para 20 a 60mg/kg (BRASIL, 2003a). 
As necessidades médias de iodo estão entre 
90mcg (crianças de 2 a 6 anos) a 150mcg (crianças a 
partir de 12 anos, adolescentes e adultos) de iodo. 
Entre gestantes, estão as mais altas necessidades 
(200mcg/dia) (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 
1989b). A redução do consumo de sal para 5g de 
sal/dia, ainda assim, permitirá o aporte adequado 
de iodo para a população (100 a 300mcg de iodo), 
não esquecendo que, embora o sal seja a principal 
fonte deste mineral, o iodo também pode ser 
aportado pelo consumo de outros alimentos. 
Recomendação 6 
Manter-se suficientemente ativo 
durante toda a vida 
Recomendação contemplada na Diretriz 
Especial 1 do guia. 
A Estratégia Global recomenda que os 
indivíduos adotem níveis adequados de atividade 
física durante toda a vida. Diferentes tipos e 
quantidades de atividade física são necessários para 
se obter diferentes resultados na saúde: a prática 
regular de 30 minutos de atividade física de 
moderada intensidade, na maior parte dos dias, 
reduz o risco de doenças cardiovasculares e diabe-tes, 
câncer de cólon e de mama. O treinamento de 
resistência muscular e equilíbrio podem reduzir 
quedas e aumentar a capacidade funcional nos 
idosos. Maiores níveis de atividade física podem ser 
necessários para o controle de peso 
(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2004). 
Há mais de dez anos, análise de estudos 
epidemiológicos prospectivos já demonstrou que 
tanto um estilo mais ativo de vida como um 
condicionamento aeróbico moderado estão 
associados, de forma independente, à diminuição 
do risco de incidência de DCNT, da mortalidade 
geral e da mortalidade por doenças 
cardiovasculares. 
Efeitos na prevenção das doenças 
cardiovasculares [evidência convincente] 
O risco relativo para doenças cardio-vasculares 
devido ao sedentarismo é estimado em 
1,9; para hipertensão arterial é igual a 2,1 . 
Os estudos têm demonstrado relação 
inversa entre pressão arterial e prática de exercícios 
aeróbicos, com diminuição da pressão arterial 
sistólica e diastólica, tanto em indivíduos 
normotensos como em hipertensos, mesmo após 
ajuste por peso e gordura corporal. O aumento na 
tolerância ao exercício, após três semanas de 
programa de treinamento, com manutenção desse 
benefício por pelo menos dois anos, foi verificado 
entre pessoas com insuficiência cardíaca 
(JITRAMONTREE, 2001; WHELTON et al., 2002; 
GIELEN et al., 2001). 
Efeitos na prevenção do diabetes tipo 2 
[evidência convincente] 
Estudos longitudinais mostram que o 
aumento da atividade física reduz risco de desenvol-vimento 
de diabetes tipo 2, independentemente do 
grau de adiposidade, e diminui em 50% o risco de 
indivíduos com intolerância à glicose evoluírem 
para diabetes, quando associada a perda de peso e 
dieta saudável (HELMRICH, 1991; MANSON et al., 
1992;KNOWLERet al., 2002). 
Efeitos na prevenção da obesidade 
[evidência provável] 
O aumento do nível de atividade física por 
si só é insuficiente para perda ou manutenção do 
peso de pessoas obesas. Quando associado à dieta, 
já foi demonstrado que a atividade física e o 
exercício contribuem para a perda de peso mais 
rápida, sem redução concomitante de massa magra 
e com menor índice de recidiva do aumento de peso 
(ANDERSEN, 1999). 
Efeitos na melhoria do perfil lipídico 
[evidência convincente] 
O exercício aeróbico de moderada 
intensidade pode elevar o HDL-colesterol, reduzir o
PARTE 3 - AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 163 
colesterol total e os triglicérides (STEIN; RIBEIRO, 
2004). 
Após a menopausa, mulheres têm um 
perfil lipídico menos favorável, com aumento do 
colesterol total, LDL-C e triglicerídeos e redução do 
HDL-C. Uma revisão de estudos transversais e 
longitudinais sugere que exercícios aeróbicos 
regulares no período pós-menopausa aumentam os 
níveis de HDL-C, diminuem os níveis de LDL-C, do 
colesterol total e da gordura corporal. Ainda 
existem controvérsias sobre os benefícios do 
exercício sobre os níveis de HDLC, que não se 
alteraram em dois estudos longitudinais que 
comparam mulheres na pós-menopausa, 
sedentárias ou ativas, controlando pelo índice de 
massa corpórea, entretanto mesmo esses estudos 
mostraram redução da gordura corporal total e 
redução da gordura abdominal (DOWLING, 2001). 
Efeitos na prevenção da síndrome metabólica 
[evidência possível] 
Essa síndrome, caracterizada basicamente 
por obesidade central, dislipidemia (HDL-C baixo e 
TG elevado), hiperglicemia e diminuição da 
fibrinólise, associadas à resistência à insulina e à 
inflamação crônica e branda, pode potencialmente 
ser prevenida pela prática regular de atividade física 
de moderada intensidade. 
Estudos que testam diretamente esses 
efeitos na síndrome metabólica não estão 
disponíveis, mas dois ensaios clínicos randomizados 
sobre mudanças de estilo de vida em pessoa com 
tolerância diminuída à glicose na progressão para o 
diabetes fundamentam essa evidência (BLAIR, 
1993). 
Efeitos na prevenção de doenças do aparelho 
musculoesquelético [evidência convincente] 
O envelhecimento está associado a 
mudanças na composição corporal, com redução no 
conteúdo de água (desidratação crônica), ósseo 
(osteopenia) e muscular (sarcopenia) e aumento da 
gordura corporal. A inatividade física está 
relacionada a todos esses fatores. 
A osteoporose é caracterizada pela perda 
de massa e desorganização da estrutura óssea, 
sendo a principal causa de fraturas em idosos, 
principalmente mulheres. O exercício de resistência 
muscular com carga está associado à menor perda 
óssea ao longo da vida e ao aumento da densidade 
óssea no período pós-menopausa. Caminhar com 
passos rápidos parece ser o exercício de escolha na 
prevenção da osteoporose, pois contribui para o 
aumento da densidade óssea em todo o esqueleto, 
estejam os ossos envolvidos com sustentação do 
peso ou não (STEIN; RIBEIRO, 2004). 
Além disso, estudo controlado envolvendo 
idosas com osteoporose revelou aumento de perda 
óssea, em seis meses, no grupo-controle, enquanto 
que as idosas envolvidas em programas de 
exercícios com peso apresentaram manutenção da 
densidade mineral (HARTARD et al., 1996). 
A redução da massa muscular (sarcopenia) 
está associada à maior instabilidade postural, risco 
de quedas e imobilidade. O exercício de resistência 
pode resultar em ganhos de força de 25% a 100% 
em idosos por hipertrofia muscular e presumi-velmente 
por aumento da atividade neural motora, 
resultando diminuição do risco de quedas 
(FRAMINGHAM STUDY, 1994). 
Efeitos na prevenção do câncer de cólon 
[evidência provável] 
A análise da relação entre atividade física e 
câncer de cólon a partir de dados de estudos 
longitudinais e estudos caso-controle multi-cêntricos 
mostrou que a atividade física, além de ser 
um componente importante do estilo de vida mais 
saudável, tem também um efeito protetor 
independente para o câncer de cólon.Umestudo de 
seguimento de profissionais de saúde revelou que 
os homens com atividade física de moderada a 
intensa são também os que ingerem menos 
gorduras saturadas, comem mais frutas, tomam 
mais polivitamínicos e fumam menos; entretanto, 
mesmo após o controle de todos esses fatores na 
análise, foi mantida a relação inversa entre a 
atividade física e o risco de câncer de cólon 
(HARDMAN, 2001). 
Efeitos na prevenção do câncer demama 
[evidência provável] 
A maioria dos estudos de revisão observa 
um menor risco de câncer de mama em mulheres 
ativas. Há evidências convincentes do decréscimo de 
risco de câncer de mama com a prática de, pelo
164 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
menos, quatro horas semanais de atividade física de 
intensidade moderada; entretanto, as evidências 
ainda são insuficientes no que se refere à relação 
dose-resposta entre atividade física e risco de câncer 
demama(BLAIR, 1993). 
O Enfoque do Curso da Vida como Estratégia 
para a Abordagem Integrada das Doenças 
Relacionadas à Alimentação e Nutrição 
Como afirmado na primeira parte deste 
guia, as diretrizes aqui incorporadas visam à 
promoção da alimentação saudávelemtodo o curso 
da vida e não apenas a prevenção de doenças que 
afetam mais visivelmente a população adulta e 
idosa, uma vez que há evidências recentes que 
correlacionam a desnutrição na primeira infância e 
a desnutrição materna à susceptibilidade para 
desenvolver doenças crônicas não-transmissíveis na 
vida adulta, como obesidade, diabetes, cardiopatias 
e hipertensão. Esse enfoque, desenvolvido nas 
últimas duas décadas a partir de estudos de coortes 
em diversos países, inclusive no Brasil, sugere que 
exposições nutricionais, ambientais e padrões de 
crescimento durante a vida intra-uterina e nos 
primeiros anos de vida podem ter efeitos 
importantes sobre as condições de saúde do adulto 
(BARKER et al., 2002; MONTEIRO, et al., 2003b; 
LUCAS et al., 1999). 
O retardo de crescimento intra-uterino e o 
ganho de peso excessivo nos primeiros anos de vida 
têm sido associados com obesidade, hipertensão, 
síndrome metabólica, resistência insulínica e 
morbimortalidade cardiovascular, entre outros 
(ONG et al., 2000; STETTLER et al., 2002; STETTLER et 
al., 2003; HORTA et al., 2003; VANHALA et al., 1999; 
SINGHAL et al., 2003; FORSEN et al., 1999; ERIKSSON 
et al., 1999). 
Alguns estudos têm levantado a hipótese 
de que a desnutrição na infância e fase fetal pode 
levar a alterações na composição corporal, com 
posterior desenvolvimento de obesidade na vida 
adulta. Os efeitos da desnutrição também são 
visíveis ao longo das gerações, pois uma mãe 
desnutrida gera filhos com baixo peso, que, por sua 
vez, se sobreviverem, carregarão as deficiências 
nutricionais e suas conseqüências para seus filhos. 
Assim, a nutrição adequada de gestantes e 
lactentes precisa ser parte integral das estratégias 
nutricionais para adultos. O aleitamento materno 
exclusivo até o 6.º mês de vida e complementar até 
os 2 anos de vida confere não somente proteção 
contra a morbimortalidade por doenças infecciosas 
nos primeiros anos de vida, mas também tem efeitos 
muito importantes sobre a saúde, a longo prazo: 
crianças amamentadas tendem a apresentar menor 
prevalência de obesidade na infância e possivel-mente 
na adolescência, embora não esteja claro se 
esse efeito se prolonga até a idade adulta (WORLD 
HEALTH ORGANIZATION, 2001a; WORLD HEALTH 
ORGANIZATION, 2000a; JONES et al., 2003; 
VONKRIES, s.d.; VICTORA et al., 2003; LI et al., 2003; 
BERGMANN et al., 2003; PARSONS et al., 2003; 
ERIKSSON et al., 2003). 
Os estudos nesse aspecto ainda são 
incipientes, mas não devem ser considerados 
indicadores de ausência de efeitos. Dessa forma, 
entende-se que a alimentação saudável começa 
com o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses 
de idade e complementado até os 2 anos de idade 
da criança. A abordagem da alimentação saudável 
para crianças brasileiras menores de 2 anos é 
enfocada em publicações próprias, considerando a 
especificidade desse grupo populacional no que diz 
respeito ao cuidado alimentar e nutricional a ser 
adotado (BRASIL, 2002d, 2002e; ORGANIZAÇÃO 
PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 1997). Merece ser 
destacado que, considerando a rápida transição 
nutricional que afeta grande parte da população 
brasileira e latino-americana, não é razoável 
recomendar indiscriminadamente que as dietas 
infantis sejam acrescidas de quantidades adicionais 
de óleos ou açúcar, como era e é ainda prática 
comum em nosso meio. Essa estratégia alimentar 
para aumentar a densidade energética da 
alimentação de crianças em risco nutricional ou 
desnutridas deve ser criteriosamente prescrita, 
adotando-a no âmbito dos princípios que regem a 
alimentação saudável.
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physical activity: 
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Anexos
ANEXO A 183 
Processamento de Alimentos 
Praticamente todos os alimentos sofrem 
algum tipo de processamento para tornarem-se 
comestíveis ou para assegurar a sua inocuidade à 
saúde humana. Cozinhar arroz ou ferver o leite, por 
exemplo, são processamentos feitos em nível 
domiciliar; já refinar o arroz ou submeter o leite à 
pasteurização são processamentos realizados em 
nível industrial. Estamos muito distantes do tempo 
em que as pessoas plantavam os seus próprios 
alimentos ou compravam diretamente do produtor e 
osguardavamemcasa. Agora,80%dos brasileiros 
moram nas cidades e a maioria das pessoas que mora 
em pequenas cidades também compra grande parte 
dos seus alimentos no comércio local. A maioria dos 
alimentos e das bebidas consumidos no Brasil tem, 
pelo menos,umgraumínimodeprocessamento. 
A maneira como os alimentos são 
produzidos, conservados, processados e preparados 
em nível doméstico ou industrial pode alterar de 
maneira significativa seu valor nutricional e ter 
impacto positivo ou negativo na saúde. Por 
exemplo, os alimentos “perecíveis” guardados 
inadequadamente à temperatura ambiente 
perdem nutrientes, deterioram e se tornam 
inadequados para consumo humano. 
A produção 
refere-se a métodos utilizados 
pela agricultura e na criação de animais para 
comercialização. O refere-se a 
métodos utilizados pelos fabricantes para 
transformar a matéria-prima ou os produtos 
primários em alimentos e bebidas para venda no 
comércio. A refere-se 
às formas de modificação dos alimentos e das 
bebidas a fim de que eles se mantenham adequados 
para consumo humano por mais tempo, tanto pelos 
fabricantes quanto no ambiente familiar. Um dos 
atributos da alimentação saudável é que ela seja 
segura do ponto de vista sanitário e genético. A 
preparação 
Produção 
processamento 
preservação ou conservação 
refere-se à elaboração de refeições em 
nível industrial, comercial e doméstico. 
Na produção de alimentos, a regula-mentação 
existe para assegurar que os insumos 
utilizados pelos produtores de alimentos sejam 
seguros para o consumo humano e para reduzir as 
probabilidades de danos aos seres humanos, vindos 
dos resíduos deixados nos alimentos (WORLD 
CANCER RESEARCH FUND CRF, 1997). No Brasil, essa 
regulamentação e fiscalização é responsabilidade 
do Ministério da Agricultura, Pecuária e 
Abastecimento (www.agricultura.gov.br). 
Fertilizantes e agrotóxicos 
Os fertilizantes ou adubos, orgânicos e 
químicos, são freqüentemente utilizados com a 
finalidade de manter e/ou melhorar a fertilidade do 
solo e de nutrir as plantas cultivadas, visando a 
melhorar a produção agrícola. Já os agrotóxicos de 
uso agrícola, também chamados de pesticidas, são 
emgeral produtos químicos tóxicos aohomeme aos 
animais utilizados na produção, armazenamento e 
beneficiamento de produtos alimentícios, aplicados 
diretamente no solo, nas sementes ou em 
pulverizações, com a finalidade principal de 
controlar as pragas e doenças das plantações. São 
agrupados em várias classes de uso: acaricidas, 
inseticidas, fungicidas, herbicidas, dentre outras. Os 
resíduos desses produtos, em níveis acima dos 
limites máximos permitidos pela legislação 
brasileira, podem aumentar o risco de ocorrência de 
alguns tipos de câncer,bemcomo de outras doenças 
e agravos à saúde. Para prevenir riscos à saúde 
humana, é necessário que os produtores rurais 
adotem boas práticas agrícolasemrelação ao uso de 
agrotóxicos, especialmente em culturas alimen-tares, 
cabendo ao governo incrementar a 
fiscalização para evitar a prática abusiva e indevida 
do comércio e uso desses produtos tóxicos. 
Medicamentos veterinários, antimicrobianos 
e hormônios, promotores de crescimento 
O uso de medicamentos veterinários em 
animais de produção, especialmente os 
antimicrobianos, antiparasitários, hormônios e 
anabolizantes, vêm preocupando a população 
brasileira e mundial por duas razões principais: 
- Resíduos de medicamentos veterinários presentes 
em alimentos de origem animal podem ser 
prejudiciais à saúde do consumidor. 
- O uso de antimicrobianos em medicina veterinária 
pode contribuir para o aumento da incidência ou 
prevalência de resistência microbiana (resistência
184 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
bacteriana), reduzindo a eficácia de medicamentos 
utilizados na medicina humana. 
Da mesma forma que os agrotóxicos, esses 
produtos são tóxicos quando utilizados 
inadequadamente e seu uso deve ocorrer somente 
quando autorizado pela legislação brasileira, 
seguindo-se rigorosamente as boas práticas e 
prescrições veterinárias, obedecendo às dosagens, 
forma de aplicação, restrições de uso e períodos de 
retirada, de modo a se prevenir riscos à saúde 
humana. 
Modificação genética 
Algumas culturas são submetidas à 
modificação genética e alguns alimentos contêm 
ingredientes geneticamente modificados 
(transgênicos ou obtidos por engenharia genética), 
que podem ou não estar rotulados como tal. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) 
considera os alimentos geneticamente modificados 
como seguros; no entanto, ressalta-se que a 
avaliação de risco deve ser feita caso a caso. 
Um alimento pode ser um organismo 
geneticamente modificado (OGM), ou pode conter 
um ou mais ingredientes geneticamente 
modificados. A rotulagem é regulamentada pelo 
Decreto n.º 4.680/03 da Presidência da República, 
pela Portaria n.º 2.658/03 do Ministério da Justiça e 
pela Instrução Normativa Interministerial n.º 1/04. 
Essas legislações regulamentam a rotulagem e 
estabelecem a concentração de 1% de OGM 
(proteína ou ácido desoxirribonucléico) no 
alimento, a partir da qual a rotulagem é 
obrigatória. A portaria citada estabelece o 
emprego, no rótulo, do símbolo que indica que o 
alimento contém ou consiste deOGM. 
Agricultura orgânica 
A agricultura orgânica, também chamada 
de sistema de produção orgânica, utiliza processos e 
controles biológicos para a manutenção da 
qualidade da terra, plantio e controle de pragas. Na 
criação de animais não utiliza hormônios ou 
promotores de crescimento. No Brasil, parte dos 
alimentos orgânicos é produzida de acordo com 
padrões certificados por associações, cooperativas e 
outras entidades que controlam a qualidade da 
produção segundo critérios estabelecidos em 
regulamento. O mercado para esse tipo de produto 
vem crescendo, principalmente nos grandes centros 
urbanos. Sempre que possível, alimentos orgânicos 
devem ser preferidos não somente pelo provável 
menor risco à saúde humana, mas também pelo 
menor impacto ao meio ambiente. 
O sistema de produção orgânica 
compreende alguns conceitos de produtos, como: 
ecológico, biodinâmico, biológico, natural, 
regenerativo, agroecológico e outros. A 
agroecologia é uma nova abordagem da 
agricultura orgânica que integra diversos aspectos 
agro-nômicos, ecológicos e socioeconômicos, na 
avaliação dos efeitos das técnicas agrícolas sobre a 
produção de alimentos, no meio ambiente e na 
sociedade como um todo. Nessa abordagem, a 
agricultura orgânica compõe um “ramo” da 
agroecologia, que adota um sistema de produção 
que exclui o uso de fertilizantes químicos e 
agrotóxicos e busca manter a estrutura e 
produtividade do solo, em harmonia com a 
natureza. 
Processamento 
Na manufatura de alimentos e bebidas, 
vários processos são utilizados. Alguns, com 
possíveis impactos sobre a saúde humana, são 
mencionados aqui. Não existe nada de negativo 
com o processamento dos alimentos como tal, mas 
conhecer os diferentes métodos de processamento 
de alimentos é importante para selecionar entre 
aqueles que preservam ou aumentam a qualidade 
dos alimentos e os que degradam ou introduzem 
elementos prejudiciais à saúde. O objetivo desse 
conhecimento é reduzir o consumo de gordura 
total, gordura saturada, gordura trans, açúcar e sal 
direto e indireto adicionados aos alimentos e 
bebidas consumidos, permitindo a seleção de 
alimentos mais saudáveis. 
Refinação 
A qualidade dos grãos e outros alimentos 
com amido é profundamente afetada pela 
refinação. Grande parte dos micronutrientes 
contidos na casca e camadas mais superficiais dos 
grãos é perdida neste processo. 
Fortificação 
A fortificação pode recuperar, intensificar
ANEXO A 185 
ou adicionar valor nutricional aos alimentos. A 
recuperação ocorre quando, durante o pro-cessamento 
do alimento, determinado nutriente é 
perdido; a intensificação, quando um nutriente que 
é natural do alimento é adicionado em maiores 
quantidades; e a adição, quando um alimento, 
apesar de não ser fonte natural é bom veículo para 
um nutriente. Atualmente, o mercado varejista de 
alimentos tem uma enorme quantidade de 
alimentos fortificados (para mais informações, ver 
item sobre rotulagem de alimentos, página 129). 
Por legislação nacional é obrigatória a fortificação 
do sal de cozinha com iodato de potássio e das 
farinhas de trigo e milho com ferro e ácido fólico. 
Para mais informações sobre a fortificação 
de alimentos, veja Diretriz 2 
. 
Hidrogenação 
A hidrogenação dos óleos vegetais origina 
gorduras chamadas gorduras trans. Para mais 
informações, veja o box 
Sabendo um pouco mais 
“Hidrogenação” na Diretriz 6 (página 80) 
Aditivos 
Vários tipos de substâncias são adicionados 
aos alimentos com o objetivo de modificar suas 
características físicas, químicas, biológicasousensoriais. 
Essas substâncias, denominadas aditivos alimentares, 
são regulamentadas,noBrasil, pelo órgão competente 
do Ministério da Saúde - ANVISA, que estabelece quais 
são os aditivos permitidos e seus limites máximos de 
uso, visando a alcançar o efeito desejado e não trazer 
risco à saúde humana. São 23 as funções dos aditivos, 
sendo que a preservação dos alimentos é apenas uma 
delas. Esses aditivos e suas funções são 
obrigatoriamente mencionados nos rótulos dos 
alimentos. 
Uma grande quantidade de alimentos 
industrializados recebe adição de corantes de maneira 
aaumentaroapelovisualegustativodoproduto. 
Edulcorantes 
Os alimentos e bebidas industrializadas para 
dietas com restrição de carboidratos (diet) e aqueles 
com redução desse nutriente (light) normalmente 
contêm edulcorantes, como manitol, isomalte, 
maltitol, lactitol, xilitol, ciclamato, sucralose, sacarina, 
aspartame,sorbitol,acesul-fame,xilitolestévia. 
Os aditivos com função edulcorante são substâncias 
que conferem sabor doce ao alimento; mas, 
diferentemente dos açúcares, em sua maioria não 
possuem calorias. 
Apesar de algumas controvérsias sobre a 
sacarina e também sobre o aspartame, os 
edulcorantes são presumivelmente de uso seguro, 
desde que consumidos dentro de um limite de 
segurança. Veja no quadro 5 
abaixo o consumo 
seguro por kg de peso corporal dos edulcorantes. 
Conservação 
Diferentes métodos de conservação de 
alimentos serão apresentados a seguir observando, 
sempre que pertinente, o grau de proteção do valor 
nutricional do alimento; a ocorrência de perda de 
nutrientes; a capacidade direta ou indireta de 
tornar o alimento mais saudável; e a utilização de 
produtos e conservantes prejudiciais à saúde 
humana. 
elimina grande parte dos 
Ação do calor: 
Fervura: 
microrganismos patogênicos. Exemplo: cozimento 
do alimento à temperatura superior a 100ºC. 
pode ser feita em fornos ou 
Desidratação: 
ao sol, usando telas protetoras contra insetos. 
Exemplo: carne seca. 
é um dos processos utilizados 
Defumação: 
para conservação de carne. A defumação de 
alimentos de origem animal origina substâncias 
químicas carcinogênicas; envolve o uso de nitritos e 
nitratos, que podem se transformar em N-nitroso, 
um composto carcinogênico para o estômago. O 
consumo de alimentos defumados, como bacon, 
aves, peixes e outras carnes, deve ser ocasional 
porque o consumo de grandes quantidades pode 
aumentar o risco de câncer de estômago. (NRC, 
1982; WCRF,1997). 
Pasteurização, 
tratamento a altas temperaturas (UHT) 
O leite é pasteurizado, por meio da 
elevação de sua temperatura por alguns segundos, 
seguida de rápido resfriamento, para a eliminação
186 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
QUADRO 5 - Principais Características dos Edulcorantes 
sacarina 
artificial 
5,0 
500x 
não 
não 
estável 
0 
das bactérias patogênicas, como as que causam 
doenças nos animais e que poderiam ser 
transmitidas aos seres humanos. A ultra-pasteurização, 
conhecida como processo UHT, é o 
tratamento térmico a temperaturas mais elevadas e 
menor tempo, resultando em um produto 
conhecido como “longa vida”, devido ao seu maior 
prazo de validade. O leite deve ser tratado 
termicamente, a fim de evitar intoxicações ou 
toxinfeções alimentares. A conservação do leite 
pasteurizado deve ser sempre na geladeira; o 
mesmo cuidado é necessário com o leite longa vida 
após aberto. Quando não houver disponibilidade 
de leite pasteurizado ou UHT é imprescindível que o 
produto seja fervido antes de ser consumido. 
Cozimento a vapor, escaldamento, 
fervura e cozimento 
Esses métodos suaves de cozinhar utilizam 
0 
o calor de até 100 C, o ponto de fervura da água. 
São as melhores formas de preservar as vitaminas 
nos alimentos. 
a refrigeração dos alimentos 
Refrigeração: 
perecíveis é indispensável; as temperaturas ideais 
variam entre 0 o C e 5 o 
C, de acordo com o tipo de 
alimentos. Essa faixa de temperatura não destrói os 
microrganismos patogênicos, mas inibe sua 
Ação do frio 
proliferação. O uso da refrigeração, industrial e 
doméstica, protege indiretamente contra a 
hipertensão, acidentes vasculares e câncer do 
estômago, porque a refrigeração torna 
desnecessária a preservação dos alimentos por meio 
do uso de sal. Pode também proteger contra essas e 
outras doenças crônicas, como a obesidade, porque 
ela possibilita a disponibilidade regular de frutas, 
legumes e verduras frescas, bem como de outros 
alimentos perecíveis (WORLD CANCER RESEARCH 
FUND CRF, 1997). 
requer uma temperatura 
Congelamento: 
o 
de -18 C para eliminar ou inibir o crescimento das 
bactérias. Portanto, o congelamento preserva os 
alimentos, mas alguma perda de vitaminas pode 
ocorrer. 
Secagem 
Os alimentos são conservados por secagem 
desde os tempos pré-históricos. Grande parte dos 
alimentos frescos pode ser armazenada em sua 
forma seca. Os cereais e feijões são normalmente 
comprados secos. Alguns vegetais, como os 
tomates, e muitas frutas, como as uvas e ameixas e 
também as bananas, maçãs, pêras e ervilhas, são 
comercializadas em sua forma desidratada. No 
Brasil, em algumas regiões a carne é preservada por 
meio da secagem, bem como o bacalhau e outros 
peixes. A secagem é uma forma benigna de 
Edulcorantes 
Natureza 
IDA mg/Kg* 
Poder adoçante** 
Metabolização 
Sensibilidade ao calor 
pH 
Calorias 
FONTE: ANVISA 
*IDA = Ingestão Diária Aceitável (mg/kg de peso corporal) 
** relativo à sacarose 
ciclamato 
artificial 
11,0 
40x 
não 
não 
estável 
0 
aspartame 
artificial 
40,0 
200x 
sim 
sim 
estável 
4 
steviosídeo 
natural 
2 (temporária) 
300x 
não 
não 
estável 
0
ANEXO A 187 
conservação, que retém e concentra os nutrientes 
nos alimentos. 
Uso do Açúcar 
O açúcar pode ser utilizado como 
conservante em razão de não ser um meio de cultura 
propício para a proliferação de bactérias, pois, por 
suas características de produção, resulta um produto 
com apenas 0,3% de umidade. Agindo por osmose 
também desidrata as células do meio. Quando o 
processo é bem feito, permite a conservação do 
alimento por tempo indeterminado. Exemplo: frutas 
cristalizadas. 
O açúcar é o conservante usado na 
confecçãodediferentes tiposdeconservasdefrutas 
como geléias e outros produtos. Para mais 
informações sobre o risco do consumo de açúcar para 
a saúde, veja a 
Diretriz 6 (página 73). 
Usodosal 
Osalagepor osmose, desidratando as células. 
Asalga de alimentoscomomeio de conservação é feita 
a seco ou em salmoura. A salga é muito usada na 
conservação de carnes. Alimentos conservados por 
meio de salmoura, em vinagre ou sal, são os picles, 
vegetais, ervas e especiarias. A alimentação com alto 
teor de sal e alimentos salgados, como muitas das 
preparações típicasdaculinária brasileira,aumentamo 
risco de hipertensão arterial, acidentes vasculares e 
câncer de estômago. Devido a todos esses fatos, 
quanto menos sal se consumir, melhor. Para mais 
informações sobre o risco do consumo de sal para a 
saúde, 
veja a Diretriz 6 e box Sabendo um pouco mais 
“Alimentossalgadosecomsal”(página83). 
Fermentação 
O processo de fermentação consiste na 
proliferação de certos organismos não prejudiciais à 
saúde, modificadores do pH do meio. A alteração do 
meio impede o crescimento de microrganismos de 
decomposição. A fermentação é um método de 
preservação, pelo qual o queijo, o iogurte e o 
chucrute são produzidos. É uma forma benigna de 
preservação excetoquandoproduz álcool. 
Engarrafamento, enlatamento 
O engarrafamento e enlatamento são 
formas úteis de se preservar os alimentos. Mas, em 
alguns alimentos enlatados e engarrafados são 
utilizados óleo, açúcar ou sal. Nesses casos, a melhor 
opção é descartar o caldo. Muitos alimentos 
acondicionados são preservados por meio de 
hidrogenação de gordura e acréscimo de aditivos. 
Semprequepossível, compre alimentos engarrafados 
ou enlatados em vinagre, água, suco de frutas ou 
vegetais. Verifique os rótulos. 
Métodos de preparação 
Os principais cuidados a serem observados 
nas técnicas de preparação dos alimentos adotadas 
e que podem ter impacto no valor nutricional são a 
temperatura utilizada no cozimento, o uso de óleos 
ou gorduras adicionados e os métodos de 
cozimento, que incluem o fogo direto nos 
alimentos. 
Assados, torrefação, fritura e microondas 
Por meio desses métodos, os alimentos são 
o 
cozidos a temperaturas de até 200 C. O único 
inconveniente com os assados ou com a torrefação é 
a gordura ou óleo, que eventualmente podem ser 
adicionados ao preparo dos alimentos. A fritura 
expõe os alimentos não diretamente ao fogo, mas a 
altas temperaturas, e utiliza grandes quantidades 
de gorduras ou óleos. É sensato consumir esse tipo 
de preparação somente ocasionalmente, devido ao 
seu alto conteúdo de gordura (WORLD CANCER 
RESEARCH FUND, 1997). O forno microondas utiliza 
temperaturas elevadas, requerendo, portanto, 
menor tempo de cocção, o que seria um fator de 
preservação de algumas vitaminas, exceto em 
relação à vitamina E (SILVA et al., 1993). Outro 
aspecto é que muitas preparações não requerem a 
utilização de óleo. As possíveis conseqüências 
negativas à saúde do uso deste recurso ainda não 
foram comprovadas. 
Grelhados e churrascos 
Alimentos de origem animal, quando 
queimados, contêm altas concentrações de 
componentes químicos, chamados policíclicos 
hidrocarbonatos aromáticos (PAHs) e aminas 
heterocíclicas (HCAs). Nos padrões dos laboratórios, 
essas substâncias são carcinogênicas. A preparação 
de churrascos e grelhados, ou qualquer outro 
método que expõe os alimentos de origem animal à 
chama direta, produz esse tipo de produto químico,
188 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
tal como a defumação. Descarte sempre alimentos 
de origem animal queimados ou chamuscados. 
Alimentos prontos para consumo 
Fast-food 
Esse termo refere-se aos alimentos pré-cozidos 
oferecidos em lanchonetes, bares e 
restaurantes. A maior parte desses alimentos é 
derivada de carne, alimentos com alto teor de 
gorduras e sal e bebidas concentradasemaçúcar. 
Refeições embaladas 
O comércio está atualmente repleto de 
todos os tipos de refeições e pratos pré-preparados. 
Verifique os rótulos e observe o conteúdo 
de gordura total, gordura saturada, gordura trans e 
sódio. 
Cuidados com as refeições fora do domicílio 
Geralmente os alimentos oferecidos em 
bares, cantinas, restaurantes por quilo e outros 
restaurantes tendem a ser mais ricos em gorduras e 
açúcares do que os alimentos consumidos 
diariamente em casa.Umproblema específico é que 
não se sabe que tipo de óleo é utilizado - ou 
reutilizado - nas preparações. As refeições fora de 
casa deveriam ser realizadas apenas em ocasiões 
especiais, comemoração com a família ou amigos ou 
ocasionalmente. Caso você seja freqüentador 
assíduo em alguns restaurantes, procure conhecer a 
forma de preparo dos alimentos, dê sugestões de 
cardápios e preparações mais saudáveis, observe a 
higiene do local, dos funcionários e tente conhecer 
a cozinha ou local onde são preparados e 
armazenados os alimentos. Ao selecionar os pratos 
ou preparações, siga os princípios da alimentação 
saudável.
ADNIREEXTORIBZ 6 - GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 189 
Recomendação Calórica Média, 
Número de Porções Diárias e 
alor Energético Médio das Porções, 
Segundo os Grupos de Alimentos 
para Fins de Cálculo do%VET 
O quadro abaixo mostra o número de 
porções, valor calórico médio por porção e a 
recomendação calórica média do grupo de 
alimentos considerando as diretrizes e objetivos 
estabelecidos neste guia alimentar. Os alimentos 
que foram utilizados em cada um dos grupos 
compõem um elenco de produtos e preparações 
mais comuns no Brasil, mas obviamente não 
esgotam todos os alimentos. A lista de alimentos 
consta noANEXOC. 
Conforme se observou na primeira parte 
deste guia, foi aqui adotado o 
parâmetro 
de 2.000kcal. Ressalta-se, contudo, 
exemplificador 
que o número de porções variará de acordo com as 
necessidades nutricionais de cada indivíduo, 
devendo, portanto, uma dieta que utilize as 
proposições de número de porções aqui 
estabelecidas ser corrigida, quando necessário. 
Os cálculos relativos ao número de porções 
e valor energético médio das porções foram 
elaborados pela Dr. a 
Sonia Tucunduva Philippi do 
Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde 
Pública da Universidade de São Paulo. 
Grupos de Alimentos 
VET = 2.000 kcal 
Cereais, tubérculos, raízes e derivados 
Feijões 
Frutas e sucos de frutas naturais 
Legumes e Verduras 
Leite e Derivados 
Carnes e ovos 
Óleos, gorduras e sementes oleaginosas 
Açúcares e doces 
(*) Esta atribuição atingiu 1.943 kcal. 
Recomendação 
calórica média do 
grupo (kcal)* 
900 
55 
210 
45 
360 
190 
73 
110 
Número de 
porções diárias 
do grupo 
6 
1 
3 
3 
3 
1 
1 
1 
Valor energético 
médio por porção 
(kcal) 
150 
55 
70 
15 
120 
190 
73 
110
ANEXO C 191 
Porções de Alimentos (em Gramas) eMedidas Usuais de Consumo Correspondentes(*) 
Arroz, Pães, Massas, Batata e Mandioca 
1 porção = 150kcal 
Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo 
amido de milho 40,0 2½colheres de sopa 
angu 105,0 3 colheres de sopa 
arroz branco cozido 125,0 4 colheres de sopa 
arroz integral cozido 198,0 6 colheres de sopa 
batata cozida 202,5 1½unidade 
batata inglesa corada picada 90,0 3 colheres de sopa 
batata doce cozida 150,0 1½colheres de servir 
batata frita (palito) 110,0 2½colheres de servir 
batata sauteé 125,0 2½colheres de servir 
biscoito tipo “ cookies 
” com gotas de chocolate/ coco 30,0 6 unidades 
biscoito tipo “ cream cracker 
” 32,5 5 unidades 
biscoito de leite 30,0 6 unidades 
biscoito tipo “maisena” 35,0 7 unidades 
biscoito tipo “maria” 35,0 7 unidades 
biscoito recheado chocolate/doce de leite/ morango 34,0 2 unidades 
biscoito tipo “ waffer 
” chocolate/morango/baunilha 30,0 4 unidades 
bolo de banana 1 
50,0 1 fatia pequena 
bolo de cenoura 1 
30,0 1 fatia pequena 
bolo de chocolate 35,0 1 fatia 
bolo de milho 1 
50,0 1 fatia 
cará cozido/ amassado 126,0 3½colher de sopa 
cereal matinal 43,0 1 xícara de chá 
farinha de aveia 37,5 2½colheres de sopa 
farinha de mandioca 40,0 2½colheres de sopa 
farinha de milho 42,0 3½colheres de sopa 
farofa de farinha de mandioca 37,0 ½colher de servir 
inhame cozido/ amassado 126,0 3½colheres de sopa 
macarrão cozido 105,0 3½colheres de sopa 
mandioca cozida 128,0 4 colheres de sopa 
milho verdeemespiga 1 
100,0 1 espiga grande 
milho verdeemconserva (enlatado) 142,0 7 colheres de sopa 
pamonha 1 
100,0 1 unidade 
pãozinho caseiro 55,0 ½unidade 
pão de batata 1 
50,0 1 unidade média 
pão de centeio 60,0 2 fatias 
pão de forma tradicional 43,0 2 fatias 
pão de milho 1 
70,0 1 unidade média 
pão de queijo 58,0 1 unidade 
pão francês 50,0 1 unidade 
pão hot dog 
50,0 1 unidade 
pipoca com sal 31,5 3 xícaras de chá 
polenta frita 121,0 3 fatias
192 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo 
polenta sem molho 190,0 2 fatias 
purê de batata 130,0 2 colheres de servir 
purê de inhame 1 
135,0 3 colheres de servir 
torrada salgada tipo 40,0 4 unidades 
torrada fibras 40,0 4 unidades 
torrada glúten 40,0 4 unidades 
torrada (pão francês) 33,0 6 fatias 
Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo 
abóbora cozida (menina, japonesa, moranga) 70,0 2 colheres de sopa 
abobrinha cozida 81,0 3 colheres de sopa 
acelga cozida 85,0 2 1/2 colheres de sopa 
acelga crua (picada) 90,0 9 colheres de sopa 
agrião 132,0 22 ramos 
aipo cru 80,0 2 unidades 
alcachofra cozida 35,0 1/4 unidade 
alface 120,0 15 folhas 
almeirão 60,0 5 folhas 
aspargoemconserva 80,0 8 unidades 
berinjela cozida 60,0 2 colheres de sopa 
bertalha refogada 1 
25,0 1 colher de sopa 
beterraba cozida 43,0 3 fatias 
beterraba crua ralada 42,0 2 colheres de sopa 
brócolis cozido 60,0 4 1/2 colheres de sopa 
broto de alfafa cru 50,0 1 1/2 xícara de chá 
broto de feijão cozido 81,0 1 1/2 colher de servir 
cenoura cozida (fatias) 35,0 7 fatias 
cenoura cozida (picada) 34,0 1 1/2 colher de sopa 
cenoura crua (picada) 38,0 1 colher de servir 
chuchu cozido 57,0 2 1/2 colheres de sopa 
couve-flor cozida 69,0 3 ramos 
couve-manteiga cozida 42,0 1 colher de servir 
ervilhaemconserva 13,0 1 colher de sopa 
ervilha fresca 19,5 1 1/2 colher de sopa 
ervilha torta (vagem) 11,0 2 unidades 
escarola 84,0 15 folhas 
espinafre cozido 67,0 2 1/2 colheres de sopa 
jiló cozido 37,5 1 1/2 colher de sopa 
maxixe cozido 1 
120,0 3 colheres de sopa 
mostarda 60,0 6 folhas 
palmitoemconserva 100,0 2 unidades 
pepino japonês 130,0 1 unidade 
pepino picado 116,0 4 colheres de sopa 
piclesemconserva 108,0 5 colheres de sopa 
pimentão cru fatiado (vermelho/verde) 56,0 8 fatias 
Verduras e Legumes 
1 porção = 15kcal
ANEXO C 193 
Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo 
pimentão cru picado (vermelho/verde) 60,0 2 1/2 colheres de sopa 
quiabo cozido 52,0 2 colheres de sopa 
rabanete 90,0 3 unidades 
repolho branco cru (picado) 72,0 6 colheres de sopa 
repolho cozido 75,0 5 colheres de sopa 
repolho roxo cru (picado) 60,0 5 colheres de sopa 
rúcula 90,0 15 ramos 
salsão cru 95,0 5 colheres de sopa 
tomate caqui 75,0 2 1/2 fatias 
tomate cereja 70,0 7 unidades 
tomatecomum 80,0 4 fatias 
vagem cozida 44,0 2 colheres de sopa 
Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo 
abacate (amassado) 45,0 11/2 colher de sopa 
abacaxi 130,0 1 fatia 
acerola 224,0 32 unidades 
ameixa-preta 30,0 3 unidades 
ameixa-vermelha 140,0 4 unidades 
banana 86,0 1 unidade 
caju fresco 147,0 2 1/2 unidades 
caqui 113,0 1 unidade 
carambola 220,0 2 unidades 
cereja fresca 96,0 24 unidades 
damasco seco 30,0 4 unidades 
fruta-do-conde 75,0 1/2 unidade 
goiaba 95,0 1/2 unidade 
jabuticaba 140,0 20 unidades 
jaca 132,0 4 bagos 
kiwi 154,0 2 unidades 
laranja-bahía/seleta 144,0 8 gomos 
laranja-pêra/lima 137,0 1 unidade 
limão 252,0 4 unidades 
maçã 130,0 1 unidade 
mamão-formosa 160,0 1 fatia 
mamão-papaia 141,5 1/2 unidade 
manga bordon 
110,0 1 unidade 
manga haden 
110,0 5 fatias 
manga polpa batida 94,5 1/2 xícara de chá 
maracujá (suco puro) 94,0 1/2 xícara de chá 
melancia 296,0 2 fatias 
melão 230,0 2 fatias 
morango 240,0 10 unidades 
nectarina 184,0 2 unidades 
Frutas 
1 porção = 70kcal
194 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo 
pêra 133,0 1 unidade 
pêssego 226,0 2 unidades 
salada de frutas (banana, maçã, laranja, mamão) 125,0 1/2 xícara de chá 
suco de abacaxi 125,0 1/2 copo de requeijão 
suco de laranja (puro) 187,0 3/4 copo requeijão 
suco de melão 170,0 3/4 copo de requeijão 
suco de tangerina 164,0 3/4 copo requeijão 
tangerina/mexerica 148,0 1 unidade 
uvacomum 99,2 22 uvas 
uva-itália 99,2 8 uvas 
uva-rubi 103,0 8 uvas 
Copo de requeijão = 250mL 
Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo 
ervilha seca cozida 72,5 2 1/2 colheres de sopa 
feijão branco cozido 48,0 1 1/2 colher de sopa 
feijão cozido (50% de caldo) 86,0 1 concha 
feijão cozido (somente grãos) 50,0 2 colheres de sopa 
feijão preto cozido 1 
80,0 1 concha média rasa 
grão-de-bico cozido 36,0 1 1/2 colher de sopa 
lentilha cozida 48,0 2 colheres de sopa 
soja cozida (somente grãos) 43,0 11/2 colher de servir arroz 
Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo 
atumemlata 112,5 2 1/2 colheres de sopa 
bacalhoada 75,0 1/2 porção 
bacalhau cozido 1 
135,0 1 pedaço médio 
bife de fígado frito 100,0 1 unidade média 
1 
bife enrolado 110,0 1 unidade 
bife grelhado 64,0 1 unidade 
camarão frito 104,0 13 unidades 
carne assada (patinho) 75,0 1 fatia pequena 
carne cozida 1 
80,0 4 pedaços pequenos 
carne cozida de peru tipo " blanquet 
" 150,0 10 fatias 
carne moída refogada 63,0 3 1/2 colheres de sopa 
carne seca 1 
40,0 2 pedaços pequenos 
carré 1 
90,0 1 unidade média 
costela bovina assada 1 
40,0 1 pedaço pequeno 
Feijões 
1 porção = 55kcal 
Carnes e Ovos 
1 porção = 190kcal
ANEXO C 195 
Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo 
espetinho de carne 92,0 2 unidades 
1 pedaço de peito ou 
frango assado inteiro 100,0 1 coxa grande ou 
1 sobrecoxa 
frango filé à milanesa 80,0 1 unidade 
frango filé grelhado 100,0 1 unidade 
frango sobrecoxa cozida sem pele com molho 100,0 1 sobrecoxa grande 
hambúrguer grelhado 90,0 1 unidade 
lingüiça de porco cozida 50,0 1gomo 
manjuba frita 106,0 10 unidades 
merluza cozida 200,0 2 filés 
mortadela 62,0 2 fatias médias 
omelete simples 110,0 1 1/2 unidade 
ovo cozido 1 
90,0 2 unidades 
ovo frito 50,0 2 unidade 
peixe espada cozido 100,0 1 filé 
peru assado sem pele 96,0 2 fatias grandes 
1 
porco lombo assado 93,5 1/2 fatia 
salame 75,0 11 fatias 
salsicha 60,0 1 1/2 unidade 
sardinha escabeche 50,0 1 unidade 
sardinhaemconserva 1 
41,5 1 unidade média 
Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo 
coalhada 77,5 2 1/2 colheres de sopa 
iogurte desnatado de frutas 300,0 1 1/2 copo de requeijão 
iogurte desnatado natural 330,0 1 1/2 copo de requeijão 
iogurte integral natural 165,0 1 copo de requeijão 
iogurte integral de frutas 120,0 1/2 copo de requeijão 
leite de cabra integral 1 
182,0 1 copo de requeijão 
leiteempó integral 26,0 2 colheres de sopa 
leiteempó desnatado 34,5 3 colheres de sopa 
leite integral longa vida 3,5% gordura - padrão 182,0 1 xícara de chá 
leite semidesnatado longa vida2%gordura - padrão 270,0 1 copo requeijão 
leite tipo B 3,5% gordura - padrão 182,0 1 xícara de chá 
leite tipo C 3,0% gordura - padrão 182,0 1 xícara de chá 
queijo tipo minas frescal 1 
40,0 1 fatia grande 
queijo tipo minas 50,0 1 1/2 fatia 
queijo tipo mussarela 45,0 3 fatias 
Queijo tipo parmesão ralado 30,0 3 colheres de sopa 
queijo pasteurizado 40,0 2 unidade 
Leites, Queijos, Iogurtes 
1 porção = 120kcal
196 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo 
queijo prato 30,0 1 1/2 fatias 
queijo provolone 35,0 1 fatia 
requeijão cremoso 45,0 1 1/2 colher de sopa 
ricota 100,0 2 fatias 
vitamina de leite com frutas 171,0 1 copo de requeijão 
Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo 
azeite de dendê 9,2 3/4 colher de sopa 
azeite de oliva 7,6 1 colher de sopa 
bacon (gordura) 7,5 1/2 fatia 
banha de porco 7,0 1/2 colher de sopa 
creme vegetal 10,0 1/2 colher de sopa 
halvarina 19,7 1 colher de sopa 
manteiga 9,8 1/2 colher de sopa 
margarina culinária 10,0 1/10 colher de sopa 
margarina líquida 8,9 1 colheres de sopa 
margarina vegetal 9,8 1/2 colher de sopa 
óleo vegetal composto de soja e oliva 10,0 1 colher de sopa 
óleo vegetal de canola 8,0 1 colher de sopa 
óleo vegetal de girassol 8,0 1 colher de sopa 
óleo vegetal de milho 8,0 1 colher de sopa 
óleo vegetal de soja 8,0 1 colher de sopa 
Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo 
açúcar cristal 28,0 1 colher de sopa 
açúcar mascavo fino 25,0 1 colher de sopa 
açúcar mascavo grosso 27,0 1 1/2 colher de sopa 
açúcar refinado 28,0 1 colher de sopa 
bananada 1 
40,0 1 unidade média 
doce de leite cremoso 1 
40,0 1 colher de sopa 
doce demamãoverde 1 
80,0 2 colheres de sopa 
geléia de frutas 1 
34,0 1 colher de sopa 
goiabadaempasta 45,0 1/2 fatia 
melado1 32,0 2 colheres de sopa 
mel 37,5 2 1/2 colheres de sopa 
a 
(*) A tabela é de autoria da Dr. Sonia Tucunduva Philippi - Departamento de Nutrição/FSP/USP 
. Os cálculos do valor calórico dos alimentos foram realizados com 
base na "Tabela de Composição de Alimentos: suporte para a decisão nutricional" (PHILIPPI, 2001). 
(1) FONTE: "Tabela para Avaliação de Consumo Alimentar em Medidas Caseiras" (PINHEIRO et al., 2005) 
. Esta tabela foi utilizada pela Coordenação Geral da 
Política Nacional de Alimentação e Nutrição (CGPAN) para incorporação de alimentos ou preparações não disponíveis na publicação de PHILIPPI (2001) ou para 
estabelecimento de porções dos alimentos ou refeições não constantes nas tabelas elaboradas por PHILIPPI, ST et al . Virtual Nutri (software) versão 1.0 for Windows 
. 
Departamento de Nutrição / Faculdade de Saúde Pública / USP. São Paulo; 1996. 
Óleos e Gorduras 
1 porção = 73kcal 
Açúcares e Doces 
1 porção = 110kcal
DIRETRIZ 6 - GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 197 
Síntese das Diretrizes 
TODOS 
Diretriz 1 
Os alimentos saudáveis e as refeições 
- Refeições são saudáveis quando preparadas com 
alimentos variados, com tipos e quantidades 
adequadas às fases do curso da vida, compondo 
refeições coloridas e saborosas que incluem 
alimentos tanto de origem vegetal como animal. 
- Para garantir a saúde, faça, pelo menos, três 
refeições por dia (café da manhã, almoço e jantar), 
intercaladas por pequenos lanches. 
-Aalimentação saudável tem início com a prática do 
aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de 
idade e complementar até pelo menos os 2 anos e se 
prolonga pela vida com adoção de bons hábitos 
alimentares. 
Diretriz 2 
Cereais, tubérculos e raízes 
- Arroz, milho e trigo, alimentos como pães e 
massas, preferencialmente na forma integral; 
tubérculos como as batatas; raízes como a mandioca 
devem ser a mais importante fonte de energia e o 
principal componente da maioria das refeições. 
Diretriz 3 
Frutas, legumes e verduras 
- Frutas, legumes e verduras são ricos em vitaminas, 
minerais e fibras e devem estar presentes 
diariamente nas refeições, pois contribuem para a 
proteção à saúde e diminuição do risco de 
ocorrência de várias doenças. 
Diretriz 4 
Feijões e outros alimentos vegetais ricos em 
proteínas 
- As leguminosas, como os feijões, e as oleaginosas, 
como as castanhas e sementes, são alimentos 
fundamentais para a saúde. 
- A preparação típica brasileira feijão com arroz é 
uma combinação alimentar saudável e completaem 
proteínas. 
Diretriz 5 
Leite e derivados, carnes e ovos 
- Leite e derivados, principais fontes de cálcio na 
alimentação, e carnes, aves, peixes e ovos fazem 
parte de uma alimentação nutritiva que contribui 
para a saúde e para o crescimento saudável. 
- Os tipos e as quantidades desses alimentos devem 
ser adequados às diferentes fases do curso da vida. 
Leites e derivados devem ser preferencialmente 
desnatados, para os adultos, e integrais para 
crianças, adolescentes e gestantes. 
Diretriz 6 
Gorduras, açúcares e sal 
- As gorduras e os açúcares são fontes de energia. 
- Oconsumo freqüente e emgrande quantidade de 
gorduras, açúcar e sal aumenta o risco de doenças 
como obesidade, hipertensão arterial, diabetes e 
doenças do coração. 
- Utilize sempre o sal fortificado com iodo (sal 
iodado). 
Diretriz 7 
Água 
- A água é um alimento indispensável ao 
funcionamento adequado do organismo. 
- Toda água que você beber deve ser tratada, 
filtrada ou fervida. 
Diretriz Especial 1 
Atividade física 
- Aalimentação saudável e a atividade física regular 
são aliadas fundamentais para a manutenção do 
peso saudável, redução do risco de doenças e 
melhoria da qualidade de vida. 
Diretriz Especial 2 
Qualidade sanitária dos alimentos 
- A garantia da qualidade sanitária dos alimentos 
implica a adoção de medidas preventivas e de 
controle em toda a cadeia produtiva, desde sua 
origem até o consumo do alimento no domicílio. A 
manipulação dos alimentos segundo as boas 
práticas de higiene é essencial para redução dos 
riscos de doenças transmitidas pelos alimentos. 
ANEXO D
198 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
PROFISSIONAIS DE SAÚDE 
Diretriz 1 
Os alimentos saudáveis e as refeições 
Orientar: 
- Sobre a necessidade de se realizar pelo menos três 
refeições diárias, intercaladas com lanches 
saudáveis. 
- Quanto à importância da consulta e interpretação 
da informação nutricional e da lista de ingredientes 
presentes nos rótulos dos alimentos, para a seleção 
de alimentos mais saudáveis. 
- As mulheres durante a gestação sobre a 
importância da prática do aleitamento materno 
exclusivo até os 6 meses de idade da criança e sobre 
os passos para a alimentação complementar após 
esse período. 
Saber que: 
- Os cereais, de preferência integrais, frutas, 
legumes e verduras e leguminosas (feijões), no seu 
conjunto, devem fornecer mais da metade (55% a 
75%) do total de energia diária da alimentação. 
Diretriz 2 
Cereais, tubérculos e raízes 
Orientar: 
- O consumo de alimentos ricos em carboidratos 
complexos (amidos), como cereais, de preferência 
integrais, tubérculos e raízes, para garantir 45% a 
65%da energia total diária da alimentação. 
- O consumo diário de 
6 porções de cereais, 
tubérculos e raízes. 
Saber que: 
- A presença diária desses alimentos na alimentação 
vem diminuindo (em 1974, correspondia a 42,1% e, 
em 2003, era de 38,7%). Essa tendência deve ser 
revertida, por meio do incentivo ao consumo desses 
grupos de alimentos pela população, na forma 
in 
. Para atender ao limite mínimo recomendado 
natura 
(45%), o consumo atual deve ser aumentado, em 
aproximadamente, 20%. 
- No Brasil, é obrigatória a fortificação das farinhas 
de trigo e milho com ferro e ácido fólico, estratégia 
que objetiva a redução da anemia ferropriva e de 
problemas relacionados à má-formação do tubo 
neural. A orientação de consumo dessas farinhas é 
particularmente importante para crianças, idosos, 
gestantes e mulheresemidade fértil. 
Diretriz 3 
Frutas, legumes e verduras 
Orientar: 
- O consumo diário de 
3 porções de frutas e 3 
nas refeições 
porções de legumes e verduras 
diári 
as. 
- Sobre a importância de variar o consumo desses 
grupos de alimentos nas diferentes refeições e ao 
longo da semana. 
- E informar sobre a grande variedade desses 
alimentos disponíveis em todas as regiões do País e 
incentivar diferentes modos de preparo desses 
alimentos para valorizar o sabor. 
Saber que: 
- A participação de frutas, legumes e verduras no 
valor energético total fornecido pela alimentação 
das famílias brasileiras, independentemente da 
faixa de renda, é baixa, variando de 3% a 4%, entre 
1974-2003; 
- O consumo mínimo recomendado de frutas, 
legumes e verduras é de 400 gramas/dia para 
garantir 9% a 12% da energia diária consumida, 
considerando uma dieta de 2.000 kcal. Isso significa 
aumentar em, pelo menos, 3 vezes o consumo 
médio atual da população brasileira. 
Diretriz 4 
Feijões e outros alimentos vegetais ricos em 
proteínas 
Orientar e estimular: 
- O consumo diário de 
; 
1 porção de leguminosas 
(feijões) 
- O consumo diário de feijão com arroz, na 
proporção de 1 para 2 partes 
; 
- O consumo de modo que as leguminosas como 
feijões, lentilhas, ervilha seca, grão-de-bico, soja e 
outros garantam, no mínimo, 5% do total de 
energia diária. 
- O consumo de castanhas e sementes, inclusive 
como ingredientes de diferentes preparações.
ANEXO D 199 
- O uso de diferentes modos de preparo para a 
valorização do sabor de todos os tipos de 
leguminosas. 
Saber que: 
- Embora a participação relativa de feijões na 
alimentação brasileira (5,68%) ainda esteja dentro 
da faixa recomendada de consumo, há uma 
tendência de queda preocupante, necessitando ser 
revertidaemcurto tempo. 
Diretriz 5 
Leite e derivados, carnes e ovos 
Orientar: 
- O consumo diário de 
derivados; 
- O consumo diário de 
3 porções de leite e 
1 porção de carnes, peixes ou 
ovos; 
- Sobre o alto valor biológico das proteínas 
presentes nos ovos, nas carnes, nos peixes, no leite e 
derivados. 
- Sobre a alta biodisponibilidade do ferro presente 
nas carnes, principalmente nos miúdos e nas vísceras 
e peixes. 
- E informar que leite e derivados são fontes de 
proteínas, vitaminas e a principal fonte de cálcio da 
alimentação, nutriente fundamental para a 
formação e manutenção da massa óssea. O 
consumo desse grupo de alimentos é importante 
em todas as fases do curso da vida, particularmente 
na infância, na adolescência, na gestação e para 
adultos jovens. 
- A escolha de produtos que contenham menor teor 
de gordura. O leite e seus derivados, para adultos 
que já completaram seu crescimento, deve ser 
preferencialmente desnatado. Crianças, 
particularmente, e adolescentes devem consumir 
leite e derivados na forma integral, desde que não 
haja contra-indicação em seu uso, definida por 
médico ou nutricionista. 
Diretriz 6 
Gorduras, açúcares e sal. 
Orientar: 
- A redução do consumo de alimentos com alta 
concentração de sal, açúcar e gordura para diminuir 
o risco de ocorrência de obesidade, hipertensão arte-rial, 
diabetes, dislipidemias e doenças 
cardiovasculares. 
- Sobre a importância da consulta e interpretação da 
informação nutricional e da lista de ingredientes 
nos rótulos dos alimentos para seleção de alimentos 
mais saudáveis. 
Emrelação ao consumo deGORDURAS 
Saber que: 
- A contribuição de gorduras e óleos, de todas as 
fontes, não deve ultrapassar os limites de 15% a 
30% da energia total da alimentação diária. Uma 
vez que os dados disponíveis de consumo alimentar 
no Brasil são indiretos e baseados apenas na 
disponibilidade domiciliar de alimentos, é 
importante que o consumo de gorduras seja 
limitado para que não se ultrapasse a faixa de 
consumo recomendada. 
- O total de gordura saturada não deve ultrapassar 
10%do total da energia diária. 
- O total de gordura trans consumida deve ser 
menor que 1% do valor energético total diário (no 
máximo 2g/dia paraumadieta de 2.000kcal). 
Orientar: 
- O consumo máximo diário de 
uma porção de 
, dando 
alimentos do grupo dos óleos e gorduras 
preferência aos óleos vegetais, azeite e margarinas 
livres de ácido graxos trans. 
- Sobre os diferentes tipos de óleos e gorduras e seus 
distintos impactos sobre a saúde. 
Emrelação ao consumo de AÇÚCARES 
Saber que: 
- O consumo de açúcares simples não deve 
ultrapassar 10% da energia total diária. Isso 
significa redução de, pelo menos,33%(um terço) na 
média atual de consumo da população. 
Orientar: 
- O consumo máximo diário de 
1 porção de 
. 
alimentos do grupo dos açúcares e doces 
- E informar que os açúcares são fonte de energia e 
podem ser encontrados naturalmente nos
200 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
alimentos, como frutas e mel, ou ser adicionadosem 
preparações e alimentos processados. 
A redução do consumo de alimentos e 
bebidas processados com alta concentração de 
açúcar e das quantidades de açúcar adicionado nas 
preparações caseiras e bebidas. 
Emrelação ao consumo de SÓDIO (sal) 
Saber que: 
- O consumo de sal diário deve ser no máximo de 
5g/dia (uma colher rasa de chá por pessoa). Isso 
significa que o consumo atual médio de sal pela 
população deve ser reduzido à metade. Essa 
quantidade é suficiente para atender às necessi-dades 
de iodo. 
Orientar: 
- E informar que o sal de cozinha possui sódio. Esse 
mineral quando consumidoemexcesso é prejudicial 
à saúde; 
- Que todo o sal consumido deve ser iodado; 
- Que o sal destinado ao consumo animal não deve 
ser utilizado pelas famílias das zonas rurais, pois 
esse sal não contém a quantidade de iodo 
necessária para garantir a saúde de seres humanos; 
- A redução do consumo de alimentos processados 
com alta concentração de sal, como temperos 
prontos, caldos concentrados, molhos prontos, 
salgadinhos, sopas industrializadas e outros. 
Diretriz 7 
Água 
Orientar: 
- E i n c e n t i v a r o consumo de á g u a , 
independentemente de outros líquidos; 
- As pessoas a ingerir no mínimo dois litros de água 
por dia (6 a 8 copos), preferen-cialmente entre as 
refeições. Essa quantidade pode variar de acordo 
com a atividade física e com a temperatura do 
ambiente; 
- A oferta ativa e regular de água às crianças e aos 
idosos ao longo do dia; 
- Sobre os cuidados domésticos que garantam a 
qualidade e segurança da água a ser consumida 
pela família. 
Diretriz Especial 1 
Atividade física 
- Abordar de maneira integrada a promoção da 
alimentação saudável e o incentivo à prática regular 
de atividade física. 
- Orientar sobre a importância do equilíbrio entre o 
consumo alimentar e o gasto energético para a 
manutenção do peso saudável, em todas as fases do 
curso da vida. 
- Utilizar a avaliação antropométrica, nos serviços 
de saúde (SISVAN), para acompanhamento do peso 
saudável de pessoas em quaisquer fases do curso da 
vida. 
- Estimular a formação de grupos para prática de 
atividade física e orientação sobre alimentação 
saudável nos serviços de saúde, nas escolas e em 
outros espaços comunitários, sob supervisão de 
profissional capacitado. 
Diretriz Especial 2 
Qualidade sanitária dos alimentos 
- Orientar sobre as medidas preventivas e de 
controle, incluindo as práticas de higiene, que 
devem ser adotadas na cadeia produtiva, nos 
serviços de alimentação, nas unidades de 
comercialização e nos domicílios, a fim de garantir a 
qualidade sanitária dos alimentos. 
- Informar que alimentos manipulados ou 
conservados inadequadamente são fatores de risco 
importantes para muitas doenças. 
Diretriz 1 
Os alimentos saudáveis e as refeições 
- Aumentar e incentivar a produção, o 
processamento, o abastecimento e comercialização 
de todos os tipos de alimentos que compõem uma 
alimentação saudável. 
- Implementar programas de orientação e educação 
nutricional, de forma continuada, respeitando a 
identidade cultural das populações. 
- Garantir a qualidade dos alimentos in natura 
e 
processados colocados no mercado para consumo 
da população. 
GOVERNOE SETOR PRODUTIVO 
DE ALIMENTOS
ANEXO D 201 
- Implantar, fiscalizar e exigir a implantação das 
boas práticas de manipulação de alimentos em 
locais de processamento, manipulação, venda e 
consumo de alimentos. 
- Assegurar o cumprimento da legislação que 
promove o aleitamento materno como direito da 
criança à alimentação adequada. 
- Garantir que programas públicos de alimentação e 
nutrição incorporem os princípios da alimentação 
saudável. 
- Regulamentar estratégias de marketing de 
alimentos, em todas as formas de mídia, principal-mente 
para aquelas direcionadas para crianças e 
adolescentes. 
Diretriz 2 
Cereais, tubérculos e raízes 
- Promover a produção, a industrialização, a 
comercialização e o consumo de todos os tipos de 
alimentos ricos em carboidratos, preferencialmente 
os integrais e os regionais produzidosemnível local. 
- Incentivar a pesquisa e incorporação de tecnologia 
de processamento que preserve o valor nutritivo 
dos alimentos. 
- Assegurar e fomentar a incorporação de cereais, 
tubérculos e raízes nos programas institucionais de 
alimentação. 
Diretriz 3 
Frutas, legumes e verduras 
- Valorizar e promover a produção e o 
processamento, com preservação do valor nutritivo 
de frutas, legumes e verduras, principalmente os de 
origem local, na perspectiva do desenvolvimento 
sustentável. 
- Fomentar mecanismos de redução dos custos de 
produção e comercialização desses alimentos. 
- Criar estratégias que viabilizem a instalação de 
rede local de comercialização, facilitando o acesso 
regular da população a esses alimentos, a preços 
acessíveis. 
- Monitorar segundo a legislação o uso de agentes 
químicos (agrotóxicos) potencialmente prejudiciais 
à saúde. 
- Viabilizar campanhas e outras iniciativas de 
comunicação social e de educação que valorizem e 
incentivem o consumo desses alimentos. 
- Assegurar a presença desses alimentos nos 
programas públicos e/ou institucionais de alimen-tação 
e nutrição (como o Programa de Alimentação 
do Trabalhador, Programa de Alimentação Escolar e 
outros) e nas refeições das populações institu-cionalizadas. 
Diretriz 4 
Feijões e outros alimentos vegetais ricos em 
proteínas 
- Promover a produção, o processamento, a 
comercialização e o consumo de todos os tipos de 
leguminosaseoleaginosas,principalmenteasoriginárias 
doBrasil,valorizandooshábitosalimentaresregionais. 
- Fomentar mecanismos de redução dos custos de 
produção e comercializaçãodeleguminosas, sementes e 
castanhas. 
- Assegurar a utilização de feijão e outras leguminosas, 
de acordo com os hábitos alimentares locais, em 
programas de alimentação nas escolas, creches e outras 
instituições. 
- Desenvolver ações de valorização da culinária nacional 
que promovam o consumo de preparações e alimentos 
saudáveis, inclusivepormeiodecampanhaseducativase 
informativasnosmeiosdecomunicação. 
Diretriz 5 
Leite e derivados, carnes e ovos 
- Promover a produção, o processamento, a 
comercialização e o consumo de leite e laticínios e 
outros alimentos de origem animal com baixos 
teores de gordura, tornando-os mais acessíveis 
física e financeiramente a toda a população. 
- Aumentar a disponibilidade interna de peixes por 
meio da produção sustentável e incentivar o seu 
consumo por toda a população. 
Diretriz 6 
Gorduras, açúcares e sal 
- Investir no desenvolvimento de tecnologia que 
atenda aos princípios da alimentação saudável. A 
redução substancial no consumo do sal, açúcares e 
gorduras exige mudanças imediatas nas práticas de 
industrialização de alimentos. 
- Desenvolver e adotar técnicas de produção de 
alimentos, a custos acessíveis, que resultem em 
produtos com menores quantidades de açúcares,
202 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
gorduras e sal. Esse princípio deve nortear a 
produção industrial em geral e não ser restrito 
apenas para o grupo dos chamados “alimentos para 
fins especiais”. 
- Garantir que todo o sal para consumo humano seja 
iodado e atenda aos teores de iodação 
estabelecidos pela legislação nacional vigente. 
- Regulamentar o comércio, a propaganda e as 
estratégias de marketing de alimentos densamente 
energéticos (altos teores de gorduras e açúcar) e 
com teor elevado de sal. 
Diretriz 7 
Água 
- Garantir o acesso e a qualidade da água tratada 
para toda a população brasileira. Sistemas de 
abastecimento seguro de água são requisito funda-mental 
para a saúde pública. 
- Promover a expansão da rede pública de 
saneamento, permitindo a capilarização dos 
equipamentos de fornecimento de água tratadaem 
domicílios, espaços públicos, escolas, locais de 
trabalho e outras unidades coletivas de 
acolhimento de populações específicas (carcerárias, 
idosos, crianças, dentre outras). 
- Garantir e preservar os mananciais de água em 
território nacional, como requisito para a saúde e 
elemento de soberania nacional. 
Diretriz Especial 1 
Atividade física 
- Proteger, criar e manter ambientes urbanos e rurais, 
nos quais a prática de atividade física diária seja viável, 
adequada,agradávelesegura. 
- Adequar espaços urbanos criando áreas para 
pedestres, pistas destinadas a ciclistas, espaços e 
quadras comunitários, parques e clubes comunitários, 
mantendo-osbemconservados. 
- Criar oportunidades de tempo e espaço para prática 
de atividade física nas comunidades e nos locais de 
trabalho. 
- Valorizar a atividade física regular nas escolas e 
práticas lúdicas ativasemcrechesepré-escolas. 
- Fortalecer políticas públicasdeincentivoaosesportes. 
- Desenvolver formas de divulgação e comunicação 
social que informem e valorizem a adoção de modos 
de vida saudáveis, conjugando a promoção da 
alimentação saudável e a prática de atividade física 
regular. 
Diretriz Especial 2 
Qualidade sanitária dos alimentos 
Governo 
- Ad o t a r m e d i d a s m u l t i s s e t o r i a i s e 
multidisciplinares que visem à promoção da 
qualidade sanitária dos alimentos nos níveis local, 
nacional e internacional. 
- Garantir uma legislação e umsistema de controle e 
fiscalização eficiente para que em todas as etapas 
da cadeia de alimentos sejam adotadas medidas 
necessárias para que a população disponha de 
produtos seguros para o consumo. 
- Estabelecer parcerias com setores de apoio ao 
segmento produtivo e comercial de alimentos com 
objetivo de disseminar e apoiar a implementação da 
legislação por meio de capacitações, orientações 
técnicas e assessorias aos estabelecimentos. 
- Orientar a população sobre os riscos relacionados à 
incorreta manipulação e conservação dos alimentos 
e sobre as medidas e práticas de higiene que devem 
ser adotadas a fim de prevenir esses riscos. 
- Adotar medidas de intervenção em situações que 
se caracterizem como de riscos iminentes à saúde. 
Setor podutivo de alimentos 
- Adotar as medidas preventivas e de controle, 
incluindo as boas práticas de higiene, necessárias 
para que a população disponha de produtos 
seguros para o consumo. 
- Capacitar os manipuladores de alimentos nos 
temas relacionados à prática de higiene e à correta 
manipulação dos alimentos, conscientizando-os 
sobre sua responsabilidade na prevenção das 
doenças transmitidas por alimentos.
ANEXO D 203 
FAMÍLIAS 
Diretriz 1 
Os alimentos saudáveis e as refeições 
- Consuma diariamente alimentos como cereais 
integrais, feijões, frutas, legumes e verduras, leite e 
derivados e carnes magras, aves ou peixes. 
- Diminua o consumo de frituras e alimentos que 
contenham elevada quantidade de açúcares, 
gorduras e sal. 
- Valorize a sua cultura alimentar e mantenha seus 
bons hábitos alimentares. 
- Saboreie refeições variadas, ricas em alimentos 
regionais saudáveis e disponíveis na sua 
comunidade. 
- Escolha os alimentos mais saudáveis, lendo as 
informações nutricionais dos rótulos dos alimentos. 
- Alimente a criança somente com leite materno até 
à idade de 6 meses e depois complemente com 
outros alimentos, mantendo o leite materno até os 
2 anos ou mais. 
- Procure nos serviços de saúde orientações a 
respeito da maneira correta de introduzir 
alimentos complementares e refeições quando a 
criança completar 6 meses de vida. 
Diretriz 2 
Cereais, tubérculos e raízes 
Coma diariamente 
- 6 porções do grupo do arroz, 
pães, massas, tubérculos e raízes 
aos grãos integrais ou minimamente processados. 
Diretriz 3 
Frutas, legumes e verduras 
. Dê preferência 
Coma diariamente pelo menos 
- 3 porções de 
legumes e verduras como parte das refeições e 
3 
porções ou mais de frutas 
nas sobremesas e lanches. 
- Valorize os produtos da sua região e varie o tipo de 
frutas, legumes e verduras consumidos na semana. 
Compre os alimentos da estação e esteja atento 
para a qualidade e o estado de conservação. 
Diretriz 4 
Feijões e outros alimentos vegetais ricos em 
proteínas 
- oma 1 porção de feijão por dia 
. Varie os tipos de 
feijões usados (preto, carioquinha, verde, de-corda, 
branco e outros) e as formas de preparo. Use 
também outros tipos de leguminosas (soja, grão-de-bico, 
ervilha seca, lentilha, fava). 
- Coma feijão com arroz na proporção de 1 parte de 
feijão para 2 partes de arroz, cozidos. Esse prato 
brasileiro é uma combinação completa de proteínas 
ebompara a saúde. 
Diretriz 5 
Leite e derivados, carnes e ovos 
. Os adultos, sempre 
Consuma diariamente: 
- 3 porções de leite e derivados 
que possível, devem escolher leite e derivados com 
menores quantidades de gorduras. Crianças, 
adolescentes e mulheres gestantes devem consumir 
a mesma quantidade de porções, porém usando 
leite e derivados na forma integral 
Prefira as 
. 
- 1 porção de carnes, peixes ou ovos. 
carnes magras e retire toda a gordura aparente 
antes da preparação. 
- Coma mais frango e peixe e sempre prefira carne 
com baixo teor de gordura. Charque e derivados de 
carne (salsicha, lingüiça, presuntos e outros 
embutidos) contêm, em geral, excesso de gorduras 
e sal e somente devem ser consumidos 
ocasionalmente. 
- Coma pelo menos uma vez por semana vísceras e 
miúdos, como o fígado bovino, coração de galinha, 
dentre outros. Esses alimentos são excelentes fontes 
de ferro, nutriente essencial para evitar anemia, em 
especial em crianças, jovens, idosos e mulheres em 
idade fértil. 
Diretriz 6 
Gorduras, açúcares e sal 
- Reduza o consumo de alimentos e bebidas 
concentrados em gorduras, açúcar e sal. Consulte a 
tabela de informação nutricional dos rótulos dos 
alimentos e compare-os para ajudar na escolha de 
alimentos mais saudáveis; escolha aqueles com 
menores percentuais de gorduras, açúcar e sódio. 
- Use pequenas quantidades de óleo vegetal 
quando cozinhar. Prefira formas de preparo que 
utilizam pouca quantidade de óleo, como assados, 
cozidos, ensopados, grelhados. Evite frituras. 
- Consuma 
não mais que 1 porção por dia de óleos 
vegetais, azeite ou margarina sem ácidos graxos 
trans.
204 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Consuma 
- não mais que 1 porção do grupo dos 
açúcares e doces por dia. 
- Reduza a quantidade de sal nas preparações e 
evite o uso do saleiro à mesa. A quantidade de sal 
por dia deve ser, no máximo, uma colher de chá 
rasa, por pessoa, distribuídas em todas as 
preparações consumidas durante o dia. 
- Utilize somente sal iodado. Não use sal destinado 
ao consumo de animais. Ele é prejudicial à saúde 
humana. 
- Valorize o sabor natural dos alimentos, reduzindo 
o açúcar ou o sal adicionado a eles. 
- Acentue o sabor de alimentos cozidos e crus 
utilizando ervas frescas ou secas ou suco e frutas 
como tempero. 
Diretriz 7 
Água 
- Use água tratada ou fervida e filtrada, para beber e 
para preparar refeições e sucos ou outras bebidas. 
- Beba pelo menos 
2 litros (6 a 8 copos) de água por 
dia 
. Dê preferência ao consumo de água nos 
intervalos das refeições. 
- Ofereça água para crianças e idosos ao longo de 
todo o dia. Eles precisam ser estimulados 
ativamente a ingerir água. 
Diretriz Especial 1 
Atividade física 
- Torne seu dia-a-dia e lazer mais ativos. Acumule 
pelo menos 30 minutos de atividade física todos os 
dias. Movimente-se! Descubra um tipo de atividade 
física agradável! O prazer é também fundamental 
para a saúde. 
- Procure nos serviços de saúde orientações sobre 
alimentação saudável e atividade física. 
- Caminhe, dance, ande de bicicleta, jogue bola, 
brinque com crianças. Escolha estas e outras 
atividades para movimentar-se. 
- Aproveite o espaço doméstico e os espaços 
públicos próximos a sua casa para movimentar-se. 
Convide os vizinhos e amigos para acompanhá-lo. 
- Incentive as crianças a realizar brincadeiras que 
fazem parte de nossa cultura popular e que sejam 
ativas como aquelas que você fazia na sua infância e 
ao ar livre: pular corda, correr, amarelinha, esconde-esconde, 
pega-pega, andar de bicicleta e outras. 
Oriente-as a não ficar muito tempo na frente da 
televisão ou em jogos de computador. Estimule-as a 
dividir o tempo de lazer entre essas duas opções. 
Diretriz Especial 2 
Qualidade sanitária dos alimentos 
- Ao manipular os alimentos, siga as normas básicas 
de higiene, na hora da compra, da preparação, da 
conservação e do consumo de alimentos.
Colaboradores
COLABORADORES 207 
Participantes do processo de elaboração 
Versão Preliminar 
Elisabetta Recine - Coordenação-Geral da Política 
de Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/SAS/MS) 
Geoffrey Cannon - consultor da CGPAN 
Colaboração na versão preliminar 
Elaine Pasquim - Coordenação-Geral da Política de 
Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/SAS/MS) 
Gracy Heijblom - Coordenação-Geral da Política de 
Alimentação e Nutrição(CGPAN/DAB/SAS/MS) 
Janine Coutinho - Observatório de Políticas de 
Segurança Alimentar e Nutricional (OPSAN/UnB) 
Patrícia Radaelli - Universidade de Brasília/UnB 
Revisão da versão para consulta pública 
Anelise Rizzolo Oliveira Pinheiro - Coordenação- 
Geral da Política de Alimentação e Nutrição 
(CGPAN/DAB/SAS/MS) 
Elisabetta Recine - Observatório de Política de 
Segurança Alimentar e Nutricional; Departamento 
de Nutrição da Universidade de Brasília - (UnB) e 
consultora da CGPAN 
Maria de Fátima C. C. de Carvalho - Coordenação 
Geral da Política de Alimentação e Nutrição 
(CGPAN/DAB/SAS/MS) 
Participantes da consulta pública 
- Associação Brasileira das Indústrias da 
Alimentação 
- Associação Brasileira das Indústrias de 
Massas Alimentícias 
- Gerência - Geral de Alimentos - Ggali/ 
Anvisa 
- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO 
- Associação Brasileira das Indústrias de Refri-gerantes 
e de Bebidas Não Alcoólicas 
- Associação Brasileira de Bebidas 
ABIA 
ABIMA 
ANVISA 
ASBRAN 
ABIR 
ABRABE 
Associação Brasileira de Leite Longa Vida 
Associação Brasileira dos Produtores de Leite - Leite 
Brasil 
CECAN Centro-Oeste - 
- 
CECAN Norte 
CECAN Sudeste 
CECAN Sul - 
- 
Conselho Federal de Nutrição 
Conselho Regional de Nutrição 3.ª região 
Conselho Regional de Nutrição 4.ª região 
Prefeitura Municipal de SP Fundação Rubem 
Berta/GENUT - 
Secretaria de Vigilância em Saúde SVS/MS 
Unisinos 
Universidade Federal de Pelotas 
USP 
Centro Colaborador em 
Alimentação e Nutrição da Região Centro-Oeste 
FANUT/UFG 
Estelamaris Tronco Monego 
Lucilene Maria de Souza 
Maria do Rosário Gondim Peixoto 
Veruska Prado Alexandre 
- Centro Colaborador de Alimentação 
e Nutrição da Região Norte - Universidade Federal 
do Pará 
Ana Lúcia Rezende 
Ioná Leda Vieira Figueira 
Rosa Maria Dias 
- Centro Colaborador em Alimen-tação 
e Nutrição da Região Sudeste/Escola Nacional 
de Saúde Pública/Fundação Oswaldo Cruz 
Denise Cavalcante de Barros 
Centro Colaborador de Alimentação e 
Nutrição da Região Sul Fundação Universidade 
Federal do Paraná 
Cláudia Choma Bettega Almeida 
Maria Thereza J Campos 
Regina Maria Ferreira Lang 
I Grupo de Estudos de Nutrição na 
Terceira Idade 
Maura Márcia Boccato Cora Gomes 
Coor-denação 
de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis 
Beatriz Meireles Fortaleza 
Márcia Regina Vitolo 
Denise Petrucci Gigante 
- Faculdade de Ciências Farmacêuticas 
Prof.ª Terezinha de Jesus Andreoli Pinto
208 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Grupo de Trabalho para análise das sugestões da 
consultapública 
Adelaide B. C. Oliveira - Coordenação Nacional de 
HipertensãoeDiabetes-(CNDH/DAB/SAS/MS) 
Ana Lúcia da Silva Rezende - Coordenação Estadual de 
Alimentação e Nutrição da Secretaria de Estado da 
SaúdedoPará ATAN/SES/PA 
Andréa Leitão Ribeiro - Coordenação-Geral de Gestão 
daAtençãoBásica(CGAB/DAB/SAS/MS) 
Anelise Rizzolo Oliveira Pinheiro - Coordenação-Geral 
da Política de Alimentação e Nutrição 
CGPAN/DAB/SAS/MS 
Antônia Maria de Aquino - Agência Nacional de 
Vigilância Sanitária 
Antônio Cezário - Coordenação Geral de Doenças e 
AgravosNão-Transmissíveis CGDANT/SVS 
Denise Petrucci Gigante - Universidade Federal de 
Pelotas- (UFPel) 
Elisabetta Recine - Observatório de Política de 
Segurança Alimentar e Nutricional; Departamento de 
Nutrição da Universidade de Brasília UnB e consultora 
daCGPAN 
Inês Rugani R. de Castro - Secretaria Municipal de 
SaúdedoRiodeJaneiro-(SMS/RJ) 
Karla Lisboa Ramos - Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária 
Kelva Karina Nogueira de Aquino de Carvalho - 
Coordenação-Geral da Política de Alimentação e 
Nutrição(CGPAN/DAB/SAS/MS) 
Liliane Paula G. Oliveira - Coordenação-Geral da 
Política de Alimentação e Nutrição CGPAN/ 
DAB/SAS/MS 
MárciaCostaPinheiroReduzinoCoordenação-Geralda 
P o l í t i c a de A l i m e n t a ç ã o e N u t r i ç ã o 
CGPAN/DAB/SAS/MS( estagiária) 
Maria de Fátima C. C. de Carvalho - Coordenação-Geral 
da Política de Alimentação e Nutrição - 
(CGPAN/DAB/SAS/MS) 
Mariana Martins Pereira - Coordenação-Geral da 
Política de Alimentação e Nutrição CGPAN/ 
DAB/SAS/MS(estagiária) 
Muriel B. Gubert - Observatório de Políticas de 
SegurançaAlimentareNutricional(OPSAN/UnB) 
Rita Araújo Barbalho - Conselho Federal de Nutrição 
(CFN) 
Sérgio Ricardo Ischiara Coordenação-Geral da Política 
deAlimentaçãoeNutriçãoCGPAN/DAB/SAS/MS 
Sônia Tucunduva Philippi - Departamento de Nutrição 
daFaculdadedaSaúdePública(NUT/FSP/USP) 
Zuleica Portela de Albuquerque - Organização Pan- 
Americana da Saúde (OPAS/OMS) Brasil 
Consolidação das sugestões e reelaboração da 
versão final 
Anelise Rizzolo Oliveira Pinheiro - Coordenação- 
Geral da Política de Alimentação e Nutrição 
(CGPAN/DAB/SAS/MS) 
Elisabetta Recine - Observatório de Política de 
Segurança Alimentar e Nutricional; Departamento 
de Nutrição da Universidade de Brasília (UnB) e 
consultora da CGPAN 
Maria de Fátima C. C. de Carvalho - Coordenação- 
Geral da Política de Alimentação e Nutrição 
(CGPAN/DAB/SAS/MS) 
Contribuições à versão final 
Ana Beatriz Baptistella Leme da Fonseca - Conselho 
Regional de Nutrição (CRN-3) 
Ana Beatriz Vasconcellos - Coordenação Geral da 
Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN/ 
DAB/SAS/MS) 
Ana Cláudia Marquim Firmo de Araújo - Gerência de 
Produtos Especiais Gpesp/Ggali/Anvisa 
Ana Maria Cavalcante - Coordenação-Geral da 
Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN/ 
DAB/SAS/MS) 
Ana Marlúcia Oliveira Assis - Centro Colaborador 
emAlimentação e Nutrição Região Nordeste II 
Ana Virgínia de Almeida Figueiredo - Gerência de 
Inspeção e Controle de Riscos de Alimentos Gicra/ 
Ggali/Anvisa 
Andhressa Fagundes Romeiro - Coordenação-Geral 
da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN/ 
DAB/SAS/MS) 
Andréa Regina de Oliveira Silva - Gerência de 
Inspeção e Controle de Riscos em Alimentos Gicra/ 
Ggali/Anvisa 
Andréia Galante - Associação Brasileira de Nutrição 
Asbran 
Andréia Leitão - Coordenação de Gestão da 
Atenção Básica CGAB/DAB/SAS/ Ministério da Saúde 
Anelise Rizzolo Oliveira Pinheiro - Coordenação- 
Geral da Política de Alimentação e Nutrição 
(CGPAN/DAB/SAS/ MS)
COLABORADORES 209 
Ângela Karinne Fagundes de Castro - Gerência de 
Inspeção e Controle de Riscos em Alimentos Gicra/ 
Ggali/Anvisa 
Antônia Maria de Aquino - Gerência de Produtos 
Especiais (Gpesp/Ggali/Anvisa) 
Bethsáida de Abreu Soares Schmitz - NUT/FS/UnB e 
Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e 
Nutricional/UnB 
Carlos Monteiro - Núcleo de Estudos e Pesquisa em 
Nutrição e Saúde NUPENS/USP 
Cíntia Ayako Nagano - Gerência de Produtos 
Especiais (Gpesp/Ggali/Anvisa) 
Daniela Aparecida dos Reis Arquete - Gerência de 
Produtos Especiais (Gpesp/Ggali/Anvisa) 
Dayse Montenegro - Gerência de Nutrição Secre-taria 
de Saúde do DF 
Denise Cavalcante de Barros - Centro Colaborador 
em Alimentação e Nutrição da Região Sudeste/ 
Ensp/Ficruz 
Denise Gigante - Universidade Federal de Pelotas 
(UFPel) 
Dillian Adelaine Cesar da Silva - Coordenação Geral 
da Política de Alimentação e Nutrição 
(CGPAN/DAB/SAS/MS) 
Eliane Said Dutra - NUT/FS/UnB e Centro de 
Alimentação Saudável/UnB 
Elisabete Gonçalves Dutra - Gerência de Produtos 
Especiais (Gpesp/Ggali/Anvisa) 
Estelamaris Tronco Monego - Centro Colaborador 
em Alimentação e Nutrição Região Centro-Oeste 
UFG 
Geila Cerqueira Felipe - Centro Colaborador em 
Alimentação e Nutrição da Região Sudeste/ 
Ensp/FICruz 
Helen Altoé Duar - Coordenação-Geral da Política 
de Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/SAS/ MS) 
Hoeck Aureo Souza Miranda - Gerência de Produtos 
Especiais (Gpesp/Ggali/Anvisa) 
Isabella Maria Araújo Costa - estagiária de nutri-ção/ 
CGPAN 
Janine Giuberti Coutinho - Observatório de Políticas 
de Segurança Alimentar e Nutricional/NP3/UnB 
João Tavares Neto - Gerência de Produtos Especiais 
(Gpesp/Ggali/Anvisa) 
Juliana Amorim Ubarana -Coordenação-Geral da 
Politica de Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/ 
SAS/MS) 
Karem Gomes Mordenell - Gerência de Inspeção e 
Controle de RiscosemAlimentos Gicra/Ggali/Anvisa 
Kênia M. Baiocchi de Carvalho - NUT/ FS/ UnB e 
Centro de Alimentação Saudável/UnB 
Laura Misk de Faria Brant - Gerência de Inspeção e 
Controle de Riscos em Alimentos - Gicra/Ggali/ 
Anvisa 
Lígia Teixeira Mendes de Azevedo - Gerência de 
Nutrição Secretaria de Saúde do DF 
Lucas Medeiros Dantas - Gerência de Produtos 
Especiais GPESP/GGALI/ANVISA 
Luciana Sardinha - Coordenação-Geral da Política 
de Alimentação e Nutrição (GPAN/DAB/SAS/MS) 
Márcia Regina Vitolo - Departamento de Nutrição 
Unisinos 
Marcus Valério Frohe de Oliveira - Divisão de 
Controle do Tabagismo e Outros Fatores de 
Risco/Inca 
Maria de Fátima C. C. de Carvalho - Coordenação- 
Geral da Política de Alimentação e Nutrição 
(CGPAN/DAB/SAS) 
Maria Queiroz Maia - Coordenação-Geral da 
Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN /DAB/ 
SAS/ MS) 
Mariana Martins Pereira - Estagiária em 
Nutrição/CGPAN 
Marília Mendonça Leão - Coordenação-Geral da 
Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/ 
SAS/MS) 
Marina Kyomi Ito - Centro de Alimentação 
Saudável/UnB 
Muriel Bauerman Gubert - Observatório de Políticas 
de Segurança Alimentar e Nutricional/NP3/UnB 
Oníria Arruda Figueiredo - Conselho Regional de 
Nutrição CRN-3 
Patrícia Gentil - Coordenação-Geral da Política de 
Alimentação e Nutrição 100 (CGPAN/DAB/SAS/MS) 
Raquel Assunção Botelho Departamento de 
Nutrição /UnB 
Reginalice Maria da Graça Bueno Saab - Gerência de 
Inspeção e Controle de Riscos em Alimentos Gicra/ 
Ggali/Anvisa 
Rodrigo Martins de Vargas - Gerência de Produtos 
Especiais Gpesp/Ggali/Anvisa) 
Rosane Maria Franklin Pinto - Gerência de Inspeção 
e Controle de Riscos em Alimentos Gicra/ Ggali/ 
Anvisa
210 GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 
Rosângela Maciel - Coordenação-Geral da Politica 
de Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/SAS/MS) 
Sonia Tucunduva Philippi - Departamento de 
Nutrição da Faculdade de Saúde Pública (NUT/FSP/ 
USP) 
Sueli Gonçalves Couto - Divisão de Controle do 
Tabagismo e Outros Fatores de Risco/INCA 
Valéria Paschoal Conselho Regional de Nutrição 
CRN-3 
Zuleica Portela de Albuquerque - Organização Pan- 
Americana de Saúde OPAS-Brasil 
Elaboração das tabelas de porções de alimentos e 
revisão do n o 
de porções de alimentos para as 
diretrizes 
Sonia Tucunduva Philippi - Departamento de 
Nutrição da Faculdade de Saúde Pública (NUT/FSP/ 
USP) 
Versão final 
Ana Beatriz Vasconcellos - Coordenação-Geral da 
Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/ 
SAS/MS) 
Anelise Rizzolo Oliveira Pinheiro. Coordenação- 
Geral da Política de Alimentação e Nutrição - 
CGPAN/DAB/SAS/MS 
Elisabetta Recine - Observatório de Política de 
Segurança Alimentar e Nutricional; Departamento 
de Nutrição da Universidade de Brasília e consultora 
da CGPAN 
Maria de Fátima C. C. de Carvalho - Coordenação- 
Geral da Política de Alimentação e Nutrição 
(CGPAN/DAB/SAS/MS)

Guia alimentar populacao_brasileira_2008

  • 1.
    GUIA ALIMENTAR PARAA POPULAÇÃO BRASILEIRA Promovendo a Alimentação Saudável
  • 3.
    MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Promovendo a Alimentação Saudável 1.ª edição 1.ª reimpressão Série A. Normas e Manuais Técnicos Brasília – DF 2008
  • 4.
    © 2006 Ministérioda Saúde. Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial. A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada na íntegra na Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde: http://www.saude.gov.br/bvs Série A. Normas e Manuais Técnicos Tiragem: 1.ª edição – 2008 – 25.000 exemplares A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica. 1.ª reimpressão – : Elaboração, distribuição e informações MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica SEPN 511, bloco C, Edifício Bittar IV, 4.º andar CEP: 70058-900, Brasília – DF Tels.:(61) 3448-8040 Fax: (61) 3448-8228 : www.saude.gov.br/nutricao : Homepage Supervisão técnica Luis Fernando Rollim Sampaio Antonio Dercy Filho Elaboração da versão final: Ana Beatriz Vasconcellos – Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/SAS/MS) Elisabetta Recine – Observatório de Política de Segurança Alimentar e Nutricional; Departamento de Nutrição da Universidade de Brasília e consultora da CGPAN Maria de Fátima C. C. de Carvalho – Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/SAS/MS) Impresso no Brasil / Ficha Catalográfica ________________________________________________________________________________________________________________ Departamento de Atenção Básica Printed in Brazil Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. . Guia alimentar para a população brasileira : promovendo a alimentação saudável / Ministério da Saúde, Secretaria Departamento de Atenção Básica de Atenção à Saúde, . – Brasília : Ministério da Saúde, 2008. 210 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) ISBN 85-334-1154-5 1. Alimentação. 2. Conduta na alimentação. 3. Métodos de alimentação. 4. Política de nutrição. I. Título. II. Série. NLM WB 400 ________________________________________________________________________________________________________________ Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2008/0165 Títulos para indexação: Em inglês: Feeding Guide for the Brazilian Population: Promoting the Health Food Em espanhol: Guía de Alimentación para la Población Brasileña: la Promoción del Alimento Sano
  • 5.
    05 LISTADETABELAS,GRÁFICOSEQUADROS LISTADE TABELAS, GRÁFICOS EQUADROS TABELAS TABELA 1 Mortalidade por diferentes tipos de doença no Brasil, 1979, 1998 e 2003 130 TABELA 2 Percentual de mortalidade proporcional segundo causas e sexo. Brasil, 2001 130 TABELA 3 Resultados da Campanha Nacional de Detecção de Hipertensão Arterial (CNDHA). Brasil, 2002 137 TABELA 4 Óbitos ocorridos por doenças crônicas não-transmissíveis e óbitos potencialmente evitáveis com alimentação adequada (números relativo e absoluto). Brasil, 2003 141 TABELA 5 Evolução da participação relativa de macronutrientes no total de calorias determinado pela aquisição alimentar domiciliar nas regiões metropolitanas, Brasília e Município de Goiânia, por ano de pesquisa. Brasil, 1974-2003 145 TABELA 6 Evolução da participação relativa de alimentos no total de calorias determinado pela aquisição alimentar domiciliar nas regiões metropolitanas, Brasília e município de Goiânia, por ano de pesquisa. Brasil, 1974-2003 146 TABELA 7 Participação relativa de macronutrientes no total de calorias determinado pela aquisição alimentar domiciliar, por situação do domicílio. Brasil, 2002-2003 148 TABELA 8 Participação relativa de grupo de alimentos no total de calorias, segundo a aquisição alimentar domiciliar, por classe de rendimento familiar mensal em salários mínimos per capita (SMPC). Brasil, 2002-2003 149 TABELA 9 Participação relativa de macronutrientes no total de calorias determinado pela aquisição alimentar domiciliar, por classe de rendimento monetário mensal familiar per capita em salários mínimos. Brasil, 2002-2003 151 TABELA 10 Estimativa do consumo de sal per capita. Brasil, 1962-2000 152 GRÁFICOS GRÁFICO 1 Tendência secular da desnutrição em adultos, segundo o sexo. Brasil, 1975-2003 133 GRÁFICO 2 Prevalência da desnutrição em adultos, segundo regiões geográficas e sexo. Brasil, 2003 134 GRÁFICO 3 Tendência secular do excesso de peso no Brasil, segundo sexo. Brasil, 1975-2003 138 GRÁFICO 4 Tendência secular da obesidade no Brasil, segundo o sexo. Brasil, 1975-2003 138 GRÁFICO 5 Tendência secular da obesidade masculina segundo região brasileira. Brasil, 1975-2003 139 GRÁFICO 6 Tendência secular da obesidade feminina, segundo região brasileira. Brasil, 1975-2003 139 GRÁFICO 7 Prevalência de obesidade, segundo a renda. Brasil, 2003 140
  • 6.
    06 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA QUADROS QUADRO 1 Cálculo da dose-equivalente de álcool de uma bebida 26 QUADRO 2 Informação nutricional dos leites desnatado e integral 121 QUADRO 3 Porções segundo grupos de alimentos, para fins de rotulagem nutricional 122 QUADRO 4 Declarações relacionadas ao conteúdo de nutrientes e energia no rótulo dos alimentos 123 QUADRO 5 Principais características dos Edulcorantes 186
  • 7.
    07 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO PARTE 1 REFERENCIAL TEÓRICO PARTE 2 O GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA: SEUS PRINCÍPIOS E SUAS DIRETRIZES E OS ATRIBUTOS DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL Princípios As diretrizes 09 13 Introdução 15 OGuia Alimentar e a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) 15 Estratégia Global para a Promoção da Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde 17 OPanorama Epidemiológico no Brasil: o Peso Multiplicado da Doença 18 - Deficiências nutricionais 19 - Doenças infecciosas 19 - Doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) 19 OAspecto Ambiental Mais Geral 20 Modos de Vida Saudáveis 21 - Aleitamento materno:umcuidado para toda a vida 21 - Alimentação saudável: algumas considerações 22 - Atividade física: elemento fundamental para a manutenção da saúde e do peso saudável 24 -Oconsumo de bebidas alcoólicas 24 -Oconsumo de tabaco 26 29 -Oprincípio da “abordagem integrada” 31 -Oprincípio do “referencial científico e a cultura alimentar” 31 -Oprincípio do “referencial positivo” 32 -Oprincípio da “explicitação de quantidades” 32 -Oprincípio das “variações das quantidades” 32 -Oprincípio do “alimento como referência” 33 -Oprincípio da “sustentabilidade ambiental” 33 -Oprincípio da “originalidade umguia brasileiro” 33 -Oprincípio da “abordagem multifocal” 34 Os Atributos da Alimentação Saudável 35 As Diretrizes: Algumas Considerações 36 Diretriz 1 Os alimentos saudáveis e as refeições 39 Diretriz 2 Cereais, tubérculos e raízes 45 Diretriz 3 Frutas, legumes e verduras 51 Diretriz 4 Feijões e outros alimentos vegetais ricosemproteínas 59 Diretriz 5 Leite e derivados, carnes e ovos 65 Diretriz 6 Gorduras, açúcares e sal 73 Diretriz 7 Água 85
  • 8.
    08 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Diretriz Especial 1 Atividade física 89 Diretriz Especial 2 Qualidade sanitária dos alimentos 97 Colocando as diretrizesemprática 105 Utilizando o rótulo dos alimentos 117 Introdução 127 Saúde e Nutrição no Brasil 127 Atransição epidemiológica brasileira 128 - Epidemiologia da atividade física 129 - Mortalidade 129 - Novos padrões de morbidade 131 Atransformação nos padrões alimentares nacionais 141 - Consumo de alimentos no Brasil 142 As bases científicas das diretrizes alimentares nacionais 153 O enfoque do curso da vida como estratégia para a abordagem integrada das doenças relacionadas à alimentação e nutrição 164 165 ANEXOA Processamento de alimentos 183 ANEXO B Recomendação calórica média, número de porções diárias e valor energético médio das porções, segundo os grupos de alimentos para fins de cálculo do VET 189 ANEXOC Porções de alimentos (em gramas) e medidas caseiras correspondentes 191 ANEXOD Síntese das Diretrizes 197 205 PARTE 3 AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS DAS DIRETRIZES NACIONAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXOS COLABORADORES
  • 9.
  • 11.
    APRESENTAÇÃO 11 APRESENTAÇÃO O Guia Alimentar para a População Brasileira contém as primeiras diretrizes alimentares oficiais para a nossa população. Hoje existem evidências científicas que apontam de forma inequívoca o impacto da alimentação saudável na prevenção das mortes prematuras, causadas por doenças cardíacas e câncer. Além disso, as orientações do guia são adequadas para a prevenção de outras doenças crônicas não-transmissíveis, tais como diabetes e hipertensão, e compõem, certamente, o elenco de ações para a prevenção da obesidade que, por si só, aumenta o risco dessas e de outras doenças graves. Por outro lado, a publicação também aborda questões relacionadas às deficiências nutricionais e às doenças infecciosas, prioridades de saúde pública no Brasil. Assim, contribui para a prevenção das deficiências nutricionais, incluindo as de micronutrientes (fome oculta), e para aumentar a resistência a muitas doenças infecciosas em crianças e adultos. Consideramos, portanto, que este guia contém mensagens centrais para a promoção da saúde e, em um único conjunto, para prevenção das doenças crônicas não-transmissíveis, da má nutrição em suas diferentes formas de manifestação e das doenças infecciosas. Muitas das diretrizes deste guia rela-cionam- se aos alimentos e às refeições tradicionalmente consumidos pelas famílias brasileiras de todos os níveis socioeconômicos, evidenciando-se que, ao contrário do que indica o senso comum, uma alimentação saudável não é necessariamente cara. A primeira parte do guia traz o referencial teórico que fundamentou a sua elaboração e o situa em relação aos propósitos da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) e aos objetivos preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A segunda parte aborda as diretrizes formuladas, agregando orientações para a sua aplicação prática no contexto familiar, bem como sobre o uso da rotulagem de alimentos como ferramenta para a seleção de alimentos mais saudáveis. Finalmente, a terceira parte sistematiza o panorama epidemiológico brasileiro e traz os dados de consumo alimentar disponíveis no Brasil e as evidências científicas que fundamentaram as orientações do guia. O documento é resultado de uma construção coletiva. Houve consulta pública por meio da internet e recolhimento de contribuições de diversos participantes. Contamos, ainda, com a colaboração da rede de alimentação e nutrição, constituída pelas coordenações estaduais, centros colaboradores e de referência na área, que foi estimulada diretamente a analisar a proposta. As contribuições dos usuários desta publicação, contudo, serão importantes e bem-vindas para o aperfeiçoamento das edições subseqüentes. Acreditamos que as diretrizes aqui estabelecidas serão úteis para os profissionais da saúde, para os trabalhadores nas comunidades, para as famílias do Brasil e para a nação como um todo. O governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por meio do Programa Fome Zero e de outros programas que buscam criar uma rede de proteção às camadas mais vulneráveis da população, avança no sentido de prover alimentação e nutrição adequadas ao conjunto dos brasileiros. Este guia, que apresenta diretrizes acerca dos hábitos alimentares saudáveis, está inserido nas preocupações que têm inspirado as ações do governo, tanto na necessária política de segurança alimentar e nutricional como na promoção da prevenção de agravos à saúde que advenham de umaalimentação insuficiente ou inadequada. José Gomes Temporão Secretário de Atenção à Saúde
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    PARTE 1 -REFERENCIAL TEÓRICO 15 REFERENCIAL TEÓRICO Introdução “Deixe que a alimentação seja o seu remédio e o remédio a sua alimentação” (Hipócrates). “O destino das nações depende daquilo e de como as pessoas se alimentam” (Brillat-Savarin, 1825). Afirmações como estas que remontam a centenas de anos já atestavam a relação vital entre a alimentação e a saúde. Este guia, como parte da responsabilidade governamental em promover a saúde, é concebido para contribuir para a prevenção das doenças causadas por deficiências nutricionais, para reforçar a resistência orgânica a doenças infecciosas e para reduzir a incidência de doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT), por meio da alimentação saudável. A abordagem conjunta desses três grupos de doenças, tendo como instrumento a alimentação saudável, é uma das estratégias de saúde pública brasileira com vistas à melhoria dos perfis nutricional e epidemiológico atuais. Especificamente, as diretrizes fornecem a base para a promoção de sistemas alimentares saudáveis e do consumo de alimentos saudáveis, com o objetivo de reduzir a ocorrência dessas doenças na população brasileira maior de 2 anos 1 (crianças, adolescentes, adultos e idosos). O guia é destinado a todas as pessoas envolvidas com a saúde pública e para as famílias. Dá-se destaque aos profissionais de saúde da atenção básica, incluindo os vinculados à Estratégia de Saúde da Família, que receberão informações sobre alimentação saudável a fim de subsidiar abordagens específicas no contexto familiar; bem como se explicitam as atribuições esperadas do setor produtivo de alimentos. Outro público-sujeito deste guia são os formuladores e implementadores de ações de governo em áreas correlacionadas; e, finalmente, destacam-se as mensagens destinadas à família. As mensagens principais das diretrizes, apresentadas em destaque, visam a enfatizar os principais aspectos a ser destacados na abordagem do profissional de saúde junto aos usuários dos serviços de saúde, pela indústria alimentícia e pelos governos e ainda pelas famílias. São informações importantes que estimulam o olhar intersetorial das questões relativas à alimentação e nutrição no Brasil. A promoção da alimentação saudável, embora tenha o setor saúde como um dos protagonistas, requer a integração de outros setores e atores sociais, chaves na consecução da segurança alimentar e nutricional. Neste guia serão abordadas as questões necessárias, em termos de base conceitual, sobre o que é uma alimentação saudável e como podemos alcançá-la no cotidiano de nossas vidas. Uma alimentação saudável não deve ser vista como uma “receita” pré-concebida e universal, pois deve respeitar alguns atributos individuais e coletivos específicos impossíveis de serem quantificados de maneira prescritiva. Contudo identificam-se alguns princípios básicos que devem reger a relação entre as práticas alimentares e a promoção da saúde e a prevenção de doenças. Uma vez que a alimentação se dá em função do consumo de alimentos e não de nutrientes, uma alimentação saudável deve estar baseada em práticas alimentares que tenham significado social e cultural. Os alimentos têm gosto, cor, forma, aroma e textura e todos esses componentes precisam ser considerados na abordagem nutricional. Os nutrientes são importantes; contudo, os alimentos não podem ser resumidos a veículos deles, pois agregam significações culturais, comportamentais e afetivas singulares que jamais podem ser desprezadas. Portanto, o alimento como fonte de prazer e identidade cultural e familiar também é uma abordagem necessária para a promoção da saúde. Esta primeira edição das diretrizes oficiais brasileiras é parte da estratégia de implementação da Política Nacional de Alimentação e Nutrição, integrante da Política Nacional de Saúde (BRASIL, 2003) e se consolida como elemento concreto da identidade brasileira para implementação das recomendações preconizadas pela Organização Mundial da Saúde, no âmbito da Estratégia Global de Promoção da Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2004). OGuia Alimentar e a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), homologada em 1999, integra a 1- As diretrízes alimentares específicas para crianças com até 2 anos de idades foram publicadas em documentos específicos (BRASIL,2002d, 2002e).
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    16 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Política Nacional de Saúde (BRASIL, 2003f). Tem como principal objetivo contribuir com o conjunto de políticas de governo voltadas à concretização do direito humano universal à alimentação e nutrição adequadas e à garantia da Segurança Alimentar e Nutricional da população. Todas as ações de alimen-tação e nutrição, sob gestão e responsabilidade do Ministério da Saúde, derivam do princípio de que o acesso à alimentação adequada, suficiente e segura, é um direito humano inalienável. Esse princípio, norteador do desenvolvimento da própria PNAN e suas implicações em termos de regulação, planejamento e prática, éumainiciativa pioneira do Brasil no cenário internacional. A PNAN tem como diretrizes a promoção de práticas alimentares saudáveis e a prevenção e o controle dos distúrbios nutricionais e das doenças associadas à alimentação e nutrição, o monito-ramento da situação alimentar e nutricional, a garantia da qualidade dos alimentos colocados para consumo no País, o desenvolvimento de pesquisas e recursos humanos, bem como o estímulo às ações intersetoriais que propiciem o acesso universal aos alimentos. Muito embora, ao longo da história das políticas de alimentação e nutrição no Brasil, a área de Saúde tenha chamado para si tais respon-sabilidades - mesmo porque é sobre esse setor que recaem as conseqüências da insegurança alimentar e nutricional -, assegurar o direito à alimentação adequada a toda a população é uma respon-sabilidade a ser compartilhada por outros setores governamentais e pela sociedade como um todo. Esse entendimento fica explícito ao se avaliar o conceito de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), atualmente adotado pelo Brasil: SAN é a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis. (BRASIL, 2004a) Assim, entende-se que a garantia da SAN requer a conjugação e priorização de esforços pelo Estado, conciliando ações públicas de diferentes setores e esferas do governo e da sociedade civil. Essas ações dão conseqüência prática ao direito humano à alimentação e nutrição adequadas (DHAA), extrapolando, portanto, o setor Saúde e alcançandoumcaráter intersetorial. Por outro lado, a adoção da promoção da SAN como tema central do atual governo brasileiro reforçou a compreensão do papel do setor saúde no tocante à alimentação e nutrição, reconhecidas como elementos essenciais para a promoção, proteção e recuperação da saúde. Os programas e ações em alimentação e nutrição do Ministério da Saúde, dentre os quais este guia é um exemplo, são desenvolvidos tanto para contribuir para a prevenção e controle das doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) como das deficiências nutricionais e doenças infecciosas, promovendo o consumo de uma alimentação saudável e a adoção de modos de vida saudáveis. A estratégia que orienta essas ações deve combinar iniciativas de articulação intersetorial, regula-mentação, informação, comunicação e capacitação de profissionais. Em um país como o Brasil, onde as desigualdades regionais são expressivas, é importante destacar que a promoção da alimentação saudável pressupõe a necessidade de definição de estratégias de saúde pública capazes de dar conta de um modelo de atenção à saúde e de cuidado nutricional, direcionados para a prevenção da desnutrição, incluindo a fome oculta e outras doenças relacionadas à fome e exclusão social, como também do sobrepeso, da obesidade e das demais DCNT resultantes da inadequação alimentar ou outra forma de manifestação da fome. A promoção de práticas alimentares saudáveis, além de uma diretriz explícita da PNAN, conforma uma ação transversal incorporada em todas e quaisquer outras ações, programas e projetos. A alimentação saudável tem início com o incentivo ao aleitamento materno - exclusivo até o sexto mês e complementado até, pelo menos, o segundo ano de vida - e está inserida no contexto da adoção de modos de vida saudáveis, sendo, portanto, componente importante da promoção da saúde e da qualidade de vida. Nessa abordagem, tem enfoque prioritário o resgate de hábitos e práticas alimentares regionais relacionadas ao consumo de alimentos locais de elevado valor nutritivo, bem como de padrões alimentares mais
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    PARTE 1 -REFERENCIAL TEÓRICO 17 variados, desde os primeiros anos de vida até a idade adulta e a velhice. As diretrizes da PNAN vêm sendo imple-mentadas no âmbito do setor saúde, porém, extrapolando-o por meio de um conjunto de ações em parceria com outros setores governamentais e não-governamentais. São alguns exemplos: - Educação continuada dos profissionais de saúde com ênfase naqueles envolvidos na atenção básica; - Desenvolvimento de instrumentos e estratégias para a socialização da informação e do conhecimento sobre alimentação e nutrição ao público em geral (informativos, página eletrônica: www.saude.gov.br/nutricao, tele-atendimento por meio do ”Disque Saúde”: 0800 61 1997 - ligação gratuita); - Inserção dos componentes de alimentação e nutri-ção na atenção à saúde de grupos populacionais específicos, como população do campo, indígenas e quilombolas; - Programas de prevenção e controle de carências nutricionais específicas: Programa Nacional de Controle e Prevenção das Deficiências de Vitamina A; Programa Nacional de Controle e Prevenção de Anemia Ferropriva; Programa Nacional de Controle e Prevenção dos Distúrbios por Deficiência de Iodo; - Ações e projetos de abordagem da desnutrição infantil no âmbito da rede de serviços do Sistema Único de Saúde: protocolo de atendimento à criança com desnutrição grave (em âmbitos hospitalar, ambulatorial e comunitário/ familiar); - Saúde do Escolar, em parceria com o Departamento de Gestão em Saúde, da Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde, do Ministério da Saúde e com o Ministério da Educação. A proposta é incentivar o espaço escolar como ambiente para a educação nutricional e promoção da alimentação saudável de crianças e jovens, contribuindo para a formação de hábitos alimentares saudáveis,bemcomo para a inserção da alimentação e nutrição no conteúdo programático, nos diferentes níveis de ensino; - Vigilância Alimentar e Nutricional, por meio da coleta sistemática de informações antropométricas da população atendida no âmbito do Sistema Único de Saúde. A proposta permite acompanhar os usuários do SUSemqualquer fase do curso da vida; - Promoção e financiamento de estudos e pesquisas, em parceria com o Departamento de Ciência e Tecnologia/SCTIE/MS e com a rede de Centros Colaboradores e Centros de Referência em Alimentação e Nutrição; - Ações de apoio à institucionalização da área e das ações de alimentação e nutrição nos estados e municípios por meio da parceria técnica e financeira com Coordenações Estaduais de Alimentação e Nutrição/Secretarias Estaduais de Saúde. Muitas outras ações são desenvolvidas em parcerias interinstitucionais, a exemplo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT)/Ministério do Trabalho, Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE/FNDE/MEC), Conse-lho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), Comissões Intersetoriais de Alimentação e Nutrição (CIAN) e da Saúde Indígena (CISI) do Conselho Nacional de Saúde, Pastoral da Criança, Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/ Brasil), dentre outras. Na abordagem da prevenção integrada de doenças fazem-se necessários o fortalecimento e a articulação de ações que visem à promoção de modos de vida mais saudáveis. Isso requer um esforço por parte do Ministério da Saúde, não somente quanto aos seus objetivos setoriais estratégicos para o enfrentamento da situação, mas também para a identificação de parcerias que possam efetivar ações com o mesmo objetivo, nos diferentes setores governamentais, da sociedade civil organizada, do setor produtivo e nas três esferas de governo. Assim, o Guia Alimentar para a População Brasileira é mais um dos instrumentos construídos no âmbito das diretrizes da Política Nacional de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, com vistas à consolidação de seus propósitos e fundamentos. Estratégia Global para a Promoção da Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde A proposta de Estratégia Global para a Promoção da Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde, da Organização Mundial da Saúde, sugere a formulação e implementação de linhas de ação efetivas para reduzir substancialmente as mortes e doenças em todo o mundo. Seus quatro
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    18 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA objetivos principais são: (1) reduzir os fatores de risco para DCNT por meio da ação em saúde pública e promoção da saúde e medidas preventivas; (2) aumentar a atenção e o conhecimento sobre alimentação e atividade física; (3) encorajar o desenvolvimento, o fortalecimento e a imple-mentação de políticas e planos de ação em nível global, regional, nacional e comunitário que sejam sustentáveis, incluindo a sociedade civil, o setor privado e a mídia; (4) monitorar dados científicos e influências-chave na alimentação e atividade física e fortalecer os recursos humanos necessários para qualificar e manter a saúde nesse domínio (ORGANIZAÇÃO MUNDIALDASAÚDE, 2004). Para a concretização da Estratégia Global, a OMS recomenda a elaboração de planos e políticas nacionais e o apoio de legislações efetivas, infra-estrutura administrativa e fundo orçamen-tário e financeiro adequado e investimentos em vigilância, pesquisa e avaliação. Sugere, ainda, a construção de propostas locais e a provisão de informação adequada aos consumidores, por meio de iniciativas vinculadas à educação, à publicidade, à rotulagem, a legislações de saúde, e enfatiza a necessidade de garantia de articulação intersetorial e políticas nacionais de saúde, educação, agricultura e alimentação que incorporem, em seus objetivos, a nutrição, a segurança da qualidade dos alimentos e a segurança alimentar sustentável, a promoção da alimentação saudável e da atividade física, além de políticas de preços e programas alimentares. As recomendações específicas sobre dieta, constantes do documento final da estratégia, são: - Manter o equilíbrio energético e o peso saudável; - Limitar a ingestão energética procedente de gorduras; substituir as gorduras saturadas por insaturadas e eliminar as gorduras trans (hidro-genadas); - Aumentar o consumo de frutas, legumes e verduras, cereais integrais e leguminosas (feijões); - Limitar a ingestão de açúcar livre; - Limitar a ingestão de sal (sódio) de toda procedência e consumir sal iodado. Comrespeito à atividade física, a Estratégia Global recomenda pelo menos 30 minutos de atividade física, regular ou intensa ou moderada, na maioria dos dias da semana, senão em todos, a fim de prevenir as enfermidades cardiovasculares e diabetes e melhorar o estado funcional nas diferentes fases do curso da vida e especialmente na fase adulta e idosa. Dentre outros aspectos, destacar a relevância dessa proposição dentro do setor saúde pode alavancar e alertar para a importância e efetividade que as ações de promoção da alimentação saudável podem representar na redução de gastos em saúde com ações curativas de tratamento e recuperação do grupo de doenças crônicas não-transmissíveis. Investimentos em saúde focalizados em ações de promoção e prevenção podem ser muito eficazes, eficientes e efetivos. A Estratégia Global incentiva que os estados-membros da OMS apliquem-na de acordo com suas realidades e de forma integrada às suas políticas e aos programas para prevenção de DCNT e de promoção da saúde; portanto, a proposta é sugestiva e não mandatária, flexível o suficiente para seradequadaàs diferentes realidades dos países. É importante enfatizar que a proposta da Estratégia Global pressupõe que, para modificar os padrões de alimentação e de atividade física da população, são necessárias estratégias sólidas e eficazes acompanhadas de um processo de permanente monitoramento e avaliação de impacto das ações planejadas. Para assegurar progressos sustentáveis, é imprescindível conjugar esforços, recursos e atribuições de todos os atores envolvidos no processo, tais como as diferentes áreas e esferas de governo, organismos multi-laterais, sociedades científicas, grupos de defesa do consumidor, movimentos populares, pesquisadores e o setor privado. Assim sendo, a PNAN e a Estratégia Global compartilham do mesmo propósito central: fomentar a responsabilidade associada entre sociedade, setor produtivo e público para efetuar as mudanças necessárias no âmbito socioambiental, que favoreçam as escolhas saudáveis em níveis indi-vidual e coletivo. O Panorama Epidemiológico no Brasil: o Peso Multiplicado da Doença As deficiências nutricionais e as infecções ainda são desafios fundamentais da saúde pública no Brasil. Ao mesmo tempo, o perfil epidemiológico
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    PARTE 1 -REFERENCIAL TEÓRICO 19 adquiriu uma maior complexidade, tendo os padrões de doenças mudado radicalmente. As doenças crônicas não-transmissíveis vêm assumindo importante magnitude, estando associadas às causas mais comuns de morte registradas atualmente. Deficiências nutricionais No Brasil, a desnutrição na infância, que se expressa no baixo peso, no atraso no crescimento e desenvolvimento e na maior vulnerabilidade às infecções e, como mostram alguns estudos recentes, no maior risco para ocorrência de futuras doenças crônicas não-transmissíveis, continua sendo importante problema de saúde pública, principalmente nas regiões Norte e Nordeste e em bolsões de pobreza em todas as demais regiões do País (PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 1998c); portanto, as recomendações nutricionais continuam a ser importantes instrumentos para as ações com vistas a combater essa face da insegurança alimentar e nutricional no Brasil. O País não dispõe de informações recentes, de representatividade nacional, sobre carências de micronutrientes; contudo, estudos disponíveis de abrangência local, realizados por diferentes instituições em várias regiões geográficas, permitem inferir que a carência de vitamina A (hipovitaminose A) e a anemia por carência de ferro são as principais deficiências nutricionais que acometem a população brasileira. Os distúrbios por deficiência de iodo (DDI) parecem ser ainda um problema em regiões isoladas, provavelmente em função do consumo de sal destinado à alimentação animal pelas populações rurais, muito embora tenha havido sucesso da intervenção por meio da iodação do sal para consumo humano. Recentemente, a carência de ácido fólico tem sido evidenciada, o que fundamentou a decisão governamental da fortificação universal das farinhas de trigo e milho produzidas no País com ferro e ácido fólico. Mais detalhes sobre este tema encontram-se disponíveis na Parte 3 deste guia. Doenças infecciosas As interações entre nutrição e infecção estão bem documentadas (SCRIMSHAW et al., 1968; TOMKINS; WATSON, 1999) e o papel da nutrição na prevenção de infecções graves na infância, incluindo infecções respiratórias e doenças diarréicas, continua a ser realçado em inúmeros relatórios (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1986; INSTITUTE OF MEDICINE, 1992; ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 1997). Contudo, as recomendações dietéticas constantes dos documentos elaborados para orientar a prevenção das deficiências nutricionais ou doenças crônicas não-transmissíveis fazem pouca ou nenhuma menção às interações entre nutrição e infecção. Uma vez que também a vulnerabilidade a muitas doenças infecciosas é agravada pela deficiência nutricional durante a vida (SCRIMSHAW et al., 1968; TOMKINS; WATSON, 1999), torna-se importante que as recomendações dietéticas sejam divulgadas e entendidas como instrumento que também reforçam a resistência do organismo contra as infecções, importante causa de morte e morbidade emvárias regiões do mundo. O número absoluto e relativo de mortes por doenças infecciosas, por exemplo, vem declinando no Brasil. Mas as doenças diarréicas e as doenças respiratórias agudas - cuja melhor proteção consiste no aleitamento materno exclusivo durante os primeiros seis meses da vida da criança (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 1997; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2001c), seguida por alimentação complementar oportuna e apropriada - permanecem como causas importantes de morte entre crianças no Brasil, principalmente nas regiões Norte e Nordeste e bolsões de pobreza nas demais regiões. Doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) As DCNT variam quanto à gravidade: algumas são debilitantes, outras incapacitantes e algumas letais. Afetam muitos sistemas do corpo humano e incluem desde cárie dentária, obesidade, diabetes, hipertensão arterial, acidentes cerebro-vasculares, osteoporose e câncer de muitos órgãos, bemcomo doenças coronarianas. Relatórios internacionais recentes mos-tram que é possível, viável e necessária uma abordagem dietética comum direcionada à prevenção das DCNT mais importantes (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989a; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1990b, 2003a; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 1998b; UNITED NATIONS
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    20 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA ADMINISTRATIVE COORDINATING COMMITTEE, 2000; UNITED NATIONS ADMINISTRATIVE COORDINATING COMMITTEE; INTERNATIONAL FOOD POLICY RESEARCH INSTITUTE, 2000; EURODIET, 2001). O Brasil, ao lado da maioria dos países da América Latina, da África e da Ásia, depara com as novas epidemias de obesidade, diabetes, osteoporose, doenças cardíacas e câncer do pulmão, do cólon e do reto, da mama, da próstata e outros. Esse peso multiplicado das doenças, sujeito a se tornar ainda pior à medida que a população brasileira aumenta e envelhece, não pode ser abordado apenas com tratamentos médicos e cirúrgicos, apesar de serem de importância vital (SEN, 1999). Mesmo em países de maior renda, o custo do tratamento das doenças crônicas não-transmissíveis constitui um enorme encargo social e econômico. Os modelos de cuidados de saúde desenvolvidos principalmente pelos (e para os) países de renda mais elevada referem-se quase que exclusivamente a intervenções profissionais, tais como: triagem em massa, tratamentos médicos e cirúrgicos disponíveis e cuidados paliativos, associados à recomendação de mudanças comportamentais e nos modos de vida adotados pelos indivíduos (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000d). No Brasil, quer pelas suas dimensões continentais, quer pela ampla diversidade social, econômica e cultural, a abordagem de tal complexidade epidemiológica deve estar fundamentada na promoção da saúde e na constituição de ambientes e contextos promotores de práticas saudáveis que possibilitem e garantam a todo e qualquer cidadão a possibilidade e as informações necessárias para a adoção de modos de vida saudáveis. OAspecto Ambiental Mais Geral A maioria das doenças é causada pela interaçãodefatores individuaiseambientaise,poressa razão, pode ser evitada. Os indivíduos nascem com a carga genética que os predispõe ou os protege contra determinadas doenças, mas comumente os fatores genéticos,porsi só,nãoconstituemaprincipal causada morbidade. A vulnerabilidade pode levar a doenças quando as condições ambientais são favoráveis ao seu aparecimento. As causas subjacentes fundamentais de muitas doenças são: a pobreza, a migração, a ausência de saneamento, a falta de informação, a guerra e os conflitos sociais (DUBOS, 1959). Esses problemas são resultadosdeprocessos a longo prazo,masdemandam ações imediatas para garantia de melhoria. Atualmente, há consenso sobre as principais causas das DCNT. Também é consenso que muitas dessas doenças têm algumas causas comuns, dentre as quais, destacam-se o hábito de fumar, a inadequação alimentar e a falta de atividade física. Os relatórios internacionais sintetizam o estágio do conhecimento atual, que evidencia o efeito protetor da composição da dieta sobre a maioria das doenças crônicas não transmissíveisenapromoçãodasaúde.Essasevidências científicas fundamentaram também a formulação das diretrizes elaboradas neste guia (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989a; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1990c, 2003b; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 1998a; UNITED NATIONS ADMINISTRATIVE COORDINATING COMMITTEE, 2000). As condições ambientais, que são fatores de risco para muitas das DCNT, podem ser alteradas mais rapidamente por meio de uma abordagem prioritária para ação, incisiva e conjugada, tanto pelos gestores públicos, profissionais da saúde, indústria, organizações sociais civis e mídia quanto pelas famílias e pela própria comunidade. A promoção da saúde e a prevenção das doenças são e permanecerão sendo centrais para os planos e programas de políticas de saúde pública do Brasil. Isso significa não somente a oferta de cuidados básicos de saúde na comunidade, parte da Estratégia Saúde da Família, mas também o que é algumas vezes denominado “prevenção primor-dial”- a proteção e a criação de fatores ambientais que previnam doenças, a transformação daqueles fatores que aumentam o risco de doenças e a promoção da saúde em todas as esferas de governo e de ação das políticas públicas delineadas (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1990b). Modos de Vida Saudáveis Este guia constitui-se importante instru-mento para promoção de modos de vida saudáveis.
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    PARTE 1 -REFERENCIAL TEÓRICO 21 A concepção de promoção da saúde, como uma perspectiva capaz de orientar as diferentes práticas no campo da saúde, vem sendo sistematizada e disseminada a partir da realização da Primeira Conferência Mundial sobre Promoção da Saúde, ocorrida em Ottawa, no Canadá, em 1986. Segundo a Carta de Ottawa: "Promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle desse processo. Para atingir um estado completo de bem-estar físico e mental e social, os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente. A saúde deve ser vista como um recurso para a vida e não como objetivo de viver." (BRASIL, 2002c). Nessa concepção, a saúde é tida como um conceito abrangente e positivo que se apóia nos recursos sociais, pessoais e não somente na capacidade física ou nas condições biológicas dos sujeitos. O modo de viver de cada um, portanto, se apóia na cultura, nas crenças e nos valores que são compartilhados coletivamente. Evidências científicas mais recentes mos-tram que a saúde pode estar muito mais relacionada ao modo de viver das pessoas do que à idéia, anteriormente hegemônica, da sua determinação genética e biológica. O sedentarismo e a alimentação não-saudável, o consumo de álcool, tabaco e outras drogas, o ritmo da vida cotidiana, a competitividade, o isolamento do homem nas cidades são condicionantes diretamente relacio-nados à produção das chamadas doenças modernas. Por isso, a resolução ou redução de riscos associados aos problemas alimentares e nutricionais ampara-se na promoção de modos de vida saudáveis e na identificação de ações e estratégias que apóiem as pessoas a ser capazes de cuidar de si, de sua família e de sua comunidade de forma consciente e participativa. Na abordagem da promoção de modos de vida saudáveis, identificam-se duas dimensões: aquela que se propõe a estimular e incentivar práticas saudáveis, como o aleitamento materno, a alimentação saudável e a atividade física regular, e outra que objetiva a inibição de hábitos e práticas prejudiciais à saúde, como o consumo de tabaco e de álcool. Aleitamento materno: umcuidado para toda vida A amamentação é vital para a saúde da mãe e da criança durante toda a vida. A recomendação da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde é que as crianças sejam amamentadas exclusivamente com leite materno até os 6 meses de idade e, após essa idade, deverá ser dada alimentação complementar apropriada, continuando, entretanto, a amamentação até pelo menos a idade de 2 anos (BRASIL, 2002e; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2001a, 2001b). A exceção é para as mães portadoras de HIV/aids e outras doenças transmitidas verticalmente, que devem ser orientadas para as adaptações necessárias para a correta alimentação de seus filhos 2 . Oenfoque da alimentação no curso da vida é essencial para compreender como intervenções nutricionais podem contribuir para a prevenção de doenças não-transmissíveis.Oaleitamento materno é a primeira prática alimentar a ser estimulada para promoção da saúde, formação de hábitos alimentares saudáveis e prevenção de muitas doenças. Esse enfoque, desenvolvido nas últimas duas décadas a partir de estudos de coortes em diversos países, inclusive no Brasil, sugere que exposições nutricionais, ambientais e padrões de crescimento durante a vida intra-uterina e nos primeiros anos de vida podem ter efeitos importantes sobre as condições de saúde do adulto (BARKER et al., 2002; MONTEIRO et al.,1995a; LUCAS et al., 1999). As evidências indicam que tanto o retardo de crescimento intrauterino como também o ganho de peso excessivo nos primeiros anos de vida estão associados com obesidade, hipertensão, síndrome metabólica, resistência insulínica e morbimortalidade cardiovascular, dentre outros desfechos desfavoráveis (ONG et al., 2000; STETTLER et al., 2002, 2003; HORTA et al., 2003; VANHALA et al., 1999; SINGHAL et al., 2003; FORSEN et al., 1999; ERIKSSON et al., 1999). 2- Para maiores informações, consulte o Guia Prático de Preparo de Alimentos para Crianças Menores de 12 meses que não Podem Ser Amamentadas (BRASIL,2004d)
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    22 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Assim, a nutrição adequada de gestantes e crianças deve ser entendida e enfatizada como elemento estratégico de ação com vistas à promoção da saúde também na vida adulta. Pesquisas em diversos países, inclusive no Brasil, confirmam que o aleitamento materno exclusivo é o modo ideal de alimentação do lactente até os 6 meses de vida. A continuidade do aleitamento materno até os 2 anos ou mais é igualmente importante, pois objetiva ampliar a disponibilidade de energia e de micronutrientes da alimentação, particularmente do ferro (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2001a, 2000a). Dentre outras vantagens, o aleitamento materno confere importante proteção contra a morbimortalidade por doenças infecciosas nos primeiros anos de vida, sendo reconhecido como potencial fator preventivo importante na redução da mortalidade infantil no mundo (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2001a, 2000a). Outra questão importante diz respeito aos efeitos a longo prazo do aleitamento materno. Estudos recentes mostram que crianças amamentadas tendem a apresentar menor prevalência de obesidade na infância, com possíveis repercussões na adolescência (JONES et al., 2003;OWENet al., 2005). O Brasil vem, desde a década de 80, desenvolvendo estratégias para apoiar a promoção e proteção do aleitamento materno por meio de iniciativas de capacitação de recursos humanos, apoio aos Hospitais Amigos da Criança, produção e vigilância das normas nacionais de comercialização de alimentos infantis, campanhas nos meios de comunicação e apoio à criação de bancos de leite humano, dentre outras. Os resultados desses esforços podem ser observados em dados de pesquisas nacionais realizadas entre 1975 e 1999. A duração mediana do aleitamento materno vem aumentando: em 1975, era de 2,5 meses (Endef); de 5,5 meses em 1989 (PNSN); de 7,0 meses em 1996 (PNDS); e de 9,9 meses em 1999 (PAMCDF), representando um incremento de quase 300% nesse período; no entanto muito ainda precisa ser feito em relação ao aleitamento materno exclusivo (AME), muito embora os resultados mostrem expressões relevantes de aumento na sua prevalência. Na pesquisa realizada em 1999, pelo Ministério da Saúde, o tempo mediano de AME, considerando-se todas as localidades estudadas (áreas urbana de 25 capitais e do Distrito Federal), foi de 23,4 dias (intervalo de variação de 22,1-24,7). Considerando apenas as crianças de até 4 meses, a prevalência de AME foi de 35,6 dias (34,9-36,4). No período decorrido entre 1996 (Bemfam) e 1999 (PAMCDF), houve um aumento importante nessa prática: a prevalência passou de 3,6% em 1996 para 35,6% em 1999, representando aumento de quase dez vezes no período.(BRASIL, 2001b) Alimentação saudável algumas considerações Aquilo que se come e bebe não é somente uma questão de escolha individual. A pobreza, a exclusão social e a qualidade da informação disponível frustram ou, pelo menos, restringem a escolha de uma alimentação mais adequada e saudável. E o que se come e se bebe é ainda, em grande parte, uma questão familiar e social. Em geral, contrariamente ao que se possa imaginar, as escolhas alimentares são determinadas não tanto pela preferência e pelos hábitos, mas muito mais pelo sistema de produção e de abastecimento de alimentos. O termo “sistema alimentar” refere-se ao conjunto de processos que incluem agricultura, pecuária, produção, processamento, distribuição, importação e exportação, publicidade, abas-tecimento, comercialização, preparação e consumo de alimentos e bebidas (SOBAL et al., 1998). Os sistemas alimentares são profundamente influen-ciados pelas condições naturais do clima e solo, pela história, pela cultura e pelas políticas e práticas econômicas e comerciais. Esses são fatores ambientais fundamentais que afetam a saúde de todos. Se esses sistemas produzem alimentos que são inadequados ou inseguros e que aumentam os riscos de doenças, eles precisam ser mudados. É aqui que se manifesta, com maior propriedade, o papel do Estado no que se refere à proteção da saúde da população, que deve ser garantida por meio de suas funções regulatórias e mediadoras das políticas públicas setoriais. O Estado, por intermédio de suas políticas públicas, tem a responsabilidade de fomentar mudanças socioambientais, em nível coletivo, para favorecer as escolhas saudáveis em nível individual ou familiar. A responsabilidade compartilhada entre sociedade, setor produtivo privado e setor público é o caminho para a
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    PARTE 1 -REFERENCIAL TEÓRICO 23 construção de modos de vida que tenham como objetivo central a promoção da saúde e a prevenção das doenças. Assim, é pressuposto da promoção da alimentação saudável ampliar e fomentar a autonomia decisória dos indivíduos e grupos, por meio do acesso à informação para a escolha e adoção de práticas alimentares (e de vida) saudáveis. Uma alternativa de ação para a alimen-tação saudável deve favorecer, por exemplo, o deslocamento do consumo de alimentos pouco saudáveis para alimentos mais saudáveis, respeitando a identidade cultural-alimentar das populações ou comunidades. As proibições ou limitações impostas devem ser evitadas, a não ser que façam parte de orientações individualizadas e particularizadas do aconselhamento nutricional de pessoas portadoras de doenças ou distúrbios nutricionais específicos, devidamente funda-mentadas e esclarecidas. Por outro lado, supervalorizar ou mistificar determinados alimen-tos em função de suas características nutricionais ou funcionais também não deve constituir a prática da promoção da alimentação saudável. Alimentos nutricionalmente ricos devem ser valorizados e entrarão naturalmente na dieta adotada, sem que se precise mistificar uma ou mais de suas características, tendência esta muito explorada pela propaganda e publicidade de alimentos funcionais e complementos nutricionais. Atualmente, em função das exigências do padrão de estética em “moda”, muitas vezes inapropriado para a grande maioria das pessoas, são muitas as opções de “dietas milagrosas” que prometem a perda de peso, de forma acentuada e rápida. Não faltam exemplos, como a dieta da lua, dieta das frutas, dietas da sopa, dieta das proteínas, dietas dos shakes , dietas com restrição a carboi-drato, entre tantas outras. São dietas que geralmente restringem o tipo de alimento a ser consumido (tipo e qualidade) e a quantidade diária de ingestão. Em sua grande maioria causam efeitos negativos na saúde e não atendem aos requisitos exigidos de uma alimentação saudável para manutenção da saúde. Mesmo as dietas para perda ou manu-tenção do peso corporal, que exigem redução calórica, devem atender ao padrão alimentar e nutricional considerado adequado. Além disso, deve ser uma oportunidade de aprender e exercitar a reeducação alimentar, atendendo aos quesitos da adequação em quantidade e qualidade, prazer e saciedade. A formação dos hábitos alimentares se processa de modo gradual, principalmente durante a primeira infância; é necessário que as mudanças de hábitos inadequados sejam alcançadas no tempo adequado, sob orientação correta. Não se deve esquecer que, nesse processo, também estão envolvidos valores culturais, sociais, afetivos/ emocionais e comportamentais, que precisam ser cuidadosamente integrados às propostas de mudanças. De acordo com os princípios de uma alimentação saudável, todos os grupos de alimentos devem compor a dieta diária. A alimentação saudável deve fornecer água, carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas, fibras e minerais, os quais são insubstituíveis e indispensáveis ao bom funcionamento do organismo. A diversidade dietética que fundamenta o conceito de alimentação saudável pressupõe que nenhum alimento específico ou grupo deles isoladamente , é suficiente para fornecer todos os nutrientes necessários a uma boa nutrição e conseqüente manutenção da saúde. A ciência comprova aquilo que ao longo do tempo a sabedoria popular e alguns estudiosos, há séculos, apregoavam: a alimentação saudável é a base para a saúde.Anatureza e a qualidade daquilo que se come e se bebe é de importância funda-mental para a saúde e para as possibilidades de se desfrutar todas as fases da vida de forma produtiva e ativa, longa e saudável. Salienta-se ainda que a prática de ativi-dade física é igualmente estratégica para redução de peso. Não é possível dissociar o consumo alimentar do gasto energético. A perda de peso acelerada e “instantânea” impede a perda de gordura corporal. O que se perde, nesses casos, é água corporal que pesa na balança, mas não se emagrece de fato. Com a orientação de um nutricionista, os resultados de perda e manutenção do peso saudável, estes os aspectos mais difíceis e comprometidos pelas “dietas da moda”, podem ser excelentes e alcançados sem comprometimento da saúde e do estado nutricional.
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    24 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Atividade física: elemento fundamental para manutenção da saúde e do peso saudável O princípio fundamental para manter um balanço energético é o equilíbrio entre ingestão e gasto energéticos. Se a ingestão excede o gasto, ocorre um desequilíbrio positivo, com deposição de gorduras corporais e conseqüente ganho de peso; quando a ingestão é inferior ao gasto, ocorre depleção dos depósitos energéticos e tendência à perda de peso.Emcircunstâncias normais, o balanço energético oscila ao longo do dia e de umdia para o outro sem, contudo, levar a uma mudança duradoura do balanço energético ou do peso corpo-ral. Isso porque mecanismos fisiológicos múltiplos determinam mudanças coordenadas entre ingestão e gasto energético, regulando o peso corporal em torno de um ponto de ajuste que mantém o peso estável. A Estratégia Global da OMS recomenda que os indivíduos adotem níveis adequados de atividade física durante toda a vida (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2004). A atividade física pode ser definida como qualquer movimento realizado pelo sistema esquelético com gasto de energia. Esse conceito não se confunde com o de exercício físico, que é uma categoria da atividade física definida como um conjunto de movimentos físicos repetitivos planejados e estruturados para melhorar o desempenho físico. Ambos são formas importantes de manter o balanço energético; contudo, o primeiro implica adotar hábitos mais ativosempequenas, mas importantes, modificações no cotidiano, optando-se pela realização de tarefas no âmbito doméstico e no local de trabalho e por atividades de lazer e sociais mais ativas. O segundo geralmente requer locais próprios para sua realização, sob a supervisão e orientação de um profissional capacitado em academias de ginástica, clubes e outros locais. A atividade física adotada ao longo do curso da vida contribui para a prevenção e para a reversão de limitações funcionais. Isso é particularmente importante ao considerar-se o aumento da expectativa de vida e, conseqüen-temente, o crescimento da população idosa no Brasil. A maior expectativa de vida da população, se não acompanhada de investimento na promoção da saúde dos indivíduos, pode resultar em aumento de anos vividos com doenças crônicas não-transmissíveis e incapacidades, comprometendo a qualidade de vida das pessoas. Estudos epidemio-lógicos prospectivos demonstram que tanto um estilo de vida ativo como um condicionamento aeróbico moderado estão associados de forma independente à diminuição da incidência de DCNT e da mortalidade geral e por doenças cardio-vasculares. Embora não seja uma recomendação específica de alimentação e nutrição, este guia insere uma diretriz para atividade física (Diretriz Especial 1), entendendo-a como elemento potencializador dos resultados esperados pela adoção de práticas alimentares adequadas e, portanto, modos de vida saudáveis. Oconsumo de bebidas alcoólicas O consumo de álcool não é recomendado por motivos nutricionais e sociais. O álcool, droga cuja ação é responsável pela depressão do sistema nervoso central, causa alterações comportamentais e psicológicas, além de importantes efeitos metabólicos. O seu consumo em excesso pode provocar problemas como violência, suicídio, acidentes de trânsito, causar dependência química e outros problemas de saúde como desnutrição, doenças hepáticas, gastrointestinais, cardio-vasculares, respiratórias, neurológicas e do sistema reprodutivo. Interfere também no desen-volvimento fetal e ainda aumenta o risco de desenvolvimento de vários tipos de câncer (INTER-NATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER, 1988; PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 2005). Os efeitos prejudiciais do álcool são independentes do tipo de bebida e são provocados pelo volume de álcool (etanol) consumido. Além das conseqüências acima relatadas, o consumo de álcool, a longo prazo, dependendo do número de doses, freqüência e circunstâncias, pode provocar um quadro de dependência conhecido como alcoolismo. Dessa forma, o consumo inadequado do álcool, aliado a sua aceitação social, é um importante problema de saúde pública, acarretando altos custos para a sociedade e envolvendo questões médicas, psicológicas, profissionais e familiares (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO, 2005).
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    PARTE 1 -REFERENCIAL TEÓRICO 25 As bebidas alcoólicas contêm pouco ou nenhum nutriente. Incluem cervejas e vinhos, consideradas fermentadas, cujo volume de álcool (etanol) varia de 4% a 7% e de 10% a 13% respectivamente, e as bebidas alcoólicas destiladas como a aguardente (cachaça), vodka e uísque, que contêm 30% a 50% de volume de álcool. Cada grama de etanol contém 7 quilocalorias (kcal) (WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997). O álcool exaure o corpo de vitaminas do complexo B e também de ácido ascórbico (vitamina C), afetando dessa forma negativamente o estado nutricional das pessoas. Os indivíduos dependentes de álcool, cuja alimentação é geralmente deficiente, podem sofrer de beribéri e escorbuto, provocados respectivamente pela deficiência de tiamina (vitamina B1) e ácido ascórbico, dentre outras doenças carenciais (SIMONE, 1994). Por outro lado, consumidores de grandes quantidades de álcool normalmente têm alterações no fígado e perdem a capacidade de utilizar o álcool como fornecedor de energia; adicionalmente, muitos se alimentam inadequadamente, o que explica por que essas pessoas, cuja maior parte da ingestão de energia vem principalmente de bebidas destiladas, são muitas vezes magras (JAMES, 1993; WORLDHEALTH ORGANIZATION, 2000d). O álcool tem sido associado a vários tipos de câncer, embora os mecanismos dessa ação não estejam completamente esclarecidos. Em 1988, a Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (Iarc) classificou o álcool como um carcinógeno para câncer de boca, faringe, laringe, esôfago e câncer primário de fígado. O índice de câncer entre os bebedores é preocupante, quer por ação tópica do próprio álcool sobre as mucosas, quer por conta dos aditivos químicos de ação cancerígena que entram no processo de fabricação das bebidas (WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO, 2005). Adicionalmente, os estudos evidenciam que o risco do câncer de mama também está associado ao consumo de bebidas alcoólicas (LONGNECKER, 1994;WORLDCANCER RESEARCH FUND, 1997). O consumo regular de álcool na quan-tidade de três a quatro doses por dia ou mais aumenta o risco de hipertensão e acidente vascular cerebral, de câncer da boca, garganta, esôfago e cólon e também o risco de câncer no fígado como conseqüência da cirrose hepática (JAMES, 1993; INTERNATIONAL AGENCY FOR RESERACH ON CANCER, 1988; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997). Esse risco aumenta se associado a outros hábitos não-saudáveis, como o tabagismo. O álcool pode causar dependência e afeta as funções mental, neurológica e emocional. A ingestão regular de bebidas alcoólicas induz ao esquecimento e aumenta o risco de demência. Uma grande proporção de acidentes, ferimentos e mortes em casa, no trabalho e nas estradas envolve pessoas afetadas pelo álcool. No Brasil, o álcool está associado à maioria dos casos de violência doméstica e ao desemprego crônico (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1999a). Dados de São Paulo indicam que cerca de 50% dos homicídios e também cerca de 50% das mortes causadas por acidentes de carro estão relacionados com o consumo de álcool (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1999b). Esses valores são comparáveis com as estimativas da América do Norte e na Europa, em que 30% dos homicídios, 45% de mortes por incêndios e 40% de acidentes nas estradas são relacionados com o álcool (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1995a, 1995b, 2000c). Outro estudo, em São Paulo, identificou as “brigas de bar” ou o “álcool” como as principais razões para 12,6% dos homicídios (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1999a). Outro estudo, em Salvador, Bahia, verificou que um em cada quatro condutores de carros relatou ter sofrido acidente com carro, dos quais 38% admitiram que haviam bebido antes do acidente (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1999b). Os números atuais de morte por homicídio no Brasil são cerca de 40.000 por ano e 30.000 são mortes provocadas por acidentes de carro, taxa alta em comparação com outros países. Essa é a taxa mais alta do mundo (MURRAY; LOPEZ, 1996). Oconsumo de álcool é medido por doses. A quantidade de etanol contido em cada dose varia entre os países: no Brasil, por exemplo, cada dose de bebida alcoólica representa 14g de etanol, enquanto que na Austrália esse valor é de 10g. Para se calcular a quantidade de etanol consumida por um indivíduo, é necessário considerar outros aspectos, além do número de doses.Oteor alcoólico das bebidas varia não somente entre os diferentes tipos de bebidas, de acordo com seu processo de
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    26 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA fabricação, como também entre bebidas do mesmo tipo. O quadro abaixo exemplifica o cálculo da dose-equivalente de álcool para três tipos de bebidas: Para os que fazem uso de bebidas alcoóli-cas, o consumo deve ser limitado a duas doses diárias para homens e uma dose para mulheres. A recomendação é diferente para homens e mulheres em razão da estrutura física. As mulheres são normalmente menores e mais leves que os homens, o que torna o organismo feminino mais vulnerável ao álcool. As pesquisas indicam que entre 3% e 9% dos adultos nas grandes cidades brasileiras são dependentes do álcool. A dependência se caracteriza, para os homens, quando consomem 6 ou mais doses e, para as mulheres, quando o consumo é de 4 ou mais doses por dia (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1999a). Recente pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) indicou que a prevalência de consumo médio diário de álcool considerado de risco (superior a duas doses por dia para os homens e superior a 1 dose por dia para as mulheres) entre a população pesquisada (15 anos ou mais residente em 15 capitais brasileiras e Distrito Federal) variou de 4,6% a 12,4%. Entre os homens e as mulheres esta prevalência variou, respectivamente, de 5,4% a 21,6% e de 1,7% a 8,1% (BRASIL, 2004e). Por essas evidências, as políticas referentes ao combate ao consumo de álcool devem considerar os seus efeitos sociais e também nutricionais (EDWARDS et al., 1994). O controle da propaganda e publicidade que incentivam o consumo de álcool; a proibição de venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos, prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente; a penalização de indivíduos que conduzem veículo com níveis de etanol acima do limite estipuladoemlei,bemcomo ações educativas que esclareçam a população e que protejam os jovens do hábito de consumir bebidas alcoólicas são medidas importantes de proteção à saúde que vêm sendo desenvolvidas pelo Estado brasileiro (BRASIL, 1990). Oconsumo de tabaco A maioria das orientações sobre alimentos, nutrição e saúde aborda, concomitantemente, o uso do tabaco, uma vez que o consumo do cigarro ou outros produtos derivados do tabaco é prejudi-cial à saúde e mata cerca de cinco milhões de pessoas por ano no mundo, 200 mil no Brasil (PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 2002). Dessa forma, não há mais razão para considerar o consumo de cigarros, charutos e outros derivados do tabaco uma mera opção com-portamental ou um estilo de vida. Hoje, o tabagismo é amplamente reconhecido como uma doença crônica gerada pela dependência da nicotina, estando por isso inserido na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) da Organização Mundial da Saúde, que expõe continuamente os usuários dos produtos de tabaco a cerca de 4.700 substâncias tóxicas, sendo 60 delas cancerígenas para o ser humano (WORLD HEALTH ORGANIZA-TION, 1999c). Essa exposição faz do tabagismo o mais importante fator de risco isolado de doenças graves Quadro 1 - CÁLCULO DA DOSE EQUIVALENTE DE ÁLCOOL DE UMA BEBIDA BEBIDA ml TA(%) VOLUME(ml) ÁLCOOL DOSE Vinho Tinto 150 12 18 14,4 1 Cerveja (lata) 350 5 17,5 14 1 Destilada 40 40 16 12,8 1 FONTE: INCA. Legenda: TA = teor alcoólico; volume = (volume em ml x TA)/100; Álcool = volume x 0,8 ou a densidade do álcool Dose = 14 g
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    PARTE 1 -REFERENCIAL TEÓRICO 27 e letais. São atribuíveis ao consumo de tabaco: 45% das mortes por doença coronariana (infarto do miocárdio), 85% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema), 25% das mortes por acidente vascular cerebral e 30% das mortes por câncer. É importante enfatizar que 90% dos casos de câncer de pulmão ocorrem em fumantes (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2005). O tabagismo também é hoje considerado uma doença pediátrica, pois 90% dos fumantes começam a fumar antes dos 19 anos e a média de idade da iniciação é 15 anos. A cada dia cerca de 100.000 jovens começam a fumar no mundo e 80% deles vivem em países em desenvolvimento (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2005). A partir da década de 70, começaram a ser divulgados resultados de pesquisas que indicam que, além dos riscos para os fumantes, as crianças expostas à fumaça de tabaco ambiental apresentavam taxas de doenças respiratórias mais elevadas do que as que não se expunham (REPACE; ACTION ON SMOKING ANDHEALTH, 2003). Estudos mais recentes mostram que não-fumantes cronicamente expostos à fumaça do tabaco têm 30% de risco de desenvolver câncer de pulmão e 24% de risco de desenvolver doenças cardiovasculares mais que os não-fumantes não expostos. Nos EUA, estima-se que a exposição à fumaça do tabaco é responsável por cerca de 3 mil mortes anuais devido ao câncer de pulmão entre não-fumantes (REPACE; ACTION ON SMOKING AND HEALTH, 2003). As mulheres e as crianças são os grupos de maior risco, em função da exposição passiva no ambiente doméstico. Além disso, os efeitos do tabagismo passivo também decorrem da exposição no ambiente de trabalho, onde a maioria dos trabalhadores não é protegida da exposição involuntária da fumaça do tabaco, pela ausência de regulamentações de segurança e de saúde nos ambientes de trabalho. Na atualidade a Organização Mundial da Saúde considera a exposição à fumaça do tabaco fator de risco ocupacional (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2005). O Programa Nacional de Controle do Tabagismo sistematiza quatro grandes grupos de estratégias: o primeiro voltado para a prevenção da iniciação do tabagismo, tendo como público-alvo crianças e adolescentes; o segundo, envolvendo ações para estimular os fumantes a deixar de fumar; um terceiro grupo no qual se inserem medidas que visam proteger a saúde dos não-fumantes da exposição à fumaça do tabaco em ambientes fechados; e, por fim, medidas que regulam os produtos de tabaco e sua comercialização (BRASIL, 2003g). Em 15 anos, as ações desenvolvidas reduziram a proporção de fumantes na população brasileira, de 32% em 1989, para 19% em 2003. Esta taxa é similar às encontradas atualmente nos Estados Unidos e Canadá, países líderes no controle do tabagismo (BRASIL, 2003g). PRINCÍPIOS As diretrizes deste guia seguem um conjunto de princípios. Alguns deles são comuns aos vários relatórios de recomendações dietéticas (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1998). Outros são específicos para a realidade brasileira. Assim, a abordagem baseada na família reflete a cultura brasileira e a atual preocupação com a relação entre doenças, alimentação e modos de vida. Este guia foi elaborado em uma linguagem simples. Os profissionais de saúde que trabalham na comunidade são encorajados a utilizá-lo como base para a elaboração de folhetos, cartazes e outros instrumentos de apoio adaptados às condições locais. Oprincípio da “abordagem integrada” Considerando o perfil epidemiológico nacional, caracterizado pelo peso multiplicado das doenças, as políticas e os programas brasileiros de alimentação e nutrição não devem se restringir à prevenção e ao controle das DCNT, uma vez que as deficiências nutricionais e as doenças infecciosas permanecem como aspectos fundamentais da saúde pública no Brasil. Assim, as diretrizes deste guia terão também o efeito de apoiar a prevenção da desnutrição e de deficiências nutricionais e o aumento da resistência a muitas doenças infecci-osas. Recomendações de natureza integrada têm sido formuladas e sancionadas pelos governos de diferentes nações, desde o início do século XX
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    Parte2Princípios e diretrizesdo Guia e os atributos da alimentação saudável
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    DIRETRIZ 6 -GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 31 PARTE 2 - Princípios e diretrizes do Guia e os atributos da alimentação saudável (DRUMMOND e WILBRAHAM, 1981). Tornou-se evidente, nos últimos dez ou 15 anos, que uma abordagem nutricional abrangente, diretamente orientada para as deficiências nutricionais e DCNT, é possível, necessária e viável (BENGOA et al., 1988, 1989; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1990c; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; UNITED NATIONS ADMINISTRATIVE COORDINATING COMMITTEE, 2 0 0 0 ; UNITED NATIONS ADMINISTRATIVE COORDINATING COMMITTEE; INTERNATIONAL FOOD POLICY RESEARCH INSTITUTE, 2000; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003a). Não é mais apropriado delinear recomen-dações destinadas a prevenir um tipo ou grupo específico de doença relacionada à alimentação. O instrumento para ambas as abordagens é único e unificado e inclui a promoção da alimentação saudável e a adoção de modos de vida saudáveis. Essa abordagem integrada é também apoiada por provas convincentes de que as deficiências nutricionais e as doenças crônicas não-transmissíveis estão biologicamente associadas e de que, especificamente, a desnutrição da criança no útero materno aumenta a suscetibilidade a um conjunto de DCNT na vida adulta (BARKER, 1998; PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 2000; U N I T E D N A T I O N S A D M I N I S T R A T I V E COORDINATING COMMITTEE; INTERNATIONAL FOOD POLICY RESEARCH INSTITUTE, 2000); portanto, a promoção de modos de vida saudáveis - em especial conjugando e articulando alimentação saudável e atividade física - deve ser enfatizada ao longo do curso da vida: da infância à velhice, permitindoumavida longa, produtiva e saudável. O princípio do “referencial científico e a cultura alimentar” As recomendações que buscam a prevenção das doenças se baseiam em padrões alimentares semelhantes àqueles utilizados tradicionalmente em muitas regiões do mundo que possuem uma cultura alimentar consolidada e onde as pessoas não convivem com situações de insegurança alimentar e nutricional. Tal como indicado nos relatórios que refe-renciam este guia, essas dietas apresentam as seguintes características: - São ricas em grãos, pães, massas, tubérculos, raízes e outros alimentos com alto teor de amido, preferencialmente na sua forma integral. - São ricas e variadasemfrutas, legumes e verduras e em leguminosas (feijões) e outros alimentos que fornecem proteínas de origem vegetal; - Incluem pequenas quantidades de carnes, laticínios e outros produtos de origem animal; - Em conseqüência, contêm fibras alimentares, gorduras insaturadas, vitaminas, minerais e outros componentes bioativos. Contêm também baixos teores de gorduras, açúcares e sal. Esse consenso científico em relação aos princípios de uma alimentação adequada, que ficou evidente nos anos 80 e foi consolidado nos anos 90, é uma informação vital para os governos e para outros agentes de transformação, porque implica uma reorientação de prioridades: incentivar o delineamento de políticas para criar ou proteger sistemas alimentares baseados em uma grande variedade de alimentos de origem vegetal. Em nível nacional, a recomendação para o consumo de maiores quantidades de frutas, legumes e verduras e menor quantidade de gorduras, açúcares e sal tem implicações profundas nas políticas e práticas agrícolas e industriais. Por exemplo, o consenso de que dietas baseadas em uma grande variedade de alimentos de origem vegetal contribuem na proteção contra as doenças implica desenvolver ou identificar formas efetivas e atuais de apoio a práticas sustentáveis de produção de alimentos. Isso porque, em muitas partes do mundo, incluindo o Brasil, a agricultura familiar, a produção e o processamento tradicionais de alimentos criaram culturas alimentares baseadas em grãos, raízes, leguminosas, frutas, legumes e verduras. Oprincípio do “referencial positivo” Sempre que possível, as diretrizes deste guia foram desenvolvidas a partir de um referencial positivo. Elas enfatizam primeiramente as vantagens dos alimentos e das refeições saudáveis, estimulando o consumo de determinados alimentos mais do que proibindo o de outros. A segunda, terceira e quarta diretrizes, para alimentos que contêm amidos (cereais, tubérculos e raízes), frutas, legumes e verduras e para feijões são exemplos de recomendações positivas. Mensagens com uma
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    32 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA abordagem positiva são mais eficazes, porque as pessoas são naturalmente mais atraídas por esse tipo de contexto. Algumas orientações com caráter restritivo - por exemplo para que se consumam menos gorduras, gorduras saturadas e açúcar, menos sódio (sal) - são, contudo, inevitáveis frente às evidências científicas que relacionam o consumo excessivo desses grupos de alimentos ao risco aumentado de desenvolvimento de DCNT, repercutindo nas estatísticas nacionais e internacionais de morbidade e mortalidade. A intenção da abordagem deste guia é que ele seja mais propositivo e menos prescritivo, ou seja, que enfatize os atributos, as vantagens e as ações factíveis para adoção de uma alimentação saudável, ao invés de focalizar e explorar ações que não devem ser realizadas. Salientando-se o que se tem de positivo na alimentação brasileira, pode-se fomentar mudanças e auxiliar em escolhas mais saudáveis, tanto para o consumo alimentar quanto em relação ao estilo de vida. É importante preservar a autonomia de escolha das pessoas em relação à seleção de alimentos, desde que o direito à informação esteja garantido. O resgate das práticas e dos hábitos regionais brasileiros, apostando em um movimento oposto à “globalização das dietas” e descaracterização das culturas alimentares mundiais, além de promover saúde, pode contribuir para reforçar a soberania alimentar e auxiliar na preservação da identidade alimentar-cultural do Brasil. Oprincípio da “explicitação de quantidades” As diretrizes específicas para profissionais de saúde e membros de famílias, sempre que possível, são quantificadas e expressas como limites de consumo ou por número de porções. Reco-mendações qualitativas, tais como “coma mais frutas, legumes e verduras” ou “modere o seu consumo de açúcar”, são úteis como orientações gerais, mas necessitam de recomendações quantificadas adicionais para tornarem-se con-cretas e práticas, auxiliando os profissionais e as famílias a estipular as metas a serem alcançadas para atendimento das diretrizes (SOUTHGATE et al., 1990). Oprincípio das “variações das quantidades” As diretrizes são geralmente expressas com uma margem de variação. Assim, “cerca de 10%” e “três ou mais porções” indicam variações. O princípio da quantificação implica que as diretrizes são expressas como porcentagens ou proporções do consumo total de energia. O consumo de energia necessário para manutenção da saúde e da boa nutrição varia com o sexo, a idade, o nível de atividade física, o estado fisiológico, a presença ou ausência de doenças e mesmo do estado nutricional atual da pessoa; contudo, neste guia as informações são para a população como um todo. Assim, para essas quantificações, este guia adotou como parâmetro um brasileiro saudável com uma ingestão média diária de 2.000 quilocalorias (kcal). As porções reco-mendadas para grupos e pessoas com exigências expressivamente diferentes de 2.000kcal por dia devem ser calculadas individualmente por um nutricionista. Oprincípio do “alimento como referência” O ato de alimentar-se envolve diferentes aspectos que manifestam valores culturais, sociais, afetivos e sensoriais. Assim, as pessoas, dife-rentemente dos demais seres vivos, ao alimenta-rem- se não buscam apenas suprir as suas necessidades orgânicas de nutrientes. Não se “alimentam” de nutrientes, mas de alimentos palpáveis, com cheiro, cor, textura e sabor; portanto, as diretrizes deste guia são baseadas em alimentos e, consideradas no seu conjunto, abarcam um plano alimentar completo. Isso significa que, sempre que possível, são expressas em termos de alimentos e bebidas, mais do que em termos de componentes nutricionais, como ocorria com a maioria dos documentos com orientações dietéticas produzidos até os anos 90. As diretrizes envolvem todos os grupos de alimentos que são importantes veículos de nutrientes essenciais e, portanto, visam à adoção de uma alimentação completa, adequada e saudável. Algumas recomendam o aumento do consumo de determinados grupos de alimentos; outras objetivam assegurar a manutenção dos níveis de consumo pela nossa população porque estão adequadas às orientações para uma dieta saudável;
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    DIRETRIZ 6 -GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 33 já outras orientam a redução ou a moderação no consumo de alguns grupos de alimentos também baseadasemevidências científicas que revelamuma associação destes grupos com maior risco de doenças (açúcares, sal e gorduras, por exemplo). Os argumentos favoráveis às reco-mendações dietéticas baseadas em alimentos estão muito bem documentados na literatura científica.O aumento no leque de evidências científicas sobre a relação de dietas com as doenças é expresso em termos de alimentos, mais do que em componentes dietéticos específicos (WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1998). As diretrizes para a alimentação saudável, baseadas em alimentos, quando devidamente especificadas, são facilmente compreendidas por todas as pessoas. Ao contrário, as recomendações baseadas nos componentes nutricionais dos alimentos, tais como gorduras saturadas, fibras e ácido fólico, encerram mais complexidade e dificultam a compreensão, embora sejam relevantes para profissionais de saúde, sendo úteis e essenciais para o planejamento de serviços de alimentação e de nutrição para a coletividade. São também úteis para orientação dos consumidores para entendimento adequado dos rótulos dos alimentos. Destaca-se ainda que as diretrizes com base nos alimentos encerram um sentido especial nos documentos nacionais, porque especificam o tipo dos alimentos e as refeições consumidos no País, enfatizando as práticas alimentares em nosso contexto cultural. Oprincípio da “sustentabilidade ambiental” O enfoque assumido neste guia, com o claro incentivo ao consumo de alimentos nas formas mais naturais e produzidos localmente e à valorização dos alimentos regionais e da produção familiar e da cultura alimentar, além de estimular mudanças de hábitos alimentares para a redução do risco de ocorrência de doenças, valoriza a produção e o processamento de alimentos com o uso de recursos e tecnologias ambientalmente susten-táveis. Atualmente se reconhece como prioritária a produção de alimentos que fomente e garanta a Segurança Alimentar e Nutricional nacional, mas se reconhece como igualmente prioritário o uso da terra e da água, de forma ecologicamente sustentável e com impactos sociais e ambientais positivos. O princípio da “originalidade - um guia brasileiro” Este guia contém as primeiras diretrizes alimentares oficiais para o Brasil e para os brasileiros. É um guia para a população brasileira, com base em alimentos do Brasil e fundamentado em sua cultura alimentar. A ciência em que se baseiam as diretrizes é, com certeza, universal e os objetivos e as orientações utilizam, como pilares, as recomendações e os textos de apoio recentemente publicados em documentos internacionais (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989a; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1990c; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; UNITED NATIONS ADMINISTRATIVE COORDINATING COMMITTEE, 2000; UNITED NATIONS ADMINISTRATIVE COORDINATING COMMITTEE, INTERNATIONAL FOOD POLICY RESEARCH INSTITUTE, 2000; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003a). Este guia assemelha-se, no desenvolvimento de seus prin-cípios, com outros recentemente produzidos em muitos países da América Latina (PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 1998c) e emoutras partes do mundo. Muitas vezes supõe-se que a alimentação saudável é muito diferente daquela que as pessoas consomem habitualmente. É verdade que, nas últimas duas décadas, os brasileiros, tanto os que vivem nas cidades como aqueles de áreas rurais, mudaram o seu padrão alimentar, reduzindo o consumo de frutas, legumes e verduras e elevando o de alimentos e bebidas com alto teor de gordura e açúcares e/ou sal (MONTEIRO et al., 1995a, 2000a, 2000) e se distanciaram dos alimentos e refeições tradicionais brasileiros, reconhecidos como saudáveis e saborosos, devendo ser valorizados e difundidos.Umexemplo é o abandono do consumo de uma das preparações mais típicas e comuns a todas as regiões brasileiras: arroz com feijão, combinação nutricionalmente rica e adequada. Oprincípio da “abordagem multifocal” Cada recomendação neste guia é expressa de quatro maneiras. A primeira é uma recomen-dação direcionada para todas as pessoas e é PARTE 2 - PRINCÍPIOS E DIRETRIZES
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    34 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA concebida para ser utilizada em diferentes contextos informativos e educacionais. Posterior-mente, há recomendações para aqueles setores da sociedade que estão intrinsecamente mais preocupados com o tema: são as sugestões para os governos ou para as indústrias, objetivos para os profissionais de saúde e recomendações para membros da família. Existem vantagens nessa abordagem multifocal. Os governos e a indústria têm responsabilidades próprias, os profissionais de saúde precisam de objetivos com uma abordagem técnica e os membros das famílias precisam de diretrizes práticas, o que é complementado na seção “Colocando as diretrizes em prática (p.106)”. Desse tipo de abordagem poderão também fazer uso outros profissionais, como os de educação e comunicação, por exemplo, que necessitem fazer uso de orientação mais prática sobre os temas de alimentação. Sugestões para os governos e para o setor os produtivo de alimentos (indústria e comércio): profissionais e gestores políticos que atuam em todas as esferas - federal, estadual e municipal - necessitam ter acesso aos consensos científicos e técnicos sobre alimentação e saúde, de maneira que não sejam criadas situações de competição ou anulação entre programas e ações, mas que auxiliem na formulação e implementação de políticas saudáveis, sustentáveis e em consonância de objetivos e metas, em diferentes áreas. O mesmo se aplica a todos os ramos da indústria de alimentos, incluindo agricultores, produtores, distribuidores, fornecedores de alimentação, importadores e exportadores. É do interesse de todos que o sistema alimentar brasileiro promova a saúde. Na verdade, quanto mais valor se dá à alimentação, mais prósperos todos os envolvidos tendem a ser. Por exemplo, é provável que a recomendação dietética mais desafiadora deste guia seja a de que todas as pessoas devam consumir mais frutas, legumes e verduras. Essa recomendação para os governos e para o setor industrial é concretizada por meio da orientação para promover a produção, a transformação e o consumo de todos os tipos de frutas, legumes e verduras, principalmente aqueles disponíveis local e regionalmente. A iniciativa de promover o resgate e valorizar o consumo de alimentos regionais (BRASIL, 2002b) contribui para a concretização dessa recomendação, assim como a maior disponibilidade desses produtos no comércio a preços acessíveis para toda a população. , os objetivos Para os profissionais de saúde das orientações destinam-se a capacitá-los para orientar adequadamente grupos populacionais saudáveis a partir dos 2 anos de idade. Elas foram especificamente elaboradas para profissionais - em âmbito nacional, regional, estadual, institucional, municipal e da comunidade - cujas preocupações incluem promover a saúde e prevenir doenças. Isso significa que as orientações são destinadas a manter as pessoas saudáveis e, portanto, não estão incluídas orientações para grupos “de risco” e pessoas já doentes, em situação clínica relacionada a alguma alteração específica na alimentação . Essas pessoas devem ser atendidas, orientadas e acompanhadas individualmente por nutricionista. As orientações para os membros da família têm como objetivo revalorizar a refeição em grupo. Compartilhar as refeições em família é, por si só, um hábito saudável, tanto sociocultural como nutricionalmente. Nas sociedades modernas, as pessoas cada vez mais se isolam dos outros membros da família, mesmo quando estão sob o mesmo teto. É crescente o número de refeições feitas pelo indivíduo de maneira solitária, fora de casa e mesmo em casa. Não é esta a proposta deste guia. Ao contrário, valoriza-se o ato de alimentar-se no ambiente famil-iar, permitindo a integração das pessoas por meio do compartilhar o momento da alimentação, como importante para o fortalecimento das relações afetivas e de integração familiar. As orientações para os membros da família e as sintetizadas no capítulo “Colocando as diretrizesemprática (p.106)”, quando especificadas em quantidades individuais, têm apenas o objetivo de facilitar o cálculo para transformação das quantidades para o número de membros familiares. Tais como os objetivos para os profissionais de saúde, as orientações para os membros da família são para as pessoas saudáveis com idade igual ou Orientações especiais para superior a 2 anos. membros da família considerados “de risco” ou em situação clínica relacionada a alguma doença que necessite de uma alteração específica na alimentação deverão ser elaboradas por nutricionistas nos serviços de saúde.
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    DIRETRIZ 6 -GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 35 Os Atributos da Alimentação Saudável O ato da alimentação deve estar inserido no cotidiano das pessoas, como um evento agradável e de socialização. Por se tratar deumguia que deve atender a toda a população, com suas diversas e variadas características demográficas, sociais, econômicas, culturais, não é possível estabelecer-se aqui prescrições dietéticas impor-tantes e fundamentais sem dúvida para aten-dimento individual, sob condições específicas feitas por nutricionistas. Dessa forma, não constitui objetivo deste guia apresentar “prescrições dietéticas”, mas diretrizes que podem e devem ser seguidas por todos, possibilitando que as pessoas dêem preferência aos alimentos mais nutritivos em quantidades suficientes de maneira a promover saúde e prevenir doenças. As práticas alimentares saudáveis devem ter como enfoque prioritário o resgate de hábitos alimentares regionais inerentes ao consumo de alimentos in natura , produzidos em nível local, culturalmente referenciados e de elevado valor nutritivo, como frutas, legumes e verduras, grãos integrais, leguminosas, sementes e castanhas, que devem ser consumidos a partir dos 6 meses de vida até a fase adulta e a velhice, considerando sua segurança sanitária. Não se pode esquecer de sempre considerar os aspectos comportamentais e afetivos relacionados às práticas alimentares. Uma alimentação saudável deve contem-plar alguns atributos básicos. São eles: ao contrário do - Acessibilidade física e financeira: que tem sido construído socialmente, por meio de informação equivocada, veiculada principalmente pela mídia, uma alimentação saudável não é cara, pois se baseia em alimentos in natura e produzidos regionalmente. O apoio e o fomento aos agricultores familiares e às cooperativas para a produção e a comercialização de produtos saudáveis, como grãos, leguminosas, frutas, legumes e verduras, são importantes alternativas, não somente para a melhoria da qualidade da alimentação, mas também para estimular a geração de renda em pequenas comunidades, além de sinalizar para a integração com as políticas públicas de produção de alimentos; o argumento da ausência de sabor da - Sabor: alimentação saudável é outro tabu a ser desmis - tificado, pois uma alimentação saudável é e precisa ser pragmaticamente saborosa. O resgate do sabor como um atributo fundamental é um investimento necessário à promoção da alimentação saudável. As práticas de marketing muitas vezes vinculam a alimentação saudável ao consumo de alimentos industrializados especiais e não privilegiam os alimentos naturais e menos refinados, como, por exemplo, tubérculos, frutas, legumes e verduras e grãos variados - alimentos saudáveis, saborosos, culturalmente valiosos, nutritivos, típicos e de produção factível em várias regiões brasileiras, inclusive e principalmente por pequenos agricul - tores familiares; o consumo de vários tipos de alimentos - Variedade: fornece os diferentes nutrientes, evitando a monotonia alimentar, que limita a disponibilidade de nutrientes necessários para atender às demandas fisiológicas e garantirumaalimentação adequada; a alimentação saudável contemplaumaampla - Cor: variedade de grupos de alimentos com múltiplas colorações. Sabe-se que quanto mais colorida é a alimentação, mais rica é em termos de vitaminas e minerais. Essa variedade de coloração torna a refeição atrativa, o que agrada aos sentidos e estimula o consumo de alimentos saudáveis, como frutas, legumes e verduras, grãos e tubérculos em geral; esta característica da alimentação se - Harmonia: refere especificamente à garantia do equilíbrio em quantidade e em qualidade dos alimentos consumidos para o alcance de uma nutrição adequada, considerando que tais fatores variam de acordo com a fase do curso da vida e outros fatores, como estado nutricional, estado de saúde, idade, sexo, grau de atividade física, estado fisiológico. Vale ainda ressaltar que, entre os vários nutrientes, ocorrem interações que podem ser benéficas, mas também prejudiciais ao estado nutricional, o que implica a necessidade de harmonia e equilíbrio entre os alimentos consumidos; os alimentos devem ser - Segurança sanitária: seguros para o consumo, ou seja, não devem apresentar contaminantes de natureza biológica, física ou química ou outros perigos que comprometam a saúde do indivíduo ou da população. Assim, com o objetivo de redução dos riscos à saúde, medidas preventivas e de controle, incluindo as boas práticas de higiene, devem ser adotadas em toda a cadeia de alimentos, desde a PARTE 2 - PRINCÍPIOS E DIRETRIZES
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    36 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA sua origem até o preparo para o consumo em domicílio, em restaurante e em outros locais que comercializam alimentos. A vigilância sanitária deve executar ações de controle e fiscalização para verificar a adoção dessas medidas por parte das indústrias de alimentos, dos serviços de alimentação e das unidades de comercialização de alimentos. Além disso, a orientação da população sobre práticas adequadas de manipulação dos alimentos deve ser uma das ações contempladas nas políticas públicas de promoção da alimentação saudável. A estratégia para promoção da alimen-tação saudável também deve levar em consideração modificações históricas importantes que contri-buíram para a transição nutricional, tais como: - O papel do gênero nesse processo, quando a mulher assume uma vida profissional extra-domicílio, continua ainda acumulando a res-ponsabilidade sobre a alimentação da família. A atribuição de atividades à mulher no ambiente do trabalho remunerado e no espaço doméstico se coloca como um novo paradigma da sociedade moderna, que não tem criado mecanismos de suporte social para a desconcentração dessa atribuição como exclusivamente feminina; - A modificação dos espaços físicos para o com-partilhamento das refeições e nas práticas cotidianas para a preparação dos alimentos; - As mudanças ocorridas nas relações familiares e pessoais com a diminuição da freqüência de compartilhamento das refeições em família (ou grupos de convívio); - A perda da identidade cultural no ato das preparações e receitas com a chegada do “evento social” da urbanização/globalização; - O crescente consumo de alimentos indus-trializados, pré-preparados ou prontos que respon-demaumademanda de praticidade; - A desagregação de valores sociais e coletivos que vêm culturalmente sendo perdidos em função das modificações acima referidas. O principal desafio na formulação e na implementação de estratégias para a promoção da alimentação saudável passa, portanto, necessa-riamente, por torná-la viável em um contexto no qual os papéis, os valores e o sentido de tempo estão emconstante mudança. Assim, a promoção de uma alimentação saudável, de modo geral, deve prever um escopo amplo de ações que contemplem a formação de hábitos alimentares saudáveis desde a primeira infância, favorecendo o deslocamento do consumo de alimentos pouco saudáveis para alimentos mais saudáveis e resgatando hábitos e fomentando padrões alimentares mais saudáveis entre grupos populacionais com o hábito alimentar já esta-belecido, respeitando a identidade cultural e alimentar de indivíduos e de populações. As Diretrizes: algumas considerações A parte 2 do Guia Alimentar para a Popu-lação Brasileira está organizada em três tópicos principais: - O primeiro tópico desenvolve o conjunto de diretrizes visando à alimentação saudável e à promoção da saúde; - O segundo tópico apresenta sugestões práticas, sistematizadas no capítulo “Colocando as diretrizes em prática”(p.106), que, como o próprio título sugere, são informações que dão aos membros da família idéias e sugestões sobre como cumprir as diretrizes e como planejar refeições saborosas, acessíveis e saudáveis; - O terceiro tópico aborda o tema da rotulagem de alimentos, valorizando as informações contidas nos rótulos dos alimentos como ferramenta essencial para a seleção de alimentos mais saudáveis, esclarecendo o seu conteúdo e orientando a sua adequada utilização para esse fim. Todas as diretrizes do guia alimentar estão dispostas da mesma maneira: primeiro, as orientações para todas as pessoas, expressas sumariamente numa linguagem clara que se dirige indistintamente às pessoas saudáveis maiores de 2 anos de idade; depois, seguem-se os objetivos para os profissionais de saúde, as sugestões específicas para os governos e para o setor produtivo de alimentos, incluindo a indústria e o comércio, e as orientações para os membros da família. Cada diretriz apresentada está baseada em evidências científicas que estão sintetizadas na parte 3 deste documento. refere-se aos alimentos A Diretriz 1 saudáveis e às refeições no seu conjunto, abordando inclusive alguns conceitos que serão adotados no decorrerdaapresentação das demais diretrizes.
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    DIRETRIZ 6 -GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 37 As Diretrizes 2, 3 e 4 componentes da alimentação que correspondem ao grupo dos grãos (como arroz, milho e trigo) e outros alimentos que são ricos em amido ou carboidratos complexos (pães, massas, mandioca e outros tubérculos e raízes); grupo das frutas, legumes e verduras; e grupo das leguminosas (feijões) e outros vegetais ricos em proteínas. Esses três grupos de alimentos são os componentes principais de uma alimentação saudável. A Diretriz 5 animal (leite e derivados, carnes e ovos), que são nutritivos e integram, em quantidades moderadas, dietas saudáveis. A Diretriz 6 com altos teores de gorduras, açúcares e sal, prejudiciais à saúde quando consumidos de maneira regular e emgrandes quantidades. A Diretriz 7 trata dos alimentos de origem trata de alimentos e bebidas tem como tema a água, cujo A Diretriz Especial 1 A Diretriz Especial 2 especificam os AnexoA consumo é vital para a saúde. trata da atividade física regular ao longo da vida, que, aliada à alimentação saudável, resulta em um impacto positivo e protetor à saúde. Embora este seja um guia alimentar, as evidências científicas mostram, inequivocamente, que a alimentação saudável e a prática de atividade física são importantes e indissociáveis para a promoção de modos de vida saudáveis e para a qualidade de vida, justificando-se esta recomendação no guia alimentar. diz respeito aos cuidados para manter a qualidade sanitária dos alimentos desde o momento da compra à conservação, à preparação e ao consumo dos alimentos. Embora não elaborado em forma de diretriz, reconhece-se que o conhecimento sobre métodos e técnicas de processamento de alimentos deve merecer a atenção, pois tem impacto na seleção de alimentos mais (ou menos) saudáveis que comporão as refeições diárias. A maior parte dos alimentos que compõem a alimentação diária é, obviamente, processada de alguma forma. Os métodos de produção, processamento, preser-vação, incluindo a adição de sal e açúcar, preparação e cozimento dos alimentos afetam a sua qualidade e sua composição nutricional. Essa abordagem está presente no . Espera-se que as diretrizes estejam ela-boradas de forma clara e que sejam úteis ao trabalho dos profissionais de saúde, que sejam incorporadas por gestores de políticas públicas em alimentação e nutrição e pelas indústrias de alimentos e que efetivamente contribuam para melhorar a qualidade de vida e para a promoção da saúde das famílias brasileiras. PARTE 2 - PRINCÍPIOS E DIRETRIZES
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    DIRETRIZ 6 -GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 41 Todos - Refeições são saudáveis quando prepa-radas com alimentos variados, com tipos e quantidades adequadas às fases do curso da vida, compondo refe-ições coloridas e saborosas que incluem alimentos tanto de origem vegetal como animal. - Para garantir a saúde, faça pelo menos três refei-ções por dia (café da manhã, almoço e jantar), inter-caladas por pequenos lanches. - A alimentação saudável tem início com a prática do aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade e complementar até pelo menos os 2 anos, e se prolonga pela vida com adoção de bons hábitos alimentares. Profissionais de saúde - Sobre a necessidade de se realizar pelo menos três refeições diárias, intercaladas com lanches saudá-veis; - Quanto à importância da consulta e interpretação da informação nutricional e da lista de ingredientes presentes nos rótulos dos alimentos, para a seleção de alimentos mais saudáveis; -As mulheres durante a gestação sobre a importância da prática do aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade da criança e sobre os passos para a alimentação complementar após esse período. - Os cereais, de preferência integrais, as legumi-nosas e as frutas, legumes e verduras, no seu conjunto, devem fornecer mais da metade (55% a 75%) do total de energia diária da alimentação. Governo e setor produtivo de alimentos - Aumentar e incentivar a produção, o processa-mento, o abastecimento e a comercialização de todos os tipos de alimentos que compõem uma alimentação saudável. - Implementar programas de orientação e educação nutricional, de forma continuada, respei-tando a identidade cultural das populações. - Garantir a qualidade dos alimentos - in natura e processados - colocados no mercado para consumo da população. Orientar: Saber que: - Implantar, fiscalizar e exigir a implantação das Boas Práticas de Manipulação de Alimentos em locais de processamento, manipulação, venda e consumo de alimentos. - Assegurar o cumprimento da legislação que promove o aleitamento materno enquanto direito da criança à alimentação adequada. - Garantir que programas públicos de alimentação e nutrição incorporem os princípios da alimentação saudável. - Regulamentar estratégias de marketing de alimen-tos, em todas as formas de mídia, principalmente para aquelas direcionadas para crianças e adoles-centes. Família - Consuma diariamente alimentos como cereais inte-grais, feijões, frutas, legumes e verduras, leite e deri-vados e carnes magras, aves ou peixes. - Diminua o consumo de frituras e alimentos que contenham elevada quantidade de açúcares, gorduras e sal. - Valorize a sua cultura alimentar e mantenha seus bons hábitos alimentares. - Saboreie refeições variadas, ricas em alimentos regionais saudáveis e disponíveis na sua comuni-dade. - Escolha os alimentos mais saudáveis, lendo as informações nutricionais dos rótulos dos alimentos. - Alimente a criança somente com leite materno até a idade de 6 meses e depois complemente com outros alimentos, mantendo o leite materno até os 2 anos ou mais. - Procure nos serviços de saúde orientações a respeito da maneira correta de introduzir alimentos complementares e refeições quando a criança completar 6 meses de vida. Considerações e informações adicionais Oque se denomina “alimentação saudável” pode adquirir muitos significados dependendo do país ou região de um mesmo país, cultura e época. Porém, em geral, a alimentação saudável é sempre constituída por três tiposdealimentos básicos: 1) alimentos com alta concentração de carboidratos, como os grãos (incluindo arroz, milho e trigo), pães, massas, tubérculos (como as batatas e o inhame) e raízes (como a mandioca); DIRETRIZ 1 - Os alimentos saudáveis e as refeições
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    42 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA 2) As frutas, legumes e verduras; 3) Os alimentos vegetais ricos em proteínas (particularmente os cereais integrais, as legumi-nosas e também as sementes e castanhas) (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989a; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1990b, 2003a; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 1998b; UNITED NATIONS ADMINISTRATIVE COORDINATING COMMITTEE, 2000). As leguminosas incluem o feijão-verde, feijão-de-corda, jalo, preto, largo, flageolé, cario-quinha, azuqui, rim, mungo, pinto, fradinho, macassar, guandu e branco e também as lentilhas, ervilhas secas, fava, soja e grão-de-bico. Neste guia, a palavra “feijões” será usada para se referir a todos esses tipos de leguminosas. Os alimentos de origem animal também são parte de uma alimentação saudável, que inclui pequenas quantidades de carne de boi ou porco, carneiro, coelho, jacaré e outras, aves, peixe, ovos e também leite, queijo e iogurte, preferencialmente desnatados ou com baixos teores de gordura. Os sistemas alimentares, compostos pela rede de produção, abastecimento e comer-cialização, que disponibilizam alimentos variados de origem vegetal, somados aos tipos mais saudá-veis de alimentos de origem animal, e que têm como base a cultura alimentar nacional e regional, são de importância fundamental para a saúde pública, para a segurança alimentar e nutricional e para a soberania deumpaís. As diretrizes contidas neste guia contri-buirão para a adoção de uma alimentação saudável, em todas as fases do curso da vida, exceto para crianças menores de 2 anos de idade que têm orien-tações específicas consolidadas no para Crianças Menores de Dois Anos" e nos “Dez Passos para a Alimentação Saudável da Criança Menor de Dois Anos" (BRASIL, 2002d, 2002e). "Guia Alimentar A alimentação, quando adequada e vari-ada, previne as deficiências nutricionais e protege contra as doenças infecciosas, porque é rica em nutrientes que podem melhorar a função imunoló-gica. Pessoas bem alimentadas são mais resistentes às infecções (SCRIMSHAW et al., 1968; UNITED NATIONS ADMINISTRATIVE COORDINATING COMMITTEE, 2000; SCRIMSHAW, 2000). Uma alimentação saudável contribui também para a proteção contra as doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) e potencialmente fatais, como diabetes, hipertensão, acidente vascular cere-bral, doenças cardíacas e alguns tipos de câncer, que, em conjunto, estão entre as principais causas de incapacidade e morte no Brasil e emvários outros países. Essa proteção é devida a três fatores interre-lacionados: 1) o consumo de uma diversidade de nutri-entes que protegem e mantêm o funcionamento adequado do organismo; 2) a reduzida quantidade de gorduras satu-radas, gorduras totais, açúcares, sal e álcool, compo-nentes relacionados ao aumento de risco de DCNT; 3) a baixa concentração energética que previne o excesso de peso e a obesidade, que, por sua vez, aumentam o risco de outras doenças crônicas não-transmissíveis (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989a; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1990b, 2000a, 2003a; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; UNITED NATIONS ADMINISTRATIVE COORDINATING COMMITTEE, 2000). Em crianças, a ingestão inadequada de energia por meio dos alimentos pode gerar uma deficiência nutricional séria que compromete a saúde, o crescimento e o desenvolvimento adequa-dos, a resistência contra as doenças, podendo levá-las à morte. Atualmente, os cientistas, profissionais de saúde pública e formuladores de políticas em alimentação e nutrição estimulam o desenvolvi-mento de recomendações para uma alimentação saudável baseadaemalimentos e nãoemnutrientes (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1998), mesmo porque os alimentos são compostos por nutrientes; mas, para definir e recomendar uma alimentação saudável, os parâmetros nutricionais são conside-rados e, com bases neles, são estabelecidas as orien-tações para consumo dos alimentos organizadosem grupos, de acordo com seus nutrientes principais. Sempre que necessário, ao longo deste guia foram incluídas informações adicionais a respeito dos nutrientes: compostos bioativos, vitaminas e minerais, fibra alimentar, proteínas, carboidratos e açúcar, gorduras e ácidos graxos. Todos esses nutrientes são encontrados nos alimentos.
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    DIRETRIZ 6 -GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 43 Carboidratos totais: Sabendo um pouco mais “Carboidratos” Gorduras: Sabendo um pouco mais Carboidratos Sabendo um pouco mais “Os Diferentes Tipos de Gorduras” (página 78). Proteínas: Sabendo um pouco mais “Proteínas” (página 63). Os carboidratos compõem a maior parte da matéria viva no planeta Terra, constituindo, portanto, a maior parte da alimentação humana: 55% a 75% do VET devem ser fornecidos pelo grupo dos carboidratos. Os carboidratos são subdivididos em carboidratos complexos (amidos), carboidratos simples (açúcares simples ou livres) e fibras alimentares. No Guia Alimentar para a População Brasileira chamaremos os carboidratos complexos (ricos em amidos) de carboidratos e os simples de açúcares. De forma geral, todos os grupos de alimentos, exceto as carnes, os óleos e as gorduras e o sal possuem carboidratos, diferindo na quantidade e no tipo de carboidrato que compõe o alimento. Quando essa quantidade é alta, considera-se o alimento como fonte de carboidratos: cereais, tubérculos e raízes. Os carboidratos complexos são fontes de energia e também de vitaminas do complexo B e de ácidos graxos essenciais que participam do metabolismo do sistema nervoso. A alimentação saudável deve incluir os carboidratos complexos em grande quantidade e fibras alimentares. Para mais informações, veja box (45% a65%do VET) Sabendoumpouco mais “Fibra Alimentar” (página 61). Os carboidratos simples (açúcares simples), fontes apenas de energia, devem compor a alimentação em quantidades bem reduzidas (< 10% do VET) , porque o seu consumo excessivo está relacionado com o aumento de risco de obesidade e outras doenças crônicas não-transmissíveis e cáries dentais. As evidências científicas mais recentes estabelecem as seguintes recomendações para a participação dos macronutrientes (carboidratos, gorduras e proteínas) no valor energético total (VET) da alimentação, que são levadas em conta neste guia para as diretrizes aqui estabelecidas. 55% a 75% do valor energético total (VET). Desse total, 45% a 65% devem ser provenientes de carboidratos complexos e fibras e menos de 10% de açúcares livres (ou simples) como açúcar de mesa, refrigerantes e sucos artificiais, doces e guloseimas em geral. Para mais informações, veja box , nesta seção. 15% a 30% do valor energético total (VET) da alimentação. As gorduras (ou lipídios) incluem uma mistura de substâncias com alta concentração de energia (óleos e gorduras), que compõem, em diferentes concentrações e tipos, alimentos de origem vegetal e animal. São componentes importantes da alimentação humana, pois são fontes de energia; contudo, o consumo excessivo de gorduras saturadas está relacionado a várias doenças crônicas não-transmissíveis (doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, acidentes cerebrovasculares e câncer). Para mais informações, veja box 10% a 15% do valor energético total (VET). São componentes dos alimentos de origem vegetal e animal que fornecem os aminoácidos, substâncias importantes e envolvidas em praticamente todas as funções bioquímicas e fisiológicas do organismo humano. As fontes alimentares mais importantes são as carnes em geral, os ovos e as leguminosas (feijões). Para mais informações veja box De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o presente guia também se propõe a orientar e estimular a prática de uma alimentação saudável segundo as seguintes recomendações: - Manter o equilíbrio energético e o peso saudável; - Limitar a ingestão energética procedente de gorduras; substituir as gorduras saturadas por insaturadas e eliminar as gorduras trans (gorduras hidrogenadas); DIRETRIZ 1 - Os alimentos saudáveis e as refeições
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    44 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA - Aumentar o consumo de frutas, legumes e ver-duras, cereais integrais e feijões; - Limitar a ingestão de açúcar livre; - Limitar a ingestão de sal (sódio) de toda pro-cedência e consumir sal iodado. Sabendo um pouco mais Doenças Transmitidas por Alimentos e Água (DTA) A qualidade sanitária dos alimentos é uma das condições essenciais para a promoção e manutenção da saúde e deve ser assegurada pelo controle eficiente da manipulação em todas as etapas da cadeia alimentar. Procedimentos incorretos de manipulação dos alimentos podem causar as DTA, ou seja, doenças em que os alimentos ou a água atuam como veículo para transmissão de organismos prejudiciais à saúde ou de substâncias tóxicas. As DTA podem se manifestar das seguintes formas: a) infecções transmitidas por alimentos : são doenças que resultam da ingestão de um alimento que contenha organismos prejudiciais à saúde. Exemplos: salmonelose, hepatite viral tipoAe toxoplasmose; b) intoxicações alimentares : ocorre quando uma pessoa ingere alimentos com substâncias tóxicas, incluindo as toxinas produzidas por microrganismos, como bactérias e fungos Exemplos: botulismo, intoxicação estafilocócica e toxinas produzidas por fungos; c) : são doenças que resultam da ingestão de alimentos que apresentam organismos prejudiciais à saúde, sendo que eles ainda liberam substâncias tóxicas. Exemplo: cólera. Os sintomas das DTA variam de acordo com o organismo ou a toxina encontrados no alimento e a quantidade do alimento ingerido. Os sintomas mais comuns das DTA são vômitos e diarréias, podendo também apresentar dores abdominais, dor de cabeça, febre, alteração da visão, olhos inchados, dentre outros. Para adultos sadios, a maioria das DTA dura alguns dias e não deixam seqüelas; para pessoas mais susceptíveis, como crianças, idosos, gestantes e pessoas doentes, as conseqüências podem ser mais graves, podendo inclusive levar à morte. Algumas DTA são mais severas, apresentando complicações mais graves até para as pessoas sadias. Para evitar ou reduzir os riscos de DTA, medidas preventivas e de controle, incluindo as boas práticas de higiene, devem ser adotadas na cadeia produtiva, nos serviços de alimentação, nas unidades de comercialização de alimentos e nos domicílios, visando à melhoria das condições sanitárias dos alimentos. Veja mais informações na . toxinfecção causada por alimentos Diretriz Especia 2 (página 97) .
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    DIRETRIZ 2 -Cereais, tubérculos e raízes 47 Todos - Arroz, milho e trigo, alimentos como pães e massas, preferencialmente na forma integral; tubérculos como as batatas; raízes como a mandioca devem ser a mais importante fonte de energia e o principal componente da maioria das refeições. Profissionais de saúde Orientar: - O consumo de alimentos ricos em carboidratos complexos (amidos), como cereais, de preferência integrais, tubérculos e raízes, para garantir 45% a 65%da energia total diária da alimentação; - O consumo diário de 6 porções de cereais, tubérculos e raízes. Saber que: - A presença diária desses alimentos na alimentação vem diminuindo (em 1974, correspondia a 42,1% e em 2003 era de 38,7%). Essa tendência deve ser revertida, por meio do incentivo ao consumo desses grupos de alimentos pela população, na forma in . Para atender ao limite mínimo recomendado natura (45%), o consumo atual deve ser aumentado em aproximadamenteem20%; - No Brasil, é obrigatória a fortificação das farinhas de trigo e milho com ferro e ácido fólico, estratégia que objetiva a redução da anemia ferropriva e de problemas relacionados à má-formação do tubo neural. A orientação de consumo dessas farinhas é particularmente importante para crianças, idosos, gestantes e mulheresemidade fértil. Governo e setor produtivo de alimentos - Promover a produção, a industrialização, a comercialização e o consumo de todos os tipos de alimentos ricos em carboidratos, preferencialmente os integrais e os regionais produzidosemnível local. - Incentivar a pesquisa e incorporação de tecnologia de processamento que preserve o valor nutritivo dos alimentos. - Assegurar e fomentar a incorporação de cereais, tubérculos e raízes nos programas institucionais de alimentação. Família Coma diariamente - 6 porções do grupo de arroz, pães, massas, tubérculos e raízes . Dê preferência aos grãos integrais. Considerações e informações adicionais Desde os primórdios da agricultura, há cerca de 12.000 anos, até muito recentemente, a maior parte da energia consumida por diferentes populações tinha origem em alimentos à base de carboidratos. Os carboidratos podem ser simples (que são os açúcares) ou complexos (que são os amidos presentes principalmente em cereais, tubérculos e raízes). Para efeito deste guia, chamaremos os carboidratos complexos (ricos em amidos) de carboidratos e os simples de açúcares. Para mais informações sobre carboidratos, consulte o box Sabendoumpouco mais “Carboidratos” (página 43). As principais fontes de carboidrato na alimentação do brasileiro são os grãos, como o arroz, o trigo e o milho; os tubérculos, como as batatas; e as raízes, principalmente a mandioca. Os grãos contêm na sua composição cerca de 70% de carboidrato. Além da presença de carboidratos complexos, nutrientes importantes para uma alimentação saudável são compostos por proteínas e vitaminas do complexo B e outras vitaminas, minerais, ácidos graxos essenciais e fibras alimentares. Por exemplo, uma alimentação rica em ácido fólico, ou vitamina B9, protege a integridade do tubo neural durante o seu desenvolvimento nos primeiros meses de vida intra-uterina, evitando má-formação da medula espinhal da criança e anencefalia(WYNNeWYNN, 1979; GARZA, 1993). Tubérculos e raízes, tais como batata-i n g l e s a , b a t a t a - d o c e , b a t a t a - b a r o a (mandioquinha), mandioca, cará ou inhame, têm alta porcentagem de água e, portanto, contêm relativamente menor quantidade de carboidrato que os grãos, mas a maior parte da energia que proporcionam ainda é fornecida pelos carboidratos. Contêm também vitaminas e minerais em quantidades variáveis. A batata-inglesa e batata-doce são fontes de ácido ascórbico (vitamina C ) . A batata-doce é rica em carotenos, precursores vegetais da vitamina A (substâncias que no organismo humano ajudam na formação desse
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    48 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Sabendo um pouco mais As Porções e Quantidades Recomendadas nas Diretrizes Otamanhoemque os alimentos são oferecidos aumentou, ou seja, as porções oferecidas ficaram maiores. Neste guia, para garantir que as pessoas saibam a quantidade correta de alimento a ser consumida, de acordo com o grupo do alimento, adotaremos o conceito de porção de alimento. “Porção” é aqui utilizado como “a quantidade de alimento em sua forma usual de consumo expressa em medida caseira, unidade ou forma de consumo (fatia, xícara, unidade, colher de sopa, etc.)" (PHILIPPI, 2003), considerando também a “quantidade média do alimento que deve ser usualmente consumida por pessoas sadias, para compor uma alimentação saudável” (BRASIL, 2003b). Essas duas definições têm o objetivo de controlar os casos em que o padrão usual de consumo origina porções de alimentos que não permitem alcançar ou que extrapolem as quantidades que poderiam ser saudáveis no conjunto da alimentação. Porções de diferentes alimentos estão apresentadas no Anexo C deste guia. nutriente). Essa vitamina é essencial para a atividade imunológica e para a visão. Na sua forma integral, todos os tubérculos e raízes são ricosemfibras alimentares; grande parte das fibras, juntamentecoma vitamina B, é perdidaquando esses alimentos são descascados. Por isso, recomenda-se que esses alimentos sejam cozidos com casca, previamente bem higienizada, que será retirada apenas antes do consumo. Podem ser utilizados de diferentes formas: cozidos, assados e fritos. A mandioca, alimento rico em carboidrato e originário do Brasil, pode ser consumidaemsua forma natural ou como farinha, e são inúmeros os exemplos da culinária nacionalparaseuusoempreparaçõessalgadasedoces. Os tubérculos e as raízes podem ser cozidos de diferentes maneiras e combinados com outros alimentos. Quando fritos, absorvem muita gordura, porissopreparaçõesfritasdevemser evitadas. Fibra alimentar é o termo técnico utilizado para denominar as partes dos vegetais que resistem ao processo de digestão. A alimentação com quantidade adequada de alimentos com carboidratos em sua forma integral, ou seja, que preservaram a fibra alimentar, auxilia a função intes-tinal, protegendo contra a constipação intestinal (prisão de ventre) e possivelmente contra a doença diverticular e o câncer do cólon (ROYAL COLLEGE OF PHYSICIANS, 1980; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997). Para mais informações, veja os boxes Sabendo um pouco mais “Constipação Intestinal”, (página 58) e “Fibra Alimentar” (página 61). A recomendação de dar preferência às formas integrais dos alimentos é justificada pelo fato de que a manutenção do teor de vitaminas e minerais do produto original depende do grau de processamento a que o alimento é submetido. Uma técnica comum de processamento de cereais é a refinação. As vitaminas, minerais, ácidos graxos essenciais e fibras são preservados no arroz e na farinha de trigo integrais, mas o arroz branco, o pão branco e a farinha e as massas comuns refinadas perdem a maior parte das vitaminas, os minerais, os ácidos graxos e as fibras. Já a técnica que processa o arroz parboilizado permite reter mais vitaminas do complexo B e óleos, se comparado com o arroz branco, masemteores menores do que os existentes nos alimentos integrais. A fortificação de alimentos é a técnica industrial que pode recuperar, intensificar ou adicionar valor nutricional aos alimentos. A ocorre quando, durante o pro-cessamento do alimento, determinado nutriente é recuperação perdido e, para correção, o nutriente é reposto no produto. A intensificação ocorre quando um nutriente que é natural do alimento é adicionado em maiores quantidades e a adição quando um alimento, embora não seja fonte natural de um determinado nutriente, do ponto de vista tecnológico pode ser um bom veículo desse nutriente. Atualmente, o mercado de alimentos dispõe de uma ampla variedade de alimentos fortificados. No caso do Brasil, visando à prevenção
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    DIRETRIZ 2 -Cereais, tubérculos e raízes 49 e ao controle das deficiências de ferro (anemia ferropriva) e de ácido fólico na população, a legislação nacional tornou obrigatória a fortificação das farinhas de trigo e milho com ferro e ácido fólico (RDC-Anvisa n° 344/2002). A fortificação do alimento é descrita no rótulo dos alimentos. Como uma das orientações para uma alimentação saudável, o grupo dos carboidratos totais (complexos + açúcares livres ou simples) deve fornecer de 55% a 75% do valor energético total (VET) da alimentação diária; destes, mais da metade da energia fornecida deverá ter origem em alimentos ricos em carboidratos complexos (grãos, tubérculos e raízes), ou seja, 45% a 65% do VET. Uma alimentação que atenda a essa recomendação traz muitos benefícios, principalmente quando se utilizam carboidratos em sua forma integral. Considerando uma mesma faixa de ingestão de energia, por exemplo, 2.000kcal, uma alimentação rica em carboidratos possivelmente terá menor quantidade de gordura, principalmente as saturadas, e menos açúcar e pode proteger, portanto, as pessoas contra o excesso de peso, obesidade, alguns tipos de câncer e outras DCNT (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989a; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1990b, 2000a; DEPARTMENT OF HEALTH AND SOCIAL SECURITY , 1994; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; U N I T E D N A T I O N S A D M I N I S T R A T I V E COORDINATING COMMITTEE, 2000). Em termos técnicos, essa alimentação será concentrada em (alta densidade de nutrientes),emvez de nutrientes concentrada em energia, característica que está associada ao excesso de peso e obesidade e a outras DCNT. Por outro lado, se o consumo de alimentos ricos em carboidratos é maior do que o recomendado (acima de75%do total energético da alimentação diária) e há pouca variedade nos tipos de alimentos consumidos, os nutrientes fornecidos por essa alimentação não são suficientes para garantir a nutrição e a saúde adequadas, podendo levar a algum tipo de deficiência nutricional. Por isso, crianças de famílias de baixa renda estão mais expostas ao risco de deficiência de proteínas e de micronutrientes, pois a alimentação disponível nessas famílias é baseada principalmente em alimentos fontes de energia, mas pobres em micronutrientes e com baixo teor protéico (SOUTHGATE, 1993a). Essas crianças estão também mais vulneráveis a doenças infecciosas (SCRIM-SHAW et al., 1968; SCRIMSHAW, 2000). Além da desnutrição e das deficiências específicas de micronutrientes, como anemias, hipovitaminoseAe outras, estudos recentes sugerem que a alimentação pobre durante a fase de crescimento e desenvolvimento da criança possivelmente aumenta o risco de alguns tipos de câncer na fase adulta (WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997). Os tipos de carboidratos que compõem a alimentação também merecem atenção. Por exemplo, uma alimentação baseada em alimentos e que alcancem apenas o limite infe-rior não-refinados recomendável (45%) é mais saudável que as constituídas por alimentos refinados , mas que se encontram no limite superior (65%) de energia oriunda desse grupo de alimentos. A tendência de consumo desses alimentos no Brasil é de queda: enquanto em 1974 esses alimentos forneciam 42,1% do valor energético da alimentação da população, em 2003 essa taxa caiu para 38,6%. Isso significa que, para alcançar o limite mínimo de consumo recomendado (45%), é preciso aumentar em cerca de 20% o consumo atual desse grupo de alimentos. A participação relativa desses alimentos nas famílias de menor renda é mais alta do que nas de maior renda; entre os mais pobres o consumo atende ao recomendado. Outra característica do consumo nacional desses alimentos é a queda de consumo de arroz e pão e aumento de biscoitos (bolachas salgadas, doces e as recheadas); estes são produtos, em geral, com elevado teor de gorduras trans e sal ou açúcar, portanto prejudiciais à saúde quando consumidos em grandes quantidades (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2004a). Orientações complementares Profissionais de Saúde - Dada a magnitude estimada da anemia por carência de ferro no Brasil, é fundamental que as pessoas, independentemente da fase do curso da vida, sejam orientadas a consumir farinhas fortificadas com ferro e ácido fólico e os produtos elaborados com elas. Essas farinhas estão
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    50 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA disponíveis no mercado, por obrigatoriedade de Resolução da Anvisa (RDC n.° 344/2002), desde junho de 2004. Essa orientação é particularmente importante para crianças, idosos, gestantes e mulheresemidade fértil. Governo - O incentivo à utilização de alimentos naturais, ou com um mínimo de processamento, em programas de alimentação em escolas, em creches ou em outros locais de atendimento a grupos específicos (população institucionalizada como idosos, população carcerária, centros de acolhimento de crianças e adolescentes) é exemplo de ação governamental que pode contribuir para o alcance desta diretriz e para o desenvolvimento e manutenção de hábitos alimentares saudáveis. - Ressalta-se ainda a importância de capacitação dos profissionais de saúde, em particular os que trabalham com alimentação e nutrição na atenção básica, de maneira a assegurar informação e orientação adequadas aos usuários dos serviços de saúdeemtodas as fases do curso da vida. - Garantir os procedimentos e as rotinas de inspeção da qualidade e teor de fortificação das farinhas de trigo e milho. Setor produtivo de alimentos - É importante fomentar o desenvolvimento de produtos menos refinados e com baixo teor de gorduras, sal e açúcar e sua comercialização a preços acessíveis a toda a população. Sabendo um pouco mais OConsumo Recomendado de Alimentos Vegetais Recomenda-se o consumo diário de 6 porções do grupo do arroz, pães, massas, batata, mandioca, alimentos ricos em carboidratos. Nas próximas páginas, também se orienta o consumo de 3 porções de frutas, 3 porções de verduras e legumes e 1 porção de leguminosas (feijões) por dia. A recomendação é que 55% a 75% da energia diária provenham de frutas, legumes e verduras, cereais - de preferência integrais - e tubérculos e raízes. Essa recomendação geral a respeito dos vegetais acompanha os documentos oficiais e relatórios internacionais (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1990b, 2003a; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; UNITED NATIONS ADMINISTRATIVE COORDINATING COMMITTEE, 2000; EURODIET, 2001; NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989b; PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 1998b). Inicialmente pode parecer que esta orientação seja difícil de ser alcançada ao longo do dia, no entanto, os pesos dos alimentos preconizados para as porções são referentes aos alimentos preparados e prontos para consumo. No prato, o arroz e o feijão, por exemplo, pesam muito mais do que quando secos.
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    DIRETRIZ 6 -GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 53 Todos - Frutas, legumes e verduras são ricos em vitaminas, minerais e fibras e devem estar presentes diariamente nas refeições, pois contribuem para a proteção à saúde e diminuição do risco de ocorrência de várias doenças. Profissionais de saúde Orientar: -Oconsumo diário de 3 3 porções de frutas e porções nas refeições diárias; delegumes e verduras - Sobre a importância de variar o consumo desses grupos de alimentos nas diferentes refeições e ao longo da semana; - E informar sobre a grande variedade desses alimentos disponíveis em todas as regiões do País e incentivar diferentes modos de preparo desses alimentos para valorizar o sabor. Saber que: - A participação de frutas, legumes e verduras no valor energético total fornecido pela alimentação das famílias brasileiras, independentemente da faixa de renda, é baixa, variando de 3% a 4%, entre 1974-2003; - O consumo mínimo recomendado de frutas, legumes e verduras é de 400 gramas/dia para garantir 9% a 12% da energia diária consumida, considerando uma dieta de 2.000kcal. Isso significa aumentar em pelo menos 3 vezes o consumo médio atual da população brasileira. Governo e setor produtivo de alimentos - Valorizar e promover a produção e o proces-samento, com preservação do valor nutritivo de frutas, legumes e verduras, principalmente os de origem local, na perspectiva do desenvolvimento sustentável. - Fomentar mecanismos de redução dos custos de produção e comercialização desses alimentos. - Criar estratégias que viabilizem a instalação de rede local de comercialização, facilitando o acesso regular da população a esses alimentos, a preços acessíveis. - Monitorar, segundo a legislação, o uso de agentes químicos (agrotóxicos) potencialmente prejudiciais à saúde. - Viabilizar campanhas e outras iniciativas de comunicação social e de educação que valorizem e incentivem o consumo desses alimentos. - Assegurar a presença desses alimentos nos programas públicos e/ou institucionais de alimentação e nutrição (como o Programa de Alimentação do Trabalhador, Programa de Alimentação Escolar e outros) e nas refeições das populações institucionalizadas. Família - Coma diariamente pelo menos 3 porções de como parte das refeições e legumes e verduras 3 porções ou mais de frutas nas sobremesas e lanches . - Valorize os produtos da sua região e varie o tipo de frutas, legumes e verduras consumidos na semana. Compre os alimentos da estação e esteja atento para sua qualidade e estado de conservação. Considerações e informações adicionais A trilogia “frutas, legumes e verduras” é utilizada para enfatizar a importância da variedade alimentar e também porque esses grupos de alimentos devem ser parte importante das refeições e não somente lanches ocasionais (NATIONAL HEART FORUM, 1997a, 1997b; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997). As frutas, os legumes e as verduras são considerados excelentes alimentos e são abun-dantes no Brasil. As regiões brasileiras têm uma riqueza e variedades incalculáveis desses alimentos, veja box Sabendo um pouco mais “Alimentos Regionais”, nesta seção. Dependendo da região do Brasil e da cultura alimentar, as pessoas podem denominar de maneiras distintas os alimentos vegetais. Assim pode-se encontrar sob a denominação “verdura” todo o grupo de hortaliças e legumes. A depender da situação específica, adaptações de linguagem deverão ser feitas para facilitar a compreensão e adequada identificação do alimento a ser incentivado, o grupo correto ao qual o alimento pertence e o número de porções do referido alimento. Para mais informações, consulte o box Sabendo um pouco mais “O Que São Frutas, Legumes e Verduras Para os Fins de Orientação Neste Guia?”, nesta seção. DIRETRIZ 3 - Frutas, legumes e verduras
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    54 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Sabendo um pouco mais OQue São Frutas, Legumes e Verduras para os Fins de Orientação Neste Guia? Verduras e legumes são plantas ou partes de plantas que servem para consumo humano. As partes normalmente consumidas são as folhas, frutos, caules, sementes, tubérculos e raízes (PHILIPPI, 2003). Denomina-se “verdura” quando a parte comestível do vegetal são as folhas, flores, botões ou hastes. Utiliza-se a denominação “legume” quando as partes comestíveis são os frutos, sementes ou as partes que se desenvolvem na terra. Fruta é a parte polposa que rodeia a semente de plantas que possui aroma característico, sendo rica em suco, e tem sabor adocicado (PHILIPPI, 2003). A variedade desse grupo de alimentos é imensa; alguns têm apenas ocorrência local ou regional. Os de cultivo e comercialização mais abrangente incluem, por exemplo: acelga, agrião, aipo, alface, almeirão, brócolis, chicória, couve, couve-flor, escarola, espinafre, mostarda, repolho, rúcula, salsa e salsão. cenoura, beterraba, abobrinha, abóbora, pepino, cebola. acerola, laranja, tangerina, banana, maçã, manga, limão, mamão e muitas outras. No guia alimentar brasileiro, alimentos vegetais como os tubérculos e as raízes são considerados alimentos ricos em carboidratos ) e os feijões e outros grãos de leguminosas são considerados vegetais ricos em proteínas , portanto não estão incluídos nesta diretriz. Oincentivo ao consumo desses grupos de alimentos concentra-se principalmente em suas formas naturais. Produtos com alta concentração de açúcar, como as geléias de fruta e as bebidas com sabor de fruta e os vegetaisemconserva, com alto teor de sal, fazem parte do conjunto de alimentos cujo consumo está sendo incentivado nesta diretriz. O consumo regular de uma variedade de frutas, legumes e verduras, juntamente com alimentos ricos em carboidratos pouco processados, oferece garantia contra a deficiência da maior parte de vitaminas e minerais, isoladamente ou em conjunto, aumentando a resistência às infecções (SCRIMSHAW et al., 1968; SCRIMSHAW, 2000). As frutas, legumes e verduras são ricos em fibra alimentar e diferentes tipos de vitaminas como os carotenóides (precursores vegetais da vitamina A, que existem em grande quantidade nos vegetais verde-escuros e frutas de coloração amarela ou avermelhada), os folatos ou vitamina B9 (assim chamados porque,emlatim, o termo folium significa “folhas”) e o ácido ascórbico (vitamina C) (U.S. DEPARTMENT OF AGRICULTURE, 2005). Alimentos ricos em carotenóides protegem contra xeroftalmia, cataratas e outras doenças oculares, além de auxiliar na imunidade do organismo contra infecções. Já o ácido ascórbico (vitamina C) aumenta a absorção orgânica do ferro de origem vegetal, ajudando a prevenir a anemia ferropriva. O estímulo ao consumo desses a l i m e n t o s - f o n t e é muito importante particularmente nas regiões onde as deficiências de vitamina A e de ferro são altas (MCLAREN et al., 1993; HALSTED, 1993; KLERK et al., 1998). Por outro lado, é importante ressaltar que os vegetais não contêm vitamina B12, que, junto com o folato (ácido fólico ou vitamina B9), participa da formação das hemácias - células vermelhas do sangue - e do metabolismo de ácidos graxos e aminoácidos. As fontes principais da vitamina B12 são os alimentos de origem animal. Comreferência aos minerais, todas as frutas, os legumes e as verduras são ricos em potássio, cuja necessidade aumenta proporcionalmenteemrelação à quantidade de sódio na alimentação. Alguns alimentos desses grupos contêm quantidades adequadas de magnésio, cálcio e elementos-traço, que dependem da qualidade do solo no qual são produzidos(SOUTHGATE,1993b). Verduras: Legumes: Frutas: (Diretriz 2 (Diretriz 4) não
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    DIRETRIZ 6 -GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 55 DIRETRIZ 3 - Frutas, legumes e verduras O iodo faz parte da constituição dos hormônios tiroidianos - tiroxina (T4) e triiodoti-ronina (T3) -, que regulam o metabolismo energético, e pode estar presente em alguns alimentos vegetais. Porém, dependendo da composição do solo para cultivo, pode ocorrer insuficiência de iodo nos alimentos produzidos nesses locais. Portanto, para garantir o consumo adequado de iodo, a fonte mais segura é o sal fortificado para consumo humano (sal iodado). Outra vantagem nutricional das frutas, dos legumes e das verduras e também dos grãos e das leguminosas é que eles possuem compostos bioativos, que exercem funções biológicas benéficas distintas. Para mais informações, veja o box Sabendo um pouco mais “Compostos Bioativos”, nesta seção. As evidências científicas mostram ainda que uma alimentação rica em frutas, legumes e verduras protege contra as doenças pulmonares crônicas e obstrutivas, incluindo a asma e a bronquite. O mecanismo de ação parece ser a melhoria do fluxo de ar provocada pelos carotenóides e pelo ácido ascórbico, devido à ação antioxidante desses nutrientes (KLERK et al., 1998). Os estudos científicos mais recentes têm relacionado o consumo regular de uma quantidade mínima de 400g/dia desses grupos de alimentos ao menor risco de desenvolvimento de muitas doenças crônicas não-transmissíveis e à manutenção do peso adequado (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003a). São elementos de proteção para hiper-tensão arterial e para os acidentes cere-brovasculares (acidente vascular cerebral), provavelmente pelo seu alto teor de potássio. Devido ao seu alto teor de fibras e de compostos antioxidantes, esses alimentos são protetores também para hiperlipidemia (excesso de gordura no sangue) e doenças cardíacas. Por esses e outros motivos, essa alimentação auxilia na prevenção do câncer de vários órgãos (boca, esôfago, pulmão, estômago, cólon e reto e, provavelmente, pâncreas, mamae bexiga). As frutas, os legumes e as verduras, além de ricos em nutrientes, possuem baixo teor energético, portanto o consumo adequado desses alimentos Sabendo um pouco mais Vitaminas e Minerais As vitaminas e os minerais são substâncias presentes nos alimentos de origem vegetal ou animal em quantidades muito pequenas quando comparadas aos carboidratos, proteínas e gorduras, mas que são essenciais à saúde e à nutrição adequadas. Embora muitos alimentos contenham essas substâncias, as frutas, os legumes e as verduras são especialmente ricos em várias vitaminas e minerais. No Brasil e em muitos países, o controle das deficiências de vitaminas e minerais é prioridade em saúde pública. Por exemplo, a deficiência de vitamina A e de ferro são as principais deficiências no Brasil (WORLD BANK, 1994; BRASIL, 2003f). A deficiência de iodo, embora controlada, em zonas rurais de alguns estados do Centro-Oeste e Nordeste ainda merece atenção. Por outro lado, as deficiências de vitaminas e minerais não se limitam àquelas consideradas problemas de saúde pública, como as deficiências de ferro, vitamina A e iodo. A fome oculta, definida como a carência não explícita de um ou mais nutrientes, é considerada problema nutricional importante no mundo e envolve o estágio anterior ao surgimento de sinais clínicos detectáveis. Comumente há deficiência combinada de vitaminas e minerais (RAMALHO, 2004). As quantidades e proporções dos alimentos recomendados neste guia fornecem quantidades de vitaminas e minerais em níveis iguais e muitas vezes superiores aos necessários para a prevenção das deficiências (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989b; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997). Portanto, se seguidas as orientações deste guia, o uso de suplementos alimentares de vitaminas e minerais não é necessário, a não ser quando indicados individualmente por médico ou nutricionista.
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    56 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA auxilia na prevenção e no controle da obesidade e, indiretamente, contra outras doenças crônicas não-transmissíveis (diabetes, doenças cardíacas e alguns tipos de câncer), cujo risco é aumentado pela obesidade (NATIONAL HEART FORUM, 1997a, 1997b;WORLDCANCER RESEARCH FUND, 1997). Por outro lado, uma alimentação baseada em frutas, legumes e verduras não garante apenas proteção contra a deficiência de energia e proteínas, devido à baixa densidade energética desses grupos de alimentos. O consumo desses alimentos no Brasil é tradicionalmente baixo.Aparticipação desses grupos de alimentos no valor energético da alimentação das famílias brasileiras variou entre 3% e 4% do VET, entre 1974 e 2003. Embora a tendência de consumo esteja relativamente estável, é preciso implementar esforços para aumentar substancialmente o consumo desses grupos de alimentos. Nem mesmo as famílias de maior renda consomem atualmente o valor mínimo recomendado, mas entre famílias de mais alta renda o consumo chega a ser seis vezes maior do que entre as famílias mais pobres (INSTITUTO BRASILEIRODEGEOGRAFIAE ESTATÍSTICA, 2004a). Para alcançar o consumo recomendado como saudável para esses grupos de alimentos (9% a 12% do VET, considerando uma dieta de 2.000kcal), é preciso aumentar em quase três vezes o consumo médio atual da população, tendo-se como meta quantitativa mínima o valor de 400g/dia per capita. Esses grupos de alimentos têm um custo relativamente mais alto em relação a outros alimentos vegetais, se considerado o índice custo/caloria. Assim, diferentes áreas de governo podem contribuir para o aumento da oferta e redução de preços desses produtos, como agricultura, desenvolvimento agrário, indústria e comércio. Uma linha de estratégia importante é a continuidade e o fortalecimento do sistema orgânico de produção agropecuária e industrial de alimentos no País, com vistas à maior disponibilidade desses produtos a custos acessíveis à população. O sistema orgânico, também denominado ecológico, biodinâmico, biológico, natural, regenerativo, agroecológico e outros, utiliza processos e controles culturais, biológicos e Sabendo um pouco mais Compostos Bioativos Além das vitaminas e dos minerais, as verduras, os legumes e as ervas nativas do Brasil também contêm componentes bioativos, alguns dos quais especialmente importantes para a saúde humana (WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; WATZL e LEITZMANN, 1999). Eles incluem: aliáceas, encontradas na cebola e no alho (que dão o sabor característico a essas hortaliças); fitoestrogêneos, encontrados nos grãos e leguminosas, principalmente os de soja; glucosinolatos, encontrados nos vegetais crucíferos (couve e repolho); inibidores de proteases, encontrados em grãos e feijões; flavonóides, encontrados nas frutas, legumes e verduras e também no café e chá; e cumarinas, encontradas principalmente na mandioca. Outros compostos bioativos encontrados nos alimentos são: carotenóides (em frutas amarelas e verduras e legumes verde-escuros) e fosfolipídios (lecitina de soja). Os experimentos laboratoriais e a identificação dos mecanismos biológicos de ação dessas substâncias sugerem que alguns desses compostos podem reduzir o risco de doenças, incluindo as doenças cardíacas e o câncer. Contudo, a ciência nessa área ainda está no seu estágio inicial. Somente alguns vegetais foram analisados em sua composição fitoquímica e o efeito protetor dessas substâncias, nas concentrações em que ocorrem nas plantas, ainda não foi completamente compreendido. Com o desenvolvimento do conhecimento, a orientação permanece a mesma: uma alimentação rica em frutas, legumes e verduras, fontes naturais de vitaminas, minerais e compostos bioativos, é funda-mental para a manutenção da saúde.
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    DIRETRIZ 6 -GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 57 DIRETRIZ 3 - Frutas, legumes e verduras mecânicos em qualquer fase do processo de produção de alimentos ou da cadeia produtiva, em contraposição ao uso de organismos geneticamente modificados, agrotóxicos, hormônios e anabolizantes promotores de crescimento, radiações ionizantes e outros, com a finalidade de ofertar produtos saudáveis e isentos de contaminantes intencionais, proteger o meio ambiente, manter ou incrementar a atividade biológica e a fertilidade do solo, promovendo o uso saudável dos recursos naturais (do solo, da água e do ar). No Brasil, para sua comercialização, os alimentos e outros produtos orgânicos, oriundos de produção agropecuária ou de processo extrativista sustentável, devem ser certificados por organismo reconhecido oficial-mente, como associações, cooperativas e outras entidades que controlam a qualidade da produção segundo critérios estabelecidos em regulamento. O mercado para esse tipo de produto vem crescendo, principalmente nos grandes centros urbanos, apesar dos preços relativos serem, em geral, mais altos. Contudo, ao tempo em que é incentivada a integração e regionalização dessa atividade, entre os diferentes segmentos da cadeia produtiva, deve ser fomentada e fortalecida no âmbito das políticas públicas setoriais, para permitir maior escala na produção desses alimentos e facilitar o acesso da população a alimentos mais baratos e sob condições sanitárias adequadas. Orientações complementares Profissionais de Saúde - O aumento no consumo desses grupos de alimentos pode ser considerado o desafio mais importante do Guia Alimentar para a População Brasileira, tanto porque as provas científicas dos benefícios do consumo de frutas, legumes e verduras para a saúde são irrefutáveis, quanto Sabendo um pouco mais Alimentos Regionais Alguns tipos de frutas, legumes e verduras são produzidos e/ou comercializados em diferentes países. Dentre estas, as frutas mais comuns incluem maçã, banana, mamão, uva, limão, manga, melão, laranja, pêra, abacaxi, morango e melancia. Entre as verduras e legumes, berinjela, feijão-verde, couve, cenoura, couve-flor, pimentão, abóbora, cebola, alho-poró, espinafre, dentre outros. Outras frutas, legumes e verduras, originários do Brasil, não são comercializados nacionalmente em supermercados e estão presentes, preponderantemente, em redes locais, muitas vezes apenas em sistemas informais de varejo. Esses frutos regionais são: açaí, araçá, ata, babaçu, bacuri, biribá, buriti, cajá, cajarana, caju, carambola, cupuaçu, dendê, fruta-do-conde, fruta-de-palmas, jenipapo, goiaba, graviola, jabuticaba, jaca, jambo, juá, mangaba, maracujá, murici, oiti, pequi, pitanga, pitomba, pupunha, sapoti, sirigüela, tamarindo, umbu, etc. As hortaliças regionais são: alfavaca, azedinha, caruru, espinafre-africano, jambu-vinagreira, feijão-de- asa, feijão-de-metro, palma, taioba, beldroega, azedinha, bertalha, ora-pro-nobis, pimenta-murupi. Muitas frutas regionais são ricas em micronutrientes e emvárias substâncias bioativas. Por exemplo: buriti, dendê e pequi são fontes extremamente concentradas de carotenóides, bem como os seus óleos. Esses alimentos, abundantes nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, são naturalmente protetores contra a deficiência de vitamina A, que é endêmica nessas regiões, sendo importantes fontes locais dessa vitamina para a população (BRASIL, 2002b). O Brasil precisa reconhecer a importância dessa incalculável riqueza para o alcance de uma situação estável de segurança alimentar e nutricional de sua população. Para conhecer parte da diversidade regional de frutas, legumes e verduras no Brasil, consulte a publicação do Ministério da Saúde (www.saude.gov.br/nutricao). Alimentos Regionais
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    58 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA porque a média de consumo, tanto de legumes e verduras quanto de frutas, é baixa, apesar da sua abundância no Brasil. Os profissionais de saúde são elementos-chave para auxiliar no alcance da meta de aumento do consumo desses grupos de alimentos especialmente considerando a ampla variedade e disponibilidade deles nas diferentes regiões geográficas. - Conhecer e valorizar os alimentos regio-nais e os produtos produzidos localmente é um bom começo para incentivar o consumo desses grupos de alimentos. Governo e setor produtivo de alimentos - A diretriz para o consumo de frutas, legumes e verduras é umgrande desafio, uma vez que os níveis atuais estão muito aquém do que é comprovadamente saudável e protetor. O Ministério da Saúde, em suas ações de promoção da alimentação saudável, destaca a importância do aumento do consumo de frutas, legumes e verduras. - No âmbito da educação, a inserção de temas de alimentação e nutrição como componente transversal nos currículos do ensino fundamental e médio pode dar sustentabilidade às iniciativas de educação em saúde. A formação de hortas escolares e/ou comunitárias é estratégia que facilita o acesso a esses alimentos, além de ser um excelente instrumento de a t i v i d a d e s d i d á t i c a s , complementação de renda, participação e mobilização social, dentre outras vantagens. - O Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf), do Ministério do Desen-volvimento Agrário, pode ser uma janela de oportunidade para aumentar a produção desses alimentos, disponibilizando-os a preços acessíveis à população local, bem como assegurando o abastecimento de alimentos frescos e nutritivos em programas institucionais (escolas, creches, asilos e outros locais de acolhimento de população específica), conciliando produção e consumo saudável. Essa estratégia redundaria ainda na geração de renda para os agricultores familiares. - O setor produtivo necessita intensificar o desenvolvimento e a oferta de produtos saudáveis, a preços acessíveis, que incorporem frutas, legumes e verduras como matéria-prima principal e nenhuma ou quase nenhuma adição de açúcares, sal e gorduras, o que compromete o valor nutricional original desses alimentos. Sabendo um pouco mais Constipação Intestinal A constipação intestinal ou prisão de ventre é uma doença provocada principalmente pelo consumo insuficiente de fibras, porém, outros aspectos também são importantes para manter um bom funcionamento intestinal, evitando essa e outras doenças de origem gastroin-testinal. O bom funcionamento intestinal depende de três elementos inseparáveis. São eles: a ingestão de água, o consumo de fibras e a prática de atividade física. A regularidade da atividade intestinal só é adequada quando estes três fatores são atendidos. As fibras auxiliam na formação do bolo fecal e, em parceria com a quantidade de água ingerida e a atividade física, são responsáveis por estimular a atividade muscular intestinal. A forte tendência de consumo de alimentos industrializados pode agravar ou prejudicar o consumo diário de fibras. Os alimentos industrializados são, em sua grande maioria, processados. O processamento acaba retirando alguns nutrientes do alimento, sendo as fibras um deles. Observe a rotulagem nutricional que especifica a quantidade de fibras disponível nos alimentos selecionados para o seu consumo. As frutas, os legumes e as verduras (por exemplo, mamão, tamarindo, laranja, ameixa, manga, folhas em geral) são alimentos in natura e ótimas fontes de fibras e micronutrientes, além de ter baixa densidade energética. Os cereais integrais como arroz integral, pão integral, centeio, aveia, sementes de linhaça, farelo de aveia e trigo, dentre outros, também são ótimas alternativas para aumentar a quantidade de fibras ingeridas. Para mais informações veja box Sabendoumpouco mais " Fibra Alimentar" ( página 61).
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    DIRETRIZ 6 -GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 61 DIRETRIZ 4 - Feijões e outros alimentos vegetais ricos em proteína Todos - As leguminosas como os feijões e as oleaginosas como as castanhas e sementes são alimentos fundamentais para a saúde. - A preparação típica brasileira feijão com arroz é uma combinação alimentar saudável e completa em proteínas. Profissionais de saúde Orientar e estimular: - Oconsumodiáriode 1porçãodeleguminosas(feijões); - O consumo diário de feijão com arroz, na proporção de 1 para 2 partes; - O consumo de modo a que as leguminosas como feijões, lentilhas, ervilha seca, grão-de-bico, soja e outros garantam, no mínimo, 5% do total de energia diária.; - O consumo de castanhas e sementes, inclusive como ingredientes de diferentes preparações.; - O uso de diferentes modos de preparo para a valorização do sabor de todos os tipos de leguminosas. Saber que: - Embora a participação relativa de feijões na alimentação brasileira (5,68%) ainda esteja dentro da faixa recomendada de consumo, há uma Sabendo um pouco mais Fibra Alimentar O termo “fibra alimentar” refere-se às partes dos alimentos vegetais que resistem à digestão. As principais fontes de fibras são os alimentos vegetais como grãos, tubérculos e raízes, as frutas, legumes e verduras, leguminosas e outros vegetais, ricos em proteínas. Nenhum alimento de origem animal contém fibra alimentar. Os alimentos com alto teor de fibra são benéficos para a função intestinal. Elas reduzem o tempo que o alimento leva para ser digerido e eliminado e, por essa razão, previnem a constipação e possivelmente são fatores de proteção contra doenças diverticulares e contra o câncer do cólon (ROYAL COLLEGE OF PHYSICIANS, 1980; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997). Os alimentos com alto teor de fibra podem também reduzir o risco de outras doenças. Existem algumas evidências de que os alimentos com alto teor de fibra, de uma forma geral, e em particular os que contêm fibras solúveis (aveia, feijão e inhame, por exemplo), protegem contra a hiperlipidemia (excesso de gordura no sangue) e também são benéficos para pessoas com diabetes (ENGLYSTH, 1993; TROWELL e BURKITT, 1981; TROWELL et al., 1985). A quantidade de fibras na alimentação é um parâmetro de uma alimentação saudável, pois indica que a alimentação é rica em alimentos vegetais integrais e relativamente pouco refinados, e por isso rica em vitaminas, minerais e outros nutrientes (WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; UNITED NATIONS ADMINISTRATIVE COORDINATING COMMITTEE, 2000). Recomenda-se um consumo diário de no mínimo 25g/dia de fibras. Se a alimentação adotar a quantidade de cereais, tubérculos e raízes (Diretriz 1) ; de frutas, legumes e verduras ; e de feijões e outros alimentos vegetais ricosemproteínas , recomendados (Diretriz 2) (Diretriz 3) neste guia, essa quantidade de fibras é atendida. Alguns exemplos de quantidade média de fibra nos alimentos: maçã com casca - 3g; banana - 2g; laranja média - 3g; 1/2 xícara de brócolis - 2g; cenoura média - 2g; tomate médio - 2g; 1 xícara de alface - 1g; 1 fatia de pão integral - 2g; 1/2 xícara de arroz integral - 2g. Os alimentos processados no Brasil especificam o conteúdo de fibras. Para mais informações sobre a rotulagem de alimentos, consulte a seção “Utilizando o Rótulo dos Alimentos” (página 117).
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    62 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA tendência de queda preocupante, necessitando ser revertidaemcurto tempo. Governo e setor produtivo de alimentos - Promover a produção, processamento, comer-cialização e consumo de todos os tipos de leguminosas e oleaginosas, principalmente as originárias do Brasil, valorizando os hábitos alimentares regionais. - Fomentar mecanismos de redução dos custos de produção e comercialização de leguminosas, sementes e castanhas. - Assegurar a utilização de feijão e outras leguminosas, de acordo com os hábitos alimentares locais, em programas de alimentação nas escolas, creches e outras instituições. - Desenvolver ações de valorização da culinária nacional que promovam o consumo de preparações e alimentos saudáveis, inclusive por meio de campanhas educativaseinformativasnosmeiosdecomunicação. Família - Coma 1 porção de feijão por dia . Varie os tipos de feijões usados (preto, carioquinha, verde, de-corda, branco e outros) e as formas de preparo. Use também outros tipos de leguminosas (soja, grão-de-bico, ervilha seca, lentilha, fava). - Coma feijão com arroz na proporção de uma parte de feijão para duas partes de arroz, cozidos. Esse prato brasileiro é uma combinação completa de proteínas ebompara a saúde. Considerações e informações adicionais Os alimentos vegetais mais ricos em proteínas são as leguminosas; quando cozidos, contêm 6% a 11% de proteína. As leguminosas incluem os feijões verde, branco, jalo, preto, largo, flageolé, carioquinha, azuki, da-colônia, mantei-guinha, rim, mungo, pinto, fradinho, decorda ou macassar, guandu ou andu, mangalô e também as lentilhas, ervilhas secas, fava, soja e grão-de-bico. Para efeito deste guia, a palavra “ feijões ” abrange todos esses tipos de leguminosas. Os feijões contêm ainda carboidratos complexos (amido) e são ricos em fibra alimentar, vitaminas do complexo B, ferro, cálcio e outros minerais, bem como em compostos bioativos. Contêm pequenas quantidades de gordura, quase toda do tipo insaturada. São normalmente preparados e cozidos a partir de sua forma seca, retendo grande parte de seus nutrientes originais. Embora sejam ricos em ferro, esse nutriente é menos disponível que o fornecido por alimentos de origem animal, como as carnes, prin-cipal fonte de ferro da alimentação, que contêm ferro de maior biodisponibilidade (a utilização pelo organismo do ferro nos alimentos de origem animal é muito maior do que o ferro contido nos alimentos de origem vegetal). Para aumentar a utilização biológica do ferro e de outros minerais de origem vegetal, recomenda-se o consumo concomitante de alimentos ricos em vitamina C, provenientes das frutas, legumes e verduras (HALLBERG et al., 1993). A soja é uma leguminosa que, diferentemente das demais, é composta por proteínas de alto valor biológico, ou seja, que se assemelha às proteínas de origem animal. As sementes (de girassol, gergelim, abóbora e outras) e castanhas (do-brasil, de-caju, nozes, nozes-pecã, amêndoas, dentre outras) são também boas fontes de proteína e gordura, na sua maior parte insaturada, vitaminas (ácido fólico, niacina) e minerais (zinco, selênio, magnésio, potássio, dentre outros). Existem evidências de que as castanhas contribuem para reduzir o risco de doenças cardíacas, diabetes e algumas formas de câncer. Podem ser utilizadas como complemento de pratos e em lanches. É recomendável que o consumo seja nas formas assada e sem sal, uma vez que muitas delas já contêm naturalmente grande quantidade de gordura. A maior parte da proteína da alimentação típica brasileira era originariamente fornecida pela combinação de feijão e arroz. As proteínas dos feijões combinadas com a do arroz (cereais), cozidos na proporção de 1 parte de feijão para 2 partes de , são uma fonte completa de proteína para os arroz seres humanos (DE ANGELIS ET AL, 1982a; 1982b; . Já a alimentação constituída SOUZA, 1973) basicamente por mandioca e feijão, tradicio-nalmente representada pela farinha com feijão, é deficiente em proteínas, bem como em outros nutrientes essenciais, se contiver pouco grão e pouca carne ou outro alimento de origem animal. Os dados nacionais disponíveis, que permitem estimar o consumo alimentar domiciliar,
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    DIRETRIZ 6 -GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 63 DIRETRIZ 4 - Feijões e outros alimentos vegetais ricos em proteína revelam uma tendência de queda no consumo de feijões pela população, em prol de alimentos industrializados e menos saudáveis. Entre 1974 e 2003, a participação relativa de feijão e outras leguminosas no total energético da alimentação caiu em 31% (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEO-GRAFIA E ESTATÍSTICA, 2004a). Esse grupo de alimentos, além de boa fonte de proteínas, fibras, vitaminas e minerais, é uma fonte importante de energia para famílias de mais baixa renda. Em 2003, os feijões contribuíram com 5,68% do total de calorias, considerando toda a população. Desagregados por classe de rendimento familiar per capita (SMFPC), os dados mostram que a contribuição foi de 9,7% na classe de rendimento de até 1/4 do salário mínimo familiar per capita (SMFPC), enquanto que na classe de maior rendimento (mais de 5 SMFPC) a contribuição relativa foi de 4,49%. A participação dos feijões no valor energético da alimentação diminui com o aumento da renda, de tal forma que nas classes de renda mais elevada o consumo é menos da metade que na classe de famílias mais pobres (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2004a). A diminuição no consumo de feijões resultou em uma redução importante na ingestão de fibra alimentar, que era de 20g na década de 70 e de 12g na década de 90 (MENEZES et al., 2000). Considerando a importância nutricional da combinação arroz e feijão, ela deve ser resgatada ou mantida, valorizada e incentivada como elemento central da alimentação da população brasileira, pois há evidências de que este prato está perdendo importância e valor no hábito alimentar. Sabendo um pouco mais Proteínas Alimentos de origem animal, tais como carne de todos os tipos, leite e derivados e ovos, são nutritivos e boas fontes de proteínas. Essas proteínas são completas, o que significa que elas contêm todos os aminoácidos essenciais de que os seres humanos necessitam para o crescimento e a manutenção do corpo, mas que o organismo não é capaz de produzir (GARLICK; REEDS, 1993). Já os alimentos de origem vegetal podem ser ricos em proteínas; mas, com exceção da soja, elas são incompletas, ou seja, não possuem todos os aminoácidos essenciais ou na quantidade adequada às necessidades do ser humano. No entanto há algumas combinações de alimentos que complementam entre si os aminoácidos ou suas quantidades, tornando a combinação de proteínas de alto valor biológico (completa). Por exemplo, as refeições que combinam grãos de cereais e leguminosas são fontes completas de proteínas. Essas combinações têm vantagens. Os cereais e leguminosas são relativamente mais baratos que a carne; são integrais e, em geral, altamente nutritivos e, ao contrário da carne, têm baixos teores de gorduras e teor muito baixo de gorduras saturadas.Oequilíbrio e a harmonia na escolha das fontes protéicas animal e vegetal e a inclusão de grandes quantidades de frutas, legumes e verduras tornam a alimentação saudável emtodos os aspectos. No passado, acreditava-se que as crianças e também os adultos fisicamente ativos precisavam consumir alimentação com alto teor de proteína de origem animal. Hoje, sabe-se que não é assim. Uma alimentação rica em proteínas animais contém altos teores de gorduras totais e de gorduras saturadas, portanto pode não ser saudável. A alimentação recomendada neste guia tem como base quantidades essenciais e adequadas de proteínas vegetais e de origem animal, tanto para o crescimento de crianças maiores de 2 anos quanto para saúde dos adolescentes, adultos jovens e idosos (FOODANDAGRICULTURE ORGANIZATION, 1985).
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    64 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Orientações complementares Profissionais de Saúde - Os níveis atuais do consumo médio nacional de feijão estão dentro do recomendado; no entanto, a ação dos profissionais de saúde deve promover a manutenção desses níveis ou mesmo o aumento dos níveis do consumo. Pelo menos metade da ingestão diária de proteínas deveria ser de origem vegetal, não havendo inconveniência para a saúde se essa quantidade for ultrapassada. - Para melhor aproveitar o ferro existente nesses alimentos (aumento da biodisponibilidade do ferro), é adequado orientar o consumo de verduras ricas em vitamina C, junto com os feijões, ou temperar saladas com limão. A presença de um pedaço de carne na refeição, mesmo que pequeno, também aumenta a absorção do ferro de origem vegetal, se esses alimentos forem consumidos juntos. - É recomendado que leite e derivados não sejam consumidos junto às refeições principais (almoço e jantar), pois o cálcio interfere negativamente na absorção do ferro de origem vegetal e vice-versa. - Para assegurar refeições saudáveis, é preferível que os feijões não sejam preparados com carnes gordas ou embutidos, pois isso eleva muito o teor de gorduras saturadas e de sal, minimizando o efeito positivo do consumo de leguminosas. Feijoada e feijões com carnes gordas devem ser eventual ou ocasionalmente consumidos.
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    67 Todos -Leite e derivados, principais fontes de cálcio na alimentação, e carnes, aves, peixes e ovos fazem parte de uma alimentação nutritiva que contribui para a saúde e para o crescimento saudável. - Os tipos e as quantidades desses alimentos devem ser adequados às diferentes fases do curso da vida. Leites e derivados devem ser preferen-cialmente desnatados, para os adultos, e integrais para crianças, adolescentes e gestantes. Profissionais de saúde Orientar: - O consumo diário de derivados; - O consumo diário de 3 porções de leite e 1 porção de carnes, peixes ou ovos. - Sobre o alto valor biológico das proteínas presentes nos ovos, carnes, peixes, leite e derivados.; - Sobre a alta biodisponibilidade do ferro presente nas carnes, principalmente nos miúdos e nas vísceras e peixes; - E informar que leite e derivados são fontes de proteínas, vitaminas e a principal fonte de cálcio da alimentação, nutriente fundamental para a formação e manutenção da massa óssea. O consumo desse grupo de alimentos é importante em todas as fases do curso da vida, particularmente na infância, na adolescência, na gestação e para adultos jovens; - A escolha de produtos que contenham menor teor de gordura. O leite e seus derivados, para adultos que já completaram seu crescimento, deve ser preferencialmente desnatado. Crianças, particularmente, adolescentes e gestantes devem consumir leite e derivados na forma integral, desde que não haja contra-indicação em seu uso, definida por médico ou nutricionista. Governo e setor produtivo de alimentos - Promover a produção, o processamento, a comercialização e o consumo de leite e laticínios e outros alimentos de origem animal com baixos teores de gordura, tornando-os mais acessíveis - física e financeiramente - a toda a população. - Aumentar a disponibilidade interna de peixes por meio da produção sustentável e incentivar o seu consumo por toda a população. Família Consuma diariamente: - 3 porções de leite e derivados . Os adultos, sempre que possível, devem escolher leite e derivados com menores quantidades de gorduras. Crianças, adolescentes e mulheres gestantes devem consumir a mesma quantidade de porções, porém usando leite e derivados na forma integral; - 1 porção de carnes, peixes ou ovos . Prefira as carnes magras e retire toda a gordura aparente antes da preparação; - Coma mais frango e peixe e sempre prefira carne com baixo teor de gordura. Charque e derivados de carne (salsicha, lingüiça, presuntos e outros embutidos) contêm, em geral, excesso de gorduras e sal e somente devem ser consumidos ocasio-nalmente; - Coma pelo menos uma vez por semana vísceras e miúdos, como o fígado bovino, coração de galinha, entre outros. Esses alimentos são excelentes fontes de ferro, nutriente essencial para evitar anemia, em especial em crianças, jovens, idosos e mulheres em idade fértil. Considerações e informações adicionais Os seres humanos são onívoros, isto é, alimentam-se de uma enorme variedade de alimentos tanto de origem vegetal como animal. Desde a pré-história, a carne e os outros alimentos de origem animal fazem parte do consumo alimentar humano. Alimentos de origem animal incluem carnes e miúdos, aves, peixe e ovos, bem como leite, queijo e outros derivados do leite. No Brasil, as carnes mais comuns são as carnes bovinas, suínas e de aves (frango principalmente). Peixes de água doce e de água salgada são abundantes no Brasil, o que favorece o consumo de grande variedade de espécies. Os alimentos de origem animal são nutritivos, desde que consumidos com moderação. O consumo moderado é recomendado devido ao alto teor de gorduras saturadas nesses alimentos, que aumentam o risco de desenvolvimento da obesidade, de doenças cardíacas e outras doenças, incluindo alguns tipos de câncer (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1990b; DEPARTMENT OF HEALTH AND SOCIAL SECURITY, 1994; WORLD CANCER DIRETRIZ 5 - Leite e derivados, carnes e ovos
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    68 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Sabendo um pouco mais Alimentação Vegetariana Todos os tipos de carne e não somente a carne vermelha e o frango são fontes importantes de ferro de alta biodisponibilidade, nutriente importante para todas as pessoas, mas essencial para o crescimento das crianças e também para as mulheres em idade fértil, principalmente durante a gravidez. Os produtos de origem animal são fontes exclusivas de vitamina B12. Essa vitamina participa da formação das células vermelhas do sangue e no metabolismo de ácidos graxos. Sua deficiência leva, por exemplo, à anemia e a danos neurológicos. O leite, independentemente de seu conteúdo de gordura, é a principal fonte alimentar de cálcio, que juntamente com a vitamina D (sintetizada pelo organismo a partir da luz do sol), é necessário para o fortalecimento dos ossos durante a fase de crescimento (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989b). A atividade física regular ajuda na fixação do cálcio nos ossos. Por tudo isso, carnes vermelhas, aves, peixes, leite e derivados são nutritivos. O principal cuidado em relação ao consumo desses alimentos está relacionado ao conteúdo de colesterol, gordura total e gordura saturada que os compõem. Ao longo da história, na maioria das civilizações, os seres humanos consumiram carne e outros alimentos de origem animal. Por outro lado, algumas culturas e grupos não consomem carne, laticínios ou qualquer outro tipo de alimento de origem animal, seja por motivos religiosos, filosóficos ou por preferência e são populações saudáveis. Estudos nos EUA e na Inglaterra indicaram que os vegetarianos estão sujeitos a um menor risco de doenças cardíacas e de câncer, mas esses grupos têm também a tendência a não se expor a outros fatores de risco como o hábito de fumar, o que pode interferir nesse resultado (WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997). Outros estudos demonstram que indivíduos vegetarianos não apresentam risco maior de desenvolver osteoporose, quando comparados com não-vegetarianos (LEITZMANN, 2005; KOHLENBERG-MUELLER; RASCHKA, 2003; NEW, 2003; SELLMEYER et al., 2001; HEANEY, 2001; REED et al., 1994). Asoja, que tem participação importante nas dietas vegetarianas, apresenta menor quantidade de aminoácidos sulfurados do que as carnes vermelhas. Esse tipo de aminoácido está relacionado ao aumento de excreção de cálcio e, conseqüentemente, ao aumento do risco de desenvolvimento de osteoporose (COELHO, 1995). Quando a alimentação fornece quantidade adequada de ácido ascórbico (vitamina C), a absorção do ferro oriundo dos alimentos vegetais é melhorada. Portanto, uma alimentação vegetariana nutricionalmente adequada pode ser capaz de atender às necessidades nutricionais. Ao optar por uma alimentação vegetariana, é importante a consulta a um nutricionista de maneira a garantir a adequada substituição e combinação dos alimentos e não aumentar o risco à saúde por inadequação alimentar. Quanto mais restrita a alimentação, isto é, se exclui, além das carnes, leite e derivados e/ou ovos, mais importante ainda é essa orientação, especialmente se adotada por crianças, adolescentes, mulheres em idade fértil, gestantes e idosos. A alimentação vegetariana de qualquer tipo pode ser saudável ou não, dependendo dos alimentos escolhidos. Conhecer os alimentos e suas características nutricionais e saber compor uma alimentação, com mistura e variedade adequadas de alimentos, é o que torna ou não a alimentação vegetariana saudável.
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    DIRETRIZ 6 -GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 69 DIRETRIZ 5 - Leite e derivados, carnes e ovos Sabendo um pouco mais Cálcio x Osteoporose O tecido ósseo é um tecido orgânico ativo: seu metabolismo envolve a fixação e a saída do cálcio dos ossos (reabsorção). Nas fases do curso de vida quando os ossos estão sendo formados - infância e adolescência -, a fixação do cálcio é maior do que a sua reabsorção. O ser humano atinge o pico de massa óssea por volta dos 25 anos de idade. A partir dessa idade, a velocidade de fixação do cálcio nos ossos diminui progressivamente. Uma das conseqüências do envelhecimento é a perda de massa óssea que torna os ossos mais frágeis e a pessoa, às vezes, reduz de tamanho. Se a quantidade de cálcio fixada é menor do que a reabsorvida, a massa óssea vai tornando-se menos densa, podendo ocasionar a osteoporose. A osteoporose vem despontando nas últimas décadas como um importante problema de saúde pública. É uma doença que diminui a quantidade de massa óssea, levando à fragilidade dos ossos e aumentando o risco e a incidência de fraturas, em particular as vertebrais e femurais. Estima-se que 1/3 das mulheres com mais de 50 anos apresente risco de desenvolver osteoporose. O consumo excessivo de sódio é muito prejudicial, podendo levar ao aparecimento da osteoporose (MCBEAN et al., 1994). Este é mais um motivo para orientar o consumo moderado de sal e evitar alimentos processados com alto teor de sódio. Também o consumo elevado de carnes vermelhas, devido ao seu elevado teor de aminoácidos sulfurados, está relacionado ao maior risco de osteoporose, sendo este mais um motivo para a recomendação de consumo moderado desse grupo de alimentos (COELHO, 1995) . A osteoporose é uma doença que não tem cura, apenas controle, portanto medidas de prevenção e promoção devem ser feitas precocemente. A melhor prevenção é uma dieta adequada na infância e na adolescência, a fim de se garantir quantidade adequada de ingestão de cálcio, contribuindo para a boa formação do tecido ósseo. A manutenção da dieta saudável no decorrer da vida adulta, associada à prática de exercícios físicos e exposição solar também são ações importantes. O leite é a melhor fonte de cálcio na alimentação. No Brasil, há uma aparente tendência de redução no consumo de leite pela população. Isto é particularmente preocupante quando se observa que as crianças e jovens vêm substituindo o consumo de leite por refrigerantes. Essa tendência repercute negativamente sobre a saúde óssea por dois caminhos: primeiro, a disponibilidade adequada de cálcio nas fases de crescimento e desenvolvimento pode ser comprometida e, segundo, as substâncias contidas no refrigerante impedem a fixação do cálcio na matriz óssea. Nessas fases do curso da vida, ocorreumrápido crescimento dos tecidos muscular, esquelético e endócrino, aumentando a necessidade nutricional desse nutriente. O consumo regular de leite e derivados associado à recomendação de exposição ao sol, observando os horários adequados para evitar problemas de superexposição aos raios solares, e à prática de atividade física em quaisquer fases do curso da vida deve ser estimulado e incentivado pelos profissionais de saúde. Crianças de 3 e de 4 a 8 anos necessitam, respectivamente, de 500mg e 800mg de cálcio por dia (INSTITUTE OF MEDICINE, 2000). Considerando pré-escolares (1 a 6 anos) e os escolares (7 a 14 anos), o atendimento das necessidades de cálcio requer o consumo de 3 copos (600ml) e de2a3 copos (400ml a 600ml) de leite por dia. A necessidade diária de cálcio dos adolescentes de ambos os sexos é de 1.300mg e, entre idosos, de 1.200mg. As necessidades de cálcio para gestantes também são maiores: adolescentes grávidas, 1.300mg/dia, e gestantes adultas, 1.000mg/dia.
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    70 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA RESEARCH FUND, 1997; UNITED NATIONS ADMINISTRATIVE COORDINATING COMMITTEE, 2000). Os alimentos de origem animal também contêm colesterol, um componente lipídico que pode se acumular nos vasos sangüíneos, constituindo risco para doenças cardíacas (DEPART-MENTOF HEALTHANDSOCIAL SECURITY, 1994). As carnes e os peixes, de modo geral, são boas fontes de todos os aminoácidos essenciais, substâncias químicas que compõem as proteínas, necessárias para o crescimento e a manutenção do corpo humano, bem como são fontes importantes de ferro de alta biodisponibilidade e vitamina B12; peixes são também boas fontes de cálcio. As carnes bovinas, de aves e de peixes contêm cerca de 20% de proteína, variando de 4% ou menos, para os animais selvagens e peixe de carne branca, a 30% a 40%, para as carnes dos animais provenientes de produção pecuária. As carnes bovinas e de aves são fontes de vitaminas B6 e B12 e de zinco e selênio de fácil absorção. Particularmente, os miúdos (vísceras) são ricos em ferro e devem compor a alimentação de crianças, adolescentes, gestantes e idosos, pelo menos, uma vez por semana. Mais que isso não é recomendado, uma vez que também possuem alto teor de gorduras saturadas e de colesterol. A alimentação monótona, com poucos alimentos de origem animal, aumenta o risco de deficiência de ferro (anemia ferropriva), que retarda o desenvolvimento físico e mental. Os peixes contêm menor quantidade desses nutrientes, mas são ricos em ácidos graxos essenciais. Já os mariscos contêm proteínas e gordura e têm grandes quantidades de colesterol. Outro nutriente vital, o zinco, é necessário para o crescimento e desenvolvimento dos músculos e está disponível nos alimentos de origem animal (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989b; WORLD BANK, 1994; UNITED NATIONS ADMINISTRATIVE COORDINATING COMMITTEE,2000). Alguns alimentos de origem vegetal também são boas fontes de zinco: semente de abóbora, grãos de feijão e soja cozidos, as castanhas, dentre outros. Os produtos derivados da carne, embutidos, hambúrgueres, salsichas e outros têm, em geral, quantidades bem maiores de gordura e alto teor de sal, devendo ser evitados. Os ovos contêm proteínas de alto valor biológico e gordura e têm grandes quantidades de colesterol; entretanto, algumas evidências têm mostrado que o consumo de ovos, em uma alimentação com níveis baixos de gorduras totais, parece não exercer efeitos negativos nos níveis plasmáticos de colesterol e, conseqüentemente, no aumento do risco de doenças cardiovasculares. Uma explicação para isso seria o fato de que 50% da gordura presente nos ovos é do tipo insaturada. Além disso, é boa fonte de vitaminas do complexo B (colina e biotina) (KATZ et al., 2005; HERRON et al., 2003; HERRON et al., 2004; SONG; KERVER, 2000; KRITCHEVSKY; KRITCHEVSKY, 2000; HU et al., 1999). Pelas suas características nutricionais, os ovos também são componentes de uma alimentação saudável, desde que consumidos com moderação, de acordo com a orientação dada para todos os alimentos de origem animal. O leite é uma fonte importante de riboflavina (vitamina B2) e principal fonte de cálcio na alimentação. Mesmo os leites com baixo teor de gordura e os desnatados são ricos em cálcio. Os derivados do leite, como o iogurte e o queijo branco, têm o mesmo perfil nutricional do leite, , que são exceto a manteiga e o creme de leite compostos praticamente de gordura. Atenção espe-cial deve ser dada ao consumo de iogurtes e bebidas lácteas industrializadas com sabores e outros ingredientes, pois podem conter uma quantidade considerável de açúcar acrescentado durante a fabricação do produto. Os iogurtes naturais são mais recomendados. Alguns alimentos de origem vegetal, como brócolis, repolho, couve e o tofu (queijo de soja), também são boas fontes de cálcio (LOPEZ et al., 2003). O cálcio é necessário para o crescimento e desenvolvimento dos ossos e dentes. A manutenção da saúde óssea ao longo do curso da vida é garantida pelo consumo adequado de cálcio e outros nutrientes, associado à exposição das pessoas aos raios solares, o que auxilia o organismo a produzir vitamina D e à prática regular de atividade física. Esses dois últimos fatores são ainda mais importantes quando a alimentação tem um teor de cálcio abaixo do recomendado, pois auxiliam a sua fixação na matriz óssea. Para mais informações, veja box Sabendo um pouco mais “Cálcio X Osteoporose”, nesta seção.
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    DIRETRIZ 6 -GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 71 As tendências nacionais de consumo desses grupos de alimentos, especialmente das carnes, são crescentes: em 1974, o consumo de carnes e de leite e derivados correspondia a 14,9% do consumo energético diário das famílias brasileiras; em 2003, essa participação foi de 21,2%. Por essas tendências, é prudente a manutenção da média de consumo atual da população; contudo, as famílias de menor poder aquisitivo, com alimentação monótona, podem necessitar de um aumento no consumo de alimentos de origem animal. Entre as 184 famílias mais pobres, o consumo de alimentos de origem animal corresponde a 11,7% do valor energético diário, comparado com uma participação de 24,1% entre as famílias de mais alta renda. Uma boa alternativa que deve ser incentivada é o consumo de peixes, pois contêm proteínas de alto valor biológico e gorduras insaturadas que não são prejudiciais à saúde. Embora o Brasil seja rico em produção de pescados, o consumo é baixo e foi reduzido à metade entre 1974 e 2003. Também os ovos apresentam uma clara tendência de queda de consumo (84%) nesse período. Orientações complementares Profissionais de Saúde - As carnes selecionadas para o consumo devem ser aquelas com menor quantidade de gordura. Uma orientação prática e importante é a retirada de toda a gordura aparente das carnes antes de sua preparação para consumo da família. - Os produtos derivados da carne, embu-tidos, hambúrgueres, salsichas e outros, têm quantidades bem maiores de gordura e alto teor de sal, devendo ser consumidos apenas ocasio-nalmente. - Para crianças, adolescentes e gestantes, é recomendado o consumo de leite e derivados integrais, porque nessas fases do curso da vida há necessidade de ácidos graxos essenciais importantes para a formação do tecido nervoso, que estão contidos na gordura do leite e derivados. Se houver justificativa clínica, o consumo de leite e derivados com baixo teor de gordura poderá ser prescrito por médico ou nutricionista individualmente. - Caso existam pessoas que adotem uma alimentação vegetariana, referencie-as para a orientação de um nutricionista, especialmente se forem crianças, adolescentes, gestantes e idosos. Governo e setor produtivo de alimentos São medidas complementares importantes para o alcance das metas dietéticas desta diretriz: - Estimular o desenvolvimento de métodos de produção/criação que resultem carnes com baixo teor de gordura; - Estimular a prática regular da atividade física para assegurar a saúde do sistema ósseo. DIRETRIZ 5 - Leite e derivados, carnes e ovos
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    72 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Sabendo um pouco mais Intolerância à Lactose e Alergia à Proteína do Leite Aintolerância à lactose é caracterizada pela deficiência de uma enzima digestiva - a lactase -, que diminui a capacidade de digestão da lactose (açúcar presente no leite). A lactose não digerida presente no intestino sofre fermentação pelas bactérias intestinais, podendo causar sintomas como irritação intestinal, flatulência (gases intestinais), distensão abdominal, cólicas e diarréia. No Brasil, estima-se que cerca de 37 milhões de brasileiros maiores de 15 anos apresentem intolerância à lactose. Desse total, cerca de dez milhões têm intolerância grave (SEVÁ-PEREIRA, 1996). A alergia ao leite de vaca é a alergia alimentar mais comum na faixa etária pediátrica, com relatos da literatura indicando uma prevalência de até 7% em crianças menores de 3 anos de idade. As manifestações clínicas são muito variadas, sendo as mais comuns cutâneas, gastrointestinais e respiratórias (CASTRO et al., 2005). Para indivíduos portadores dessas patologias, o leite e alguns de seus derivados não são considerados fontes adequadas de proteínas e de cálcio; portanto, é importante que pessoas com hipersensibilidade alimentar recebam orientação alimentar de um nutricionista.
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    DIRETRIZ 6 -GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 75 Todos - As gorduras e os açúcares são fontes de energia. - O consumo freqüente e em grande quantidade de gorduras, açúcar e sal aumenta o risco de doenças como obesidade, hipertensão arterial, diabetes e doenças do coração. - Utilize sempre o sal fortificado com iodo (sal iodado). Profissionais de saúde Orientar: - A redução do consumo de alimentos com alta concentração de sal, açúcar e gordura para diminuir o risco de ocorrência de obesidade, hipertensão arte-rial, diabetes, dislipidemias e doenças cardiovasculares; - Sobre a importância da consulta e interpretação da informação nutricional e da lista de ingredientes nos rótulos dos alimentos para seleção de alimentos mais saudáveis. Emrelação ao consumo deGORDURAS Saber que: - A contribuição de gorduras e óleos, de todas as fontes, não deve ultrapassar os limites de 15% a 30% da energia total da alimentação diária. Uma vez que os dados disponíveis de consumo alimentar no Brasil são indiretos e baseados apenas na disponibilidade domiciliar de alimentos, é importante que o consumo de gorduras seja limitado para que não se ultrapasse a faixa de consumo recomendada; - O total de gordura saturada não deve ultrapassar 10%do total da energia diária; - O total de gordura trans consumida deve ser menor que 1% do valor energético total diário (no máximo 2g/dia paraumadieta de 2.000 kcal). Orientar: - O consumo máximo diário de 1 porção de , dando alimentos do grupo dos óleos e gorduras preferência aos óleos vegetais, azeite e margarinas livres de ácidos graxos trans; - Sobre os diferentes tipos de óleos e gorduras e seus distintos impactos sobre a saúde. Emrelação ao consumo de AÇÚCARES Saber que: - O consumo de açúcares simples não deve ultrapassar 10% da energia total diária. Isso significa redução de, pelo menos,33%(um terço) na média atual de consumo da população. Orientar: - O consumo máximo diário de 1 porção de alimentos do grupo dos açúcares e doces; - E informar que os açúcares são fonte de energia e podem ser encontrados naturalmente nos alimentos, como frutas e mel, ou ser adicionadosem preparações e alimentos processados; - A redução do consumo de alimentos e bebidas processados com alta concentração de açúcar e das quantidades de açúcar adicionado nas preparações caseiras e bebidas. Emrelação ao consumo de SÓDIO (sal) Saber que: - O consumo de sal diário deve ser no máximo de . Isso 5g/dia (1 colher rasa de chá por pessoa) significa que o consumo atual médio de sal pela população deve ser reduzido à metade. Essa quantidade é suficiente para atender às neces-sidades de iodo. Orientar: - E informar que o sal de cozinha possui sódio. Este mineral quando consumidoemexcesso é prejudicial à saúde. - Que todo o sal consumido deve ser iodado. - Que o sal destinado ao consumo animal não deve ser utilizado pelas famílias das zonas rurais, pois esse sal não contém a quantidade de iodo necessária para garantir a saúde de seres humanos. - A redução do consumo de alimentos processados com alta concentração de sal, como temperos prontos, caldos concentrados, molhos prontos, salgadinhos, sopas industrializadas e outros. Governo e setor produtivo de alimentos - Investir no desenvolvimento de tecnologia que atenda aos princípios da alimentação saudável. DIRETRIZ 6 - Gorduras, açúcares e sal
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    76 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA - A redução substancial no consumo do sal, açúcares e gorduras exige mudanças imediatas nas práticas de industrialização de alimentos. - Desenvolver e adotar técnicas de produção de alimentos, a custos acessíveis, que resultem em produtos com menores quantidades de açúcares, gorduras e sal. Esse princípio deve nortear a produção industrial em geral e não ser restrito apenas para o grupo dos chamados “alimentos para fins especiais”. - Garantir que todo o sal para consumo humano seja iodado e atenda aos teores de iodação estabelecidos pela legislação nacional vigente. - Regulamentar o comércio, a propaganda e as estratégias de marketing de alimentos densamente energéticos (altos teores de gorduras e açúcar) e com teor elevado de sal. Família - Reduza o consumo de alimentos e bebidas concentrados em gorduras, açúcar e sal. Consulte a tabela de informação nutricional dos rótulos dos alimentos e compare-os para ajudar na escolha de alimentos mais saudáveis; escolha aqueles com menores percentuais de gorduras, açúcar e sódio. - Use pequenas quantidades de óleo vegetal quando cozinhar. Prefira formas de preparo que utilizam pouca quantidade de óleo, como assados, cozidos, ensopados, grelhados. Evite frituras. - Consuma não mais que 1 porção por dia de óleos vegetais, azeite ou margarina sem ácidos graxos trans. - Consuma não mais que 1 porção do grupo dos açúcares e doces por dia. - Reduza a quantidade de sal nas prepa-rações e evite o uso do saleiro à mesa. - A quantidade de sal por dia deve ser, no máximo, distribuídas em uma colher de chá rasa, por pessoa, todas as preparações consumidas durante o dia. - Utilize somente sal iodado. Não use sal destinado ao consumodeanimais.Eleéprejudicialàsaúdehumana. - Valorize o sabor natural dos alimentos, reduzindo o açúcar ou o sal adicionado a eles. - Acentue o sabor de alimentos cozidos e crus utilizando ervas frescas ou secas ou suco de frutas como tempero. Considerações e informações adicionais As gorduras e os açúcares são fontes de energia para o organismo. Além disso, as gorduras são fontes de ácidos graxos essenciais e de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), que necessariamente devem ser veiculados pelos alimentos, pois o organismo não pode produzí-los. Assim, todos os seres humanos precisam de fonte de gordura. O importante é saber distinguir aquelas que são mais saudáveis e essenciais ao bom funcionamento do organismo daquelas que devem ser evitadas por prejudicar a saúde e consumi-las dentro das faixas recomendadas para a boa nutrição. No grupo de alimentos denominado “gorduras”, estão incluídas as margarinas e todos os óleos vegetais, como o de soja, milho, girassol, canola, algodão, bem como as gorduras de origem animal (banha, manteiga, leite e laticínios e a própria gordura que compõem as carnes). Para mais informações, veja box Sabendo um pouco mais ”Os Diferentes Tipos de Gorduras”, nesta seção. O açúcar é usado para adoçar e preservar alimentos e bebidas industrializados e os caseiros. Ao contrário de alguns tipos de gorduras, o açúcar não é necessário ao organismo humano. Ele pertence ao grupo dos carboidratos, portanto, a energia requerida pelo nosso organismo pode ser adquirida pelos grupos de alimentos-fonte de carboidratos complexos (amidos) e não de açúcares simples. Mas, o ser humano, desde que nasce, tem uma preferência por alimentos com sabor doce, o que explica o grande consumo e preferência por esse tipo de alimento. O aumento da disponi-bilidade e do consumo de açúcar - diretamente ou incorporado aos alimentos industrializados - tem efeitos prejudiciais à saúde. Para mais informações, veja box - Sabendo um pouco mais “Carboidratos” (página 43) . Os alimentos com alta concentração de energia (gorduras e açúcares) estão relacionados ao aumento da incidência do excesso de peso e da obesidade e de DCNT, cujo risco é aumentado pela obesidade (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989a; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1990b, 2000a, 2003a; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; U N I T E D N A T I O N S A D M I N I S T R A T I V E COORDINATING COMMITTEE, 2000). O sal de cozinha cloreto de sódio é usado como tempero para realçar o sabor dos alimentos
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    DIRETRIZ 6 -GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 77 DIRETRIZ 6 - Gorduras, açúcares e sal nas preparações caseiras e também na conservação de alimentos.Ocloreto de sódio e outros compostos químicos que contêm sódio em sua composição por exemplo, o glutamato de sódio são muito usados também pela indústria de alimentos no processamento de inúmeros produtos. O consumo de sal, de todas as fontes (adicionado às preparações caseiras ou o utilizado no processamento de alimentos e preparações industriais), deve ser limitado de maneira a reduzir o risco de doenças coronarianas. Gorduras As gorduras e os óleos são muito concentradosemenergia, fornecendo 900kcal/100g (comparativamente, proteínas e carboidratos fornecem 400kcal/100g), mas todas as pessoas precisam consumir alguma gordura. Pela sua alta concentração de energia, facilmente armazenada no organismo, os seres humanos evoluíram com uma “fome de gordura”. Essas reservas corporais viabilizavam a sobrevi-vência em períodos de migração ou escassez de alimentos. Os nossos ancestrais, inicialmente agricultores e camponeses, tinham sua alimentação composta, na sua maioria, por alimentos frescos e in natura ou processados minimamente. Essa alimentação continha cerca de 20% a 25% de gordura, medida como porcentagem de energia total (TROWELL e BURKITT, 1981;EATONet al., 1988). A maioria dos alimentos, mesmo os vegetais, contém alguma gordura. Por exemplo, dos grãos como arroz e milho, de sementes como girassol e de leguminosas como a soja são extraídos óleos vegetais, largamente utilizados no preparo de alimentos. Outros vegetais, como abacate, coco e azeitonas, têm alto teor de gordura. Os óleos de dendê, buriti e pequi, além de fornecer energia, são muito ricos em carotenóides, os precursores da vitamina A (BRASIL, 2002b). As carnes e os órgãos (miúdos) de muitos animais, bem como alguns tipos de peixes, contêm gordura. Sabendo um pouco mais Colesterol O colesterol é uma gordura que está presente apenas em alimentos de origem animal e também é produzida pelo fígado. É umcomponente das paredes celulares e precursor de muitos hormônios (estrógeno e testosterona) e de ácidos biliares. O colesterol participa ainda dos processos de absorção das gorduras e da síntese de vitamina D.Oorganismo é capaz de sintetizar o suficiente para cobrir as necessidades metabólicas; dessa maneira, não há necessidade de consumo externo desse composto, por meio da alimentação; no entanto, pode haver uma elevada ingestão de colesterol alimentar proveniente das carnes, vísceras, ovos e laticínios. O colesterol sérico pode ser classificado em vários tipos, de acordo com suas funções e propriedades, destacando-se os dois mais importantes, que são o HDL e o LDL-colesterol.O HDL-colesterol, lipoproteína de alta densidade, é responsável pelo transporte do colesterol dos diferentes tecidos do corpo para o fígado, freqüentemente associado a um menor risco de doenças cardíacas. O LDL, colesterol ligado a lipoproteínas de baixa densidade, é responsável pelo transporte do colesterol nos diferentes tecidos orgânicos. O LDL-colesterol atua sobre as paredes internas dos vasos sangüíneos, favorecendo a formação de depósitos de gordura e células nas paredes das artérias, levando ao seu estreitamento, que prejudica o fluxo sangüíneo. Por isso, o LDL é considerado como o “colesterol mal” e está associado a maior risco de doenças cardíacas. Esses dois tipos de colesterol são encontrados apenas no sangue e não nos alimentos.A alimentação que contém baixos níveis de gordura saturada e colesterol favorece a redução no LDL circulante. Adicionalmente, a atividade física eleva a quantidade de HDL circulante. Essas evidências também fundamentam a diretriz deste guia que recomenda a moderação no consumo de alimentos de origem animal, dando preferência àqueles com menores teores de gorduras.
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    78 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Sabendo um pouco mais Os Diferentes Tipos de Gorduras Do ponto de vista da saúde, há três aspectos que se deve saber sobre as gorduras e óleos de origem animal e vegetal. Primeiro, as gorduras e óleos são produtos de alta concentração energética: fornecem 900kcal/100g. Isso é mais do que o álcool e duas vezes mais do que os carboidratos e as proteínas. Segundo, existem tipos diferentes de gordura com impactos diferentes na saúde. Terceiro, o impacto das gorduras e dos óleos na saúde depende em grande parte do tipo de alimento consumido e do nível de atividade física. Os alimentos, tais como óleos vegetais, margarinas, banha de porco, gordura vegetal hidrogenada e manteiga, são constituídos por praticamente 100% de gordura; mas as gorduras também compõem muitos outros alimentos de origem animal ou vegetal, seja como componente natural ou como ingrediente adicionado aos produtos industrializados ou às preparações caseiras. Uma grande variedade de produtos industrializados e mesmo caseiros, como bolos, tortas, biscoitos e chocolates, é elaborada com uma combinação de gordura e açúcar que deve ter o consumo reduzido e controlado, pois aumenta o risco de ocorrência de DCNT. As gorduras são distintas em suas propriedades físicas e químicas. São essas características que podem ser mais ou menos benéficas para a saúde humana. É com base nessas características que se classificam as gorduras em saturadas e insaturadas; portanto, embora as gorduras componham uma alimentação saudável, a quantidade e o tipo de gordura devem ser observados. aumentam o risco de dislipidemias como também de doenças Gorduras saturadas: cardíacas. As principais fontes são alimentos de origem animal (manteiga, banha, toucinho e carnes e seus derivados, leite e laticínios integrais), embora alguns óleos vegetais sejam ricos nesse tipo de gordura (óleo de coco). Essas gorduras são prejudiciais à saúde. A alimentação composta por grandes quantidades de carnes, derivados de carne e de leite e laticínios integrais são, por essa razão, uma causa importante das doenças cardíacas (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1998a; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1990a; DEPARTMENT OF HEALTH AND SOCIAL SECURITY, 1994). É recomendável que o total de energia da alimentação fornecido pelas gorduras saturadas seja menor do que 10%. dividem-se em dois tipos: . As gorduras insaturadas monoinsaturadas e poliinsaturadas Ao contrário das gorduras saturadas, as insaturadas não causam problemas de saúde, exceto quando consumidasemgrande quantidade. : as principais fontes são azeite de oliva, óleos vegetais Ácidos graxos monoinsaturados (girassol, canola e arroz), azeitona, abacate e oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas). A quantidade recomendada desse tipo de gordura é calculada pela diferençaemrelação à soma dos demais [gordura total - (gordura saturada + gordura poliinsaturada + gordura trans)], para completar o percentual total recomendado para gorduras totais. algumas gorduras poliinsaturadas são essenciais para Ácidos graxos poliinsaturados: manutenção da saúde e da própria vida. As principais fontes são os óleos vegetais (óleos de algodão, milho, soja, girassol e de linhaça) e óleo de peixe. Os peixes em geral são ricos em ácidos graxos poliinsaturados (DEPARTMENT OF HEALTH AND SOCIAL SECURITY, 1994). Por isso, recomenda-se incentivar o consumo de peixes no Brasil. O teor recomendado de consumo de gorduras desse tipo é de 6%a10%do total de energia diária. é um tipo de gordura obtido principalmente do processo de indu-stria- Ácidos graxos trans: lização de alimentos, a partir da hidrogenação de óleos vegetais. Recomenda-se, no máximo, que 1% do valor energético da alimentação diária seja proveniente desse tipo de gordura. Esse tipo de gordura é tão ou mais prejudicial à saúde que as gorduras saturadas. Para mais informações, veja box Sabendo um pouco mais “Hidrogenação”, nesta seção.
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    DIRETRIZ 6 -GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 79 As gorduras são de diferentes tipos e, de acordo com isso, podem ser mais ou menos prejudiciais à saúde. A gordura saturada está presente em alimentos de origem animal, é sólida à temperatura ambiente e seu consumo deve ser moderado. A OMS recomenda que não mais que 10% do total de energia consumida seja fornecida por esse tipo de gordura. A gordura vegetal também chamada hidrogenada gordura trans deve ser evitada, pois é prejudicial à saúde e está presenteemmuitos alimentos processados. As gorduras insaturadas , naturalmente presentes nos óleos vegetais, são fontes de ácidos graxos essenciais e devem compor a alimentação em todas as fases do curso da vida, em quantidades moderadas. Os ácidos graxos essenciais e as vitaminas A,D,EeKnãopodem ser produzidos pelo organismo humano, devendo ser fornecidos pela alimentação, mas também em pequenas quantIdades. Alguns óleos vegetais, como o de coco, possuem gorduras saturadas, devendo ser utilizados com moderação e apenas ocasionalmente na alimentação. O óleo de palma (dendê) contém ácidos graxos saturados, insaturados e poliinsaturados (SAMBANTHAMURTHI et al., 2000). O consumo desse tipo de óleo foi associado à melhoria do perfil lipídico: redução e/ou produção de níveis normais de colesterol total e elevação dos níveis do HDL-colesterol (KESTELLOT et al., 1989; NG et al., 1991). Pelo seu elevado teor de carotenóide e de vitamina E pode atuar como fator de proteção e inibidor da carcinogênese (SYLVESTER et al., 1986;SUNDRAMet al., 1989). Estudos têm mostrado que alguns tipos de ácidos graxos essenciais (ômega-3 e ômega-6), presentes nas gorduras insaturadas, são fatores de proteção à saúde. O ácido graxo ômega-3, por exemplo, está associado com a redução do risco de doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer e no tratamento de doenças inflamatórias como artrite reumatóide (OH, 2005); SEO et al., 2005; CARRERO et al., 2005; NETTLETON; KATZ, 2005; SAHIDI; MIRALIAKBARI, 2004; HOLUB; HOLUB, 2004; SALDEEN; SALDEEN, 2004; EILAT-ADAR et al., 2004). Esse tipo de ácido graxo está presente principalmente na gordura dos peixes. Já o ácido graxo ômega-6 está presente nos óleos vegetais, exceto os de coco, cacau e palma (dendê) (CONSENSO BRASILEIRO SOBRE DISLIPIDEMIAS, 1996). O consumo excessivo de alimentos com alto teor de gordura está associado ao crescimento e ao risco de incidência de várias doenças. Devido à densidade energética da gordura, quando as dietas de populações sedentárias contêm mais de 25% de gordura, as pessoas tendem a ter excesso de peso ou obesidade (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000d). A alimentação contendo muita gordura saturada é a causa de dislipidemias e das doenças cardíacas (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989a; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1990b, 2000d, 2003a; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; U N I T E D N A T I O N S A D M I N I S T R A T I V E COORDINATING COMMITTEE, 2000). Esse risco é maior em populações sedentárias. Quando as populações são ativas, a quantidade de gordura naturalmente presente nos alimentos de origem animal e vegetal e extraída de vegetais, como os óleos, provavelmente, não causa muitos problemas de saúde (UNITED NATIONS ADMINISTRATIVE COORDINATING COMMITTEE, 2000; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000d, 2003a). Por isso, a alimentação com alto teor de gorduras é mais prejudicial atualmente do que há duas gerações, quando as pessoas eram fisicamente mais ativas. Mas também é verdade que, em geral, a alimentação atual contém mais gordura, tanto nos alimentos de origem animal quanto nos alimentos processados, pois com a industrialização dos alimentos o teor de gordura nos alimentos aumentou e a composição química da gordura utilizada foi modificada. Alguns alimentos merecem muita atenção, pois a gordura presente neles não é visível: a maioria dos bolos, tortas, biscoitos, chocolates, salgadinhos, pastéis que levam muita gordura na preparação da massa, recheio e cobertura e ainda todos os alimentos fritos. A gordura usada nesses tipos de alimentos é do tipo vegetal hidrogenada (gordura trans). Essa gordura, embora seja feita a partir de óleos vegetais, é tão ou mais prejudicial à saúde que as gorduras saturadas. Para mais informações, veja box Sabendo um pouco mais ”Hidrogenação”, nesta seção. Os dados da última pesquisa nacional que permitem estimar a participação relativa das gorduras na alimentação das famílias revelam que o consumo de gorduras totais e de ácidos graxos saturados apresenta tendência crescente. Em 2003, DIRETRIZ 6 - Gorduras, açúcares e sal
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    80 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Sabendo um pouco mais Hidrogenação Grande parte dos alimentos processados contém muita gordura, principalmente a do tipo hidrogenado. A hidrogenação converte os óleos vegetais líquidos e insaturados em gorduras sólidas e mais estáveis à temperatura ambiente, produzindo um tipo de gordura conhecida como “ácidos graxos trans” ou “gordura trans”. A hidrogenação é utilizada com dois objetivos comerciais. Ela possibilita a conversão de todos os tipos de óleos vegetais e de origem animal em um único produto uniforme e esse tipo de gordura demora mais tempo para estragar e ficar rançosa. Aumenta, portanto, o tempo de conservação dos produtos, principalmente nos climas tropicais, como o do Brasil. Observe a lista de ingredientes dos alimentos processados. Você verá a palavra “hidrogenada” em muitos produtos e que esses produtos têm prazos de validade bem longos, alguns maiores queumano. Os biscoitos recheados ou não, bolos e pães industrializados em geral, outros tipos de massas, margarinas e gorduras vegetais utilizam a gordura trans (hidrogenada) como ingrediente. Quanto menos alimentos com esse tipo de ingrediente você consumir, melhor para a sua saúde. O corpo humano não evoluiu com a capacidade de consumir grandes quantidades de gordura saturada de origem animal e de gorduras elaboradas por processo de hidrogenação sem sofrer sérias conseqüências metabólicas.Oconsumo da gordura trans tem efeitos semelhantes aos que a gordura saturada causa na saúde humana; por isso, deve ser evitado. Já nos anos 90 acumulavam-se evidências de que as gorduras trans acarretam maior risco do que as gorduras saturadas para o desenvolvimento de doenças cardíacas (DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 1994; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; EURODIET, 2001; WORLDHEALTH ORGANIZATION, 2003a). Fique atento à rotulagem dos produtos e evite alimentos cujos rótulos mencionam “gordura hidrogenada”, “gordura trans”, “óleo hidrogenado” ou “gordura vegetal” na sua lista de ingredientes. o consumo de gorduras totais extrapolou os limites recomendados nas regiões metropolitanas e em Brasília e Goiânia, em áreas urbanas das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul e em segmentos populacionais de rendimentos mais altos (acima de dois salários mínimos familiares per capita ). Essas evidências são ainda mais preocupantes, uma vez que as informações não incluem o consumo de alimentos fora dos domicílios; portanto a orientação sobre a moderação no consumo de gorduras e alimentos com alta concentração desse nutriente, bem como sobre os tipos de gordura e seus efeitos sobre a saúde, precisa ser priorizada no contexto da adoção deumaalimentação saudável. Açúcar O açúcar, assim como o amido, é um tipo de carboidrato. As frutas e alguns vegetais contêm naturalmente açúcar do tipo frutose. O açúcar, na sua forma de frutose, tal como as gorduras e os óleos, apresentam-se como parte dos alimentos que também contêm vitaminas, minerais e outros nutrientes. Essa forma natural não é o tipo de açúcar cujo consumo deve ser reduzido. Esta diretriz está voltada para a diminuição do consumo do açúcar tipo sacarose ou açúcar de mesa - que consumimos diariamente acrescentando-o às preparações diversas e é também amplamente usado nos produtos industrializados. Nesses produtos, o açúcar é utilizado para torná-los mais saborosos e é adicionado a muitos alimentos e bebidasnaformaconcentradadexarope.
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    DIRETRIZ 6 -GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 81 Estudos apontam que os nossos ancestrais consumiam dietas que continham cerca de 4% a 6% de açúcar, principalmente sob a forma de frutas e mel. Os seres humanos evoluíram tendo uma aceitação intensa ao sabor doce, provavelmente porque, na natureza, a doçura indica que as frutas estão maduras e prontas para ser consumidas (TROWELL; BURKITT, 1981; MINTZ, 1985; EATON et al., 1988). Nos primeiros séculos do regime colonial, a indústria mais importante no Brasil e também no Caribe era a de produção de açúcar e, como resultado da industrialização, a quantidade de açúcar nos estoques de alimentos da Europa e América do Norte, vendido como tal ou como componente de alimentos industrializados, aumentou demasiadamente a partir do século XIX (MINTZ, 1985). Os alimentos das confeitarias são praticamente todos feitos com açúcar, as geléias na sua maioria têm grande concentração de açúcar e os refrigerantes são quase totalmente formados de açúcar, além da água. Uma alimentação com alto teor de açúcar simples (sacarose), além de estar associada ao excesso de peso e obesidade, está também relacionada às cáries dentárias entre crianças, especialmente as bebidas doces e guloseimas de consistência pastosa (FREIRE, 2000). Outros fatores associados à gênese da cárie dental são: quando e com que freqüência o açúcar é consumido durante o dia, a relativa viscosidade dos alimentos com açúcar, a natureza do açúcar e os hábitos de higiene bucal. Embora a alimentação com alto teor de açúcar simples aumente a quantidade de glicose sangüínea, ela não é causa direta do diabetes ou das doenças do coração (DEPARTMENT OF HEALTH ANDSOCIAL SECURITY, 1989), mas pode ser fator de risco para câncer do cólon (WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997). Os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003 mostram uma tendência leve de queda no consumo de açúcar e, por outro lado, um aumento considerável no consumo de refrigerantes (400%), se comparado ao consumo na década de 70. Apesar da tendência de queda, o consumo do grupo de açúcares, que inclui os refrigerantes, extrapola os limites das recomen-dações nas regiões metropolitanas, em todas as regiões geográficas, nas áreas rurais e urbanas e em todas as classes de rendimentos. A situação mais preocupante refere-se às classes de rendimentos entre 1/2 e 2 SMFPC, em que a contribuição energética chega próximo de 15%, ou seja, supera em 50% o recomendado. Da mesma forma que para as gorduras, o consumo desse grupo de alimentos pode ser ainda maior, uma vez que os dados não incluem o consumo extradomiciliar. Como média para a população brasileira e com base nos dados disponíveis, a meta a ser alcançada pelas diretrizes deste guia é a redução em pelo menos 1/3 no consumo atual desses alimentos para atendimento das recomendações para uma alimentação saudável. O sódio e o potássio são minerais essenciais Sal para a regulação dos fluidos intra e extracelulares, atuando na manutenção da pressão sangüínea. O sal de cozinha - cloreto de sódio - é composto por 40% de sódio, sendo a principal fonte desse mineral na alimentação. As evidências atuais sugerem que o consumo não maior que 1,7g de sódio (5g de cloreto de sódio por dia) pode contribuir para a redução da pressão arterial. A maior parte dos indivíduos, mesmo as crianças, consome níveis desse mineral além de suas necessidades.Oconsumo populacional excessivo, maior que 6g diárias (2,4g de sódio), é uma causa importante da hipertensão arterial. Estima-se que essa doença atinja cerca de 20% da população adulta brasileira. Não existem dados nacionais sobre o consumo de sal na população. Dados da POF 2002-2003 indicam, por meio das despesas com a aquisição de sal para consumo do domicílio, uma média estimada de 9,6g/pessoa/dia, mas aqui não está considerado o sal consumido fora do domicílio. Com base nessas informações, estima-se que o consumo médio de sal pela população brasileira deve ser reduzido, pelo menos, à metade para atender ao patamar máximo de consumo recomendado, isto é, 5g de sal/per capita/dia. Além de fonte de sódio, o sal é a fonte prin-cipal de iodo na alimentação brasileira. O iodo é essencial para o desenvolvimento e crescimento do corpo humano. A deficiência desse mineral leva a várias doenças, denominadas distúrbios por deficiência de iodo (DDI), sendo causa comum de deficiências mentais. Embora a manifestação clínica mais evidente seja o bócio (“papo”), essa deficiência DIRETRIZ 6 - Gorduras, acúcares e sal
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    82 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA é também causa importante de abortos espontâneos, nascimento de natimortos e baixo peso ao nascer. Crianças geradas por mulheres com deficiência de iodo podem nascer com retar-damento mental e físico ou apresentar dificuldades de aprendizado. O Brasil, como muitos outros países, utiliza o sal como veículo para fornecer iodo em concentrações adequadas para a população. O Programa Nacional para a Prevenção e Controle dos Distúrbios por Deficiência de Iodo, coordenado pelo Ministério da Saúde, envolve ações diversas, incluindo a obrigatoriedade de fortificação do sal para consumo humano com iodato de potássio, ação desenvolvida com sucesso no País, desde a década de 50. Merece atenção dos profissionais e a adequada orientação da população, no entanto, o uso do sal destinado para consumo animal, especialmente nas famílias de zonas rurais, pois o teor de iodo nesse tipo de sal não atende ao recomendado para prevenir os distúrbios por deficiência de iodo. É importante destacar que a redução do consumo de sal para os níveis recomendados (<5g/dia) não originará problemas, pois a quantidade recomendada garante a quantidade adequada de iodo para prevenir os DDI. Orientações complementares Profissionais de Saúde - Em uma alimentação saudável, a ingestão de gordura não deve ser menor do que15%do total de energia. Para as pessoas fisicamente ativas, uma quantidade de até 30% de gordura pode não ser prejudicial, desde que o consumo da gordura saturada e gorduras hidrogenadas permaneça baixo. - Para alcançar os objetivos dietéticos para as gorduras, é preciso que se leve em consideração nas orientações, além das gorduras utilizadas na preparação dos alimentos, as gorduras que compõem os alimentos e as que são adicionadas no processamento dos alimentos. - Em relação ao consumo do açúcar, a meta é a redução em pelo menos 1/3 no nível de consumo atual para alcançar a recomendação (máximo de Sabendo um pouco mais OConsumo de Gorduras e as Pessoas Ativas e CriançasemCrescimento. Atualmente, a maioria da nossa população tem empregos ou estilos de vida com baixa atividade física. Mesmo pessoas muito ativas (pessoas cujo trabalho envolve muita atividade física ou que praticam esportes de intenso gasto energético, como jogadores de futebol e atletas, e crianças ativas em idade de crescimento) não precisam consumir alimentos ou bebidas que contenham quantidades extras de gordura, açúcar, proteínas ou sal. Essas pessoas têm maior necessidade de alimentos, porque são mais ativas fisicamente e têm, portanto, gasto energético diário mais elevado. O que elas precisam, no entanto, é de uma alimentação saudável, com nutrientes e conteúdo energético que atendam às suas necessidades nutricionais, seguindo as diretrizes deste guia (TUNSTALL, 1993). As necessidades individuais devem ser ajustadas na dieta, elaborada sob orientação de um nutricionista, para garantir a saúde e umbomestado nutricional. Bebês e crianças pequenas, de até 2 anos de idade, são uma exceção porque eles estão em crescimento e têm relativamente pequena capacidade gástrica, recomendando-se para esse grupo etário 30% a 40% de energia sob a forma de gordura (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000b). Para mais informações sobre as recomendações alimentares para crianças pequenas, consulte oGuia Alimentar para CriançasMenores de Dois Anos (BRASIL, 2002d).
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    DIRETRIZ 6 -GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 83 DIRETRIZ 6 - Gorduras, açúcares e sal 10% do valor energético total da dieta). Para alcance desse objetivo, as orientações devem aplicar-se aos açúcares refinados acrescentados aos alimentos ou às preparações alimentares, sejam elas caseiras ou industrializadas; portanto, não incluem o açúcar naturalmente presente nas frutas e em outros alimentos. - Para que a meta de redução de sal seja alcançada, é preciso saber e informar que o sal está contido em muitos alimentos processados e, portanto, o consumo desses alimentos deve ser desestimulado, bem como o hábito de acrescentar sal aos alimentos já preparados. Para mais informações, veja box Sabendo um pouco mais “Alimentos Salgados e ComSal”, nesta seção. Sabendo um pouco mais Alimentos Salgados e com Sal O nome químico do sal de cozinha é cloreto de sódio. O sal é composto por dois quintos (40%) de sódio, que é umnutriente essencial para o ser humano. A necessidade humana de sódio varia entre 300 e 500 miligramas por dia, para pessoas acima de 2 anos de idade (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989b). Em excesso (consumo maior que 6 gramas por dia de sal ou 2,4 gramas de sódio), é uma causa importante da hipertensão arterial, de acidente vascular cerebral e de câncer de estômago (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989a, 1989b; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1982, 1990b, 2003a; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; UNITED NATIONS ADMINISTRATIVE COORDINATING COMMITTEE, 2000). Grande parte da população brasileira consome salemexcesso: a média estimada de consumo é 9,6g/dia/per capita, (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2004a). não computado o sal consumido fora do domicílio Isso se deve principalmente ao consumo de alimentos industrializados e também devido à adição de sal durante o cozimento ou à mesa. A dieta muito salgada dos brasileiros tem origem na tradição portuguesa de salgar os alimentos como meio de conservação. Muitos alimentos são conservados em salmoura, em vinagre ou sal (picles, vegetais, ervas e especiarias). Os alimentos em salmoura, tipo picles, podem aumentar o risco de câncer no estômago, quando esse tipo de alimento é consumido de maneira intensa e regular (WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997). Ao tentar reduzir o consumo de sal, as pessoas que consomem habitualmente alimentos salgados geralmente consideram a comida não tão saborosa, já que o sal é usado como condimento. As células do paladar podem levar algum tempo para ajustar-se ao sabor menos intenso do sal ( período médio de até três meses ). É importante que as pessoas saibam disso para persistir no consumo de alimentos com menos sal. Os rótulos dos alimentos processados apresentam o conteúdo de sódio. São exemplos de alimentos que possuem altos teores de sódio: sal de cozinha, embutidos, queijos, conservas, sopas e molhos e temperos prontos.
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    87 Todos -A água é um alimento indispensável ao funcionamento adequado do organismo. - Toda água que você beber deve ser tratada, filtrada ou fervida. Profissionais de saúde Orientar - E incentivar o consumo de água independente de outros líquidos; - As pessoas a ingerir no mínimo dois litros de água por dia (seis a oito copos), preferencialmente entre as refeições. Essa quantidade pode variar de acordo com a atividade física e com a temperatura do ambiente; - A oferta ativa e regular de água às crianças e aos idosos ao longo do dia; - Sobre os cuidados domésticos que garantam a qualidade e segurança da água a ser consumida pela família. Governo e setor produtivo de alimentos - Garantir o acesso e a qualidade da água tratada para toda a população brasileira. - Sistemas de abastecimento seguro de água são requisito fundamental para a saúde pública. - Promover a expansão da rede pública de saneamento, permitindo a capilarização dos equipamentos de fornecimento de água tratadaem domicílios, espaços públicos, escolas, locais de trabalho e outras unidades coletivas de acolhimento de populações específicas (carcerárias, idosos, crianças, entre outras). - Garantir e preservar os mananciais de água em território nacional, como requisito para a saúde e elemento de soberania nacional. Família - Use água tratada ou fervida e filtrada, para beber e para preparar refeições e sucos ou outras bebidas. - Beba pelo menos de dois litros (seis a oito copos) de água por dia. Dê preferência ao consumo de água nos intervalos das refeições. - Ofereça água para crianças e idosos ao longo de todo o dia. Eles precisam ser estimulados ativamente a ingerir água. Considerações e informações adicionais A água é um nutriente essencial à vida. Nenhum outro nutriente tem tantas funções no organismo como a água, sendo a sua ingestão diária crucial para a saúde humana. Todos os sistemas e órgãos do corpo utilizam água. Ela desempenha papel fundamental na regulação de muitas funções vitais do organismo, incluindo a regulação da temperatura, participa do transporte de nutrientes e da eliminação de substâncias tóxicas ou não mais utilizadas pelo organismo, dos processos digestivo, respiratório, cardiovascular e renal. O corpo humano é, na sua maior parte, formado por água. A proporção de água depende do volume de gordura orgânica (ASTRAND et al., 1970), variando entre 60% nos homens e 50% a 55% nas mulheres. Sua deficiência se manifesta rapidamente: uma variação de cerca de 1% no grau de hidratação já leva ao aparecimento dos sintomas da desidratação. A privação completa de água leva à morte em poucos dias, enquanto que, na privação de alimentos, o homem pode sobreviver semanas. Apesar disso, a importância vital da água é muitas vezes subestimada, porque usualmente ela é abundante. Os alimentos também contêm água em sua composição, em proporções variadas. O peso das frutas é de até 95% ou mais de água e da carne até 50% ou mais, enquanto que o açúcar e os óleos não contêm água. A densidade energética dos alimentos é, em grande parte, uma função do seu conteúdo de água: quanto maior o percentual de água no alimento, menor é a sua densidade energética. Portanto, alimentos cujo conteúdo de água é elevado, têm menor probabilidade de causar excesso de peso e obesidade. Além disso, o volume de água no sistema digestivo ajuda a provocar sensação de saciedade (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000a), diminuindo a necessidade de consumir mais alimentos. Atenção especial deve ser dada ao abastecimento público de água tratada e à orientação para consumo de água tratada, fervida ou filtrada, de boa qualidade,umavez que a água é um potencial veículo de doenças. Principalmente entre crianças, são comuns as diarréias causadas por agentes infecciosos transmitidos pelo consumo de água de má qualidade e não tratada. A única exceção de não orientação de consumo de água é DIRETRIZ 7 - Água
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    88 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA para bebês amamentados exclusivamente ao peito , porque o leite materno contém a quantidade necessária de água de que o bebê, nessa fase da vida, necessita para a sua saúde e adequada hidratação. Orientações complementares Profissionais de saúde - Estabelecer a necessidade diária exata para consumo de água é difícil; essa necessidade depende dos processos metabólicos, do gasto energético do organismo e das condições ambientais. Um método prático é considerar o consumo de 1ml/kcal de energia gasta para adultos em condições moderadas de gasto energético e temperaturas ambientais não muito elevadas. Por exemplo, para um VET de 2.000kcal, seriam necessários dois litros de água. Para crianças, a estimativa pode ser calculada considerando 1,5ml/kcal de energia gasta (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989b). - Além das crianças, especial atenção deve ser dada ao consumo de água por pessoas idosas, pois o mecanismo de controle de sede pode ser menos eficiente. - Suco de fruta fresca ou polpa congelada sem a adição de açúcar contam como uma porção de água. Incentive a substituição do refrigerante, bebidas alcoólicas e sucos industrializados por água.
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    DIRETRIZ 6 -GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 91 Todos -A alimentação saudável e a atividade física regular são aliadas fundamentais para a manutenção do peso saudável, redução do risco de doenças e melhoria da qualidade de vida. Profissionais de saúde - Abordar de maneira integrada a promoção da alimentação saudável e o incentivo à prática regular de atividade física. - Orientar sobre a importância do equilíbrio entre o consumo alimentar e o gasto energético para a manutenção do peso saudável, em todas as fases do curso da vida. - Utilizar a avaliação antropométrica, nos serviços de saúde (Sisvan), para acompanhamento do peso saudável de pessoas em quaisquer fases do curso da vida. - Estimular a formação de grupos para prática de atividade física e orientação sobre alimentação saudável nos serviços de saúde, escolas e outros espaços comunitários, sob supervisão de profissionais capacitados. Governo e setor produtivo de alimentos - Proteger, criar e manter ambientes urbanos e rurais, nos quais a prática de atividade física diária seja viável, adequada, agradável e segura. - Adequar espaços urbanos criando áreas para pedestres, pistas destinadas a ciclistas, espaços e quadras comunitários, parques e clubes comunitários, mantendo-osbem conservados. - Criar oportunidades de tempo e espaço para prática de atividade física nas comunidades e nos locais de trabalho. - Valorizar a atividade física regular nas escolas e práticas lúdicas ativasemcreches e pré-escolas. - Fortalecer políticas públicas de incentivo aos esportes. - Desenvolver formas de divulgação e comunicação social que informem e valorizem a adoção de modos de vida saudáveis, conjugando a promoção da alimentação saudável e a prática de atividade física regular Família - Torne seu dia-a-dia e lazer mais ativos. Acumule pelo menos 30 minutos de atividade física todos os dias. Movimente-se! Descubra um tipo de atividade física agradável! O prazer é também fundamental para a saúde. - Procure nos serviços de saúde orientações sobre alimentação saudável e atividade física. Caminhe, dance, ande de bicicleta, jogue bola, brinque com crianças. Escolha estas e outras atividades para movimentar-se. - Aproveite o espaço doméstico e espaços públicos próximos a sua casa para movimentar-se. Convide os vizinhos e amigos para acompanhá-lo. - Incentive as crianças a realizar brincadeiras que fazem parte de nossa cultura popular e que sejam ativas como aquelas que você fazia na sua infância e ao ar livre: pular corda, correr, amarelinha, esconde-esconde, pega-pega, andar de bicicleta e outras. Oriente-as a não ficar muito tempo em frente à televisão ou em jogos de computador. Estimule-as a dividir o tempo de lazer entre essas duas opções. Considerações e informações adicionais Os seres humanos são preparados para ser fisicamente ativos. Todas as formas de atividade física são benéficas para a saúde. Há pouco tempo, pensava-se que somente o exercício físico vigoroso, como esportes com bola, corrida e ginástica, trazia benefícios para a saúde em geral e para o sistema cardiovascular. Hoje, as evidências mostram que mesmo as atividades físicas moderadas e regulares, que praticamente todas as pessoas estão aptas a realizar, são boas para a saúde (ASTRAND et al., 1970; DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 1996). Qualquer trabalho que envolva atividades que exijam movimento do corpo, como andar, correr, jogar, limpar casa, lavar carro e praticar jardinagem ou cultivo de hortas, gasta energia física. Andar em ritmo acelerado, exercícios de alongamento, ciclismo, dança e todas as formas de recreação e esporte que mantenham o corpo em forma, mais forte e jovial são atividades físicas. Aatividade física regular e freqüente, além de prevenir o sobrepeso e a obesidade, é também benéfica para a saúde mental e emocional (DEPART-MENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 1996; DIRETRIZ ESPECIAL 1 - Atividade física
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    92 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Sabendo um pouco mais Balanço Energético O estado nutricional, no plano individual ou biológico, resulta do equilíbrio entre consumo alimentar e gasto energético do organismo. Esse gasto refere-se à utilização dos alimentos pelo organismo para suprir as suas necessidades nutricionais e está relacionado ao estado de saúde e à capacidade de utilização dos nutrientes fornecidos pela alimentação. As necessidades nutricionais de energia variam em função da idade, do sexo, do estado de saúde e do estado fisiológico e nível de atividade física dos indivíduos. Para um adequado estado nutricional, no que se refere à energia, o consumo alimentar deve estar em perfeito equilíbrio com o gasto da energia do organismo usada para manter as funções vitais e nas atividades físicas diárias. As pessoas em equilíbrio energético não ganham nem perdem peso; é o que se denomina “balanço energético”. Portanto, o balanço energético é o “saldo” obtido a partir do total de energia ingerida e o total de energia gasta pelo organismo em suas atividades diárias. Caloria (kcal) é a unidade de medida da energia gasta pelo corpo humano em suas atividades metabólicas e físicas e do teor de energia encontrado nos alimentos (proteínas e carboidratos: 4kcal/g; gorduras: 9kcal/g). Vitaminas e minerais não fornecem energia. Se a alimentação fornece mais energia do que é requerida pelo organismo, a energia excedente é acumulada na forma de gordura corporal. Isso significa que, se a pessoa não ingerir menos alimentos ou aumentar a atividade física, irá ganhar peso, principalmente pelo acúmulo de gordura, o que poderá levar ao sobrepeso ou à obesidade, se esse desequilíbrio for mantido por longo tempo. As recomendações deste guia são baseadas em um consumo energético médio da população de 2.000 calorias diárias. Isso não é uma recomendação , mas uma estimativa da necessidade de energia média para uma população considerada sedentária. Em média, os homens brasileiros alcançam balanço energético com cerca de 2.400 calorias por dia; as mulheres, com cerca de 1.800 ou 2.200 calorias por dia. A média de 2.000 calorias atende também às necessidades de energia das pessoas mais jovens. Esses dados servem apenas para ilustrar e ajudar a entender o equilíbrio energético. Por exemplo, as mulheres pequenas e inativas que seguem as recomendações alimentares deste guia, para manter o balanço energético, devem consumir um número menor de porções entre as recomendadas para cada grupo de alimentos, se comparadas aos homens de mesma idade e nível de atividade física, e devem ser particularmente cuidadosas em consumir pequenas quantidades de alimentos com alta densidade energética (açúcar e gordura). O objetivo principal da recomendação nesta seção - aumentar a atividade física diária - é ajudar a alcançar o balanço energético, para que as pessoas possam alimentar-se adequadamente sem acumular gordura corporal.
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    DIRETRIZ 6 -GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 93 CENTRO DE ESTUDOS DO LABORATÓRIO DE APTIDÃO FÍSICA DE SÃO CAETANO DO SUL, 1998). P e s s o a s que s ã o f i s i c a m e n t e at i v a s , conseqüentemente, possuem um equilíbrio energético mais elevado, o que significa que são capazes de aproveitar melhor os alimentos nutritivos, sem acumular gordura no corpo. À medida que a atividade física aumenta, o mesmo acontece com a massa corporal magra (massa muscular) e o corpo gradualmente muda de forma, ocorrendo a substituição da gordura por massa muscular (ASTRAND et al., 1970). A atividade física regular mantém múscu-los, ossos e articulações fortes e os perfis hormonais e sangüíneos e as funções imunológica e intestinal equilibradas e dentro dos níveis de normalidade. Também contribui para a prevenção das DCNT e doenças dos ossos e articulações. Demodoinverso, a inatividade física aumenta o risco dessas doenças e incapacidades (BLIX; WRETLIND, 1965; DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 1996; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000a; WRETLIND, 1967). As mulheres que estão fisicamente em forma têm maior probabilidade de ter gravidez e parto sem complicações. É muito importante manter a atividade física por toda a vida. Em geral, as pessoas que estão fisicamente em forma desfrutam mais da vida, do trabalho, dormem melhor, ficam menos enfermas, têm menos incapacidades e muito provavelmente terão uma expectativa de vida maior, envelhecendo com saúde (DEPARTMENT OF HEALTHANDHUMAN SERVICES,1996; CENTRO DE ESTUDOS DO LABORATÓRIO DE APTIDÃO FÍSICA DE SÃO CAETANODOSUL, 1998). Igualmente, as pessoas fisicamente em forma são profissionalmente mais produtivas, faltam menos ao trabalho e desenvolvem maior resistência a doenças. As crianças fisicamente ativas têm um melhor desempenho escolar e relacionamento com os pais e amigos e, provavelmente, terão menos tendência a fumar ou utilizar drogas (CENTRO DE ESTUDOSDOLABORATÓRIO DE APTIDÃO FÍSICA DE SÃO CAETANO DO SUL, 1998). A prática de atividade física regular contribui para o desen-volvimento de hábitos de vida saudáveis, em qualquer fase do curso da vida. A atividade física beneficia as pessoas doentes ou enfermas, bem como pessoas idosas, contribuindo paraumamaior capacidade de mobilidade e melhor sentido de equilíbrio, aumentando a sua autonomia e auto-estima (DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 1996; CENTRO DE ESTUDOS DO LABORATÓRIO DE APTIDÃO FÍSICA DE SÃO CAETANODOSUL, 1998). Níveis de atividade Estima-se que 70% da população brasileira faça pouquíssima ou quase nenhuma atividade física (CENTRO DE ESTUDOS DO LABORATÓRIO DE APTIDÃO FÍSICA DE SÃO CAETANODOSUL, 1998). Como na maioria dos países do mundo, no Brasil, há uma tendência crescente de que as pessoas tornem-se cada vez mais inativas fisicamente, especialmente porque os avanços tecnológicos produzem ocupações, profissões e modos de vida mais sedentários. Poucas pessoas caminham ou pedalam habitualmente para se locomover; ao contrário, cada vez mais fazem uso de veículos automotores. As cidades e mesmo os ambientes rurais são projetados para carros e ônibus.Emgrande parte dos ambientes de trabalho, as máquinas e equipamentos fazem a maior parte do trabalho que, temposatrás,eramexecutados manualmente. Atividades de recreação ou lúdicas mais ativas vêm sendo substituídas por atividades de lazer mais sedentárias: assistir TV ou usar computadores e jogos eletrônicos. Adicionalmente, em muitas regiões e cidades, a falta de segurança pública e a violência são impedimentos para a prática de atividade física, o que leva crianças, jovens e adultos a passar mais tempo em casa ou em locais fechados, em detrimento de atividades de lazer ao ar livre e mais ativas. Em alguns locais, especialmente grandes centros urbanos, a atividade física tornou-se inviável, desagradável e até perigosa. Muitas escolas não contam com um espaço físico adequado para as aulas de educação física, prática de esportes e de recreação. A avaliação nutricional como instrumento para o controle do peso saudável A avaliação nutricional de rotina de crianças, adolescentes, adultos, idosos e de DIRETRIZ ESPECIAL 1 - Atividade física
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    94 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA gestantes por meio das medidas antropométricas - medidas do corpo - é um importante instrumento para avaliação do estado nutricional e de saúde, permitindo identificar precocemente pessoas e grupos populacionais de risco. Para mais informações, consulte o box Sabendo um pouco mais “Massa Corporal”, nesta seção. Para a avaliação nutricional de crianças, o Ministério da Saúde recomenda a utilização da Caderneta da Criança, que apresenta a curva de referência do NCHS (1977) do peso em relação à idade (P/I), para acompanhamento sistemático do crescimento e desenvolvimento infantil. Os índices antropométricos também recomendados para a avaliação nutricional de crianças menores de 10 anos de idade são: o índice altura por idade (A/I), que expressa o crescimento linear, indicando o efeito cumulativo de situações diversas sobre o crescimento; e o índice peso por altura (P/A), que reflete a harmonia entre as dimensões do corpo (massa corporal e altura), sendo mais preciso para o diagnóstico de excesso de peso. A avaliação nutricional de gestantes, tanto adultas quanto adolescentes, é feita utilizando o IMC segundo a semana gestacional. Para maiores informações, consulte a publicação Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan). Orientações Básicas para a coleta, o processamento, a análise de dados e a informação em serviços de saúde , do Ministério da Saúde (BRASIL, 2004g). Orientações complementares Profissionais de saúde -Oobjetivo da prática de atividade física é manter o índice de massa corporal (IMC) entre 18,5 e 24,9kg/m2 e manter o balanço energético nos níveis recomendados neste guia. Para mais informações sobre o IMC, veja box Sabendo um pouco mais . “Massa Corporal”, nesta seção - É recomendável submeter as pessoas com histórico de doença cardíaca ou que estão acima de 50 anos a um teste simples de esforço, para avaliar a sua condição para a prática de atividade física. - O Ministério da Saúde disponibilizou um sistema de informações, nas unidades básicas de atenção à saúde, que permite monitorar o estado nutricional das pessoasemquaisquer fases do curso da vida, por meio de medidas antropométricas (peso, altura e circunferência da cintura), denominado Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan). Com essa ferramenta, é possível aos profissionais e gestores locais utilizar a informação gerada, indi-vidual ou coletiva para estimular a adesão dos usuários do serviço e a comunidade em geral a avaliar sistematicamente o seu peso corporal e participar de atividades de promoção da alimentação saudável e prática de atividade física regular. - Grupos de pessoas por idade ou sexo, por exemplo, podem ser formados, sob orientação dos profissionais das unidades de saúde, indepen-dentemente de serem portadores de algum tipo de patologia. Modos de vida saudáveis devem ser estimulados também entre pessoas sadias, para prevenir doenças e promover a qualidade de vida e umenvelhecimento saudável.
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    DIRETRIZ 6 -GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 95 DIRETRIZ ESPECIAL 1 - Atividade física Sabendo um pouco mais Massa Corporal O índice de massa corporal (IMC) é uma medida recomendada internacionalmente para avaliação do estado nutricional de adolescentes, adultos e idosos e permite estimar a massa corporal e o risco progressivo de desenvolvimento de doenças crônicas não-transmissíveis associadas ao sobrepeso e à obesidade (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003a). Quanto maior o IMC, maior é o risco de o indivíduo ser acometido por DCNT, tais como hipertensão, diabetes e dislipidemias (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000d, 2003a). O IMC é calculado dividindo o peso em quilogramas pela altura ao quadrado em metros (kg/m2). Por exemplo, um adulto que pesa 70kg e cuja altura seja 1,75 metros terá um IMC de 22,9; portanto, esse índice sinaliza se há ou não uma relação de harmonia entre o peso e a altura, embora não permita a distinção entre massa gorda e magra. Existem pontos de corte específicos de IMC para cada uma das fases do curso da vida, visando atender às características fisiológicas de cadaumadelas. Para a avaliação de adolescentes, além da altura e do peso, no cálculo do IMC são considerados também a idade e o sexo, sendo recomendado o critério de classificação percentilar do IMC. Após o cálculo do IMC, a classificação nutricional deve ser realizada de acordo comumacurva de distribuiçãoempercentis (P) de IMC para cada sexo. ADOLESCENTES (idade 10 anos e <20 anos): - IMC < p5: baixo peso - IMC p5 e < p85: peso adequado/eutrófico - IMC p85: sobrepeso ADULTOS (idade 20 anose<60anos): - IMC < 18,5: baixo peso - IMC 18,5 e < 25,0: peso saudável (eutrofia) - IMC 25 e < 30,0: sobrepeso - IMC 27: obesidade IDOSOS ( 60 anos) - IMC 22: baixo peso - IMC > 22 e < 27: peso adequado/eutrófico - IMC 27: sobrepeso Os profissionais de saúde devem usar o IMC nas avaliações de estado nutricional e do risco de DCNT para orientar as suas ações junto aos usuários dos serviços, individualmente ou de forma coletiva. Para mais informações sobre uso e aplicação do IMC, consulte a publicação (BRASIL, 2004g). > > > > > > > > < > Vigilância Alimentar e Nutricional. Orientações Básicas para a coleta, o processamento, a análise de dados e a informação em serviços de saúde
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    99 DIRETRIZ ESPECIAL2 - Qualidade sanitária dos alimentos Todos - A garantia da qualidade sanitária dos alimentos implica a adoção de medidas preventivas e de controle em toda a cadeia produtiva, desde sua origem até o consumo do alimento no domicílio. A manipulação dos alimentos segundo as boas práticas de higiene é essencial para redução dos riscos de doenças transmitidas pelos alimentos. Profissionais de saúde - Orientar sobre as medidas preventivas e de controle, incluindo as práticas de higiene, que devem ser adotadas na cadeia produtiva, nos serviços de alimentação, nas unidades de comercialização e nos domicílios, a fim de garantir a qualidade sanitária dos alimentos. - Informar que alimentos manipulados ou conservados inadequadamente são fatores de risco importantes para muitas doenças. Governo e setor produtivo de alimentos Governo - A d o t a r m e d i d a s m u l t i s s e t o r i a i s e multidisciplinares que visem à promoção da qualidade sanitária dos alimentos nas esferas local, nacional e internacional. - Garantir uma legislação e um sistema de controle e fiscalização eficiente para que em todas as etapas da cadeia produtiva de alimentos sejam adotadas medidas necessárias para que a população disponha de produtos seguros para o consumo. - Estabelecer parcerias com setores de apoio ao segmento produtivo e comercial de alimentos com objetivo de disseminar e apoiar a imple-mentação da legislação por meio de capacitações, orientações técnicas e assessorias aos estabelecimentos. - Orientar a população sobre os riscos relacionados à incorreta manipulação e conser-vação dos alimentos e sobre as medidas e práticas de higiene que devem ser adotadas a fimdeprevenir esses riscos. - Adotar medidas de intervenção em situações que se caracterizem como de riscos iminentes à saúde. Setor produtivo de alimentos - Adotar as medidas preventivas e de controle, incluindo as boas práticas de higiene, necessárias para que a população disponha de produtos seguros para o consumo. - Capacitar os manipuladores de alimentos nos temas relacionados à prática de higiene e à correta manipulação dos alimentos, conscien-tizando-os sobre sua responsabilidade na pre-venção das doenças transmitidas por alimentos. Família - Ao manipular os alimentos, siga as normas básicas de higiene, na hora da compra, da preparação, da conservação e do consumo de alimentos. Considerações e informações adicionais Uma característica fundamental para a alimentação saudável é que o alimento consumido seja seguro, ou melhor, não apresente perigos intrínsecos ou contaminação de natureza biológica, física ou química em níveis que comprometam a saúde do consumidor. Os riscos de contaminação do alimento são inúmeros e o consumidor tem papel importante para a prevenção desses riscos mediante a manipulação correta do alimento, seguindo as normas básicas de higiene. Para conhecer as principais fontes de contaminação de alimentos, veja os boxes Sabendo um pouco mais “As Principais Fontes de Contaminação dos Alimentos” e “Os Cinco Pontos-Chave da Organização Mundial da Saúde para a Inocuidade dos Alimentos”, nesta seção. A promoção da qualidade sanitária dos alimentos deve ser uma prioridade na agenda da saúde pública, uma vez que a disponibilidade de alimentos seguros, além de melhorar a saúde das pessoas e a produtividade de um país, é um direito básico de cidadania. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),umterço da população de países desenvolvidos é acometida a cada ano por doenças transmitidas por alimentos e possivel-mente esse quadro é mais dramático em países em desenvolvimento. A importância dos microrganismos está vinculada ao fato de que eles estão amplamente
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    100 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Sabendo um pouco mais As Principais Fontes de Contaminação dos Alimentos 1) Pessoas Pessoas com sintomas de doenças transmitidas por alimentos (DTA) podem transportar microrganismos perigosos para um alimento durante sua manipulação. Até mesmo uma pessoa saudável pode transmitir esses microrganismos ou quando atuam como veículo, transportando esses agentes deumalimento contaminado paraumalimento não contaminado ou quando são portadoras sem apresentar sintomas aparentes (os portadores assintomáticos). Nesses casos, os alimentos podem ser contaminados quando as pessoas os tocam sem lavar as mãos ou quando falam, tossem ou espirram sobre eles. 2) Alimentos crus ou não lavados Alguns alimentos crus podem apresentar organismos perigosos que são eliminados quando completamente cozidos. Da mesma forma, os alimentos não lavados podem apresentar esses organismos que são removidos após eficiente lavagem; entretanto esses alimentos, antes de passar pelo cozimento ou lavagem, podem contaminar direta ou indiretamente um alimento já preparado. Umexemplo de contaminação indireta é quando se cortaumfrango cru e, sem lavar a faca, utiliza-se a mesma faca para cortar salsinha lavada. Esse tipo de contaminação é denominado contaminação cruzada. 3) Insetos, ratos e animais domésticos A área de preparo de alimentos é atrativa para os animais que, ao terem contato diretamente com os alimentos desprotegidos ou as superfícies com as quais o alimento entra em contato, podem transmitir organismos prejudiciais à saúde. Entre os insetos, deve-se ter especial cuidado com as formigas, moscas e baratas. Algumas vezes é difícil identificar a presença de ratos, devendo-se ficar atento aos sinais de sua presença, como alimentos ou embalagens roídos ou presença de fezes. Os animais domésticos, por transportar organismos prejudiciais à saúde em seu corpo, podem contaminar o alimento por meio do contato direto ou dos pêlos que soltam. 4) Sujeira (pó, terra e outros resíduos) Há vários organismos perigosos dispersos na sujeira, portanto, é importante manter as áreas de preparo dos alimentos limpas. Quando se realiza a varredura da área de preparo do alimento, a poeira é levantada e se espalha no ar, aumentando o risco de contaminação dos alimentos. Por isso é importante manter os alimentos sempre protegidos em suas embalagens ou em recipientes fechados com tampas quando estiver varrendo ou limpando a casa, principalmente a cozinha e ambientes próximos a ela. 5) Superfícies e utensílios As superfícies que entramemcontato direto com os alimentos, como a bancada da cozinha, e os utensílios utilizados no preparo dos alimentos, como facas, panelas, bacias e outros vasilhames, podem ser fonte de contaminação quando sujos. Outro risco de contaminação ocorre quando as superfícies e os utensílios que foram utilizados na manipulação de alimentos crus são utilizados em alimentos preparados sem ter sido previamente lavados.Umafonte clássica de contaminação cruzada dos alimentos é o pano, comumente utilizado em cozinhas e estabelecimentos que preparam alimentos. 6) Lixo e alimentos estragados Os alimentos estragados devem ser descartados e os locais onde estavam armazenados submetidos a uma boa lavagem. O lixo deve permanecer fechado com tampa e ser retirado freqüentemente da área de preparo dos alimentos. Após o manuseio do lixo, deve-se lavar as mãos.
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    DIRETRIZ 6 -GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 101 DIRETRIZ ESPECIAL 2 - Qualidade sanitária dos alimentos distribuídos no ambiente, podendo ser encontrados na água, no solo e no ar. O homem também desempenha papel importante na transmissão desses agentes, uma vez que podem apresentar microrganismos distribuídos por todo o corpo, incluindo pele, boca, nariz, ouvidos, garganta, olhos, cabelos, mãos, unhas e tratos genital e intes-tinal. Da mesma forma como ocorre no homem, outros animais, como os animais de estimação, roedores, pássaros e insetos, apresentam esses microrganismos distribuídos pelo corpo. Considerando a ampla distribuição dos microrganismos, é importante que os alimentos sejam manipulados sob criteriosas condições de higiene, prevenindo assim que os agentes prejudiciais à saúde contaminem os alimentos. Pela sua própria condição, os alimentos crus podem apresentar microrganismos prejudiciais à saúde, sendo necessário redobrar o cuidado durante sua manipulação. Antes do consumo, os alimentos crus devem ser completamente cozidos e adequa-damente lavados. Veja o box Sabendo um pouco mais “Procedimentos para Seleção, Lavagem e Desinfecção de Frutas, Legumes e Verduras”, nesta seção. Após a contaminação dos alimentos, os microrganismos multiplicam-se rapidamente, desde que sejam encontradas condições apropriadas. A temperatura dos alimentos é uma condição essencial para a multiplicação dos microrganismos, sendo seu controle muito utilizado na prevenção das doenças transmitidas por alimentos (DTA). A maioria dos microrganismos se multiplica rapidamente em temperaturas próximas a 37ºC (temperatura do corpo humano). Entretanto, alguns microrganismos prejudiciais à saúde são capazes de se multiplicar em temperaturas superiores a 5ºC e inferiores a 60ºC, sendo esse intervalo consideradoumazona de perigo. Em temperaturas inferiores a 5ºC, os microrganismos cessam ou reduzem o processo de multiplicação, assim como em temperaturas superiores a 60ºC. A maioria dos microrganismos é eliminada em temperaturas superiores a 70ºC. Por isso, como medida preventiva e de controle das DTA, recomenda-se que o alimento seja conservado fora da zona de perigo, ou seja, sob refrigeração a temperaturas inferiores a 5ºC, congelados ou mantidos aquecidos em temperaturas superiores a 60ºC.Comomedida de segurança, são considerados completamente cozidos os alimentos que são submetidos a temperaturas superiores a 70ºC. Os alimentos que devem ser conservados sob temperaturas específicas são genericamente conhecidos como perecíveis . Da mesma forma, os alimentos que apresentam condições intrínsecas que não favorecem a multiplicação de micro orga-nismos e, portanto, não necessitam de conservação em temperaturas específicas são denominados não-perecíveis . Como exemplo de alimentos perecíveis podem-se citar as carnes e os queijos; quanto aos alimentos não perecíveis, são exemplos o arroz, o sal e os biscoitos. Dessa forma, embora haja a possibilidade de que alimentos durante sua manipulação adquiram uma carga microbiana proveniente de fontes mais diversas, como solo, ar, água, animais e outras, a adoção de práticas adequadas de higiene pode reduzir esse risco. Além disso, essa carga microbiana pode ser controlada, reduzida ou até mesmo eliminada quando se adotam medidas como eficiente lavagem, cozimento em tempe-raturas suficientes ou conservação sob refrigeração, congelamento ou aquecimento. Ainda em relação aos perigos biológicos, deve-se destacar que a emergência de novos agentes, como os prions que estão relacionados à doença da vaca louca, e a associação de microrganismos perigosos que antes não eram vinculados aos alimentos, como a ocorrência da doença de Chagas aguda pelo consumo de caldo-de- cana, constituem os novos desafios na garantia da qualidade sanitária dos alimentos. A contaminação dos alimentos por substâncias químicas tóxicas, como agrotóxicos, toxinas de algas, metais pesados e drogas veterinárias, também representa um problema grave para a saúde pública. Essas substâncias podem causar dano à saúde apósumaúnica exposição ou, mais freqüentemente, em decorrência de uma exposição continuada. Em geral, os efeitos crônicos, ou seja, efeitos cumulativos provocados pela exposição continuada a pequenas doses dessas substâncias, são difíceis de ser monitorados e seu impacto na saúde ainda é subestimado. A maioria dos relatos de danos à saúde está relacionada aos efeitos agudos decorrentes de uma única exposição a altas doses dessas substâncias tóxicas.
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    102 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Há vários meios de um alimento ser contaminado e, em conseqüência, causar uma doença transmitida por alimento. Alguns hábitos culturais, como o consumo de alimentos mal cozidos ou crus e uso indiscriminado de agrotóxicos, aliados às condições inadequadas de higiene na manipulação dos alimentos, procedimentos incor-retos de conservação e à falta de conhecimento das pessoas, têm papel significativo nesse processo. Segundo a OMS, a utilização de algumas técnicas e cuidados simples pode reduzir substancialmente o número de pessoas acometidas com esse tipo de doença. Veja box Sabendoumpouco mais “Os cinco pontos-chave da Organização Mundial da Saúde para a inocuidade dos alimentos”, nesta seção. Para evitar ou reduzir os riscos desse tipo de agravo, é fundamental que as medidas visando à melhoria das condições sanitárias dos alimentos sejam adotadas em toda a cadeia produtiva, iniciando na produção primária - plantio e criação de animais - até o consumo dos alimentos. A correta manipulação dos alimentos, com adoção das medidas preventivas e de controle aliada às boas práticas de higiene, promove a melhoria do estado de saúde e nutricional da população, contribuindo para o aumento da produtividade e bem-estar das pessoas. Além do envolvimento de todos os segmentos associados com a produção e comercialização dos alimentos, a garantia da qualidade sanitária dos alimentos e a prevenção das DTA requer a implementação de estratégias de educação da população, que adquirem especial importância no Brasil, considerando que a maioria das DTA notificadas ocorre nas residências. Sabendo um pouco mais Procedimentos para Seleção, Lavagem e Desinfecção de Frutas, Legumes e Verduras. Na hora da compra, observar as seguintes características para escolher as frutas, legumes e verduras. Se apresentarem essas condições, não são próprias para consumo : - partes ou casca ou polpa amolecidas, manchadas, mofadas ou de cor alterada; - folhas, talos ou raízes murchas, mofadas ou deterioradas; - qualquer alteração na cor, na consistência ou no cheiro característico; - excesso ou falta de umidade característica. Selecionar, retirando as folhas, partes e unidades deterioradas. Lavar em água corrente os vegetais folhosos (alface, escarola, rúcula, agrião, etc.), folha a folha, e as frutas e legumes, um a um. Colocar de molho, por dez minutos, em água clorada, utilizando produto adequado para esse fim (ler o rótulo da embalagem), na diluição de até 200ppm (uma colher de sopa para um litro). Fazer o corte dos alimentos para a montagem dos pratos com as mãos e utensílios bem lavados. Manter sob refrigeração até a hora de servir.
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    DIRETRIZ 6 -GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 103 DIRETRIZ ESPECIAL 2 - Qualidade sanitária dos alimentos Sabendo um pouco mais Os Cinco Pontos-Chave da Organização Mundial da Saúde para a Inocuidade dos alimentos 1. Mantenha a limpeza Por quê? Os microrganismos perigosos que causam doenças transmitidas por alimentos podem ser encontrados na terra, na água, nos animais e nas pessoas. Eles são transportados de uma parte a outra por meio das mãos e dos utensílios, das roupas, dos panos, das esponjas e quaisquer outros elementos que não tenham sido lavados de maneira adequada e umleve contato pode contaminar os alimentos. 2. Separe alimentos crus e cozidos Por quê? Os alimentos crus, especialmente carne, frango e pescado, podem estar contaminados com microrganismos perigosos que podem transferir-se a outros alimentos, como comidas cozidas ou prontas para o consumo, durante o preparo dos alimentos ou durante a sua conservação. 3. Cozinhe completamente os alimentos Por quê? A correta cocção mata quase todos os microrganismos perigosos. Estudos mostram que cozinhar os alimentos de forma a que todas as partes alcancem 70ºC garante a segurança desses alimentos para consumo. Existem alimentos, como pedaços grandes de carne, frangos inteiros ou carne moída, que requerem um especial controle da cocção. O reaquecimento adequado elimina microrganismos que possam ter se desenvolvido durante a conservação dos alimentos. 4. Mantenha os alimentos a temperaturas seguras Por quê? Alguns microrganismos podem multiplicar-se muito rapidamente se o alimento é conservado à temperatura ambiente, pois eles necessitam de alimento, umidade, temperatura e tempo para se reproduzir. Abaixo de 5ºC e acima de 60°C o crescimento microbiano se faz lentamente ou pára. Alguns microrganismos patogênicos podem crescer aindaemtemperaturas abaixo de 5ºC. 5. Use água e matérias-primas seguras Por quê? As matérias-primas, incluindo a água, podem conter microrganismos e produtos químicos prejudiciais à saúde. É necessário ter cuidado na seleção de produtos crus e tomar medidas preventivas que reduzem o risco, como lavagem e descasque.
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    Colocando as diretrizesem prática 107 Colocando as diretrizesemprática As orientações deste guia têm origem no conhecimento científico atual, expressoemumasérie de relatórios de especialistas, produzidos pelas Nações Unidas e por outras agências internacionais, bem como pelos Ministérios da Saúde de diferentes países, nos últimos dez ou mais anos. Elas são, portanto, cientificamente fundamentadas, confiáveis e atuais. Após olhar para todas as diretrizes, pode-se questionar: “Por onde e como começar?” Para alguns tipos e grupos de alimentos há muita diferença entre o que os brasileiros consomem atualmente e o que recomenda o guia.A população está consumindo menos feijão (leguminosas); o consumo de frutas, legumes e verduras é muito baixo; o consumo de alimentos gordurosos, muito açucarados, refrigerantes e sucos industrializados aumentou; o consumo de sal é alto; é comum o consumo de álcool; e também ocorreu uma redução nos níveis de atividade física, o que resultouemexcesso de peso e obesidade no País. O objetivo do Guia Alimentar para a População Brasileira é contribuir para que essas tendências sejam revertidas. Os indivíduos e grupos que seguirem essas orientações estarão mais protegidos contra todos os tipos de doenças relacionadas à alimentação e darão a si próprios uma oportunidadededesfrutarumavida longa e ativa. Da mesma forma, os profissionais de saúde que adotarem e aplicarem as diretrizes nas orientações dadas às pessoas que atendem em seu trabalho e incentivarem a população a selecionar alimentos e preparar as refeições de maneira mais saudável estarão dando uma contribuição valiosa para a saúde pública. Todas as diretrizes deste guia são importantes, mas aquela relacionada às frutas, aos legumes e às verduras é possivelmente a mais importante de todas; isto porque, além de contribuir para a variedade da alimentação e oferta mais adequada de micronutrientes, o aumento no consumo desses alimentos pode colaborar para a reorientação ou deslocamento no consumo, promovendo a redução no consumo de alimentos inadequados, aqueles com alto teor de gordura, sal e açúcares. Éumasubstituição positiva e gradual. Neste capítulo, estão informações práticas destinadas a facilitar que todos possam seguir as recomendações do guia alimentar e, ao mesmo tempo, desfrutar de refeições e lanches saborosos, utilizar melhor o dinheiro gasto em alimentação, divertir-se socialmente e aumentar a oportunidade paraumavida saudável, feliz e ativa. Essas informações são para toda a família e principalmente para pessoas que planejam, fazem as compras e preparam as refeições. Por isso, nas recomendações práticas a seguir, usam-se muitas vezes frases como “sirva uma grande porção de qualquer vegetal com folhas verdes a cada refeição principal” ou “use óleos insaturados para cozinhar”. Essas informações são detalhamentos da “orientação para os membros da família” existente em cada diretriz que, para reforçar conceitos, também são repetidos aqui. As pessoas que moram sozinhas e os membros da família que comem fora, em cantinas ou restaurantes, bem como as famílias que dividem entre si as responsabilidades de planejar, comprar e cozinhar, podem “traduzir” essas informações de forma a adaptá-las à sua própria situação. São sugestões que darão uma melhor idéia de como adotar as diretrizes. São também ponto de partida para que profissionais de saúde que trabalham nas esferas estadual, municipal e local possam adaptar as recomendações e estendê-las para as diferentes realidades de nosso país, bem como aos diferentes tipos de família com restrições econômicas ou não, pequenas e grandes, urbanas ou rurais e também às pessoas com diferentes idades. Diretriz 1 Os alimentos saudáveis e as refeições - Consuma diariamente alimentos como cereais integrais, feijões, frutas, legumes e verduras, leite e derivados e carnes magras, aves ou peixes. - Diminua o consumo de frituras e alimentos que contenham elevada quantidade de açúcares, gorduras e sal. - Valorize a sua cultura alimentar e os alimentos regionais. - Saboreie refeições variadas, ricas em alimentos regionais saudáveis e disponíveis na sua comunidade. - Escolha os alimentos mais saudáveis, lendo as informações nutricionais nos rótulos dos alimentos.
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    108 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA - Alimente a criança somente com leite materno até a idade de 6 meses e depois complemente com outros alimentos, mantendo o leite materno até os 2 anos ou mais. - Procure nos serviços de saúde orientações a respeito da maneira correta de introduzir alimentos complementares e refeições quando a criança completar 6 meses de vida. E… - Nas refeições, monte o seu prato com pelo menos dois terços dos alimentos de origem vegetal. - Faça as refeições em local apropriado e confortável. Encontre oportunidades para que a família se reúna na hora da refeição. - Aproveite o tempo e desfrute as refeições. Elas são o centro da convivência social e familiar. - Desligue a televisão na hora das refeições e coma as refeições em volta da mesa - as crianças também. Quando você come assistindo televisão, perde a noção de quantidade, não mastiga suficientemente e,emgeral,nemsabe o que está comendo. - Faça ao menos três refeições principais por dia, sempre que possívelemcasa. - Evite que as crianças “belisquem” e substituam as refeições por fast food, biscoitos ou salgadinhos, comam na rua ou decidam sozinhas sobre suas refeições. A criança deve articipar, na medida de sua possibilidadeecomsegurança,dadecisãoeelaboração das refeições junto com um adulto, para que vá construindopráticasalimentaressaudáveis. - Comece a refeição com uma quantidade grande de salada, com folhas verdes e variedade de legumes, temperados com um molho de ervas frescas feito emcasa. - Beba muita água entre as refeições. Sempre tenha água em locais de fácil acesso, principalmente das crianças. - Os melhores lanches, entre as refeições, são frutas frescasousucosdefrutasfrescassemaçúcaradicionado. - Nos mercados e nos restaurantes por quilo, escolha muitas frutas, legumes e verduras e grãos em geral (cereais e feijões). - Prefira os alimentos frescos. Se for possível, faça compras pelo menos duas vezes por semana de alimentos frescos da estação, que são mais baratos e nutritivos. - Alimentos ou bebidas coloridos ou aromatizados artificialmente são normalmente más escolhas, por possuirem muito açúcar e, em geral, nenhum outro nutriente. - Entre os alimentos processados, prefira aqueles nos quais foi utilizado secagem, fermentação, engarrafamento ou congelamento. - Escolha formas de preparação de alimentos na sua casa que preservem o valor nutricional dos alimentos. Cozinhar os alimentos no vapor ou em pouca água ou óleo são os melhores métodos. - Mantenha os alimentos adequadamente conservados em refrigeração, quando for o caso, e protegidos de insetos, poeira e animais caseiros. - Por segurança, lave, esfregue as frutas, os legumes e às verduras. Higienize muito bem esses alimentos, mesmo aqueles que não são consumidos com casca. - Descarte alimentos mofados ou com bolor ou alimentos que pareçam estragados ou que cheirem mal ou estejam com sabor estranho. - Grande parte dos cereais industrializados destinados à refeição matinal são, quase sempre, feitos com milho refinado, trigo ou arroz, com quantidades variáveis de açúcar adicional, sal e outros ingredientes e, muitas vezes, fortificados com vitaminas e minerais. Leia a informação nutricional no rótulo dos produtos e prefira aqueles integrais e com menor quantidade de açúcar e gordura. - Evite usar margarina, manteiga ou maionese nos sanduíches. Para substituir, experimente um pouco de óleo vegetal temperado com ervas, casca de limão ou alho. Você mesmo pode temperar o óleo, emcasa. Diretriz 2 Cereais, tubérculos e raízes - Coma diariamente 6 porções do grupo do arroz, . Dê preferência pães, massas, tubérculos e raízes aos grãos integrais. E… - Preencha mais da metade do seu prato com esses alimentos, ricosemamido, nas refeições principais. - Procure consumir alimentos na sua forma natural. Quanto mais próximo o alimento ou bebida for da sua forma originalnanatureza, melhor para a saúde.
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    Colocando as diretrizesem prática 109 - Produtos como sopasempó, conservas de vegetais, biscoitos, salgadinhos e refeições congeladas, em geral, contêm altas concentrações de sal, gorduras ou açúcar, o que não é saudável para a sua família. - Pão e arroz integrais são fontes de fibra, vitaminas e minerais e substâncias bioativas que ajudam a proteger a sua saúde. - No Brasil, as farinhas de trigo e milho são fortificadas com ferro e ácido fólico (veja no rótulo do alimento); esses nutrientes ajudam a prevenir anemia e outras doenças. Use-as para preparar pães, bolos ou outras receitasemsua casa. - Se preferir o arroz branco, escolha o parboilizado; é mais nutritivo. - Consuma com maior freqüência as raízes e tubérculos tradicionais brasileiros, como a mandioca, inhame, cará e a batata-doce. - Alimentos com amido, quando preparados com pouca ou nenhuma gordura ou açúcar, são mais saudáveis e ajudam a manter o peso adequado. - Para qualquer tipo de alimento, prefira as preparações assadas e cozidas às fritas. - O valor nutritivo de muitos alimentos, como as batatas, inhame, mandioca e outros ricosemamido, pode ser preservado quando são cozidos com casca. Lave-os muito bem antes de colocá-los na panela para cozimento. - Pães crocantes e biscoitos cracker são opções de lanches, mas leia os rótulos para ver a quantidade de gordura total, gordura saturada, gordura trans e sódio. Escolha os tipos e as marcas com teores menores desses componentes. - Experimente todos os tipos de massa e prefira os molhos de ervas e tomate, que são muito saborosos e menos calóricos. Cuidado com a adição excessiva de gordura aos molhos. - Prefira as pizzas elaboradas com legumes e verduras ou frutas e pouco queijo. - Pastéis, bolos e biscoitos são também considerados alimentos ricos em gorduras e açúcares. Evite consumi-los diariamente. Quando fizer ou comprar bolos, prefira os mais simples, de frutas, sem cobertura ou recheio. Deixe os bolos mais elaborados para comemorações eventuais e especiais. Diretriz 3 Frutas, legumes e verduras - Coma diariamente pelo menos legumes e verduras 3 porções ou mais de frutas E… 3 porções de como parte das refeições e nas sobremesas e lanches. - Valorize os produtos da sua região e varie o tipo de frutas, legumes e verduras consumidos na semana. Compre os alimentos da estação e esteja atento para sua qualidade e estado de conservação. - Para alcançar o número de porções recomendadas de frutas e de legumes e verduras é necessário que esses alimentos estejam presentes em todas as refeições e lanches realizados no decorrer do dia. - Consuma saladas com variedade de tipos de verduras no almoço e no jantar; outros vegetais em preparações assadas ou cozidas durante as refeições principais; frutas como sobremesa e nos lanches e sucos de fruta fresca sem açúcar. - Experimente colocar frutas em preparações salgadas como carnes, peixes, molhos e saladas. - Use legumes e verduras todos os dias acompanhando arroz ou cozidos no feijão. - Cuide da adequada higienização desses produtos em sua casa, bem como de sua conservação. Mesmo aqueles que são consumidos cozidos ou sem casca devem serbemlavados antes da preparação. - As refeições ficam mais bonitas, nutritivas e atrativas quando são utilizados legumes e verduras de diferentes cores, além de aumentar a quantidade de diferentes vitaminas e minerais e de fibras. - Sempre que possível, consuma frutas, legumes e verduras com casca ou retire o mínimo possível; em grande parte dos alimentos, a maior quantidade de vitaminas e minerais se encontra na casca. - Ao cozinhar frutas, legumes e verduras, faça-o no menor tempo possível e use pouca quantidade de água. Algumas vitaminas se perdem com o calor e se diluem na água.Osabor e a textura também ficarão melhores. - Coloque esses alimentos na água já em fervura e sempre utilize a panela tampada para o tempo de cozimento ser o menor possível. - A água do cozimento dos vegetais pode ser utilizada na preparação de outros alimentos, como
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    110 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA arroz, ensopados, molhos. As vitaminas e minerais diluídos são reaproveitados. - Não utilize bicarbonato de sódio para deixar os vegetais mais verdes. Esse composto destrói algumas vitaminas. - Use muito tomate, pimentão e cebola frescos, cozidos ou como molhos. - Redescubra o valor e o sabor das sopas. Um prato grande de sopa de vegetais, com caldo bem grosso, pode s e r considerado uma r e f e i ç ã o , complementada por salada e fruta. - Conheça novos sabores; experimente frutas, legumes e verduras brasileiras de cada época do ano e experimente novas receitas com esses alimentos. - Ao utilizar frutas, legumes e verduras industrializados, dê preferência àqueles conservados no próprio suco, água ou vinagre. Fique atento: leia no rótulo a quantidade de sal e açúcar e escolha os que têm menor teor desses componentes. - Coma frutas frescas no café da manhã, nas refeições principais, como sobremesa, ou nos lanches, entre as principais refeições. - Sempre que possível, dê frutas frescas às crianças todos os dias para levar para a escola. Para variar também podem ser usadas frutas secas, como banana, abacaxi e outras disponíveis. Prefira aquelas que foram feitas sem açúcar adicionado. Procure essa informação na lista de ingredientes no rótulo dos alimentos. - Sucos de fruta feitos na hora são os melhores. A polpa congelada perde alguns nutrientes, mas é uma opção melhor do que sucos artificiais ou refrigerantes. - Sempre que possível, ofereça suco natural de frutas variadas todas as manhãs para todas as pessoas da família e não adicione açúcar. Se precisar adicionar um líquido, prefira suco de laranja ou água de coco. - Se você tem um quintal ou qualquer lugar adequado, faça uma horta, plante frutas, legumes, verduras e ervas (manjericão, orégano, salsa, cebolinha, coentro) para a família e amigos. Além dos benefícios alimentares, pode ser uma fonte de lazer e movimento. - Dê cestas de frutas e não bolos ou chocolates como presentes. Esta é uma maneira simpática e diferente de contribuir para uma vida mais saudável de todas as pessoas a quem você quer bem. Diretriz 4 Feijões e outros alimentos vegetais ricos em proteínas - Coma 1 porção de feijão por dia . Varie os tipos de feijões usados (preto, carioquinha, verde, de-corda, branco e outros) e as formas de preparo. Use também outros tipos de leguminosas (soja, grão-de-bico, E... ervilha seca, lentilha, fava). - Coma feijão com arroz na proporção de uma parte de feijão para duas partes de arroz cozidos. Esse prato brasileiro é uma combinação completa de proteínas ebompara a saúde. - O prato favorito e típico do Brasil arroz e feijão é uma excelente combinação e escolha. Adote-o como base de sua alimentação. - O feijão deve ser preparado com quantidades pequenas de gordura, preferencialmente óleos vegetais. - Não use a água em que o feijão ficou de remolho para cozinhá-lo. - Feijoada e outros pratos feitos com feijão e carnes gordas, embutidos, toucinho e outros tipos de carnes têm alto teor de gordura saturada e de sal, o que não é saudável; consuma esse tipo de preparação ocasionalmente. - Acrescente feijão, ervilha ou lentilha aos ensopados e cozidos. - Acrescente feijões, oleaginosas (castanhas, nozes, amendoim) e sementes às saladas para torná-las mais nutritivas. - As sementes (de girassol, gergelim, abóbora e outras) e castanhas (do-brasil, de-caju, nozes, nozes-pecã, amêndoas e outras) são fontes complementares de proteínas e gorduras de boa qualidade. Se possível, consuma-as com mais freqüência. Utilize-as como ingrediente de saladas, sopas, no iogurte, salada de frutas, molhos, pães e bolos. - Tenha sempre em casa uma quantidade de feijões e lentilhas secos e sementes (girassol, abóbora). Se for possível, tenha também castanhas e nozes. - Nos restaurantes por quilo ( self-service ) e cantinas inicie a montagem do seu prato pelas saladas (verduras e legumes) e feijões. Tempere a salada com pequena quantidade de azeite ou limão. Evite
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    Colocando as diretrizesem prática 111 servir-se de frituras, salgadinhos, empanados, molhos brancos e molhos à base de maionese ou de queijo. - Para o lanche das crianças, nas viagens ou se sentir fome entre as refeições, uma boa alternativa é comer um pouco de nozes, castanhas ou sementes (oleaginosas) sem sal, ou frutas secas sem açúcar adicionado. Diretriz 5 Leite e derivados, carnes e ovos Consuma diariamente: - 3 porções de leite e derivados . Os adultos, sempre que possível, devem escolher leite e derivados com menores quantidades de gorduras. Crianças, adolescentes e mulheres gestantes devem consumir leite e derivados na forma integral. - 1 porção de carnes, peixes ou ovos . Prefira as carnes magras e retire toda a gordura aparente antes da preparação. -Comamais frango e peixe e sempre prefira carne com baixo teor de gordura. Os derivados de carne (charque, salsicha, lingüiça, presuntos e outros embutidos) contêm,emgeral,excessodegordurasesaledevemser consumidosocasionalmente. - Coma pelo menos uma vez por semana vísceras e miúdos, como o fígado bovino, coração de galinha, entre outros. Essas carnes são excelente fonte de ferro, nutriente essencial para evitar anemia,emespecialem crianças, jovens,idososemulheresemidadefértil. E… - Carne fresca de aves e peixes é sempre melhor. - Procure comer peixe fresco pelo menos duas vezes por semana. Tanto os peixes de rio como de mar são saudáveis. - Descarte, antes de preparar, toda a gordura aparente das carnes e a pele das aves. - Cada tipo de corte de carne possui diferentes quantidades de energia e gordura. Prefira aqueles de menores valores. Por exemplo, a cada 100g: acém (121kcal, 4,3g de gordura total); contrafilé (192kcal, 12,8g de gordura total); patinho (118kcal, 4,02g de gordura total); coxa de frango (161kcal, 9,32g de gordura total); peito sem pele (110kcal, 1,84g de gorduratotal). - Não existem diferenças importantes no valor nutritivo de carnes denominadas “de primeira” ou “de segunda”. O que é importante é optar por aqueles cortes com menor teor de gordura. - Prefira carnes, peixes ou aves assados ou preparados com pouca gordura. - Prepare as carnes com pouco sal e evite o uso de temperos prontos que são ricosemsódio. - Evite produtos com carne processada tipo hambúrgueres e salsichas, que geralmente têm alta porcentagem de gordura e de sal. Consulte as informações nutricionais dos rótulos de alimentos (gordura total, gordura saturada) para ajudá-lo a selecionar alimentos com menores teores de gorduras e sódio. - Coma somente ocasionalmente alimentos de origem animal curados, defumados, grelhados ou churrasco. - Quando fizer um churrasco, ofereça frango, peixe grelhado, acompanhados de saladas e frutas como opção. - Prefira iogurtes desnatados e queijos com pouca gordura. Em geral os queijos brancos, como a ricota e o minas frescal, possuem menos gordura. Consulte os rótulos nutricionais e escolha os produtos com menos gordura e sódio. - Iogurte desnatado temperado com ervas, como manjericão, salsa, tomilho e coentro frescos, é uma excelente opção para sanduíches e molho de saladas em substituição à maionese, manteiga ou margarina. - Os ovos são nutritivos. Prefira-os cozidos, escaldados, mexidos ou como omelete, preparados com pouco ou nenhum óleo. - Dois a três copos de leite por dia contribuem para um adulto atingir suas recomendações de cálcio. O iogurte pode ser também uma opção para garantir o fornecimento de cálcio. Prefira os caseiros. - Crianças, adolescentes, gestantes e idosos devem consumir mais leite e derivados, para atender às suas necessidades de cálcio. - Caso você ou sua família adote uma alimentação que não contenha nenhum tipo de carne, ovos ou leite e derivados, procure nos serviços de saúde a orientação de nutricionista para assegurar-se de que sua alimentação seja saudável.
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    112 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Diretriz 6 Gorduras, açúcares e sal - Reduza o consumo de alimentos e bebidas concentrados em gorduras, açúcar e sal. Consulte a tabela de informação nutricional dos rótulos dos alimentos e compare-os para ajudar na escolha de alimentos mais saudáveis. Escolha aqueles com menores percentuais de gorduras, açúcar e sódio. - Use pequenas quantidades de óleo vegetal quando cozinhar. Prefira formas de preparo que utilizam pouca quantidade de óleo, como assados, cozidos, ensopados, grelhados. Evite frituras. Consuma - não mais que 1 porção por dia de óleos vegetais, azeiteoumargarinasemácidosgraxostrans. - Consuma não mais que 1 porção do grupo dos açúcares e doces por dia. - Reduza a quantidade de sal nas preparações e evite o uso do saleiro na mesa. A quantidade de sal por dia deve ser, por pessoa E... no máximo, uma colher de chá rasa , distribuída em todas as preparações consumidas durante o dia. - Valorize o sabor natural dos alimentos, reduzindo o açúcar ou o sal adicionado a eles. Acentue o sabor de alimentos cozidos e crus utilizando ervas frescas ou secas ou suco de frutas como tempero. - Utilize somente sal iodado. Não use sal destinado ao consumo de animais. Ele é prejudicial à saúde humana. - Quanto menos gordura, gordura saturada, sal e açúcarvocêconsumir,melhorparasuasaúde. - Leia os rótulos dos alimentos. Evite alimentos com alto teor de gordura total, de gordura saturada, gorduratrans,desódio(sal)oudeaçúcar. - Lembre-se: você pode estranhar o sabor inicial, mas depois de um tempo você irá preferir o sabor dos alimentos preparadoscompouca gordura, sal e açúcar. Dêotemponecessário paraoseu paladar se acostumar aisso. Seja persistente.Suasaúdeagradece. -Os óleos vegetais são melhor escolha que a manteiga ou margarina. Use-os para cozinhar. Escolha entre os decanola,milho,algodão,girassolousoja. - Uma lata de 900ml é suficiente para o preparo de alimentos de uma família de quatro pessoas, durante um mês. Se você usa mais que essa quantidade por mês, tente reduzir o óleo das preparações até que o consumo de óleo atinja essa quantidade. - O azeite de oliva é uma ótima opção, principalmente para temperar saladas. É saboroso e nutritivo. Observe no rótulo do produto se ele é puro, pois muitos são adicionados de outros tipos de óleo vegetal. Use-o com moderação, pois também tem alto teor de energia. - Use ervas ou temperos e não sal, para tornar os alimentos mais saborosos. Evite temperos prontos que contêm alta concentração de sal. - Mantenha os molhos de saladas e molhos de alimentos separados das preparações. Acrescente-os apenas quando montar o seu prato, em quantidade pequena, apenas para realçar o sabor. - Evite consumir alimentos industrializados que contêm altos teores de sal, como embutidos (salsichas, lingüiças, salames, presuntos, mortadela), queijos, conservas de vegetais, sopas, molhos e temperos prontos. Além disso, alguns geralmente têm alto teor de gordura. - Cozinhar com muito óleo e fritar tornam qualquer alimento rico em gorduras e, portanto, não-saudável. - Se for consumir, prefira os salgadinhos assados e também aqueles que não são preparados com gordura vegetal hidrogenada (veja na lista de ingredientes no rótulo). Somente os consuma ocasionalmente. Atenção com os folhados e empadinhas de massa “podre”, que são assados, mas também ricosemgorduras. - Evite bolos, biscoitos doces, sobremesas e doces como regra da alimentação. Coma-os menos que três vezes por semana. Prefira aqueles preparados emcasa, com óleos vegetais. - Refrigerantes, bebidas industrializadas, doces e produtos de confeitaria contêm muito açúcar e favorecem o aparecimento de cáries, além de sobrepeso e obesidade, e não são nutritivos. Evite o consumo diário desses produtos e explique às crianças e aos adolescentes que esses alimentos não são saudáveis, podendo ser consumidos apenas eventualmente,emocasiões especiais.
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    Colocando as diretrizesem prática 113 - Quando consumir qualquer tipo de alimento com açúcar, escove os dentes imediatamente depois. Essa prática é particularmente importante para as crianças, para a prevenção de ocorrência da cárie dental. - Procure não adicionar açúcar ao café ou a outras bebidas. Em caso de dificuldade, faça uma redução progressiva. Após um tempo seu paladar se adaptará e as bebidasemgeral terãoumgosto melhor. - Diminua progressivamente o consumo de refrigerantes; a maioria contém corantes, aromatizantes, açúcar ou edulcorantes. Sucos industrializados também são ricos em açúcar. Consuma-os moderadamente, diluídos com água ou escolha os diet ou light. - Evite alimentos engarrafados, enlatados ou empacotados com adição de açúcar ou sal ou que contêm muita gordura ou óleos hidrogenados (gorduras trans). Diretriz 7 Água - Use água tratada ou fervida e filtrada para beber e para preparar refeições e sucos ou outras bebidas. - Beba pelo menos dois litros (seis a oito copos) de água por dia. Dê preferência ao consumo de água nos intervalos das refeições. - Ofereça água para as crianças e idosos ao longo de todo o dia. Eles precisam ser estimulados ativamente a ingerir água. E... - Beba água de boa qualidade, tratada ou fervida e filtrada, entre as refeições, ou sucos naturais de frutas sem adição de açúcar. - A água usada para preparar os alimentos ou higienizá-los deve merecer o mesmo cuidado da água para beber. - Use sempre um filtro. Procure limpar freqüentemente o filtro, principalmente se for do tipo que usa vela que pode ser substituída. Fique atendo ao prazo de validade das velas. - Se não for possível ter um filtro de água em casa, mantenha a água a ser utilizada na cozinha em recipientes limpos, devidamente protegidos do ar e do contato com insetos. - Mantenha sempre disponível uma garrafa de água no seu ambiente de trabalho. - Leve consigo água engarrafada nas viagens e beba muita água. - Quando consumir bebidas alcoólicas, lembre-se de que deve também beber muita água. - Os refrigerantes e sucos industrializados não devem ser considerados como água, pois esses tipos de bebidas contêm muita caloria. - Não consuma mais do que duas a três xícaras de café por dia. Você pode substituí-lo por chás de diferentes ervas frescas sem açúcar. O café deve ser evitado por crianças, adolescentes e idosos, além das pessoas que têm dificuldade de dormir. Diretriz Especial 1 Atividade física - Torne o seu dia-a-dia e seu lazer mais ativos. Acumule pelo menos 30 minutos de atividade física todos os dias. - Procure os serviços de saúde para ser orientado sobre alimentação saudável e atividade física. - Movimente-se. Descubra um tipo de atividade física agradável. O prazer é também fundamental para a saúde. Caminhe, dance, ande de bicicleta, jogue bola, brinque com as crianças. - Aproveite o espaço doméstico e espaços públicos próximos a sua casa para se movimentar. Convide vizinhos e amigos para acompanhá-lo. E… - Movimente-se. Procure uma atividade física que lhe dê prazer. - Caminhe em ritmo acelerado para o trabalho ou, pelo menos, caminhe durante parte do percurso. - O trabalho de casa é fisicamente ativo. Faça a família colaborar. - Faça intervalos durante o dia para uma rápida caminhada. Cada dez minutos contam. - Suba e desça escadasemcasa e no trabalho. - O ciclismo é tão bom quanto a caminhada. Pedale nos finais de semana.
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    114 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA - Dance com o(a) seu(ua) companheiro(a) ou dance sozinho(a) quando sentir vontade. - Participe de um clube, academia ou aula de ginástica em que você desfrute de companhia e de lazer ativo. - Corrida, ciclismo, natação e academias são escolhas para exercícios vigorosos; jogos de equipe como o futebol, voleibol, basquetebol e tênis são também excelentes formas de exercício físico. - Certifique-se de que as crianças na família têm tempo para fazer esportes e jogos. Brinque com elas e faça-as descobrir e adotar as brincadeiras de sua infância, feitas preferencialmente ao ar livre: pular corda, esconde-esconde, subir em árvores, brincar em parquinhos não-eletrônicos, pega-pega, cabra-cega, jogar bola, queimada, amarelinha. Elas vão se divertir e você também. - Diminua o tempo em frente ao televisor e computador nas suas horas de lazer. - Se você tem algum histórico de doença cardíaca, ou se você tem mais de 50 anos, é prudente submeter-se a um exame médico antes de iniciar qualquer esporte ou atividade física. - Verifique, nos serviços de saúde, o seu peso e a medida da cintura regularmente. Essas informações são importantes para a saúde. Diretriz Especial 2 Qualidade sanitária dos alimentos - Ao manipular os alimentos, siga as normas básicas de higiene na hora da compra, da preparação, da conservação e do consumo de alimentos. E.. . No momento da compra - Verifique se o supermercado ou estabelecimento comercial apresenta adequadas condições de conservação dos alimentos oferecidos. Para escolher esses estabelecimentos, não utilize apenas critérios como a proximidade do domicílio e o preço dos produtos; verifique também a limpeza e organização do ambiente. - Os atendentes e manipuladores devem estar com vestimenta adequada à atividade que exercem e, quando necessário, de touca, luvas, máscara de proteção e botas. A vestimenta deve estar limpa e conservada. - Os produtos devem estar acondicionados em prateleiras limpas, organizadas e nunca sobre o piso. Os alimentos congelados e refrigerados devem estar armazenados sob temperatura recomendada pelo fabricante. - Certifique-se da qualidade dos produtos. - Verifique os selos de inspeção, o prazo de validade, a identificação do fabricante e as condições da embalagem. - Observe a embalagem do produto: ela não deve estar violada ou rasgada. No caso das latas, não compre nem utilize aquelas com ferrugem, que estiverem amassadas, estufadas ou com qualquer outra alteração. - Nos produtos não embalados ou acondicionados em embalagens transparentes que permitem visualizar seu conteúdo, observe se os alimentos apresentam alteração na cor, na consistência, no aspecto e se há presença de matérias estranhas. - Siga a ordem correta de compra dos alimentos: primeiro, os produtos não-comestíveis,comoutensílios e materiais de limpeza; segundo, os alimentos não-perecíveis e depois os perecíveis (carnes e outros produtos conservados sob refrigeração). Organize-se para que o tempo entre a compra dos alimentos perecíveis e seu armazenamento no domicílio não ultrapasseduashoras. - Carnes pré-embaladas e congeladas, encontradas normalmente em supermercados, devem ser mantidas em balcão ou câmara frigorífica. Freezer ou balcão frigorífico fora da temperatura correta, ou quando desligados à noite, formam água no chão, o que indica que os produtos não foram conservadosemtemperatura ideal. - Os alimentos congelados devem estar firmes e sem sinais de descongelamento, como acúmulo de líquido. - No caso de carnes e aves, verifique se a embalagem não está gotejando. No caso de ovos, confira se não estão quebrados ou rachados. - Produtos de origem animal embalados somente devem ser comprados com o selo do Serviço de
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    Colocando as diretrizesem prática 115 Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, ou do serviço de inspeção estadual ou municipal. - Ao escolher peixes, observe se possuem pele firme, bem aderida, úmida e sem a presença de manchas. Os olhos devem ser brilhantes e salientes. As escamas devem estar unidas e fortemente aderidas à pele e brilhantes. As brânquias (guelras) devem possuir cor em tons que variam do rosa ao vermelho intenso, ser brilhantes e sem viscosidade. - No transporte dos alimentos, evite colocá-los em locais quentes, como, por exemplo, próximos ao motor do carro ou expostos ao sol. - Guarde os alimentos perecíveis na geladeira ou freezer o mais rápido possível, quando chegar ao domicílio. No domicílio - As mãos devem sempre ser lavadas com água e sabão antes do início da preparação dos alimentos. As unhas devem estar curtas e limpas. - Lave as mãos antes de manipular os alimentos e após ir ao banheiro, limpar o nariz, fumar, mexer com dinheiro, atender ao telefone, carregar o lixo e outras atividades. Também se lembre de lavar as mãos após manipular alimentos c r u s , principalmente se for manusear alimentos já prontos. - O local de preparo e armazenamento dos alimentos (cozinha, despensa, bancadas e equipamentos) devem ser mantidos sempre limpos e organizados. - As superfícies que entrem em contato com os alimentos, como bancadas de cozinhas, devem ser mantidas em bom estado de conservação, sem rachaduras, trincas e outros defeitos que favoreçam o acúmulo de líquido e sujidades. - Todos os utensílios, como facas e tábuas de corte, e superfícies que entram em contato com os alimentos, como bancadas, devem estar limpos. Lave os utensílios usados para manipular alimentos crus (carnes, pescados e vegetais não lavados) antes de utilizá-losemalimentos prontos. -Os utensílios devem secar naturalmente. Se utilizar panos de prato, eles devem estar limpos. Não utilize o mesmo pano de prato usado para secar utensílios para secar as mãos. Os panos de prato, panos de pia e esponjas devem ser trocados freqüentemente. - Caso retire pequenas porções para experimentar o alimento que está sendo preparado, lave a colher ou outro utensílio que usou antes de utilizá-lo novamente. - Cozinhe bem os alimentos, especialmente carne, aves, ovos e peixes. No caso de carnes e aves, para saber se o cozimento foi completo, o suco deve estar claro e não rosado e a parte interna também não deve estar vermelha ou rosada. Os ovos devem ser cozidos até a clara e gema estarem firmes e os peixes devem ficar opacos (sem brilho) e se desmanchar facilmente. -Aágua utilizada no preparo dos alimentos deve ser potável. Use a mesma água que é ingerida pela família. - Alimentos preparados que não serão imediatamente consumidos devem ser conservados no refrigerador em vasilhas tampadas. Sempre que possível, prepare os alimentos em quantidade suficiente para consumo imediato. Não deixe os alimentos cozidos à temperatura ambiente por mais de duas horas. - Mantenha a geladeira, o congelador e o freezer nas temperaturas adequadas. A temperatura da geladeira deve ser inferior a 5ºC. Limpe periodicamente e verifique a data de validade dos produtos armazenados. - A geladeira não deve ficar muito cheia de alimentos e as prateleiras não devem ser cobertas por panos ou toalhas, porque isso dificulta que o ar frio circule. Verifique regularmente se a geladeira está funcionando de forma adequada e se as borrachas das portas estão em boas condições, garantindo o isolamento térmico. - Abra a geladeira somente quando necessário e mantenha a porta aberta pelo menor espaço de tempo para evitar flutuações de temperatura. - Armazene adequadamente os alimentos na geladeira: prateleiras superiores para alimentos preparados e prontos para o consumo; prateleiras do meio para produtos pré-preparados e prateleiras inferiores para alimentos crus.
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    116 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA - Não guarde alimentos por muito tempo, mesmo que seja na geladeira. O alimento preparado não deve ser conservado na geladeira por mais de cinco dias. - Não descongele os alimentos a temperatura ambiente. Use o forno microondas se for prepará-lo imediatamente ou deixe o alimento sob refrigeração em tempo suficiente para descongelá-lo. Alimentos fracionados em pequenas porções podem ser cozidos diretamente sem prévio descongelamento. - Nunca utilize alimentos após a data de validade. Para alimentos que necessitam de condições especiais de conservação depois de abertos, observe as recomendações do fabricante quanto ao prazo máximo para consumo. - Proteja os alimentos e as áreas da cozinha contra insetos, animais de estimação e outros animais. - Os alimentos devem ser mantidos em sua embalagem original, exceto os enlatados, ou em recipientes plásticos, de vidro ou de inox, limpos e fechados. Não devem ser utilizados recipientes de alumínio para armazenamento de alimentos. - Lave os vegetais, especialmente quando forem consumidos crus, e guarde-os em geladeira depois de limpos, de preferência em sacos plásticos secos e próprios para esta finalidade. Os vegetais folhosos devem ser lavados folha por folha, como por exemplo alface e espinafre. Não use detergente ou sabão. - O local de armazenagem de produtos secos deve ser sempre limpo e arejado (com ventilação apropriada). - Alimentos e produtos de limpeza devem ser armazenados separadamente. - Armazene corretamente o lixo em sacos, cestos ou latas com tampa, em local separado da área de preparo dos alimentos. Após o manuseio do lixo, lave as mãos.
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    Utilizando o rótulodos alimentos 119 Utilizando o rótulo dos alimentos Informações como a lista de ingredientes, prazo de validade e modo de preparo, quando necessário, já são uma realidade nos rótulos dos alimentos há muitos anos, no Brasil. Em geral, os consumidores as utilizam cotidianamente para definir suas compras. Adicionalmente, muitos dos alimentos industrializados já possuem em seus rótulos a informação da sua composição nutricional. A partir de agosto de 2006, os produtos obrigatoriamente deverão conter essa informação. A informação nutricional é um instrumento funda-mental de apoio à escolha de produtos mais saudáveis na hora da compra. Neste capítulo, serão apresentadas as características da informação nutricional que estará presente nos rótulos. O uso do rótulo e das informações nutricionais deve ser incentivado pelos profissionais de saúde, entidades de defesa do consumidor e pela comunidade escolar, dentre outros, para transformar esse instrumento em ferramenta efetiva para escolhas de alimentos mais saudáveis pela população. Informações que devem ser declaradas no rótulo Os rótulos possuem denominação de venda do produto e, em certos casos, algumas informações a respeito de qualidades ou classificações que o diferenciam de um similar. Por exemplo, para o consumidor é útil a informação de que determinado arroz é parboilizado ou que um leite é semidesnatado. Essas informações normalmente estão em destaque na embalagem. Os rótulos possuem, ainda, uma grande quantidade de informação imprescindível ao consumidor, como a lista de ingredientes, prazo de validade, conteúdo líquido, identificação da origem, lote e instruções sobre o preparo e uso do alimento, quando necessário. Naturalmente a indústria dará maior destaque às características positivas de seu produto. Dessa maneira, é importante analisar mais de uma informação. Por exemplo, um produto com alto teor de fibra, que é uma característica positiva, poderá, em contrapartida, ter alto teor de gordura, açúcar ou sódio. Outro produto com alto teor de cálcio pode ter elevada concentração de gordura saturada. Muitas vezes os produtos com adição de vitaminas e minerais utilizaram na sua composição original alimentos ou ingredientes com alto grau de refinamento dos quais as vitaminas e minerais foram retiradas e, depois, no processamento foram adicionadas ao alimento. Nessa situação, não seria mais saudável e econômico consumir um produto ? in Cada vez mais, é importante que o natura consumidor tenha acesso a informação, fortalecendo-o na capacidade de análise e decisão para optar por um ou outro produto, frente à indiscriminada quantidade de informações disponíveis nos diferentes veículos da mídia e publicidade. O fortalecimento dessa capacidade de decidir pelo alimento mais adequado, contrapondo-se às informações publicitárias e de , é umdesafio a conquistar, preservando o marketing nosso direito de consumidores. No endereço http://www.anvisa.gov.br/ alimentos/rotulos/index encontram-se disponíveis nos seguintes materiais para informações adicionais: Manual de Orientação aos Consumidores - a escolha adequada dos alimentos a partir dos rótulos (BRASIL, 2002a); (BRASIL, 2003?) Guia de bolso do consumidor saudável Lista de ingredientes Todo alimento industrializado deve, por lei, conter a lista de ingredientes, com exceção de alimentos com um único ingrediente (por exemplo: açúcar, farinha, erva-mate, café, etc.). Como regra, os ingredientes são colocados em ordem decrescente da respectiva proporção. O item que aparece primeiro é o que entra em maior quantidade na formulação do produto. De maneira geral, se os primeiros ingredientes são gordura ou açúcar e derivados, o alimento terá alta concentração dessas substâncias. Os aditivos alimentares devem ser declarados após os ingredientes, constando sua função no alimento. Um produto relativamente simples como o pão integral terá uma lista básica de ingredientes com farinha de trigo refinada, farinha de trigo inte-gral, açúcar, fermento biológico, sal e ácido ascórbico (aditivo utilizado como “melhorador” de farinha aumenta a expansibilidade da massa). Assim, mesmo um pão denominado integral tem como primeiro ingrediente a farinha de trigo
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    120 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA refinada.Oproduto denominado pão integral pode ter diferentes teores de farinha de trigo integral, dependendo do fabricante. Analisando a lista de ingredientes, você poderá verificar com a alta freqüência em que a gordura, principalmente a vegetal hidrogenada (ou gordura trans), o açúcar ou o sal são utilizados em produtos industrializados. Atenção : algumas vezes o nome do ingrediente pode estar incompleto como no caso de gordura hidrogenada, que pode aparecer como gordura vegetal. Gordura vegetal é diferente de óleo vegetal (aquela é hidrogenada e prejudicial à saúde, este é rico em ácidos graxos insaturados que não prejudicam a saúde desde que consumidos com moderação). Informação nutricional A obrigatoriedade da rotulagem nutri-cional em todos os rótulos de alimentos é recente os (Resolução RDC n. 359 e 360, de 23 de dezembro de 2003 www.anvisa.gov.br).(BRASIL,2003b,2003c) Veja o exemplo a seguir de uma embalagem de leite desnatado. O primeiro aspecto a ser notado é que a informação é apresentada por uma “porção de referência”. No caso do leite, 200 mililitros (ml) - um copo. O fabricante deve apresentar a informação por porção, em grama ou mililitro, incluindo a medida caseira corres-pondente. A declaração por 100g ou 100ml é opcional. A medida caseira facilita a compreensão do consumidor, uma vez que é mais fácil visualizar o copo, xícara ou colher. A informação nutricional deve conter a quantidade de energia que aquela porção contém e a quantidade em gramas ou miligramas dos seguintes nutrientes: carboidrato, proteína, gordura total, gordura saturada, gorduras trans, fibra alimentar e sódio. Caso o fabricante decida, é permitido adicionar informações sobre outros nutrientes. Estão excluídos dessa obrigatoriedade os seguintes alimentos: as bebidas alcoólicas; as especiarias (como canela, orégano); as águas minerais naturais; os vinagres; o sal (cloreto de sódio); café, erva-mate, chá e outras ervas sem adição de outros ingredientes (como leite e açúcar); os alimentos preparados e embalados em restaurantes e estabelecimentos comerciais, prontos para o consumo (sobremesas como pudins e musses); os produtos fracionados nos pontos de venda a varejo, comercializados como pré-medidos (como queijo, presunto); as frutas, vegetais e carnes , refrigerados e congelados e os alimentos in natura com embalagens cuja superfície visível para rotulagem seja menor ou igual a 100cm 2 (um pouco maior que uma caixa de fósforos), caso não sejam para fins especiais ou utilizem informação nutricional complementar ( claim nutricional). Valores diários (VD) A informação nutricional obrigatória contida nos rótulos de alimentos abrange ainda uma outra informação. Para o consumidor poderia ser de pouca valia saber que determinado produto tem tantos gramas de gordura ou tantas calorias. O passo seguinte seria saber se isto é suficiente ou excessivo em relação a algum parâmetro de necessidades nutricionais. Assim, ao lado da quantidade de calorias e gramas de nutrientes, há a informação do percentual de VALOR DIÁRIO (%VD), que informa quanto aquela quantidade de calorias ou nutriente representa, considerando uma dieta de 2.000kcal. Voltando ao nosso exemplo, um copo de leite desnatado de 200ml contribui com8% do valor diário de proteína e 2% do valor diário de gordura. A informação de valor diário Fique atento! é muito útil, mas é importante ter claro que não é (DEPARTMENT OF HEALTH uma recomendação AND SOCIAL SECURITY, 1991). Por exemplo, no caso das gorduras saturadas e do sódio quanto menores forem os percentuais do VD, melhor, porque indica que os teores desses nutrientes no alimento são baixos. A declaração de gorduras trans em percentual de valor diário (%VD) não é obrigatória, uma vez que não é recomendada a ingestão de gorduras trans, mesmoembaixas quantidades. Analise as diferentes informações que estão no exemplo abaixo. Você deve controlar o consumo de alguns dos componentes - gordura total, gordura saturada, gordura trans e sódio. Já para outros, você deve procurar garantir o consumo diário segundo os parâmetros saudáveis já apresentados neste guia. Por exemplo: o leite desnatado, como todo alimento de origem animal, não contém fibra. Por
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    Utilizando o rótulodos alimentos 121 outro lado, é uma boa opção, pois tem, em relação ao produto integral, menor quantidade de gordura total e gordura saturada. Compare as informações dos dois produtos no quadro 2 a seguir: Quadro 2 - Informação nutricional dos leites desnatado e integral Porção 200ml (1 copo) Leite integral Quantidade %VD Leite desnatado Quantidade %VD (1) (1) por porção por porção Valor energético 118 kcal 6 Valor energético 74 kcal 4 Carboidratos 9,0 g 3 Carboidratos 9,8 g 3 Proteínas 6,3 g 8 Proteínas 6,4 g 8 Gorduras totais 6,4 g 12 Gorduras totais 1,0 g 2 Gorduras saturadas 4,1 g 19 Gorduras saturadas 0 ,0g 0 Gorduras trans ND - Gorduras trans 0 ,0g - Fibra alimentar 0 g 0 Fibra alimentar 0 ,0g 0 Sódio 94mg 4 Sódio 100mg 4 FONTE: PHILIPPI, 2001. (1) % Valores Diários com base em uma dieta de 2.000kcal ou 8.400kj. Seus valores diários podem ser maiores ou menores dependendo de suas necessidades energéticas. Como já mencionado, o rótulo pode conter outras informações nutricionais. Se o rótulo contiver qualquer atributo, por exemplo, que o produto tem baixo teor de açúcar ou tem adição de vitaminas e minerais, essas informações devem estar quantificadas, obrigatoriamente, na tabela nutricional, respeitando a Portaria SVS/MS n.° 27/98. (BRASIL,1998) Porções de alimentos O tamanho das porções foi calculado com base em uma dieta de 2.000kcal. Pessoas jovens e ativas, especialmente em fase de crescimento, poderão ter valores diferentes, assim como as pessoas inativas e mulheres adultas. A regulamentação sobre rotulagem nutricional definiu o que seriam as porções de referência para que a informação pudesse ser veiculada de maneira padronizada. Esses valores de referência foram elaborados em relação a uma dieta de 2.000kcal e prevendo a distribuição dessas calorias nos diferentes grupos de alimentos. É necessário que o profissional de saúde apóie o indivíduo a fazer as adaptações necessárias dentro das suas necessidades nutricionais específicas. Para cada grupo de alimentos foi definida qual a contribuição calórica para uma dieta adequada, considerando um consumo total diário de 2.000kcal. apresenta os grupos de O quadro 3 alimentos, a recomendação calórica de cada grupo, o número de porções diárias de consumo para alcançar a recomendação total e, finalmente, o valor energético da porção. Esta referência é importante para estimar o tamanho da porção dos alimentos que não constam das tabelas. Declarações relacionadas ao conteúdo de nutrientes e energia Muitas vezes encontramos produtos com alegações como “alto teor em fibra”, “baixo em sódio”. Na rotulagem de alimentos, qual é o significado de “alto teor” e “baixo”? Essas alegações estão regulamentadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2001a) e
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    122 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA QUADRO 3 - Porções segundo grupos de alimentos, para fins de rotulagem nutricional.(*) I – Produtos de panificação, cereais, leguminosas, raízes, tubérculos e seus derivados II – Verduras, hortaliças e conservas vegetais III – Frutas, sucos, néctares e refrescos de frutas IV – Leite e derivados V – Carnes e ovos VI – Óleos, gorduras e sementes oleaginosas VII – Açúcares e produtos que fornecem energia provenientes 900 6 150 3 30 300 3 70 2 125 2 125 2 100 300 1 100 (*) A tabela de porções para cálculo do % do VET para a alimentação diária se encontra no ANEXO B. Para conhecer os Valores de Referência adotados para a informação nutricional de produtos industrializados, acesse http://www.anvisa.gov.br/alimentos/legis/especifica/rotuali.htm. seu significado depende do nutriente específico. Essas alegações podem ser utilizadas para destacar o conteúdo de energia ou de nutrientes contidos no alimento ou para comparar os níveis de nutrientes ou valor energético de dois ou mais alimentos. Veja . quadro 4 Alimentos diet e light O termo light pode ser utilizado nos alimentos que apresentam baixo conteúdo de valor energético ou de algum nutriente, ou valor energético ou de nutrientes reduzido, quando comparado a um alimento convencional. Como exemplo de alimento light , podemos citar um iogurte com redução de30%de gordura. O termo diet pode ser utilizado nos alimentos especialmente formulados para grupos da população que apresentam condições fisioló-gicas específicas: alimentos para dietas com restrição de nutrientes (carboidratos, gorduras, proteínas, sódio e outros), alimentos sem adição de açúcar/alimentos para dietas de ingestão controlada de açúcares e alimentos para controle de peso. Apresentam na sua composição quantidades insignificantes, ou são totalmente isentos, de nutriente específico. Como exemplo de alimento , podemos citar uma geléia para dieta com diet restrição de açúcar. Tanto alimentos diet quanto light não têm necessariamente o conteúdo de açúcares ou energia reduzidos, uma vez que podem ser alteradas as quantidades de gorduras, proteínas, sódio, dentre outros; por isso a importância da leitura dos rótulos. Alegação de propriedades funcional e/ou de saúde Os rótulos dos alimentos podem trazer alegações de propriedades funcional e/ou de saúde, desde que previamente avaliadas e aprovadas pela Grupos de alimentos Recomendação calórica média do grupo (kcal) Número de porções diárias do grupo Valor energético médio por porção (kcal) 500
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    Utilizando o rótulodos alimentos 123 QUADRO 4 - Declarações relacionadas ao conteúdo de nutrientes e energia no rótulo dos alimentos ALEGAÇÃO/ATRIBUTO CONDIÇÕES NECESSÁRIAS Para mais informações, consultar www.anvisa.gov.br - alimentos- rotulagem- manual do consumidor. Anvisa. Uma alegação de propriedade funcional é uma informação relativa ao papel metabólico ou fisiológico que o nutriente ou não-nutriente tem no crescimento, no desenvolvimento, na manutenção e em outras funções normais do organismo humano. A alegação de propriedade de saúde é aquela que afirma, sugere ou implica a existência de relação entre o alimento ou ingrediente com a Valor calórico baixo (light) Máximo de 40 kcalpor 100g ou Máximo de 20 kcal por 100ml Não contém (zero) caloria Máximo de 4 kcal por 100g ou 100ml Reduzido (light)emcaloria Redução mínima de 25% em relação ao produto convencional e diferença maior que 40kcal por 100g ou 20 kcal por 100ml Baixo teor de açúcar (light) Máximo de 5g em 100g ou 100ml e mesmas condições exigidas para os atributos "REDUZIDO" ou "BAIXO VALOR ENERGÉTICO", ou frase "este não é um alimento com valor energético reduzido" ou frase equivalente Sem adição de açúcar Açúcares não foram adicionados durante a produção e embalagem do produto e também não contém ingredientes nos quais açúcares tenham sido adicionados e mesmas condições exigidas para os atributos REDUZIDO ou BAIXO VALOR ENERGÉTICO, ou frase "este não é um alimento com valor energético reduzido" ou frase equivalente Baixo,emgordura (light) Máximo de 3g de gordura em 100g de alimento sólido ou 1,5g em 100ml de alimento líquido Livre de colesterol (zeroemcolesterol) Máximo de 5mg de colesterol em 100g ou ml e máximo de 1,5 g de gordura saturada/100g ou máximo de 0,75g de gordura saturada/100ml e energiafornecida por gorduras saturadas deve ser no máximo 10% do valor energético total. Fonte de vitamina ou mineral Mínimo de15%da IDR de referênciaem100g ou 7,5% da IDRem100 ml de alimento.
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    124 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA redução do risco da doença ou condição relacionada à saúde. Alguns exemplos de alegações que podem constar do rótulo dos produtos são: - Para fibras alimentares: “As fibras alimentares auxiliam o funcionamento do intestino. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”. - Para proteína de soja: “O consumo diário de no mínimo 25g de proteína de soja pode ajudar a reduzir o colesterol. Seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis”. As informações contidas nos rótulos podem ser muito úteis na escolha de alimentos mais saudáveis; no entanto requerem um investimento em informação e educação de maneira que as informações sejam compreensíveis para os consumidores. Uma maneira de incentivar a consulta e promover a compreensão das informações é a utilização dos rótulos como material em atividades didáticas em salas de aula, centros de saúde, centros comunitários, centros de convivência. Os profissionais de saúde e da educação devem procurar oportunidades para promover grupos para essa discussão.
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    Parte3As bases epidemiológicas e científicas das diretrizes
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    PARTE 3 -AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 127 Introdução A terceira parte deste guia é dirigida aos profissionais de saúde que formulam, implantam e avaliam as políticas públicas e a todos aqueles que buscam conhecer a situação epidemiológica, alimentar e nutricional da população brasileira e as evidências que embasam as diretrizes aqui apresentadas. Documentos como este, contendo diretrizes sobre alimentos e práticas alimentares, são resultado de um processo intenso de pesquisa, acúmulo de evidências e opiniões dos últimos 50 ou mais anos. A primeira seção desta terceira parte do guia, “ Saúde e nutrição no Brasil ”, sumariza o conjunto de informações disponíveis mais recentes a respeito da ocorrência de doenças e óbitos relacionados à alimentação e nutrição e a situação do consumo de alimentosemnossa população. Por fim, no item “Bases Científicas para as Diretrizes Alimentares Nacionais” abordagem do curso da vida Saúde e Nutrição no Brasil , são apre-sentadas informações sobre as evidências atuais, que relacionam o maior ou menor risco de ocorrência das diferentes DCNT ao consumo de distintos alimentos e nutrientes.Tambémapresenta a , que recentemente tem mostrado a associação da desnutrição na infância e na vida uterina ao maior risco de doenças crônicas nãotransmissíveis. Nas últimas duas ou três gerações, a vida no Brasil transformou-se em muitos aspectos. O Brasil tornou-se rapidamente uma sociedade predominantemente urbana. Os padrões de trabalho e lazer; alimentação e nutrição; e saúde e doença aproximaram-se agora dos de países desenvolvidos. Em 1950, dos 50 milhões de brasileiros, a maioria vivia na zona rural; já em 2003, de uma população estimada em 176 milhões de pessoas, mais de 82% residiam em áreas urbanas. Essa urbanização muito rápida desestruturou as formas tradicionais de vida e impôs um aumento de demanda na estrutura e nos serviços das cidades. OBrasil já não é mais um país de jovens. Em 1950, a esperança média de vida do brasileiro ao nascimento era de 45,7 anos e, em 2003, chegou aos 71,3 anos (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2005). Entre os anos de 1980 e 2000, o grupo de menores de 15 anos apresentou uma redução de 22%, enquanto que a população com 65 anos ou mais aumentou em 47% (BRASIL, 2004c). Em 2000, o índice de envelhecimento da população era de 20, ou seja, existiam 20 idosos para cada 100 pessoas menores de 15 anos (SIM - Ministério da Saúde - IDB, 2001). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma população é considerada envelhecida quando a proporção de pessoas com 60 anos ou mais atinge 7% do total, com tendência a crescer. Em 2000, os brasileiros com 60 anos ou mais já representavam 8,6% da população total, mais de 14,5 milhões de pessoas (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2002). A OMS estima que essa população cresça, até 2025, 16 vezes, o que colocará o Brasil entre as dez maiores populações de idosos do mundo (COSTA et al., 2003a; KELLER et al., 2002). A universalização da educação é quase uma realidade: 81,4% das crianças e adolescentes com idade de 7 a 14 anos freqüentavam o ensino fundamentalem1992, enquanto que,em2002, essa taxa era de 93,8%. Em 2002, a proporção da população de 15 a 24 anos capaz de ler e escrever um simples bilhete atingiu 96,3% no País; porém, o analfabetismo entre pessoas com 25 ou mais anos ainda é um desafio a ser superado (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA E APLICADA, 2004). Ocorreram reduções importantes na mortalidade infantil. Entre 1990 e 2003, a redução foi expressiva (44,1%). Em 2003, ocorreram 27 óbitos a cada mil crianças menores de 1 ano nascidas vivas. Entre crianças menores de 5 anos, a tendência foi a mesma. Nesse grupo etário, as políticas públicas tiveram impacto positivo nas taxas de mortalidade por doença diarréica aguda e infecções respiratórias. Em algumas regiões, a mortalidade proporcional por diarréia diminuiu 59,5% entre os anos de 1990 a 2001, chegando a 70% em algumas regiões (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA E APLICADA, 2004; BRASIL, 2004c). As famílias brasileiras estão menores, resultado da queda significativa na fecundidade. A razão de fecundidade total caiu de 5,8 filhos por mulher, em 1970, para 2,1 em 2003, refletindo uma redução de 63,8% no período (BRASIL, 2004c).
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    128 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Quaisquer que sejam os indicadores para medir a pobreza, ela vem declinando signi-ficativamente, mas ainda há um expressivo contingente de população pobre e extremante pobre no País. Em 2002, considerando o indicador nacional de pobreza e extrema pobreza, com base no valor do salário mínimo (1/2 SM e 1/4 SM per , respectivamente), havia 53 milhões de capita pobres e 20 milhões de pessoas em situação de indigência no País (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA E APLICADA, 2004), o que certamente impacta negativamente no perfil de saúde e nutrição de nossa população. Os avanços obtidos nos indicadores citados, bem como a expansão e cobertura dos serviços de saúde, em especial da atenção básica e do saneamento, a universalização da previdência social, a implementação de programas de assistência alimentar e de transferência direta de renda, sem dúvida alguma, foram importantes para o País, repercutindo favoravelmente nos indica-dores de saúde nacionais. Contudo, o Brasil tem o desafio de superação das grandes desigualdades sociais regionais, de raça/etnia e gênero. Essa desigualdade se manifesta pelo comprometimento do acesso ao alimento e não pela indisponibilidade, pois os alimentos produzidos no País são suficientes para alimentar toda a população. Os padrões de trabalho e lazer para a maioria das pessoas também sofreram mudanças, assim como o perfil do consumo alimentar em decorrência das modificações que vão desde a produção até a preparação e o consumo dos alimentos, impactando no modo de adoecer e morrer da população. Conseqüentemente, os serviços e as políticas públicas precisam responder a essas transformações e à complexidade de suas manifestações na saúde. Atransição epidemiológica brasileira Os processos de transição demográfica, epidemiológica e nutricional vêm ocorrendo desde a década de 60, em vários países, incluindo o Brasil. Tais processos são decorrentes das modificações no padrão demográfico, no perfil de morbi-mortalidade e no consumo alimentar e de gasto energético (POPKIN, 1994; MONTEIRO et al., 1995a, 1995b; OLIVEIRA et al., 1996; DREWNOWSKI e POPKIN, 1997; PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 1998a, 1998c; MONTEIRO, 2000; MONTEIRO et al., 2000a; SCHRAMM et al., 2004; LAURENTI, 1990;OMRAN,1971). A mudança da população do campo para a cidade freqüentemente é acompanhada por mudanças negativas nos padrões alimentares. A denominada “transição nutricional” implica mudança no padrão alimentar “tradicional”, com base no consumo de grãos e cereais, que aos poucos está sendo substituído por um padrão alimentar com grandes quantidades de alimentos de origem animal, gorduras, açúcares, alimentos industrializados e relativamente pouca quantidade de carboidratos complexos e fibras (COSTA E SILVA, 1998; POPKIN, 1994). Ao mesmo tempo, os padrões de trabalho e lazer mudaram. Há meio século, a maior parte do trabalho, nas cidades e no campo, exigia muito trabalho físico e conseqüente alto gasto energético. Até há pouco tempo, a maioria das pessoas andava a pé ou de bicicleta para se locomover; porém, hoje em dia carros e ônibus são usados. Nas indústrias e nos escritórios e até mesmo nas zonas rurais, em grande parte dos domicílios, as máquinas e os equipamentos substituem parte do trabalho físico anteriormente feito pelas pessoas. Por outro lado, o aumento no consumo de alimentos processados, ricos em gordura, açúcar e sal, associado ao menor gasto energético diário devido à redução da atividade física, explicam as tendências crescentes de sobrepeso e obesidade na população e também das DCNT associadas no Brasil. A transição epidemiológica compreende, pois, a substituição progressiva de perfis de saúde caracterizados por alta morbidade e mortalidade por doenças infecciosas por perfis de saúde dominados pela presença de doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT). No Brasil, muitos estudiosos consideram que a transição epidemiológica não tem ocorrido exatamente como na maioria dos países industrializados e mesmo em alguns vizinhos latino-americanos, como o Chile, Cuba e Costa Rica, porque está ocorrendo uma superposição de etapas, onde convivem concomitantemente os cenários das doenças transmissíveis e das crônicas não-transmissíveis.
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    PARTE 3 -AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 129 Epidemiologia da atividade física A Pesquisa sobre Padrões de Vida (PPV), realizada pelo IBGE em 1996/1997, nas regiões Nordeste e Sudeste, é o único inquérito nacional disponível com dados sobre atividade física. Esta pesquisa apontou que apenas uma minoria dos indivíduos adultos (13%) praticava, no lazer, atividade física regular (30 minutos diários pelo menos uma vez por semana), sendo muito reduzida a proporção (3,3%) daqueles que seguiam a recomendação de acumular, no mínimo, 30 minutos diários de atividade física, em cinco ou mais dias da semana (MONTEIRO, et al., 2003a). Esses resultados revelam que a freqüência de atividade física no lazer no Brasil é bastante inferior à observada em países desenvolvidos: a proporção de 87% de adultos brasileiros inativos no lazer supera em duas a três vezes a encontrada nos Estados Unidos e na média dos países europeus. A PPV mostrou também diferenças quanto à freqüência e aos padrões de atividade física no lazer entre homens e mulheres. Homens são mais ativos nas idades mais jovens, tendendo a declinar entre os 20 e 40 anos. A freqüência da atividade física no lazer é equivalente nos dois sexos, a partir dos 50 anos de idade. Outras evidências foram constatadas: - Homens preferem praticar esportes coletivos, enquanto mulheres, caminhadas. Homens praticam atividade física por diversão e as mulheres alegam preocupação com a saúde e motivos estéticos. Com o avançar da idade, em ambos os sexos, aumenta a periodicidade da atividade física no lazer; - A associação da renda e da escolaridade com a freqüência da atividade física no lazer é positiva, independentemente da idade, região e área de residência e entre homens e mulheres. Quanto maior a renda e a escolaridade, maior é a freqüência de atividade física (MONTEIRO et al., 2003a). Em 2002/2003, o Ministério da Saúde, por meio do Instituto Nacional do Câncer (INCA), realizou um inquérito nacional, de base domiciliar, sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenças e agravos não-transmissíveis em15 capitais e no Distrito Federal. Diferentemente da PPV, o inquérito do INCA levou em consideração não somente a atividade física desenvolvida no momento de lazer, mas também a relacionada com ocupação, meios de locomoção e no trabalho doméstico. Os dados das informações auto-referidas do inquérito revelam que: - Há uma variação de 28,2% a 54,5% de pessoas maiores de 15 anos de idade consideradas insuficientemente ativas nas 16 localidades pesquisadas; - As mulheres, mais que os homens em todas as capitais, exceto em Belém/PA, são insuficien-temente ativas; - Em relação à idade, o grupo mais jovem (15 a 24 anos) sempre apresentou prevalências mais baixas de indivíduos insuficientemente ativos, exceto em Belém, em que essa prevalência entre os mais jovens chegou a 30,5%, superando todas as demais faixas de idade; Considerando a escolaridade, os grupos de menor escolaridade apresentaram percentuais menores de pessoas insuficientemente ativas, embora essas diferenças não sejam estatisticamente diferentes, exceto para o Distrito Federal. Apenas no Rio de Janeiro e Porto Alegre essa tendência é inversa, com maior percentual de indivíduos insuficientemente ativos entre os de menor escolaridade, sendo as diferenças significativas (BRASIL, 2004e). Mortalidade A mortalidade no Brasil apresenta mudanças importantes, nas últimas décadas, tanto no que se refere à distribuição etária quanto aos grupos de causas. Houve uma queda na proporção de mortes em menores de 1 ano e aumento de óbitos na faixa de idade de 50 anos e mais. Esse fato reflete, provavelmente, os efeitos da transição demográfica e epidemiológica que, hoje em dia, se manifestam. A mortalidade geral apresentou redução de 11,1% entre os anos de 1980 e 2001, passando de 6,3 para 5,6 por mil habitantes no período, conservando, entretanto, diferenças regionais e etárias importantes. Enquanto nas regiões Norte e Nordeste os óbitos por doenças infecciosas, perinatais e mal definidas tiveram uma represen-tatividade maior, nas regiões Sul e Sudeste são as mortes decorrentes de doenças do aparelho circulatório, respiratório e neoplasias que apresen-taram maior proporção (BRASIL, 2004c). A tabela 1 demonstra que, no período decorrido entre o final dos anos 70 e 2003, as mortes
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    130 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA por deficiência nutricional e por doenças infecciosas no Brasil decresceram rapidamente, em relação a todas as mortes. Já as doenças crônicas não-transmissíveis e as causas externas tiveram um crescimento importante como causas de morte. A tabela 2 apresenta a mortalidade proporcional, segundo as causas e o sexo, no Brasil, no ano de 2001. Nesse ano a população estimada pelo IBGE era de 172.385.776 habitantes, sendo a Tabela 1- Mortalidade por diferentes tipos de doença no Brasil, 1979, 1998 e 2003 Causas de morte 1979 maioria (50,8%) do sexo feminino e o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) registrou um total de 953.399 óbitos no Brasil, dos quais 58,3% foram em indivíduos do sexo masculino. As principais causas de morte, excetuando-se os percentuais de mortes por causas não definidas, % 1998 % 2003 % 3,1 17,4 34,4 9,2 35,9 100,0 1,2 9,1 42,5 12,7 34,5 100,0 0,7 4,6 48,3 12,6 33,7 100,0 foram, nesta ordem: doenças do aparelho circulatório, neoplasias e causas externas, havendo para esta última uma expressiva diferença entre homens e mulheres. Doenças de Deficiência Nutricional(1) Doenças Infecciosas(2) Doenças Crônicas(3) Causas Externas(4) Outras Causas(5) Total(1-5) (1) Especificamente definidas como tal: a deficiência contribui para a morte por outras causas. (2) Doenças infecciosas e parasitárias; também infecções perinatais. (3) Doença cardiovascular, câncer e diabetes. (4) Incluindo acidentes, homicídios, suicídios. (5) Das quais apenas mais da metade é de causas mal definidas; a maior parte das restantes são doenças dos vários sistemas do corpo que poderiam ser crônicas ou infecciosas. Tabela 2 - Percentual de mortalidade proporcional segundo causas e sexo. Brasil, 2001 Causas Sexo Doenças Infecciosas Neoplasias Aparelho Circulatório Aparelho Respiratório Afecções Perinatais Causas Externas Outras Causas Definidas Total FONTE: DASIS/SVS - Ministério da Saúde. Masculino Sexo Feminino Brasil 5,6 14,0 28,9 10,4 3,7 20,9 16,5 100,0 5,2 17,1 36,7 11,9 4,1 5,4 19,6 100,0 5,5 15,3 32,1 11,0 3,9 14,5 17,8 100,0 FONTE: Ministério da Saúde/SVS/DASIS. Sistema de informação sobre Mortalidade - SIM. (adaptada)
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    PARTE 3 -AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 131 Novos padrões de morbidade No Brasil, há poucos anos, os principais desafios em saúde pública relacionados à alimentação eram a desnutrição e as deficiências de micronutrientes entre crianças, bem como as doenças infecciosas, principalmente na infância e adolescência. No entanto, recentemente, a evolução das doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) coloca-se como desafio adicional à segurança alimentar e nutricional, o que deve ser conjugado com os esforços para a reversão da prevalência da desnutrição infantil e o controle e a prevenção das deficiências de micronutrientes, que ainda acometem milhões de indivíduos de diferentes fases do curso da vida. Desnutrição infantil e deficiências de micronutrientes Entre os anos de 1975 e 1996, o Brasil reduziu em 70% a desnutrição infantil (de 18,4% para 5,7%), considerando o indicador peso por idade. Embora sejam evidentes os avanços nas condições de saúde e nutrição das crianças brasileiras, em 1996, o Brasil ainda abrigava um contingente de cerca de um milhão de crianças com déficit de peso para a idade. Em relação ao déficit de estatura que representa o efeito cumulativo de carências nutricionais sobre o crescimento esquelético, tendo como resultado estaturas mais baixas do que o esperado para a idade, observou-se uma redução, nesse mesmo período, de 72%; no entanto o déficit de altura para a idade entre crianças menores de 5 anos, em 1996, ainda era significativo: 10,5% correspondendo a quatro vezes mais a prevalência esperada para populações saudáveis (2,5%), chegando a ser 11 vezes maior no Nordeste. Além disso, o declínio não foi homogêneo para todo o País, pois, na área rural, foi menor, aumentando assim a disparidade entre os meios urbano e rural (BATISTA; RISSIN, 2003). As recomendações alimentares não conseguem resolver, por si sós, a desnutrição infantil e as carências nutricionais, pois seus determinantes incluem também outras causas relacionadas à pobreza e à desigualdade de acesso a serviços, bens e oportunidades às quais estão ainda submetidas parcelas da população brasileira; mas podem ser superadas por meio de um abastecimento alimentar seguro, adequado e variado e dietas nutritivas, conforme se recomenda neste guia. As pessoas em risco maior de desenvolver essas carências são gestantes, especialmente as adolescentes, nutrizes (mulheres que estão amamentando), crianças menores de 5 anos, com ênfase entre as de 6 meses e 2 anos de idade, crianças que não são amamentadas adequa-damente, idosos e doentes demodogeral. Membros de famílias que vivem em extrema pobreza, nas zonas rurais e nos bolsões de pobreza das cidades, independentemente da fase do curso da vida, merecem atenção redobrada para as doenças e agravos nutricionais. A melhor proteção para crianças contra as deficiências de micronutrientes, desnutrição infantil e infecções é a amamentação exclusiva durante os primeiros seis meses de vida e complementar até os 2 anos, com a introdução correta e oportuna dos alimentos variados e saudáveis a partir do sexto mês de vida (DEPART-MENTOF HEALTHANDHUMANSERVICES, 2000;WORLDHEALTH ORGANIZATION, 2001a). O Brasil não dispõe de inquéritos com representatividade nacional sobre a prevalência de deficiências de micronutrientes; mas, com base em diversos estudos feitos em nível local (estadual ou municipal), pode-se afirmar que as deficiências de micronutrientes mais relevantes são as de vitamina A, ferro e ácido fólico. A deficiência de vitamina A, denominada hipovitaminose A, afeta a visão, podendo causar cegueira irreversível, além de comprometer a imunidade da criança, estando associada a taxas elevadas de mortalidade infantil. A análise dos inquéritos bioquímicos disponíveis, sobre concentrações séricas de retinol, indica prevalências que variam entre 14,6% e 33% em menores de 5 anos, manifestando-se particularmente nas regiões e segmentos mais pobres da população do Brasil. O Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A (“Vitamina A Mais”), sob responsabilidade do Ministério da Saúde, objetiva prevenir e controlar essa deficiência nutricional mediante a suplementação com megadoses de vitamina A, em crianças de 6 a 59 meses de idade (100.000UI e 200.000UI, respectivamente, com intervalo mínimo
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    132 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA de quatro meses) e puérperas no pós-parto imediato (200.000UI em dose única), residentes na Região Nordeste, no Vale do Jequitinhonha e Mucurici em Minas Gerais. Nessas regiões, há dados disponíveis que evidenciam a pertinência e segurança dessa intervenção (SANTOS, 2002b). A deficiência de ferro, denominada anemia ferropriva, é muito prevalente no Brasil, principalmente entre as gestantes, mulheres em idade fértil e crianças. Os estudos realizados no Brasil apontam prevalências de 15% a 50% entre crianças e, entre gestantes, de 30% a 40% (OLIVEIRA et al., 1996; BATISTA FILHO, 1999). Essa deficiência tem apresentado tendência secular singular: no mesmo período em que ocorreu um acentuado declínio nas prevalências da desnutrição infantil e, entre adultos, a emergência epidêmica da obesidade, as taxas de anemia ferropriva continuaram aumentando. Em São Paulo, em 1974/1975, a ocorrência era de 22%, elevando-se para 35% em 1984 e, finalmente, 46,9% em 1995 (BATISTA FILHO, 1999; SANTOS, 2002a), o que representa um incremento de 116% no período. No Estado da Paraíba, houve um aumento de aproximadamente 88% no intervalo de dez anos (19,3%em1982 e 36,4%em1992) (SANTOS, 2002a). Aanemia representa,emtermos de magni-tude, o principal problema carencial do País, aparen-temente sem grandes diferenciações geográficas, afetando,emproporções semelhantes, todas as macrorregiões. Em alguns dos estudos disponíveis verificam-se as seguintes prevalências, em crianças: 46,7% em Pernambuco; 46,4% em Salvador/BA; 41,6% em Porto Velho/RO; 46,9% em São Paulo; e 47,8% em Porto Alegre/RS (SANTOS, 2002a). A carência de ácido fólico, que também provoca um tipo específico de anemia, está associada aos defeitos do tubo neural na fase do crescimento intra-uterino, quando as crianças são geradas por mulheres com aporte inadequado desse nutriente. Considerando essas evidências, o Ministério da Saúde vem desenvolvendo estratégias para o controle e a prevenção das deficiências de ferro e da anemia ferropriva em três principais linhas de ação: a orientação nutricional na rede de saúde, a universalização da suplementação medicamentosa com sulfato ferroso ao grupo materno-infantil e a fortificação de alimentos. Neste último caso, a intervenção destina-se também ao controle e a prevenção da deficiência de ácido fólico. O Programa Nacional de Suplementação de Ferro, recentemente instituído por meio da Portaria n.º 730, de 13 de maio de 2005, do Ministério da Saúde, destina-se a prevenir a anemia ferropriva mediante a suplementação universal de crianças de 6 a 18 meses de idade, gestantes a partir da 20.ª semana e mulheres até o 3.º mês pós-parto em todo o território nacional. Os suplementos de sulfato ferroso, em forma de xarope, deverão ser oferecidos rotineiramente nas unidades de atenção básica de saúde que conformam a rede do SUS em todos os municípios brasileiros. A publicação da Resolução Anvisa RDC n.º 344, de 13 de dezembro de 2002, tornou-o brigatória a fortificação das farinhas de trigo e de milho com ferro e ácido fólico, pré-embaladas na ausência do cliente e prontas para oferta ao consumidor, e aquelas utilizadas como matéria-prima na fabricação de produtos como pães, biscoitos, macarrão, misturas para bolos, salgadinhos, dentre outros. Essa resolução,emvigor desde junho de 2004, estabelece que: - Cada 100g do produto deve fornecer 4,2mg de ferro, que representa 30% da ingestão diária recomendada (IDR) de adulto (14mg) e 150mcg de ácido fólico, o que representa 37% da IDR de adulto (400mcg). - As farinhas de trigo e de milho devem ser designadas usando o nome convencional do produto de acordo com a legislação específica, seguida de uma das seguintes expressões: fortificada com ferro e ácido fólico ou enriquecida com ferro e ácido fólico ou rica em ferro e ácido fólico. Quando as farinhas de milho e de trigo são utilizadas como ingredientes em outros produtos, elas devem ser fortificadas e declaradas na lista de ingredientes da rotulagem como farinha de trigo ou farinha de milho, seguida das mesmas expressões acima especificadas. A deficiência de iodo causa uma série de problemas, denominados distúrbios por deficiência de iodo (DDI), tendo como manifestações clínicas mais evidentes o bócio (“papo”) ou aumento da tireóide (uma glândula que fica localizada da base frontal do pescoço) e o cretinismo (alterações
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    PARTE 3 -AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 133 neurológicas irreversíveis que acometem crianças geradas por mulheres com deficiência de iodo e que incluem retardamento mental, surdo-mudez, alterações motoras, dentre outras) (BRASIL, 1996; DUNN;VANDER HARR, 1992). Segundo os dados nacionais mais recentes, o Brasil conseguiu obter sucesso no controle e na prevenção dos DDI. A taxa de prevalência está abaixo dos níveis estabelecidos internacionalmente como aceitáveis (5%).OProjeto Thyromobil indicou uma prevalência de 1,4% da deficiência entre escolares, sugerindo que os DDI não são mais um problema em âmbito nacional, mas provavelmente se mantêm em alguns locais, especialmente zonas rurais, onde o consumo de sal para animal ainda é prática comum entre as famílias residentes (PRETEL, 2000; SANTOS, 2002c). A erradicação da desnutrição infantil e das deficiências de micronutrientes no Brasil constitui-se ainda desafio a longo prazo que exige uma ação política articulada de programas econômicos e sociais, dentre estes os de saúde e de alimentação ou transferência direta de renda, que ficam além do alcance deumgoverno ou deumministério. Espera-se que este guia desempenhe um papel valioso na redução da desnutrição e das deficiências por micronutrientes. Desnutrição e deficiências de micronutrientes entre adultos A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda para a avaliação do perfil antropométrico de populações de adultos, o índice de massa corporal (IMC), que relaciona o peso corporal pelo quadrado da altura do indivíduo (kg/m2), estabelecendo que uma prevalência de 5% de IMC < 18,5kg/m2 na população não deve ser tomada como evidência de exposição à desnutrição, uma vez que déficits de 3% a 5%são esperados nas diferentes populações, por incluir os indivíduos constitucionalmente magros. Considerando a população adulta brasileira (maior de 20 anos de i d a d e ) , os dados mais recentes com representatividade nacional resultantes da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2002-2003 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2004a) revelaram que 4% da população total apresentavam IMC < 18,5kg/m2, dentro dos parâmetros normais esperados. Da mesma forma que houve uma redução na taxa de prevalência da desnutrição infantil, entre as décadas de 70 e 90, também se observa uma tendência de queda de exposição dos adultos à desnutrição: enquanto que, em 1975, 9,5% estavam expostos e, em 2003, essa taxa caiu para 4%. Desagregados por sexo, essas taxas são de 2,8% e 5,2% entre homens e mulheres, respecti-vamente, conforme mostra o gráfico 1 . A análise, desagregada, segundo as regiões geográficas, mostra, contudo, diferenças, conforme se pode verificar no gráfico 2 abaixo. Esses resultados mostram que as mulheres das regiões Nordeste e Sudeste, exceto as residentes Gráfico 1 - Tendência secular da desnutrição em adultos, segundo sexo. Brasil, 1975-2003 14 12 10 8 6 4 2 0 Brasil Homens Mulheres 1975 2003 9,5 4 13,8 5,2 7,2 2,8 % de adultos com IMC < 18,5 Kg/m2 FONTE: IBGE, 2004a.
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    134 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Gráfico 2 - Prevalência da desnutrição em adultos, segundo regiões geográficas e sexo. Brasil 2003 8 6 4 2 0 Nordeste rural Nordeste urbano Sudeste rural Sudeste urbano na zona urbana desta última, estão expostas à desnutrição, embora com prevalências baixas, segundo a OMS (< 10%). Essa mesma análise, desagregada por faixa etária, permite observar que, entre os homens com idade de 75 ou mais anos, há taxas que superam os 5% (8,9%); entre as mulheres, contudo, a desnutrição supera essa taxa nas faixas de 20 a 24 anos (12,2%) e de 25 a 29 anos (7,3%). Esses últimos dados merecem reflexão cuidadosa, uma vez que se trata de mulheres em idade fértil e que, por estarem desnutridas, além da repercussão sobre a sua própria saúde, poderão vir a gerar crianças desnutridas já na vida intra-uterina, de baixo peso ao nascer e, portanto, com maior risco de morrer e com sérias deficiências nutricionais de micronutrientes, com repercussões muitas vezes irreversíveis ao longo de sua vida. Considerando as prevalências, segundo sexo e classe de rendimentos, os dados revelam que a exposição à desnutrição acima do esperado para a população ocorre entre homens de renda de até 1/2 salário mínimo per capita (SMPC); já entre mulheres ocorre para todas as faixas de renda, exceto para aquelas com mais de 5 SMPC. Para ambos os sexos, é nítida a relação entre renda e exposição à desnutrição: quanto mais baixa a classe de rendimentos, mais alta é a taxa de vulnerabilidade à desnutrição. Esses dados evidenciam que o Brasil, embora tenha avançado nas condições de nutrição da população, ainda há de concentrar esforços para a redução das desigualdades existentes no País, aqui ilustradas pelas inegáveis disparidades regionais, etárias e de gênero, considerando a vulnerabilidade de exposição dos adultos à desnutrição. Em relação às deficiências de micronu-trientes entre adultos, não há dados com repre-sentatividade nacional no Brasil. O Estudo Multicêntrico sobre Consumo Alimentar, desen-volvido em 1996 em cinco cidades brasileiras (NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM ALIMEN-TAÇÃO, 1997), que trabalhou a família como unidade amostral, o que significa a inclusão de adultos e crianças, considerando, portanto, a composição intrafamiliar, a idade e o sexo, traz informações sobre a disponibilidade domiciliar de cálcio, fósforo, ferro e vitaminas que podem contribuir com informações sobre deficiências de nutrientes na população. Considerando o consumo individual, segundo o sexo dos indivíduos com idade maior de 18 anos, a pesquisa revelou que 48,9% dos homens e 61,3% das mulheres tinham consumo inadequado de cálcio; 4,8 e 12,6% de ferro; 1,15% de mulheres, consumo inadequado de retinol. Apesquisa também avaliou o consumo indi-vidual de gordura, mostrando inadequação de consumo para gorduras saturadas para 51,6% dos homens e 58,4% das mulheres; e, para colesterol, 71% e 54,4% entre homens e mulheres, respecti-vamente, considerando a amostra total dos indivíduos dos municípios estudados. homens mulheres 4 7,2 3,3 5,9 4,2 6,2 2,7 4,9 % de adultos com IMC < 18,5 Kg/m2 FONTE: IBGE, 2004a.
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    PARTE 3 -AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 135 Doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) As DCNT são influenciadas pelo ambiente e por isso passíveis de prevenção. Esse grupo de doenças é considerado uma manifestação da má-nutrição, evidência comprovada por estudos científicos (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989a; WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997; PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 1998b; U N I T E D N A T I O N S A D M I N I S T R A T I V E COORDINATING COMMITTEE, 2000; EURODIET, 2001; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1990a, 1990b, 2003a). No último século, essas doenças têm sido a causa principal de incapacidade e de mortes prematuras na maioria dos países economicamente desenvolvidos; contudo, conforme já mencionado, os processos de transição demográfica, epide-miológica e nutricional também começam a afetar os países em desenvolvimento, incluindo a América Latina (SHETTY; MCPHERSON, 1997) e o Brasil. A Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (Pnad), realizada pelo IBGE em 2003, incluiu um módulo destinado a aferir o acesso e a utilização dos serviços de saúde pela população brasileira que traz importantes informações sobre as DCNT (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2003). À época da pesquisa, a população brasileira residente foi estimada em 176 milhões de habitantes. Por meio de informação relatada pelos entrevistados, os resultados mostram que aproxi-madamente 29,9% da população informaram ser portadores de pelo menos uma doença crônica não-transmissível. Essa proporção aumentava com a idade e variava segundo os sexos, sendo maior para as mulheres (33,9%) do que para os homens (25,7%). Até a idade de 13 anos, a parcela de mulheres com doença crônica não-transmissível era menor e, repetindo o padrão das demais variáveis de estado de saúde avaliadas, superava a dos homens em todos os grupos etários a partir de 14 anos. As informações revelam, ainda, que a proporção de pessoas com doença crônica nãotransmissível se eleva à medida que aumenta o rendimento mensal familiar: 26,7% entre aqueles com rendimento de um salário mínimo ou menos, alcançando 33,6% entre aqueles de 10 e 20 salários. Para a classe de rendimento acima de 20 salários, a freqüência foi de 32,4%. Entre as pessoas que informaram doenças crônicas não-transmissíveis, 18,5% informaram ter três ou mais doenças, sendo este percentual de 13,4% para os homens e de 22,1% para as mulheres. Estes padrões referentes à idade e ao sexo foram semelhantes aos observados em outros países (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2003). Um outro inquérito realizado, em 2002/ 2003, pelo INCA, instituto vinculado ao Ministério da Saúde, a partir de amostra de base domiciliar, investigou comportamentos de risco e de morbidade referida para doenças e agravos não-transmissíveis, em 15 capitais e no Distrito Federal. Essa pesquisa teve como objetivos estimar a prevalência de exposição a comportamentos e fatores de risco para as DCNT e a prevalência de hipertensão e diabetes auto-referidos. Foram entrevistados os indivíduos com idade igual ou supe-rior a 15 anos no momento da pesquisa. Os dados referem-se a uma amostra de 23.457 pessoas entrevistadas. Alguns resultados serão apresentados nas páginas seguintes, pois também contribuem para elucidar a gravidade da prevalência de DCNT em nossa população (BRASIL, 2004e). Destacam-se a seguir algumas informações disponíveis sobre doenças cardiovasculares, câncer, hipertensão arterial e diabetes que mostram a situação no Brasil, doenças estas que têm, entre seus fatores de risco, a inadequação alimentar. Doenças cardiovasculares Atualmente, as doenças cardiovasculares são responsáveis por cerca de 18 milhões de mortes anuais em todo o mundo. Dentre elas, a doença isquêmica do coração e as doenças cerebro-vasculares responsabilizam-se por 2/3 das mortes e por mais de 20% dos óbitos por todas as causas (BEAGLEHOLE et al., 2001). No Brasil, na década de 30, as doenças infecciosas e parasitárias correspondiam, proporcionalmente, a 46% da mortalidade geral, enquanto que as cardiovasculares a 12%. Já os dados de 2001 mostram uma nítida reversão desses dados: enquanto as infecciosas e parasitárias respondem por 5,0% de todas as causas de morte, as doenças cardiovasculares ascenderam a 31% (BARBOSA, 2003).
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    136 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Segundo estimativas do Ministério da Saúde, as doenças cardiovasculares (DCV) corres-ponderam a 1/3 dos óbitos por causas conhecidas e 2/3 dos gastos com atenção à saúde em 2002 (BARBOSA, 2003). Elas tornaram-se uma das principais causas de morte, em conseqüência, entre outros fatores, das profundas transformações no abastecimento de alimentos e padrão alimentar, com o rápido aumento da produção e consumo das gorduras saturadas, que tornou as dietas mais calóricas, bem como a redução na atividade física cotidiana (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1982). O impacto econômico das doenças cardiovasculares no Brasil pode ser avaliado por meio das seguintes informações: esse grupo de doenças é responsável por 65% dos óbitos de adultos entre 30 e 69 anos de idade e causa de 14% das internações nessa faixa etária (1.150.000 internações/ano) e é também responsável por 40% das aposentadorias precoces (BRASIL, 2003d). A prevalência de vários tipos de câncer, Câncer incluindo o do cólon, mama e próstata, aumentou expressivamente após a segunda metade do século XX, possível conseqüência das mudanças nos sistemas alimentares, padrões de trabalho e lazer (WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997). No Brasil, a incidência de câncer, que até a década de 60 matava menos de 5% dos brasileiros, aumentou e, no final dos anos 70, já era de cerca de 10%, quatro vezes maior do que a encontrada na década de 30 (OLIVEIRA et al., 1996). Conforme se pode observar na Tabela 1 , ao final da década de 70, as doenças crônicas não-transmissíveis, que englobam doenças cardiovasculares, câncer e diabetes, respondiam por 34,4% das mortes, sendo este valor de 48,3%em2003. Dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, relativos ao ano de 1998, indicaram que as neoplasias de traquéia, brônquios e pulmões e o câncer maligno de estômago ocupavam, respectivamente, o 14.º e 17.º lugar, entre as 20 causas de morte na população masculina. Entre as mulheres, essas causas de morte ocupam, respectivamente, o 19.º e 20.º lugar, destacando-se ainda o câncer de colo de útero em 11º lugar e o câncer de mama em 7º lugar (SCHRAMM, 2003). Em 2001, dados do mesmo sistema indicaram que as neoplasias foram causa de 15,3% das mortes no Brasil (tabela 2, página 141) e já são a segunda causa de morte entre homens e mulheres no Brasil. Hipertensão arterial A hipertensão arterial está associada à origem de muitas DCNT e é, portanto, uma das causas mais importantes de redução da qualidade de vida e da expectativa de vida. Ela é responsável por complicações cardiovasculares, encefálicas, co-ronarianas, renais e vasculares periféricas. O Brasil não dispõe de informações sobre a prevalência nacional de hipertensão arterial. Estudos epidemiológicos locais, com base em medidas casuais da pressão arterial, no entanto, apontam prevalências de 40% e 50% na população adulta com mais de 40 anos de idade. No período decorrido entre 1996 e 1999, a hipertensão arterial foi causa de 17% das internações de pessoas entre 40 e 59 anos e de 29% das pessoas com 60 anos ou mais, nos hospitais públicos do País (COSTA et al., 2000). No ano de 2002, o Ministério da Saúde realizou a Campanha Nacional para Detecção de Hipertensão Arterial (CNDHA), objetivando a detecção de casos não diagnosticados e tendo como população-sujeito cerca de 31 milhões de pessoas com 40 ou mais anos de idade. Nessa ocasião, foram realizadas mais de 12,5 milhões de aferições da pressão arterial, em 74% dos municípios brasileiros (BRASIL, 2004f). A tabela 3 , a seguir, apresenta os resul-tados dos casos suspeitos de hipertensão arterial 14 rastreados durante a CNDHA, definidos como os indivíduos que apresentaram pressão arterial 140/90mmHg. Mais recentemente, em 2002/2003, o > estudo sobre a prevalência de hipertensão arterial brasileiros. auto-referida, em 15 capitais e no Distrito Federal, mostrouumnítido crescimento das
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    PARTE 3 -AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 137 Tabela 3 - Resultados da Campanha Nacional de Detecção de Hipertensão Arterial (CNDHA). BRASIL, 2002 Região Percentual de exames suspeitos (%) (*) Norte 31,9 Nordeste 38,7 Centro-Oeste 37,3 Sudeste 35,2 Sul 34,5 Brasil 36,0 FONTE: BRASIL, 2004f. (*) Refere-se aos indivíduos rastreados por ocasião da CNDHA que apresentaram pressão arterial 140/90mmHg, em 4.118 municípios prevalências com a idade: de 7,4% a 15,7% entre pessoas de 25 a 39 anos; de 26% a 36,4% entre 40 e 59 anos e de 39% a 59% em pessoas com 60 ou mais anos. Segundo a escolaridade, os resultados evidenciam prevalência variando de 25% a 45,8% entre pessoas de menor escolaridade e de 16,5% a 26,6% entre as de maior escolaridade (BRASIL, 2004e). Diabetes O diabetes apresenta alta morbimor-talidade, sendo uma das principais causas de mortalidade, insuficiência renal, amputação de membros inferiores, cegueira e doenças cardio-vasculares (BRASIL, 2004f). A prevalência de diabetes no Brasil, entre adultos de 30 a 69 anos residentes em nove capitais brasileiras, em 1988, foi estimada em 7,6%; e a de tolerância diminuída à glicose, de 7,8%. A prevalência é mais alta com a evolução da idade: 2,7% entre 30 e 39 anos, 5,5% entre 40 e 49 anos, 12,7% entre 50 e 59 anos e, finalmente, 17,4% entre 60 e 69 anos (BRASIL, 1988). Esse mesmo estudo revelou que 46,5% das pessoas que tiveram o diagnóstico confirmado desconheciam ser porta-dores de diabetes. Dados mais recentes estimam em cerca de 4,9 milhões de adultos brasileiros diabéticos, prevendo-se, para 2025, que esse número será de 11,6 milhões (KING, 1998). Em 2001, o Ministério da Saúde realizou a Campanha Nacional para Detecção de Diabetes > Mellitus (CNDDM), envolvendo 95,3% dos municípios brasileiros. A campanha direcionou-se para a população brasileira com 40 anos ou mais que depende do SUS para atendimento clínico. Esse número foi estimado em aproximadamente 31 milhões de pessoas. Foram considerados casos suspeitos indivíduos com glicemia de jejum 100mg/dl ou glicemia casual 140mg/dl. Por esses critérios, por ocasião da campanha, 16,4% foram considerados casos positivos. Em uma segunda etapa de investigação, que envolveu busca ativa de uma amostragem probabilística dos casos positivos, 10,1% tiveram diagnóstico confirmado (BRASIL, 2004f). No inquérito nacional nas 15 capitais e no Distrito Federal, realizado em 2003/2004 pelo Inca, que investigou morbidade referida, mostrou que, entre os indivíduos que tiveram acesso ao exame diagnóstico de diabetes, a prevalência variou de 5,2% a 9,4% entre a população de 25 ou mais anos. Entre os homens, a prevalência auto-referida variou de 4,9% a 11,7%; e, entre as mulheres, de 4,9% a 8,9%. Os resultados evidenciam um significativo aumento com a idade, variando de zero a 4,7% na faixa de 25 a 39 anos e de 11,6% a 25,2%empessoas com 60 ou mais anos de idade (BRASIL, 2004e). Excesso de peso e obesidade O mais recente inquérito nacional que permite estimar as prevalências do excesso de peso e da obesidade no Brasil é a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), realizada em 2002-2003, pelo IBGE e Ministério da Saúde. As informações estão
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    138 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA disponíveis apenas para adultos (pessoas com 20 ou mais anos de idade), não se dispondo ainda das informações para as demais fases do curso da vida. A prevalência do excesso de peso e da obesidade na população adulta brasileira, apurada pela POF 2002-2003, revela que esses agravos alcançam grande expressão em todas as regiões do País, no meio urbano e rural e emtodas as classes de rendimentos. A obesidade, caracterizada por IMC igual ou superior a 30kg/m2, afeta 8,9% dos homens adultos e 13,1% das mulheres adultas do País. Obesos representam cerca de 20% do total de Gráfico 3 - Tendência secular do excesso de peso no Brasil, segundo sexo. Brasil, 1975-2003 Homens Mulheres homens com excesso de peso e cerca de um terço do total de mulheres com excesso de peso. Os gráficos 3 e 4 a seguir evidenciam a tendência secular do excesso de peso e da obesidade, respectivamente, entre adultos brasileiros, a partir de três inquéritos nacionais: o Endef, realizado em 1975; a PNSN em 1989; e a POF em2002-2003. (IBGE,1977, 2004a; INAN,1990,1989) O excesso de peso teve uma nítida tendência de aumento no período compreendido entre meados da década de 70 e 2003 entre os homens; e, entre as mulheres, houve tendência de redução entre 1989 e 2003. Em 2003, 40% da população adulta apresentavam excesso de peso (IMC igual ou superior a 25 kg/m2). Considerando a obesidade (IMC maior ou igual a 30 kg/m2), a prevalência na população adulta é de 11,1%, sendo de 8,9% entre homens e de 13,1% entre as mulheres. 50 40 30 20 10 0 FONTES: ENDEF(1977); PNSN (1989); POF (2004) 1975 1989 2003 18,6 29,5 41,0 28,6 40,7 39,2 Gráfico 4 - Tendência secular da obesidade no Brasil, segundo sexo. Brasil, 1975-2003 Homens Mulheres FONTES: ENDEF(1977); PNSN (1989); POF (2004) 1975 1989 2003 %IMC 25 Kg/m > 2 %IMC 30 Kg/m > 2 2,8 5,1 8,8 7,8 12,8 12,7 14 12 10 8 6 4 2 0
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    PARTE 3 -AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 139 gráfico 4 da obesidade, segundo as regiões geográficas, O indica comportamento similar da tendência de obesidade, se comparada à do excesso de peso: crescimento contínuo da prevalência de obesidade entre os homens, no período estudado; entre as mulheres, o crescimento ocorreu no período de 1975 a 1989, tendendo a estabilização até 2003. Ainda assim as mulheres apresentam prevalência de obesidade superior aos homens. Os dados da POF-2002 indicam ainda a ocorrência de obesidade, tanto em áreas urbanas quanto nas rurais, como também nas diferentes regiões do País. Entre homens e mulheres residentes em zonas rurais, as prevalências encontradas são, respectivamente, de 9,7% e de 12,7%; já nas zonas urbanas, as taxas são de 8,9 e 13,1%. A prevalência revela que, mesmo nas regiões menos desenvolvidas, como o Norte e o Nordeste, as prevalências são expressivas para ambos os sexos, conforme se observa comparando-se os . Ao analisar os dois gráficos, observa-se que para os homens, em todas as regiões geográficas, houve um crescimento expressivo e continuado da prevalência de obesidade entre 1975 e 2003. Entre as mulheres, o comportamento da obesidade tendeu a crescer, entre 1975 e 1989, em todas as regiões, e a reduzir no período entre 1989 e 2003, exceto na Região Nordeste. A prevalência da obesidade também ocorreemtodas as classes de rendimento. gráficos 5e6 Gráfico 5 - Tendência secular da obesidade masculina, segundo região brasileira. Brasil, 1975-2003 10 8 6 4 2 0 Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Gráfico 6 - Tendência secular da obesidade feminina, segundo região brasileira. Brasil, 1975-2003 1975 1989 2003 3,8 6,6 7,8 1,4 2,5 6,8 3,1 5,6 9,8 3,9 7,5 9,7 2,8 5,1 8,4 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 11,8 16,8 Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste 1975 1989 2003 7,3 11,2 4,7 9,0 11,5 8,7 13,613,3 10,5 14,5 7,6 12,1 10,9 %IMC 30 Kg/m > 2 %IMC 30 Kg/m > 2
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    140 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Gráfico 7 - Prevalência de obesidade, segundo a renda. Brasil, 2003 gráfico 7 prevalências (4,6%, 4,6% e 4,3%, respectivamente). O mostra que, entre os homens, a prevalência aumenta de acordo com o aumento da renda; porém, entre as mulheres, esse crescimento ocorre somente na classe de menor rendimento. O inquérito sobre fatores de risco para DCNT fornece informações auto-referidas sobre peso e altura dos entrevistados (BRASIL, 2004e), porém, alguns desses resultados são muito similares aos encontrados pela POF 2002-2003. A prevalência de excesso de peso (que soma casos de sobrepeso e obesidade) em algumas capitais chegou a 40%. O sobrepeso (IMC entre 25,0 e 29,9kg/m2) variou de 23% a 33,5% e a obesidade (IMC 30kg/m2) entre 8,1% e 12,9%. A prevalência de sobrepeso foi sempre maior entre os homens que entre as mulheres, em todas as capitais. De modo geral, as capitais do Sul e Sudeste apresentaram as taxas mais elevadas de sobrepeso e de obesidade e as prevalências de excesso de peso foram mais baixas para os grupos etários mais jovens (BRASIL, 2004e). Essas tendências de excesso de peso e obesidade na população adulta brasileira vêm comprovar a gravidade e a magnitude que o problema assumiu no Brasil, fundamentando a urgência de intervenções que façam retroceder o avanço do excesso de peso e, concomitantemente, das outras DCNT no Brasil. Em relação à obesidade entre crianças menores de 5 anos, três inquéritos nacionais permitem identificar a prevalência: Endef (1974- 1975), PNSN (1989), PNDS (1996) (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 1977; INSTITUTO NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO, 1990; INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 1997). Os dados indicam uma tendência de manutenção das Comparando-se os dados do ENDEF com os dados de Pesquisa de Padrões de Vida, também realizada pelo IBGE em 1996/1997, apenas nas regiões Sudeste e Nordeste, observa-se que a prevalência de obesidade triplicou entre crianças e adolescentes de 6 a 18 anos: em 1975 era de 4,1% e aumentou para 13,9%em1997(WANGet al, 2002). Conforme se discutiu anteriormente, houve uma queda expressiva da prevalência de desnutrição infantil, estimada em 70% para o período decorrido entre meados da década de 70 e 90; contudo, comparando-se as prevalências de desnutrição e de obesidade entre crianças, observa-se que, em meados da década de 70, havia quatro vezes mais crianças desnutridas do que obesas, e essa proporção, ao final da década de 80, diminuiu para pouco menos de duas crianças desnutridas paraumaobesa (MONTEIROet al., 2000). Dados mais recentes, oriundos de estudos localizados, também referem tendências de crescimento da obesidade e do sobrepeso na população mais jovem. Em estudo realizado na Região Sudeste, em amostra de 10.822 escolares de 7 a 10 anos, foram observadas taxas de sobrepeso de 15,7% e de 18% de obesidade. Foram encontradas prevalências de obesidade de 16,9% e de 14,3% entre meninos e meninas de escolas públicas, respectivamente. Em escolas particulares, as taxas de obesidade foram, de 29,8% em meninos e 20,3% emmeninas (COSTA et al., 2003b). Finalmente, a 4 mostra o percentual de óbitos potencialmente evitáveis por meio de uma alimentação adequada. Verifica-se que entre 40% e 90% dos óbitos anuais por DCNT, de acordo com o grupo de doenças, podem ser potencial-tabela 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Homens Mulheres < 1/4smpc 1/4 - 1/2 smpc 1/2 - 1 smpc 2,7 4,1 8,8 11 13,5 7,6 8,8 14,4 12,7 13 13,7 11,7 1 - 2 smpc 2 - 5 smpc > 5 smpc %IMC 30 Kg/m > 2 FONTE: IBGE, 2004a. Salário Mínimo Per Capita
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    PARTE 3 -AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 141 Tabela 4 - Óbitos ocorridos por doenças crônicas não-transmissíveis e óbitos potencialmente evitáveis com alimentação adequada (números relativo e absoluto). Brasil, 2003 Doenças Crônicas(CID 10)* Obesidade e outras formas de hiperalimentação (E65-E68) Diabetes (E10-E14) Doenças cérebro-vascular (I60-I69) Doenças isquêmicas do coração (I60-I69) Outras doenças cardiovasculares Neoplasias (Cânceres) (C00-D48) Doenças relacionadas com o álcool Total mente evitados se a população tiver garantido o acesso universal a uma alimentação adequada e saudável, como se preconiza neste guia. Emconclusão, as informações sobre o perfil epidemiológico e nutricional no Brasil vêm reforçar a tese de que a insegurança alimentar e nutricional no País deve, concomitantemente, prever ações de promoção da saúde e prevenção da desnutrição infantil e das deficiências de micronutrientes em vários grupos populacionais, bem como do excesso de peso, obesidade e das DCNT a ela associadas, formas emergentes de manifestação da má-nutrição na população.Apromoção da alimentação saudável, para a qual este guia é um instrumento, deve ser consolidada na atenção à saúde de todas as fases do curso da vida, bem como integrar, como eixo estruturante, as políticas de segurança alimentar e nutricionalemdelineamento do Brasil. N.º de óbitos % de mortes evitáveis N.º de mortes anuais evitáveis 1.018 37.451 88.923 83.122 101.706 134.573 536 447.329 90 90 50 - 75 50 - 75 50 - 75 30 - 40 - - 44.462 - 66.692 50.853 - 76.280 40.372 - 53.829 211.870 - 259.143 Atransformação nos padrões alimentares nacionais (atuais) 916 33.706 41.561 - 62342 - O sistema alimentar e a alimentação do brasileiro sofreram mudanças nos últimos 50 anos e essas mudanças vêm se acelerando com a política internacional de "mercado livre", um aspecto da globalização (LANG; MCMICHAEL, 1997). Nas duas últimas gerações, o sistema brasileiro de abastecimento de alimentos transformou-se: antes predominantemente primário ou composto por produtos minimamente processados e comprados em pequenos comércios varejistas e atualmente produtos pré preparados e embalados, comprados em grandes redes de supermercados. Essas mudanças no padrão alimentar são comparáveis às que ocorreram décadas atrás, como resultado do processo de industrialização da Europa Ocidental e da América do Norte. Em geral, o consumo de alimentos de origem vegetal, incluindo cereais, raízes, tubérculos e leguminosas, frutas, FONTE: Ministério da Saúde/SVS/DASIS, 2004. * CID 10. Classificação Internacional de Doenças, 10.ª edição.
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    142 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA legumes e verduras, tende a decrescer e a produção e o consumo de alimentos de origem animal, incluindo a carne e os laticínios fontes de proteína animal e de gordura, tende a aumentar. Mais recentemente, houve crescimento da produção e do consumo de óleos vegetais e margarina, açúcar e, em geral, dos alimentos com alta densidade energética processados com gorduras hidrogenadas, açúcar e sal e produtos refinados (CANNON, 1992; MONTEIRO; et al., 1995a, 1995b, 2000; CANNON, 2001). Amaior disponibilidade de alimentos, mais especificamente o consumo de alimentos industrializados com alta densidade energética, aumenta o risco de doenças, especialmente das doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT). Por outro lado, as evidências científicas também mostram que alimentos de origem vegetal, principalmente frutas, legumes e verduras, se consumidos de forma regular e em quantidades apropriadas, são fatores de proteção contra várias doenças relacionadas à alimentação, contribuindo também para a manutenção de um peso saudável. Essas evidências são comprovadas por inúmeros estudos, citados e referenciados ao longo deste documento, e realizados em diferentes épocas e países. O acúmulo de evidências que associam a dieta ao estado de saúde dos indivíduos levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a estabelecer limites para o consumo de nutrientes: gorduras (10% a 30% do VET), ácidos graxos saturados (10% do VET), açúcar livre (10% do VET), colesterol (300mg/dia) e sal ( 5g/dia) e a estimular o consumo de carboidratos complexos (45% a65%do VET) e de frutas, legumes e verduras (400g/dia) (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003a). Com base nessas evidências é que este guia recomenda a restrição de consumo de alimentos densamente energéticos, o resgate e a valorização da alimentação brasileira tradicional, baseada em preparações combinadas de cereais e leguminosas (arroz e feijões), frutas, legumes e verduras. Este guia incentiva o consumo de uma alimentação variada, com base principalmente em alimentos de origem vegetal e in natura . Consumo de alimentos no Brasil Esta seção apresenta as informações disponíveis sobre as tendências e mudanças no padrão de consumo de alimentos no Brasil e compara esses padrões com as diretrizes deste guia, que propõem os atributos para uma alimentação saudável e as quantidades dos diferentes grupos de alimentos que contribuem efetivamente para a saúde. Tradicionalmente, para a maior parte da população brasileira, a alimentação habitual era composta basicamente por alimentos dos grupos dos cereais (arroz, milho e trigo), leguminosas (feijões), tubérculos (batatas) e raízes (principalmente mandioca), alguma carne ou pequena quantidade de outros alimentos de origem animal. Os padrões alimentares variam entre as diferentes regiões, dependendo do clima, das condições de produção de alimentos, das condições socioeconômicas da população e suas características culturais. Pode-se afirmar que o Brasil possui quatro culturas alimentares peculiares: do Sul, das regiões centrais, do Nordeste e da região da Amazônia. De modo geral, a alimentação brasileira recebeu influências dos povos que a constituem: indígenas, afro-descendentes e os colonizadores de origem européia, variando o padrão alimentar nas diferentes regiões de acordo com a maior ou menor influência de um ou mais desses grupos étnicos. Por exemplo, na Bahia, a cultura alimentar é fortemente influenciada por tradições africanas e de povos indígenas. Já na Região Norte, a cultura alimentar indígena tem maior influência e, no Sul, os padrões europeus predominam. A produção de alimentos predominantes nas diferentes regiões também influencia a cultura alimentar local. Por exemplo: Minas Gerais possui uma grande produção leiteira e, em Goiás e no Sul, predominam a produção extensiva de carne bovina; na Região Norte, o consumo de pescados e farinhas é expressivo e o açaí, pela abundância local, é utilizado em misturas diversas: açaí com farinha de mandioca, açaí com peixe, com farinha de tapioca, com carne seca. Essas características não são imutáveis e inflexíveis, sofrendo alterações ao longo da história e influenciando-se entre si. Contemporaneamente, as pessoas de classe média, nas grandes cidades, usufruem da gastronomia de quase todas as regiões do mundo (ROMIO, 2000). Mesmo assim, existem características comuns na alimentação dos brasileiros, que se consolidaram a partir do sistema de produção alimentar nacional, apesar das especificidades regionais ou culturais.
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    PARTE 3 -AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 143 As pesquisas: dados nacionais disponíveis No Brasil, o único estudo nacional sobre o consumo alimentar que utilizou metodologia direta de aferição (pesagem dos alimentos consumidos no domicílio por indivíduo) é o Estudo Nacional de Despesa Familiar (Endef), realizado, na década de 70, pelo IBGE. Esse estudo ainda é utilizado como referência, embora deva-se considerar que ele não representa mais o padrão alimentar do brasileiro, uma vez que, em 30 anos, a alimentação sofreu significativas modificações. No ano de 1996, foi realizado o Estudo Multicêntrico de Consumo Alimentar, realizado em cinco cidades brasileiras, que utilizou metodologia semiquantitativa de freqüência de consumo alimentar individual (NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM ALIMENTAÇÃO, 1997). As fontes de dados mais atuais que permitem avaliar, indiretamente , a tendência do consumo alimentar são as Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF), realizadas pelo IBGE. Essas pesquisas possibilitam tais análises por meio da estimativa de despesas efetuadas com a aquisição de alimentos para consumo no domicílio e os preços praticados no mercado. Tais pesquisas têm algumas limitações, uma vez que não permitem informações sobre o consumo individual, a distribuição intrafamiliar dos alimentos e a quantidade de alimentos consumidos fora do domicílio. As POF foram realizadas nos seguintes períodos: 1961- 1963; 1987-1988; 1995-1996; e 2001-2003. As três últimas POF e o Endef (1974-75) são aqui utilizadas para a avaliação da tendência secular do padrão alimentar da população brasileira. Disponibilidade interna de alimentos Uma das informações necessárias para se avaliar a situação de segurança alimentar e nutricional de uma população é a quantidade de alimentos disponíveis para consumo no País. O sistema de informações, mantido pela FAO, denominado Faostat, possibilita estimativas para a disponibilidade de alimentos para consumo humano no Brasil para o período 1965-1997. As informações consideram dados sobre a produção, a exportação e a importação de alimentos e descontam estimativas de desperdício e a quantidade de alimentos destinados à alimentação animal, utilizados como sementes para plantio (FOODANDAGRICULTURE ORGANIZATION, 1999). Segundo o Faostat, a disponibilidade total de alimentos no Brasil tem aumentado, conti-nuamente, nas últimas décadas: em 1961, era de 2.216kcal por pessoa/dia e, em 2002, chegou a 3.010kcal por pessoa/dia. Considerando que a necessidade média de consumo energético recomendada para a população brasileira pela própria FAO é de 2.300 kcal/pessoa/dia (FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION, 2000), observa-se que, no Brasil, não há problemas de indisponibilidade de alimentos. A quantidade de alimentos é suficiente para atender às necessidades energéticas de toda a população brasileira. Essa evidência vem corroborar a tese de que os problemas relacionados à insegurança alimentar e nutricional, que atinge contingentes importantes de nossa população, são devidos à desigualdade de acesso à alimentação adequada. Essa desigualdade ocorre tanto em relação à quantidade de alimentos consumidos como em termos de qualidade de alimentos. O Endef já evidenciava que não havia diferenças no padrão alimentar entre pobres e ricos, mas que a discrepância na quantidade de alimentos consumidos era importante a ponto de manter taxas elevadas de desnutrição entre crianças e adultos no Brasil, àquela época. A inadequação qualitativa da alimentação tanto se manifesta por deficiências de micronutrientes que não podem ser mensuradas por alterações no peso corporal como implica o desenvolvimento de excesso de peso, obesidade e de outras DCNT associadas. Consumo referidoeminquérito de comportamentos de risco para DCNT O inquérito realizado pelo INCA, em 2002/2003, incluiu um módulo sobre consumo alimentar com o objetivo de avaliar a freqüência de consumo de frutas, legumes e verduras, bem como conhecer os hábitos usuais da população, como o consumo de gorduras animais (BRASIL, 2004f). Em relação ao consumo de frutas, na freqüência de consumo de cinco ou mais vezes na , o menor percentual encontrado foi de semana 35,6% em Campo Grande-MS e o maior de 74,8% em Natal-RN, dentre as capitais pesquisadas. De modo geral, as capitais do Nordeste apresentaram freqüências maiores comparadas às das cidades nas demais regiões. Já o consumo de verduras e legumes
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    144 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA cinco ou mais vezes por semana apresentou uma variação de 20,6% em Belém-PA a 57,0% em Porto Alegre-RS. Surpreendeu o fato de o consumo de verduras e legumes nas capitais pesquisadas da Região Norte ser sempre inferior a 25%, considerando a riqueza de produtos vegetais nativos disponíveis. Esse padrão de consumo, para o conjunto dos três grupos de alimentos, foi mais freqüente entre as mulheres do que entre os homens; menor entre grupos mais jovens e entre as pessoas com menor nível de escolaridade. A avaliação de consumo de gordura baseou-se na informação para três tipos de alimentos: leite, carne vermelha e frango. O consumo relatado de leite foi superior a 70% em todas as capitais, de 91% para carne vermelha e 96%para frango. Entre os que relataram o consumo desses alimentos, a pesquisa investigou o consumo de leite integral: a freqüência variou entre 61% e 82%, sendo que o padrão de consumo de leite inte-gral foi sempre mais freqüente entre os homens que entre as mulheresemtodas as capitais. Estimativas da disponibilidade domiciliar de alimentos As estimativas do consumo médio de energia por pessoa no Brasil, segundo os resultados da POF (2002-2003), foi de 1.800kcal/dia. Para áreas rurais, foi de 2.400kcal/dia e, para áreas urbanas, 1.700kcal/dia. Embora essa pesquisa tenha investigado algumas variáveis sobre o consumo fora do domicílio, elas não permitem avaliar a adequação da disponibilidade de energia per capita e, portanto, não se pode afirmar, apenas com os dados disponíveis, que existe deficiência energética no País; contudo, como se verá mais adiante, a situação de insegurança alimentar e nutricional existe e possui perfil diferenciado segundo os estratos de renda, sendo, entretanto, mais grave naquelas famílias de menor renda familiar e baixa escolaridade. Para as análises subseqüentes, é preciso considerar três aspectos: - Os dados da POF descrevem o tipo e a quantidade de alimentos que as unidades familiares adquirem em períodos determinados de tempo, refletindo dessa forma a disponibilidade de alimentos para o consumo no domicílio. Com base nesses dados é possível estimar indicadores nutricionais aproximados do consumo alimentar, ressalvando que não se trata de consumo efetivo de alimentos per capita, pois se desconhece a fração de alimentos adquiridos mas não consumidos, não se consideram as parcelas de desperdícios de alimentos e ainda não se consideram as refeições feitas fora do domicílio; - Algumas das análises dos dados da POF somente são possíveis considerando as informações disponíveis para as nove regiões metropolitanas (Belém, Fortaleza, Salvador, Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre) e para Brasília e Goiânia. Outras referem-se às informações para o Brasil, desagregando as informações por situação de moradia (urbana e rural) e/ou por grandes regiões; - As comparações são feitas em relação às recomendações de macronutrientes estabelecidas pela OMS em termos de percentual de participação no valor energético total (VET) 3 como parâmetros para uma alimentação saudável: carboidratos totais (55-75%), carboidratos complexos (45-65%), açúcares simples (<10%), proteínas (10-15%), gorduras totais (15-30%), gorduras saturadas (<10%) e ácidos graxos poliinsaturados (6-10%) (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003a). A tabela 5 mostra as tendências temporais na composição de macronutrientes na alimentação do brasileiro, nas regiões metropolitanas, segundo a participação percentual de calorias total da alimentação. As principais tendências na composição da alimentação, ocorridas nesses últimos 30 anos, dados das regiões metropolitanas, Brasília e Goiânia, foram: - Manutenção da participação relativa de proteínas na oferta de energia no período (em torno de12%a 13% do VET), não parecendo haver problemas com a disponibilidade de alimentos protéicos, uma vez que se tem mostrado dentro da faixa recomendada (10% a 15%). Tanto as proteínas de origem animal 3 - Valor energético total (VET) é definido pela ingestão energética total diária fornecida por meio de metabolização dos em termos de participação energética relativa dos macronutrientes, considerando apenas os macronutrientes (carboidratos, gorduras, proteínas), do álcool e de fibras e é mensurada, neste guia,emquilocalorias (kcal).
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    PARTE 3 -AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 145 Tabela 5 - Evolução da participação relativa de macronutrientes no total de calorias determinado pela aquisição alimentar domiciliar nas regiões metropolitanas, Brasília e Município de Goiânia, por ano de pesquisa. Brasil, 1974-2003 Macronutrientes Açúcar (sacarose) Demais carboidratos Animais Vegetais como as vegetais mantiveram uma relativa estabilidade no período, porém, com tendências diferentes (aumento nas proteínas animais e redução na participação das vegetais); - Diminuição na participação relativa de carboidratos totais e complexos. O total de carboidratos na última pesquisa (55,9%) aproximou-se do limite inferior do recomendado, enquanto que os carboidratos complexos (43,3%) não atingiram o limite mínimo. Historicamente, vem ocorrendo um deslocamento da disponibilidade de carboidratos por gorduras e açúcares, mudança desvantajosaemrelação ao risco de ocorrência de DCNT, sobretudo se a redução de carboidratos estiver ocorrendo entre os carboidratos complexos; - Tendência temporal de redução no consumo de açúcares, embora a participação deste grupo ainda permaneça muito acima do recomendado para uma alimentação saudável (26% acima da faixa limite). Além disso,háevidênciasdequeoconsumodeaçúcarestenha se deslocado para o consumo de refrigerantes, sucos e bebidas adoçadas cuja oferta no mercado aumentou consideravelmentenosúltimosanos; - Tendências de elevação das gorduras totais, extrapolando o limite recomendado na última pesquisa (30,5%). As gorduras saturadas tenderam 1974-1975 14,04 6,00 6,57 13,67 12,81 7,05 5,76 14,16 13,80 8,12 5,68 12,63 13,58 7,78 5,80 a aumentar contínua e expressivamente no período (30% entre o primeiro e o quarto inquérito) e, em 2003, os valores (9,6%) aproximaram-se do limite máximo recomendado (< 10%). Por outro lado, verificou-se também tendência de aumento nos ácidos graxos monoinsaturados e poliinsaturados, possivelmente em decorrência da substituição das gorduras animais pelos óleos vegetais. Excetuando-se as observadas em relação às proteínas e aos ácidos graxos insaturados, as demais tendências são preocupantes, uma vez que caracterizam padrões alimentares inadequados e de risco à saúde, conforme mostram os estudos mais recentes. Vale ressaltar que, em relação aos ácidos graxos insaturados, se, por um lado, o aumento na sua participação na dieta é desejável, por outro, esse aumento deve-se dar em substituição às gorduras saturadas de tal forma que a participação das gorduras no VET não extrapole os limites recomendados (15% a 30%). A tabela 6 a seguir mostra a participação de grupos de alimentos no total de energia consumida. A análise das informações da tabela 6, que compreende os períodos de 1974 a 2003, indica as seguintes tendências no padrão alimentar do Brasil, considerando as informações disponíveis (regiões metropolitanas, Brasília e Goiânia): Carboidratos Proteínas Lipídios Ácidos graxos monoinsaturados Ácidos graxos poliinsaturados Ácidos graxos saturados % da evolução da participação relativa de macronutrientes, por ano de pesquisa 1987-1988 1995-1996 2002-2003 61,66 47,62 12,57 25,77 7,44 7,66 7,47 57,96 44,29 29,23 7,86 9,53 8,54 57,73 43,57 28,46 7,70 8,53 8,79 55,90 43,27 30,52 8,05 8,90 9,62 FONTE: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços, Pesquisa de Orçamentos Familiares, 2002-2003.
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    146 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA - Redução de 5% no consumo de cereais e derivados. Considerando os alimentos que compõem esse grupo de alimentos, destaca-se o contínuo decréscimo no consumo de arroz (23%) e pão francês (13%), sabidamente dois alimentos tradicionais da alimentação do brasileiro. Inversamente, houve um aumento expressivo e preocupante no consumo de biscoitos (400%), em função de dois fatores: os biscoitos, mesmo os salgados e sem recheio, são ricos em gorduras trans e alguns tipos em sal ou açúcar, condições estas de risco para a saúde; por outro lado, pode estar havendo uma indesejável substituição de alimentos mais saudáveis, como o arroz e o pão, por biscoitos, já que o consumo de macarrão e farinha de trigo praticamente permaneceu o mesmo no período estudado; - Redução no consumo de feijões e de tubérculos e raízes: outra tendência que revela uma mudança no padrão alimentar brasileiro e, sem dúvida, não desejada é a queda no consumo de feijão (31%) e tubérculos, raízes e derivados (32%). Dentre os alimentos que compõem este último grupo, a batata teve queda de 41% e a mandioca de 5%. O feijão é uma fonte importante de ferro, fibras e, associado ao arroz, de proteína vegetal de boa qualidade. É importante que se estabeleçam estratégias para, minimamente, reverter a tendência de queda de consumo desses dois grupos de alimentos; - A participação relativa ao grupo das carnes aumentou em cerca de 50%. As carnes bovinas tiveram aumento de 23% e a carne de frango dobrou a participação (100%). Preocupante foi o acréscimo verificado na participação de embutidos, Tabela 6 - Evolução da participação relativa de alimentos no total de calorias determinado pela aquisição alimentar domiciliar nas regiões metropolitanas, Brasília e município de Goiânia, por ano de pesquisa. Brasil, 1974-2003. Evolução da participação relativa, 1974-1975 por ano de pesquisa(%) 1987-1988 1995-1996 2002-2003 37,26 8,13 4,85 8,96 1,15 5,93 2,16 1,14 3,04 11,62 13,78 0,10 0,31 1,26 0,30 1.700,00 34,72 5,87 4,10 10,46 1,31 7,95 2,66 1,15 0,95 14,61 13,39 0,15 0,58 1,59 0,51 1.895,79 35,04 5,71 3,58 12,98 0,90 8,20 2,58 1,00 0,77 12,55 13,86 0,13 0,57 1,50 0,63 1.695,66 35,34 5,68 3,34 13,14 0,18 8,09 2,35 0,92 1,08 13,45 12,41 0,21 0,91 2,29 0,62 1.502,02 Grupos de alimentos Cereais e derivados Feijão Raízes e tubérculos Carnes Ovos Leite e derivados Frutas Verduras e legumes Gordura animal (banha, toucinho e manteiga) Óleos e gorduras vegetais Açúcar e refrigerantes Oleaginosas Condimentos Refeições prontas Bebidas alcoólicas Total de calorias (kcal/dia per capita) FONTE: IBGE Diretoria de Pesquisas. Coordenação de índices de Preços. Estudo Nacional de Despesa Familiar, 1974-1975 e Pesquisa de Orçamentos Familiares 1986-1988; 1995-1996 e 2002-2003 (adaptada).
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    PARTE 3 -AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 147 geralmente produtos com alto teor de gordura e sal, que aumentou em quase 300% a sua participação energética na alimentação. Por outro lado, houve uma acentuada redução na participação dos peixes: em 2003, a participação representa cerca da metade do consumo estimado em 1974. Esse resultado é particularmente importante, tanto porque os peixes são fontes de proteínas de boa qualidade e são mais saudáveis que os demais tipos de carnes em função de sua composição em ácidos graxos insaturados, como pelo conhecido potencial da piscicultura nacional, seja pelo manancial de rios, seja pela extensão marítima de que o Brasil dispõe; - Redução acentuada na participação de ovos (84%), provavelmente em função de o consumo desse alimento ter se deslocado para a aquisição de alimentos prontos para o consumo e conseqüente diminuição da utilização de ovos em preparações caseiras (bolos e pães, por exemplo); - Aumento de 36% na participação dos leites e derivados, sendo expressivo o aumento dos queijos, que dobraram a sua participação no VET; - A participação de frutas, legumes e verduras na dieta manteve-se relativamente estável durante o período compreendido pelas quatro pesquisas, correspondendo a 3%-4% da energia total da alimentação, estando, porém, muito aquém da recomendação. A OMS recomenda um consumo mínimo de 400 gramas per capita/dia desses grupos de alimentos, em função do efeito protetor que apresentam em relação às DCNT (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003a). Tendo por base um VET de 2.000kcal, assumido como parâmetro de exemplificação neste guia, o valor energético fornecido por estes grupos de alimentos, segundo se propõe para o Brasil, corresponde a aproximadamente 12% do VET. Isso significa que o Brasil precisa aumentar a quantidade de frutas, legumes e verduras consumidos em três a quatro vezes para alcançar a meta recomendada parauma alimentação saudável. Como diretriz deste guia propõe-se o consumo de três porções de verduras e legumes (valor calórico médio da porção = 15kcal e tamanho médio 60g) e três porções de frutas (valor calórico médio da porção de 70kcal e tamanho médio de 130g), superando, em gramas, o valor mínimo recomendado pela OMS; - A tendência secular da participação das gorduras de origem animal apresenta dois momentos distintos: entre 1974 e 1996, houve uma acentuada redução de 75%, enquanto que, entre os dois últimos inquéritos, ocorreu um incremento de 40%. Mesmo assim, considerando o período decorrido entre 1974-2003, a redução na participação desse grupo de alimentos foi importante (65%); - Houve crescimento de 16% na participação das gorduras vegetais. Tanto o óleo de soja como a margarina apresentaram crescimento. Se por um lado a substituição de gorduras animais por vegetais é mais saudável, é importante estabelecer estratégias que mantenham o consumo de gorduras vegetais dentro das faixas de consumo recomen-dadas e diminuir o consumo de gorduras hidrogenadas (trans), das quais alguns tipos de margarinas e as gorduras vegetais hidrogenadas são representantes; - O grupo dos açúcares e refrigerantes reduziu a participaçãoem10%no período. Contudo, conside-rados esses dois itens separadamente, observam-se tendências distintas: enquanto os açúcares reduziram em 23%, houve um considerável aumento na participação dos refrigerantes (400%). Alguns estudos têm enfa-tizado a substituição de leite por refrigerantes, especialmente entre crianças e adolescentes, tendência esta claramente indesejável. Essas tendências adquirem maior relevância quando se considera que não incluem o consumo de açúcares e refrigerantes fora dos domicílios; - Refeições prontas e misturas industri-alizadas: a participação desse tipo de alimento na contribuição energética aumentou 82% no período, indicador importante de mudança no comportamento alimentar da população. Os alimentos processados em geral possuem teores elevados de gorduras, açúcares e sal, cujo consumo deve ser restringido. Essa mesma pesquisa mostra que o percentual de despesas com alimentação fora do domicílio é de 25,7% entre a população residente em áreas urbanas e, nas zonas rurais, de 13,1%. Os gastos com alimentação fora do domicílio, segundo a classe de rendimento mensal da família, variaram entre 11,8% (rendimentos de até R$400,00) e 37% entre famílias com rendimentos de R$4.000,00 ou mais (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2004a). Com poucas exceções, é
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    148 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA provável que essas refeições sejam lanches rápidos ou fast-foods que também possuem altos teores desses nutrientes, sugerindo consumos ainda mais elevados; Em relação ao consumo de bebidas alcoólicas, vale destacar que os dados referidos na também merecem cautela na avaliação, tabela 6 pois referem-se apenas e exclusivamente ao consumo de álcool no âmbito dos domicílios das regiões metropolitanas e de Brasília e Goiânia, estimado a partir de despesas monetária com alimentos e bebidas adquiridos para consumo domiciliar. O Brasil não dispõe de dados sobre consumo de álcool; mas, conforme explicitado no referencial teórico deste guia, estudos disponíveis indicam que entre3%e 9%dos adultos nas grandes cidades brasileiras são dependentes do álcool. Um inquérito mais recente, desenvolvido pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), indicou que a prevalência de consumo médio diário de álcool considerado de risco (superior a duas doses por dia para os homens e superior a uma dose por dia para as mulheres) entre a população pesquisada (15 anos ou mais e residentes em 15 capitais brasileiras e Distrito Federal) variou de 4,6% a 12,4% (BRASIL, 2004e). A tabela 7 , seguinte, demonstra a partici-pação relativa dos macronutrientes no total de energia consumidaemáreas rurais e urbanas. Os dados permitem afirmar que, em termos de macronutrientes, a alimentação para o Brasil e para as zonas rurais e urbanas estão adequa-das, exceto para o consumo de açúcar que é 37% maior do que o recomendado(10%), significando a necessidade de redução em, pelo menos, 1/3 desse valor para adequação da alimentação. Embora aten-dendo ao recomendado para uma dieta saudável, para o conjunto das áreas estudadas, no que se refere à distribuição percen-tual dos macronutrientes para o VET, pode-se afirmar que a alimentação na zona rural é mais adequada que a da zona urbana, uma vez que o consumo de carboidratos complexos atinge a faixa mínima recomendada (50,9%) e os carboidratos totais estão em uma proporção mais e elevada (64,6%); por outro lado, a participação das gorduras nas áreas urbanas está apenas a 1% do limite máximo recomendado. Tais considerações apenas objetivam demonstrar que não somente atender às faixas recomendadas de macronutrientes é importante, mas também o tipo e a proporção com que eles se apresentam na alimentação é igualmente Tabela 7 - Participação relativa de macronutrientes no total de calorias determinado pela aquisição alimentar domiciliar, por situação do domicílio. Brasil, 2002-2003 Total Macronutrientes Carboidratos Açúcar (sacarose) Demais carboidratos Proteínas Animais Vegetais Lipídios Ácidos graxos monoinsaturados Ácidos graxos poliinsaturados Ácidos graxos saturados Participação relativa de macronutrientes(%) Urbana Rural 59,56 13,70 45,85 12,83 6,97 5,86 27,61 7,25 8,72 8,64 58,08 13,71 44,37 12,94 7,20 5,75 28,97 7,60 9,10 8,92 64,61 13,67 50,90 12,44 6,18 6,25 22,95 6,04 7,44 7,68 FONTE: IBGE, 2004a. Situação do domicílio
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    PARTE 3 -AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 149 importante. Por exemplo, em relação às gorduras, o limite máximo recomendado é de 30%, porém, a faixa mais saudável é de 20% a 25% para uma população sedentária, como é o caso da brasileira. Considerando isso, o consumo de gordura total para toda a população deve diminuir em 10% e, no caso da população urbana, em 16% para atender à recomendação. Algumas considerações em relação aos dados mais recentes, desagregados por classes de rendimentos, são importantes, uma vez que, ao se trabalhar com dados médios para a população, muitas diferenças e evidências importantes podem ser encobertas. Os dados da POF 2002-2003 confirmam que há um padrão diversificado de consumo, não somente entre as regiões do País e nas zonas rurais e urbanas, mas também entre os diferentes estratos socioeconômicos da população brasileira. A tabela 8 apresenta a participação relativa de grupos de alimentos no total de energia, avaliado por meio de aquisição alimentar domiciliar, por classe de rendimento familiar mensal per capita. Considerando a participação relativa dos grupos de alimentos, para alguns itens há uma tendência de maior participação com a evolução da classe de renda: carnes, leite e derivados, frutas, legumes e verduras, condimentos, refeições prontas e bebidas alcoólicas. Merece ser destacado que o consumo de leite e derivados, na classe de maior renda, supera em mais de três vezes a participação desse grupo de alimentos na classe inferior de rendimentos. O mesmo acontece com as carnes (1,5 vezes), frutas (quase seis vezes mais elevado) e verduras e legumes (três vezes mais alto). Entre as carnes, o consumo de carne bovina, frango e embutidos apresenta nitidamente tendência de aumento com a evolução da renda, enquanto que os peixes apresentam decréscimo na participação, Tabela 8 - Participação relativa de grupo de alimentos no total de calorias, segundo a aquisição alimentar domiciliar, por classe de rendimento familiar mensal em salário mínimo per capita (SMPC). Brasil, 2002-2003. Faixas de rendimento familiares em SMPC até 1/2 +1/4 a 1/2 +1/2 a 1 +1 a 2 38,10 97,70 15,00 8,40 0,26 3,30 0,61 0,35 1,00 9,60 12,50 0,39 0,14 0,64 0,08 1.485,75 37,90 7,90 10,10 9,80 0,33 4,10 0,79 0,47 1,30 12,00 13,70 0,35 0,24 0,92 0,13 1.651,3 38,00 7,60 6,30 11,20 0,36 4,90 1,00 0,59 1,40 12,30 14,40 0,24 0,41 1,01 0,23 1.724,4 32,20 6,10 4,50 12,30 0,36 6,00 1,40 0,71 1,30 13,40 14,20 0,12 0,60 1,48 0,36 1.877,05 Grupos de alimentos Cereais e derivados Feijão Raízes e tubérculos Carnes Ovos Leite e derivados Frutas Verduras e legumes Gordura animal (banha, toucinho e manteiga) Óleos e gorduras vegetais Açúcar e refrigerantes Oleaginosas Condimentos Refeições prontas Bebidas alcoólicas FONTE: IBGE, Pesquisa de Orçamento Familiar. Brasil, 2002-2003. +2 a 5 + de 5 35,10 5,50 3,00 13,30 0,34 7,80 2,20 0,90 1,30 13,70 13,00 0,09 0,97 2,26 0,66 1.929,45 31,50 4,50 2,60 13,20 0,28 10,90 3,40 1,14 1,40 13,60 10,90 0,14 1,15 3,97 1,22 2.075,16
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    150 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA sendo que a classe de menor rendimento consome 2,5 vezes mais peixe que a classe superior de rendimentos. Entre os grupos de alimentos que apre-sentam diminuição na participação com a evolução dos rendimentos familiares, merecem ser ressal-tados os feijões e os tubérculos e as raízes, que apresentam um consumo, respectivamente, 2,2 vezes e 5,6 vezes maior na classe de menor rendimento comparado com a classe de cinco ou mais SMPC. Vale destacar que, na classe com rendimentos de até 1/2 SMPC, esses grupos de alimentos contribuem com 9,7% e 15%, respectivamente, do VET, destacando a importância desses itens na alimentação da população mais pobre. Entre os cereais e derivados há uma participação relativamente similar entre as classes de rendimentos, variando em torno de 1/3 da contribuição energética. Dentre eles, o arroz apresenta sugestivo declínio com o aumento da renda, enquanto que biscoitos, macarrão e pão aumentam. Também aqui se manifesta uma diferença de consumo entre os mais pobres e os mais ricos, em favor dos primeiros: a alimentação saudável estabelece que, entre os carboidratos, aqueles que são fonte de complexos (amidos) deveriam compor a dieta na faixa de 45% a 65%. Se comparadas as duas faixas de rendimentos-limite e somados os grupos de cereais e derivados e tubérculos e raízes principais fontes desses nutrientes , observa-se que na faixa de rendimentos de até 1/2 SMPC a participação é de 53,0%, enquanto que na faixa de mais que 5 SMPC essa participação é de apenas 34,2%, não atingindo, nesta última, sequer o mínimo recomendado. O atendimento a essa recomendação somente é alcançado nas faixas de rendimentos inferiores a um SMPC. Isto justifica a recomendação de incentivar o consumo desses grupos de alimentos, de tal forma a se promover o crescimento da sua participação em pelo menos 20%, para alcance da meta dietética mínima. Em relação às gorduras, tanto as vegetais quanto as animais tenderam a aumentar com evolução dos rendimentos. No caso dos óleos vegetais, o consumo na classe de renda mais alta é 42%superior ao da classe de menor rendimento. Açúcares e refrigerantes têm tendências contrárias: enquanto os açúcares diminuem com a evolução da renda, os refrigerantes aumentam. O consumo de energia vindo desse grupo de alimentos supera as recomendações da OMS (< 10% do VET), estando muito próximo do ideal apenas na classe com renda maior que 5 SMPC (10,9%). Também aqui vale lembrar que a POF não considerou o consumo fora do domicílio e, portanto, essas tendências devem ser vistas com cautela; mas, por meio do consumo de açúcar aqui mostrado, muito provavelmente o excesso de consumo desse grupo de alimentos deve ser bem maior na população como um todo, indepen-dentemente da classe de rendimentos. Em relação ao total da energia disponível pela aquisição de alimentos para consumo domici-liar, verifica-se, ainda na tabela 8 , que o consumo energético da classe de maior rendimento (> 5 SMPC) representa cerca de 1,5 vez o consumo da classe de menor rendimento (até 1/2 SMPC). Evidencia-se aindaumaumento no VET com o incre-mento da renda familiar. Em função de os dados da POF não considerarem o consumo de alimentos extra-domiciliar, não se pode afirmar, apenas com os dados analisados, que haja insuficiência energética entre as famílias brasileiras de renda mais baixa; contudo, as tendências dos dados revelam uma associação entre esse consumo e a renda familiar per capita. Por outro lado, a mesma pesquisa realizou uma avaliação subjetiva das condições de vida da população, investigando, entre outros, a sua percepção sobre o tipo e a suficiência dos alimentos consumidos pelas famílias. Os dados mostram que 47% das famílias destacaram que a quantidade de alimentos consumidos era habitualmente ou eventualmente insuficiente. Essa informação, desagregada segundo a situação de domicílio, corresponde a 56,9% entre as famílias residentes em áreas rurais e a 44% entre as que moram em áreas urbanas. Dentre aquelas, 13,9% afirmaram que o alimento era normalmente insuficiente (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍS-TICA, 2004b). Quanto ao tipo de alimentos consumidos, 73% das famílias declararam algum grau de insatisfação com o tipo de alimentos consumidos (somadas as que afirmaram que os alimentos nem sempre eram do tipo preferido às que revelaram
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    PARTE 3 -AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 151 Tabela 9 -Participação relativa de macronutrientes no total de calorias determinado pela aquisição alimentar domiciliar, por classe de rendimento monetário mensal familiar per capita em salários mínimos. Brasil, 2002-2003 Grupo de Alimentos Açúcar (sacarose) Demais carboidratos Animais Vegetais raramente consumir alimentos preferidos). Entre os motivos alegados pelas famílias para não consumir alimentos de acordo com sua preferência, em 93% dos relatos estava a insuficiência de rendimentos (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2004b). Estes são mais dados que ilustram a imensa desigualdade do País e, por outro lado, revelam que a insuficiência alimentar é ainda importante problema no País, ao lado da inadequação da alimentação (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRA-FIA E ESTATÍSTICA, 2004b). A distribuição de participação energética dos macronutrientes, segundo a classe de rendi-mentos per capita das famílias, é apresentada na . Os dados dessa tabela permitem sugerir tabela 9 que: - O consumo de carboidratos total e de complexos diminui nitidamente com a evolução da renda. Em relação aos carboidratos complexos, as classes de rendimentos acima de um SMPC sequer atingem o limite mínimo recomendado de 45% e, na classe acima de cinco SMPC, o mínimo recomendado para carboidratos totais também não é atingido (55%); -Oconsumo de açúcar supera as recomendações em todas as classes de rendimentos, tendendo a Faixas de rendimento familiares em SMPC 12,91 56,26 5,21 6,51 14,09 50,47 5,87 6,11 14,82 47,34 6,45 6,09 14,51 44,64 7,02 5,78 13,22 42,58 7,77 5,64 11,06 41,13 8,42 5,43 aumentar até a faixa de 1/2 a um SMPC, reduzindo discretamente nas classes subseqüentes. A situação mais preocupante refere-se às classes de rendimentos entre 1/2 e um SMPC, em que a contribuição energética chega próximo de 15%, ou seja, superaem50%o recomendado; - As proteínas, em quaisquer faixas, encontram-se dentro dos limites recomendados (10% a 15%), merecendo destaque apenas que a tendência de participação das proteínas animais e vegetais são diferenciadas: enquanto que as proteínas animais tendem a aumentar, há um decréscimo de participação das proteínas vegetais com a evolução dos rendimentos familiares; - Em relação ao consumo de gorduras, há uma nítida evolução da participação com aumento da renda, evidenciando-se que nas duas classes de maiores rendimentos essa participação extrapola o limite máximo recomendado de 30%. As gorduras saturadas, que não devem ultrapassar 10% do VET, aumentam intensamente com os rendimentos, sendo estes valores alcançados virtualmente na classe de dois a cinco SMPC e superados na classe de maior rendimento (11,2%). As gorduras mono e poliinsaturadas apresentam as mesmas tendências de aumento com a classe de renda, embora menos intensamente, destacando-se que o consumo de até 1/2 +1/4 a 1/2 +1/2 a 1 +1 a 2 69,17 11,72 19,11 4,82 6,73 5,94 64,56 11,98 23,47 6,03 8,18 7,17 62,16 12,54 25,30 6,71 8,33 7,78 59,15 12,80 28,06 7,40 9,07 8,65 +2 a 5 + de 5 55,80 13,41 30,80 8,08 9,41 9,68 52,19 13,86 33,95 8,93 9,13 11,22 Carboidratos Proteínas Lipídios Ácidos graxos monoinsaturados Ácidos graxos poliinsaturados Ácidos graxos saturados FONTE: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços, Pesquisa de Orçamentos Familiares. Brasil, 2002-2003.
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    152 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA poliinsaturados deve estar na faixa de 6% a 10%. Embora em todas as faixas de rendimento os valores estejam dentro da faixa recomendada, na faixa de menor renda eles estão próximos do limite inferior (6,7%). Em resumo, a análise dos dados da mais recente pesquisa nacional que possibilita estimar o consumo alimentar das famílias brasileiras, no âmbito exclusivo do domicílio, alguns dos quais aqui demonstrados permitem concluir que há padrões diversificados de consumo alimentar entre as regiões do País, entre zonas rural e urbana e entre classes de rendimento. As características da dieta que são positivas e confirmam as tendências temporais desde a década de 70 são a adequação do teor protéico da alimentação e a participação crescente das gorduras vegetais. Já as tendências inadequadas na dieta que merecem destaque são: - O alto consumo de açúcar em todas as classes de renda: pelos dados apresentados há, necessa-riamente, de se estabelecer estratégias de edução em seu consumo, em aproximadamente 1/3, para atender às recomendações de limite superior de consumo. - Consumo muito baixo e insuficiente de frutas, legumes e verduras, reconhecidamente fatores de proteção para a saúde. Um esforço nacional deve ser implementado para se elevar o consumo desses alimentos em pelo menos três vezes o consumo atual, tornando-os acessíveis - física e financeiramente - a todas as classes de rendimento e valorizando-os como componentes fundamentais deumaalimentação saudável; - Há uma tendência de consumo exagerado de gorduras totais e de gorduras saturadas entre as classes de rendimentos mais elevados, especialmente na s r e g i õ e s de maior desenvolvimento econômico (Centro-Oeste, Sudeste e Sul), e entre famílias urbanas e de maior rendimento. Há de se implementar ações para reverter essas tendências e assegurar que o consumo de gorduras totais, saturadas e insaturadas seja mantido nos níveis adequados entre as famílias das demais regiões, classes de renda e da zona rural; - Assegurar a manutenção do consumo de leguminosas (feijões) e tubérculos e raízes, fontes importantes e fundamentais de carboidratos particularmente em classes de rendimentos superiores, onde se evidenciou a mais acentuada queda de consumo temporal nesses grupos de alimentos; - Leite e derivados, especialmente, devem ser mais acessíveis à população com menor rendimento e o fomento à produção desses alimentos com baixos teores de gorduras é necessário e pertinente, considerando que são boas fontes de cálcio na alimentação humana, além de fonte de proteínas de alto valor biológico; - A queda importante no consumo de peixes requer ações que revertam essa tendência, uma vez que o Brasil dispõe de grande potencial de produção e esses alimentos são fontes importantes e saudáveis de proteínas, gorduras poliinsaturadas, dentre outros nutrientes. Consumo de sal no Brasil A última estatística de consumo de sal pela população brasileira foi aferida pelo Estudo Nacional de Despesa Familiar (Endef) (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 1977). Por ter sido realizado há cerca de 30 anos, não é apropriada a utilização dessa informação devido às mudanças ocorridas no padrão de consumo alimentar pela população nesse período. A tabela 10 foi construída a partir de informações provenientes da indústria salineira Tabela 10 - Estimativa do consumo de sal per capita. Brasil, 1962 - 2000 12,33 8,55 9,79 13,55 15,09 Consumo de sal per capita 1962 1975 1988 1995 2000 FONTE: SENAI, 2001.
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    PARTE 3 -AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 153 nacional.Oconsumo estimado de salemgramas por dia foi calculado dividindo o volume de sal no abastecimento alimentar pela população (SENAI, 2001). Desses dados são excluídas as quantidades estimadas para desperdício e sal destinado à alimentação de animais, mas não se referem à exportação e importação, que se assumem equilibradasemnosso país. Esses números indícam que o consumo de sal no país é muito alto, colocando o Brasil entre os países de consumo mais elevado do mundo (INTERSALT, 1998). Observa-se também uma nítida tendência de aumento do consumo. Estes valores sugerem que o consumo de sal pela população deve diminuir em três vezes para se situar no limite máximo recomendado para uma alimentação saudável (5 gramas de sal/pessoa/dia). Já os dados da POF 2002-2003 mostram que a aquisição de sal para consumo domiciliar per capita anual corresponde a 2,986kg, sugerindoumconsumo diário de 8,2 gramas per capita/dia (1,4 vez acima do limite recomendável). Agregando-se a esse valoruma estimativa de 16,75% para o sal indireto (consumido como componente de produtos alimentares adquiridos para consumo no domicílio), obtém-seum consumo per capita/dia de 9,6 gramas/dia, que corresponde a quase duas vezes o consumo recomendado. Essa situação é preocupante, uma vez que o cálculo não inclui o consumo de sal direto e indireto fornecido por meio do consumo de alimentos fora do domicílio (INSTITUTO BRASILEIRO DEGEOGRAFIAE ESTATÍSTICA, 2004a). Entre as diretrizes deste guia, estabelece-se a meta de atingir um consumo de 5g de sal/dia (menos de dois gramas de sódio/dia), por meio de atitudes adotadas pela população no que se refere ao consumo alimentar intra e extradomiciliar, mas também pela indústria de alimentos, em particular, desenvolvendo tecnologia para produtos com baixo teor de sódio. A rotulagem nutricional obrigatória (veja mais informação na página 117) obriga a informação do teor de sódio nos alimentos processados. A utilização adequada desse instrumento deve ser fomentada junto à população para contribuir para a sua decisão em adquirir alimentos mais saudáveis. Finalmente, os dados e as informações apresentados permitem afirmar que a insegurança alimentar e nutricional se manifesta, de maneira distinta, entre todos os estratos sociais e econô-micos da população brasileira, segundo a oportunidade e a possibilidade de acesso a alimentos saudáveis, em quantidade e qualidade adequadas para assegurar a saúde e o bom estado nutricional. Contudo, mesmo estratos de renda mais alta não condicionam a seleção de uma alimentação mais saudável; portanto, não há mais justificativa para ações governamentais voltadas para um ou outro segmento da população. O desafio que se impõe atualmente é garantir a segurança alimentar e nutricional para toda a população, fomentando a promoção da alimentação saudável em todas as fases do curso da vida e o acesso às informações cientificamente evidenciadas para todos os estratos de renda, cumprindo o direito humano à alimentação adequada no Brasil. Certamente, políticas, programas e ações emanadas pelos diferentes setores governamentais devem ainda, por algum tempo, compor a política nacional de segurança alimentar e nutricional, atendendo às especificidades de manifestação da fome, nas diferentes regiões, entre os diversos grupos socioeconômicos e nas diferentes fases do curso da vida, sempre tendo como objetivos a saúde e a adequada nutrição. As Bases Científicas das Diretrizes Alimentares Nacionais4 As diretrizes alimentares deste guia e outras similares, em diversos países, foram elaboradas com o respaldo de evidências científicas resultantes de estudos que buscavam relacionar o impacto de distintos padrões alimentares na redução ou no aumento do risco de ocorrência das diferentes DCNT. O conjunto das diretrizes objetiva contribuir para garantir o crescimento e desenvolvimento adequado de crianças maiores de 2 anos e de adolescentes, a promoção da saúde e a prevenção das doenças relacionadas à alimentação e manter o balanço energético. 4 - Com base do documento Análise da Estratégia Global Para alimantação Saudável, Atividade física e Saúde (BRASIL,2004b) , produzido pelo Grupo Técnico Assessor, instituído por Portaria Ministerial da Saúde, nº 596, de 8 de abril de 2004. Disponívelem www.saude.gov.br/nutricao .
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    154 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Foi utilizado, como base na composição desta parte do guia, o documento denominado “ Análise da Estratégia Global para Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúd e”. Este documento foi elaborado por um grupo técnico assessor do Ministério da Saúde, com o objetivo de subsidiar a posição do governo brasileiro, por ocasião da 57.ª Assembléia Mundial de Saúde, ocorrida em Genebra em maio de 2004, quando foi discutida e aprovada a Estratégia Global (BRASIL,2004b). Por sua vez, foi produto da análise do Relatório Técnico n. 916 da OMS e FAO (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003a), documento este que orientou a oportunidade e pertinência da proposição da EG, uma vez que traz uma extensa compilação e análise das evidências científicas, em nível mundial, sobre a relação entre alimentação e DCNT. As recomendações dietéticas para popu-lação e indivíduos estabelecidas pela OMS e que o fundamentam as diretrizes deste guia são: - Manter o equilíbrio energético e o peso saudável; - Limitar o consumo energético procedente das gorduras, substituir as gorduras saturadas por gorduras insaturadas e eliminar as gorduras trans: - Aumentar o consumo de frutas, legumes e verduras e de cereais integrais e frutas secas. - Limitar o consumo de açúcares livres; - Limitar o consumo de sal (sódio) de toda procedência e consumir sal iodado. A OMS ainda recomenda às pessoas: - Manter-se suficientemente ativas durante toda a vida. Para fundamentar a análise das evidências científicas entre a relação alimentação e saúde, a OMS definiu alguns critérios para orientar as recomendações estabelecidas para a promoção da alimentação saudável, atividade física e saúde (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003a), que serão citados a seguir. baseada em Evidência convincente: estudos epidemiológicos que demonstram associações convincentes entre exposição e doença, com nenhuma ou pouca evidência contrária. baseada em estudo Evidência provável: que demonstram associações razoavelmente consistentes entre exposição e doença, mas onde há limitações (falhas) perceptíveis na valiação da evidência, ou mesmo alguma evidência em contrário, que impeçam um julgamento mais definitivo. : b a s e a d a E v i d ê n c i a p o s s í v e l principalmente em resultados de estudos casocontrole ou estudos transversais. Evidência baseada em estudos não epidemiológicos, tais como investigações clínicas e laboratoriais. Pode servir de suporte, mas são mais estudos necessários ainda para confirmar as associações. baseada em Evidência insuficiente: resultados de poucos estudos onde a associação entre exposição e doença é sugerida, mas insuficientemente estabelecida. São necessárias pesquisas com melhor delineamento para confirmar as associaçõesemestudo. Com b a s e n e s s e s c r i t é r i o s , a s recomendações da EG relativas à alimentação e atividade física foram analisadas e são indicadas nos tópicos seguintes. Recomendação 1 Manutenção do Balanço Energético e do Peso Saudável Esta recomendação fundamenta todas as diretrizes estabelecidas neste Guia, mas, mais especificamente, relaciona-se com as Diretrizes 1, 3, 4, 6 e a Diretriz Especial 1. O crescimento da incidência das DCNT observado nas últimas décadas relaciona-se, em grande parte, com os hábitos de vida configurados nesse período. Entre eles, destacam-se os comportamentos que desequilibram o balanço energético, induzindo a ganho excessivo de peso. Estima-se que, para cada 5% de aumento de peso acima daquele apresentado aos 20 anos de idade, ocorra um aumento de 200% no risco de desenvolver a síndrome metabólica na meia idade (EVERSON et al., 1998). Essa síndrome, por sua vez, está associada ao desenvolvimento do diabetes, da doença cardiovascular e de outras doenças crônicas não-transmissíveis (SCHMIDT; DUNCAN, 2003; LAKKA et al., 2002; LORENZO et al., 2003).
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    PARTE 3 -AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 155 O princípio fundamental para manter um balanço energético é que as mudanças nos depósitos orgânicos de energia (tecido adiposo ou massa gorda) se equilibrem com a diferença entre consumo e gasto energéticos. Se a ingestão excede o gasto, ocorre um desequilíbrio positivo, com deposição energética (tecido gorduroso) e tendência ao ganho de peso; quando a ingestão é inferior ao gasto, ocorre um desequilíbrio negativo, com diminuição dos depósitos de gordura e conseqüente perda de peso. Em circunstâncias normais, o balanço energético oscila ao longo do dia e de um dia para o outro sem, contudo, levar a uma mudança duradoura do balanço energético ou do peso corporal, porque mecanismos fisiológicos múltiplos determinam mudanças coordenadas entre ingestão e gasto energético, regulando o peso corporal em torno de um ponto de ajuste que mantém o peso estável. A ingestão energética total é proveniente da metabolização dos macronutrientes (carboi-dratos, gorduras, proteínas), do álcool e de fibras. A ingestão diária é definida pelo valor energético total (VET), expressoemquilojoule (kJ) ouemquilocalorias (kcal). Neste guia, optou-se por trabalhar o VET medido pela unidade kcal, uma vez que essa medida é maisamplamenteconhecida pela população. A gordura produz mais energia por grama de peso (9kcal/g) que os carboidratos (4kcal/g), as proteínas (4kcal/g) e o álcool (7kcal/g). As fibras contribuem com 1,5kcal/g, energia produzida no cólon intestinal a partir da degradação bacteriana. Amedida do gasto energético do indivíduo é composta por três elementos: a taxa metabólica basal (energia requerida para manutenção de todas as funções vitais do organismo), o gasto energético para metabolizar e armazenar o alimento, o gasto energético requerido para atividade física. Também se considera que a termogênese adaptativa, que varia em resposta à ingestão energética crônica (aumenta com o aumento da ingestão energética), determina o gasto energético deumindivíduo. Já o peso saudável é tema ainda contro-verso, mas internacionalmente a tendência é utilizar o índice de massa corporal (IMC), que relaciona o peso ao quadrado da altura de um indivíduo, para estabelecer a faixa de peso saudável. A OMS recomenda para a população um IMC entre 21 e 23kg/m2. Para indivíduos, a faixa recomendada é de 18,5 a 24,9kg/m2, evitando ganhos de peso maiores do que 5kg na vida adulta (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003a). Para a manutenção do peso saudável e do balanço energético, dois fatores precisam ser considerados: o aumento do consumo de alimentos industrializados, normalmente ricos em gorduras hidrogenadas e carboidratos simples e pobres em carboidratos complexos, e o declínio do gasto energético associado à atividade física. As recomendações para mudanças de comportamentos ligados a essa problemática na prevenção da obesidade, apresentando as evidências que as apóiam, são as seguintes. Redução de alimentos de alta densidade calórica [evidência convincente] Esta orientação está explícita na Diretriz 6 deste guia. Alimentos de alta densidade energética promovem ganho de peso. Esses alimentos, ricos em gorduras, carboidratos simples ou amido, são em geral altamente processados e pobres em micronutrientes. Já os alimentos de baixa densidade calórica são aqueles que possuem maior teor de água emsua composição, como frutas, legumes e verduras, que, em geral, são alimentos mais ricos em micronutrientes. As teorias científicas consideram que alimentos com densidade energética muito elevada promoveriam um “superconsumo passivo” de energia total. Estudos que manipularam de forma mascarada (cega) o conteúdo de gordura e a densidade energética de alimentos apóiam essa hipótese, mas é possível que outros efeitos não-fisiológicos tenham influenciado esses resultados (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003a). Há também evidências de que humanos seriam capazes de reconhecer alimentos de alta densidade energética diminuindo sua ingestão para manter sua homeostase energética, no entanto, a ingestão de alimentos de excepcional densidade energética, típicos de fast-foods, interfere nesse controle do apetite, favorecendo a ingestão energética excessiva e o desenvolvimento de obesidade (PRENTICE; JEBB, 2003).
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    156 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA As fibras atuam na regulação do peso corporal, porque apresentam menor palatabilidade e interferem na digestão de outros carboidratos e também porque afetam a homeostase da glicose hepática (PEREIRA; LUDWIG, 2001). As fibras são alimentos de baixo valor energético que dão volume à alimentação consumida, podendo aumentar a sensação de saciedade após a refeição. Como as pessoas tendem a consumir quantidades mais ou menos fixas de alimentos, uma quantidade grande de alimentos de baixo valor energético pode colaborar para evitar a ingestão energética excessiva. Os estudos demonstram que dietas sem restrição calórica, mas ricas em fibras, promovem perda de peso, mas não há evidências que permitam estabelecer qual é o valor mínimo de fibras necessário para a prevenção de obesidade; no entanto as quantidades de consumo recomendadas para frutas, grãos (cereais e leguminosas), verduras e legumes provavelmente garantem uma ingestão suficiente de fibras (POPPITT et al., 2002). Aumento da ingestão de frutas e vegetais [evidência provável] Orientação expressa na Diretriz 4 deste guia. O aumento na ingestão de frutas, legumes e verduras reduz a densidade energética da alimentação e aumenta a quantidade de alimento que pode ser consumida paraumdeterminado nível de calorias. A redução da densidade energética aumenta a saciedade, um efeito que se manifesta após o término da refeição. Esses efeitos podem ajudar no balanço energético e no controle do peso (ROLLS et al., 2004b). Outro aspecto potencialmente benéfico no aumento da ingestão de frutas, legumes e verduras é que o seu consumo ad libitum (à vontade) pode amenizar a sensação de fome, típica de dietas de emagrecimento e de manutenção de peso já perdido. Umaoutra teoria para o efeito do consumo desses grupos de alimentos na manutenção do peso também decorre do fato de afetar a saciedade e a ingestão alimentar: alimentos com baixo índice glicêmico aumentariam a saciedade (a resposta glicêmica dos alimentos é medida pelo aumento na taxa de glicose, após 2 horas da ingestão de 50g de carboidratos); porém, mesmo entre esses grupos de alimentos e entre as leguminosas existem variações no índice glicêmico (por exemplo, batata, mandioca e banana têm alto índice, enquanto que maçã, cenoura e feijão têm baixo índice). Em função disso, Não há evidência de que alimentos ricos em gordura mereçam maior atenção na prevenção da obesidade do que outros alimentos com alta densidade energética, como aqueles ricosemamido ou carboidratos simples (ASTRUP et al., 2000b; WILLETT ;LEIBEL,2002). Aumento regular da atividade física [evidência convincente] Esta orientação está explícita na Diretriz Especial 1 deste guia. Há evidência convincente de que a atividade física regular protege contra o ganho excessivo de peso, enquanto que os hábitos sedentários, especialmente as ocupações e recreações sedentárias, o promovem. Revisão da literatura científica demonstra que pessoas que exercem (atualmente) atividade física regular em quantidades moderadas a intensas apresentam menor ganho de peso e menor ocorrência de sobrepeso e obesidade (FOGELHOLM; KUKKONEN-HARJULA, 2000). Apesar de alguns resultados de ensaios clínicos serem conflitantes, a recomendação geral para adultos de realizar atividades de moderada a grande intensidade por 30 minutos, de preferência todos os dias, é eficaz na prevenção do diabetes e da doença cardiovascular, mesmo parecendo ser insuficiente para muitos indivíduos prevenirem ganho de peso. Entre pessoas obesas, para prevenir o ganho de peso perdido previamente, parecem ser requeridas atividades de intensidade moderada por 60 a 90 minutos diários ou atividades intensas, por ummenor tempo (SARIS et al., 2003). Mesmo na ausência de evidências conclusivas, estabeleceu-se que a transição de sobrepeso à obesidade pode ser prevenida com atividades de moderada intensidade por 45 a 60 minutos por dia. A importância de manter o balanço energético e o peso adequado deve ser orientada desde fases precoces do curso da vida, requerendo decisões políticas sobre o ambiente social e físico que promovam essas mudanças, na infra-estrutura urbana, na escola ou no trabalho. Aumento da ingestão de fibras [evidência convincente] Esta orientação está explícita nas Diretrizes 2, 3 e 4 deste guia.
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    PARTE 3 -AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 157 os efeitos de consumo desses tipos de alimentos, no que diz respeito à manutenção do peso adequado, ainda requerem mais estudos, mas há consenso sobre os benefícios dessa recomendação para a saúde, conforme se verá mais adiante. Redução no consumo de bebidas açucaradas [evidência provável] Orientação inserida na Diretriz 6 deste guia. Oconsumo freqüente de refrigerantes tem sido associado ao ganho de peso. Uma explicação para isso é que os efeitos fisiológicos da ingestão de energia sobre a saciedade são diferentes para líquidos e para alimentos sólidos. Dessa forma, o carboidrato, quando ingerido em líquidos, promoveria um balanço energético positivo maior (LUDWIG et al., 2001; DIMEGLIO; MATTES, 2000). Estudos feitos em escolares mostraram que um programa educativo para redução do consumo de refrigerantes, mesmo alcançando apenas uma modesta redução de consumo em 12 meses, mostrou uma diferença média de 8% na freqüência de sobrepeso entre os grupos experimental e controle (JAMES et al., 2004). Ambientes domiciliares e escolares que promovam atividade física e limentação saudável [evidência provável] Esta orientação insere-se na abordagem conceitual que fundamentou a elaboração do guia. Estudos preliminares experimentais e observacionais sugerem que adolescentes obesos tendem a ingerir maiores quantidades de fast-food e a não compensar esse excesso energético do que adolescentes não obesos (EBBELING et al., 2004). Outro estudo mostrou que escolares com hábitos de vida mais sedentários, por exemplo, os que assistem mais televisão, também ingerem maior quantidade de refrigerantes e são mais obesos (GIAMMATTEI et al., 2003). O potencial educativo de papéis-modelo em casa e na escola, no desenvolvimento dos hábitos de vida de crianças e adolescentes, é inquestionável, mas ainda são poucas as evidências que apóiam esse ponto de vista (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003a). São necessários estudos mais bem desenhados sobre essa relação, muitos dos quais já estão em desenvolvimento. Por outro lado, estratégias que investem na redução de comporta-mentos sedentários mostram resultados positivos no controle de obesidade entre crianças (CAMP-BELL, 2002). Restrição de alimentos com alto índice glicêmico [evidência possível] O índice glicêmico é uma forma de classificar alimentos de acordo com a resposta glicêmica que produzem. Alimentos de alto índice glicêmico são rapidamente digeridos e absorvidos, com maior efeito na glicemia. Esse índice depende de inúmeros fatores, como o tipo de carboidrato presente, a presença ou não de lipídios, proteínas e fibras e o modo de preparo. Certos tipos de amido, como os presentes na batata, no pão branco e em cereais matinais, tipo flocos de milho, geram alterações glicêmicas maiores e mais rápidas do que até mesmo o açúcar. Alimentos com alto índice glicêmico têm sido apontados como possível cofator da obesidade. Estudos preliminares sugerem que esses alimentos provocam mais fome após as refeições (ROLLS et al., 2004a). A hipótese é que níveis diferentes de glicemia provocariam diferentes respostas hormo-nais na regulação do apetite. Outros Hábitos Alimentares [evidência possível] Há evidências de que o aumento do tamanho das porções alimentares está relacionado ao ganho de peso. A teoria que explica esta evidência é que o organismo seria incapaz de estimar corretamente o tamanho da porção ingerida, o que dificultaria a compensação energética. Estudos que manipularam o tamanho da porção alimentar apóiam essa hipótese: o aumento do prato principal (macarrão) de uma refeição servida em restaurante, sem aumento do preço, aumentou a quantidade ingerida; o mesmo aconteceu com o aumento da merenda e de um sanduíche (DILIBERTI et al., 2004; ROLLS et al., 2004a; ROLLS et al., 2004b). Outra evidência é que o hábito de fazer refeições fora de casa também contribui para o aumento da ingestão energética. Tradicionalmente essas refeições são maiores, com maior densidade calórica e maior conteúdo de gordura total, gordura saturada, colesterol e sódio. Nos Estados Unidos, por exemplo, indivíduos que costumam comer em restaurantes têm maior IMC do que aqueles que comem em casa (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003a).
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    158 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Outros fatores também têm sido associados ao ganho de peso, mas as evidências para eles são poucas ou com resultados conflitantes. Por exemplo, o álcool não tem relação com o ganho de peso na maior parte dos estudos, apesar de sua alta densidade calórica (7kcal/g); mesmo quando presente, essa associação pode apresentar muitos fatores que podem interferir nos resultados. Omitir refeições tem sido apontado como fator de risco para obesidade, uma vez que certos estudos mostram que a maior freqüência das refeições relaciona-se à tendência de menor ganho de peso; entretanto, aumentar a freqüência das refeições, por si só, não é suficiente para redução do ganho de peso, já que os lanches introduzidos podem ter alta densidade calórica (bolachas e salgadinhos) (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003a). Recomendação 2 Limitar consumo total de gorduras, substituir o consumo de gorduras saturadas por insaturadas e eliminar o consumo de gorduras hidrogenadas (trans) [evidência convincente] Esta orientação está contemplada na Diretriz 6 deste guia. A sugestão das proporções adequadas dos macro e micronutrientes na alimentação de uma pessoa saudável tem-se baseado nas recomendações redigidas pelo Conselho Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989b). Baseadas no conhecimento científico, as RDA estabelecem as necessidades nutricionais para a manutenção da saúde da população e sugerem que o conteúdo de gordura na alimentação das pessoas saudáveis não exceda 30% da ingestão calórica, que menos de 10% da energia seja proveniente de ácidos graxos saturados e que a quantidade de colesterol na alimentação seja menor que 300mg/dia. Resultados de estudos epidemiológicos são ainda inconsistentes quanto à relação causal entre o percentual de gorduras na dieta, sobrepeso /obesidade e morbimortalidade cardiovascular. Para estabelecer esse tipo de relação de forma mais consistente, mais estudos são necessários, mas são difíceis de ser realizados - necessitam uma amostragem muito grande, um longo período de acompanhamento (anos) e controle rigoroso de todas as variáveis que possam interferir no peso dos indivíduos. Do ponto de vista de macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios), não há evidências que confirmem que a energia proveniente das gorduras cause mais obesidade que as provenientes dos carboidratos ou proteínas; entretanto, os resultados dos estudos metodologicamente mais adequados, que mostram que uma maior ingestão de alimentos de alta densidade energética promove ganho de peso inadequado, são considerados convincentes. Estudos bem conduzidos sugerem que uma dieta pobre em gordura, rica em proteína e em carboidratos com alto conteúdo de fibras (de diferentes frutas, legumes e verduras e grãos) promove mais saciedade, com menor taxa calórica, que alimentos gordurosos, produzindo, ainda, benefícios para os níveis de gorduras no sangue e depressão arterial. Mostram ainda que uma redução na gordura da dieta, sem restrição do total de energia, previne ganho de peso em indivíduos eutróficos e gera perda de peso naqueles com sobrepeso e obesos (ASTRUP et al., 2000a). Uma revisão de 27 estudos (30.902 indivíduos) mostrou que ensaios com pelo menos dois anos de duração evidenciaram que a redução ou alteração na proporção de energia da dieta proveniente das gorduras protege contra eventos cardiovasculares (HOOPER et al., 2001). A quantidade e a natureza da gordura da dieta interferem nos níveis de colesterol plasmático e altas taxas de colesterol no sangue estão fortemente relacionadas à doença vascular aterosclerótica, principalmente à doença coronariana. Várias evidências (como estudos clínicos, nutricionais e com drogas) mostraram que o colesterol presente nas lipoproteínas de baixa densidade (LDL) é o principal componente nocivo, enquanto que altos níveis da lipoproteína de alta densidade (HDL) estão associados a menores riscos de desenvolvimento de doença coronariana. As gorduras trans, formadas pela hidrogenação parcial das gorduras vegetais, encontradas na margarina, biscoitos, bolos e pão
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    PARTE 3 -AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 159 branco, aumentam a relação LDL/HDL plasmática, sendo fator de risco para doença coronariana (OOMENet al., 2001). Estudos clínicos prospectivos sugerem que dietas com alta densidade de gordura saturada, gordura trans e colesterol estão associadas a um risco aumentado de desenvolver doença coronariana (OOMEN et al., 2001; WILLETT et al., 1993; ASCHERIO et al., 1996). Outra evidência trazida por esses estudos é que, nas populações estudadas, quanto mais ricas em gorduras, menor o conteúdo de fibras ingerido diariamente nas dietas. Os autores sugerem que esse fato possa estar associado a uma maior predisposição às doenças coronarianas. Esse mesmo trabalho mostra que os benefícios da redução da ingestão de ácidos graxos saturados e colesterol são maiores se acompanhados de aumento na ingestão de alimentos ricos em fibras e que dietas ricas em ácido linolênico (3-N - ácido graxo das plantas) - um tipo de gordura poliinsaturada - estão associadas a um risco reduzido de doença coronariana, independentemente dos outros fatores de risco. Recomendação 3 Aumentar o consumo de frutas, legumes e verduras e de cereais integrais [evidência convincente] Esta recomendação está incluída nas Diretrizes 2,3e4doguia. A OMS recomenda consumo mínimo diário de 400g de frutas, legumes e verduras, aumentando do consumo de alimentos ricos em fibras, e de nozes e sementes. Não há, em princípio, limite máximo de consumo para esses grupos de alimentos. Não há recomendações específicas para o consumo desses alimentos na infância (WORLD HEALTH ORGANIZATION,2003a). A base principal para recomendar o aumento do consumo de frutas, legumes e verduras, cereais integrais e de nozes ou assemelhados está no fato desses alimentos poderem substituir outros de alto valor energético e baixo valor nutritivo, como cereais e grãos processados e açúcar refinado, básicos na preparação de alimentos industrializados e fast- foods. Além de sua possível contribuição no balanço energético, eles podem introduzir nutrientes com efeitos significativos na saúde geral dos indivíduos e, mais especificamente, na prevenção de doenças crônicas não-transmissíveis, como obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer, como discutido a seguir. Efeitos na prevenção da obesidade A obesidade, na infância e na idade adulta, associa-se a uma incidência maior de doença coronariana, diabetes tipo 2 e câncer (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003b). Hábitos alimentares saudáveis, como a ingestão aumentada de frutas, legumes e verduras, têm sido apontados como fatores protetores no desenvolvimento da obesidade. Esse efeito se deve a menor densidade energética desses alimentos e à capacidade que esses alimentos têm de gerar sensação de saciedade, conforme se abordou no item Aumento da ingestão de fibras [evidência convincente]. O aumento do consumo de nozes ou assemelhados deve ser feito com cautela, pelo seu alto conteúdo de gordura e tendência ao consumo com adição de sal. Estudos recentes sugerem que seu uso continuado de forma moderada não parece aumentar o peso corporal [evidência possível]. Efeitos na prevenção do diabetes tipo 2 A prevenção do diabetes tipo 2 e suas complicações por meio do consumo de frutas, legumes e verduras ocorre por meio de seus efeitos no controle da obesidade, mas também pela ação dos fitonutrientes contidos nesses alimentos. Vários estudos de coorte demonstraram proteção contra o diabetes, conferida pelo consumo de alimentos de base vegetal não-processados, como cereais integrais, e pela maior ingestão de fibras. Recomendações semelhantes foram parte dos ensaios clínicos sobre dieta e redução da incidência de diabetes tipo 2 [evidência provável]. A ingestão de nozes associou-se a menor risco de diabetes, independentemente de seu conteúdo de ácidos graxos insaturados (JIANG et al., 2002) [evidência possível]. Efeitos na prevenção das doenças cardiovasculares [evidência convincente] A OMS recomenda um consumo mínimo diário de 400g de frutas, legumes e verduras frescos.
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    160 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA estabelecer hábitos alimentares saudáveis na infância é de suma importância para o desenvolvimento de uma vida adulta livre de doença. Recomendação 4 Limitar o consumo de açúcares livres [evidência convincente] Recomendação contemplada na Diretriz 6 do guia. A recomendação de limitar o consumo de açúcares livres tem como princípio o reconhe-cimento de que existem interações complexas entre escolhas pessoais, normas sociais e fatores ambientais e econômicos que determinam o padrão alimentar. Sem desconsiderar a importância funda-mental de capacitar os indivíduos para fazer escolhas saudáveis quanto a sua alimentação e padrões de atividade física, dando ênfase na educação de crianças e jovens, a Estratégia Global prevê ações de caráter regulatório, fiscal e legislativo sobre o ambiente que visam tornar factíveis essas escolhas saudáveis. O consumo de açúcares livres dentro do limite recomendado pode contribuir para o controle de peso e prevenção das doenças crônicas não-transmissíveis, pelos seguintes mecanismos: - Os açúcares livres contribuem para o aumento da densidade energética da dieta e o controle de seu consumo é importante para o balanço energético total. - As bebidas que são ricas em açúcares livres, principalmente os xaropes de milho ricos em frutose, promovem o aumento de ingestão energética. Fornecem uma grande quantidade de calorias, mas não levam à redução do consumo de energia proveniente de alimentos sólidos, em quantidade semelhante ao que aportam. Desta forma, promovem um balanço positivo de energia na dieta e também parecem reduzir o controle do apetite. - A limitação do consumo de açúcares livres para no máximo 10% do VET contribui para a melhor saúde bucal e prevenção da cárie dentária. O grupo de especialistas nacionais consi-dera que recomendar a redução do consumo dos carboidratos totais (todos os açúcares) talvez não seja apropriado para o Brasil; no entanto, reco- Em geral, nessas quantidades é possível alcançar um grau de proteção cardiovascular. Estudos demonstram que algumas dietas tradicionais em algumas regiões do mundo têm efeito protetor para doenças cardíacas. Elas são baseadas em alimentos vegetais pouco processados - pão integral, frutas, legumes e verduras, nozes ou assemelhados e óleos ricos em ácidos graxos poli e monoinsaturados - e conferem proteção contra eventos isquêmicos cardíacos em indivíduos de alto risco (SINGH et al., 2002; LORGERIL et al., 1994). Efeitos na prevenção do câncer [evidência provável/possível] O sobrepeso e a obesidade têm sido associados a certos tipos de câncer, especialmente cólon, mama, endométrio e esôfago. Depois da eliminação do tabaco, modificação na dieta é a segunda maneira mais eficiente de prevenir o câncer. Segundo o World Cancer Research Fund e The American Institute of Cancer Research, dietas contendo uma quantidade substancial e variada de frutas, legumes e verduras podem prevenir até 20% dos casos de câncer. O mecanismo preciso pelo qual dietas ou substâncias em particular são capazes de prevenir o câncer ainda não foi completamente elucidado e muitas das recomendações dietéticas são emba-sadasemestudos observacionais. Estudos prospectivos encontraram uma relação inversa entre consumo de fibras e câncer de cólon, não encontrando diferenças quanto ao tipo de fibra ingerido, mas o mecanismo pelo qual isso ocorre ainda é desconhecido (BINGHAM et al., 2003). Frutas, legumes e verduras também têm sido apontados como fatores protetores em vários outros tipos de câncer, como bexiga, pulmão, boca, laringe, faringe, esôfago e estômago e mama. Em geral, esses estudos apontam menor risco de câncer, mas os dados são conflitantes quanto ao tipo de câncer e ao tipo de planta (fruta ou vegetal) que apresenta esse efeito. Menor risco de câncer de mama está associado com o consumo maior de verduras e legumes (RIBOLI; NORAT, 2003). Sendo o câncer uma doença de desen-volvimento prolongado e estando intimamente relacionado a uma alimentação inadequada,
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    PARTE 3 -AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 161 mendar a limitação do consumo de açúcares livres é uma medida de saúde pública importante e adequada para o nosso país. Para limitar o consumo de açúcares livres, em nosso contexto, parece mais adequado concentrar as estratégias de redução do açúcar adicionado aos produtos industrializados. Os estudos têm evidenciado que o consumo de refrigerantes tem sido um fator associado ao ganho de peso, bem como um dos poucos estudos de prevenção populacional com resultados positivos quanto à redução de ganho de peso foi realizado em escolares e baseou-se, exclusivamente, na redução de refrigerantes (LUDWIG et al., 2001; JAMES et al., 2004). Outra evidência refere-se à tendência de substituição de bebidas mais nutritivas e importantes na constituição de uma alimentação saudável por refrigerantes. Uma análise do consumo de adolescentes americanos mostrou claramente uma primeira substituição de leite por refrigerantes e, posteriormente, a parcial substituição dos refrigerantes por sucos, com grande adição de xarope de frutose (CAVADINI et al., 2002). Por outro lado, um estudo mostrou que a densidade energética de líquidos é menos reconhecida como fonte de energia, pelo menos entre adultos (VANWYMELBEKEet al., 2004). Recomendação 5 Limitar o consumo de sódio e garantir a iodação [evidência convincente] Recomendação incluída na Diretriz 6 do guia. O consumo de sódio, de todas as fontes, deve ser limitado de maneira a reduzir o risco de doenças coronarianas e acidente vascular encefálico (AVE). As evidências atuais sugerem que o consumo não maior que 70mmol ou 1,7g de sódio (5g de cloreto de sódio) por dia é benéfico para a redução da pressão arterial. Todo o sal para o consumo humano deverá ser iodado. O sódio e o potássio são minerais essenciais para a regulação dos fluidos intra e extracelulares, atuando na manutenção da pressão sangüínea. O sal de cozinha cloreto de sódio é a principal fonte de sódio, sendo composto por 40% de sódio. A necessidade humana diária de sódio é cerca de 300- 500 miligramas (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989b). O consumo de sódio está relacionado diretamente com a pressão arterial. Dados populacionais sugerem que a redução de sódio está associada com diferenças na pressão sistólica de pessoas jovens (15 a 19 anos) e de idosos (60 a 69 anos), tanto em indivíduos com pressão arterial normal quanto entre os hipertensos, bem como à redução no número de indivíduos com necessidade de tratamento anti-hipertensivo, no número de mortes por acidente vascular encefálico (AVE) e por doenças coronarianas (LAW et al., 1991; CUTLER et al., 1997). Ensaios clínicos também originaram informações a respeito do efeito redutor do controle no consumo de sódio em crianças e idosos (GELEIJNSE et al., 1997;HOFMANet al., 1983). A maior parte dos indivíduos, mesmo crianças, consome níveis além de suas necessidades desse mineral. O consumo populacional excessivo, maior que 6 gramas diárias (2,4 gramas de sódio), é uma causa importante da hipertensão arterial (HA). A hipertensão arterial explica 40% das mortes por acidente vascular encefálico (AVE) e 25% daquelas por doença arterial coronariana. A recomendação de redução de sal deve objetivar redução de sódio de todas as fontes - sal como tempero e o sal adicionado no processamento de alimentos industrializados. As evidências atuais sugerem que o consumo não maior que 5g de cloreto de sódio por dia contribui para a redução da pressão arterial. Em metanálise realizada, concluiu-se que a recomendação em torno de 5 a 6g/dia de cloreto de sódio baseia-se mais no que é possível do que o nível cujo efeito positivo máximo pudesse ser alcançado. A análise do efeito dose-resposta de ensaios clínicos de longa duração indicou que a redução de 3g/dia leva a uma queda na pressão de 3,6 a 5,6/1,9 a 3,2mmHg (sistólica/diastólica) em indivíduos hipertensos e 1,8 a 3,5/0,8 a 1,8mmHgem indivíduos normais. Segundo os autores desse estudo, isto significaria, em uma estimativa conservadora, que a redução de 3g do consumo diário de cloreto de sódio levaria a uma redução de 13% nos casos de AVE e 10% nas doenças isquêmicas do coração. O efeito dobraria com a redução de 6g e triplicaria com a redução de 9g/dia. A recomendação de 6g/dia teria efeito positivo na redução da HA, mas não pode ser considerada ideal a longo prazo (FENG et al., 2003). Neste guia, trabalha-se com a meta de 5g de sal por dia, o que implica uma redução no consumo atual pelo menos à metade, uma vez que o consumo atual estimado, por meio das despesas familiares com aquisição de alimentos para
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    162 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA consumo no domicílio, é de 9,6 gramas de sal per capita/dia (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2004a). Esse valor provavelmente está subestimado, uma vez que não foi mensurado o consumo de sal oriundo o consumo extradomiciliar de alimentos. Dado que a maioria do sal está contida nos alimentos industrializados, a conquista de uma redução substancial no consumo do sal exigirá mudanças nas práticas de industrialização de alimentos. O sal destinado ao consumo humano deve ser iodado com a finalidade de prevenir os distúrbios por deficiência de iodo. No Brasil, pode-se afirmar com certa segurança que a deficiência de iodo foi controlada, tendo sido recentemente recomendada a redução na faixa de iodo no sal de 40 a 100mg/kg para 20 a 60mg/kg (BRASIL, 2003a). As necessidades médias de iodo estão entre 90mcg (crianças de 2 a 6 anos) a 150mcg (crianças a partir de 12 anos, adolescentes e adultos) de iodo. Entre gestantes, estão as mais altas necessidades (200mcg/dia) (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1989b). A redução do consumo de sal para 5g de sal/dia, ainda assim, permitirá o aporte adequado de iodo para a população (100 a 300mcg de iodo), não esquecendo que, embora o sal seja a principal fonte deste mineral, o iodo também pode ser aportado pelo consumo de outros alimentos. Recomendação 6 Manter-se suficientemente ativo durante toda a vida Recomendação contemplada na Diretriz Especial 1 do guia. A Estratégia Global recomenda que os indivíduos adotem níveis adequados de atividade física durante toda a vida. Diferentes tipos e quantidades de atividade física são necessários para se obter diferentes resultados na saúde: a prática regular de 30 minutos de atividade física de moderada intensidade, na maior parte dos dias, reduz o risco de doenças cardiovasculares e diabe-tes, câncer de cólon e de mama. O treinamento de resistência muscular e equilíbrio podem reduzir quedas e aumentar a capacidade funcional nos idosos. Maiores níveis de atividade física podem ser necessários para o controle de peso (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2004). Há mais de dez anos, análise de estudos epidemiológicos prospectivos já demonstrou que tanto um estilo mais ativo de vida como um condicionamento aeróbico moderado estão associados, de forma independente, à diminuição do risco de incidência de DCNT, da mortalidade geral e da mortalidade por doenças cardiovasculares. Efeitos na prevenção das doenças cardiovasculares [evidência convincente] O risco relativo para doenças cardio-vasculares devido ao sedentarismo é estimado em 1,9; para hipertensão arterial é igual a 2,1 . Os estudos têm demonstrado relação inversa entre pressão arterial e prática de exercícios aeróbicos, com diminuição da pressão arterial sistólica e diastólica, tanto em indivíduos normotensos como em hipertensos, mesmo após ajuste por peso e gordura corporal. O aumento na tolerância ao exercício, após três semanas de programa de treinamento, com manutenção desse benefício por pelo menos dois anos, foi verificado entre pessoas com insuficiência cardíaca (JITRAMONTREE, 2001; WHELTON et al., 2002; GIELEN et al., 2001). Efeitos na prevenção do diabetes tipo 2 [evidência convincente] Estudos longitudinais mostram que o aumento da atividade física reduz risco de desenvol-vimento de diabetes tipo 2, independentemente do grau de adiposidade, e diminui em 50% o risco de indivíduos com intolerância à glicose evoluírem para diabetes, quando associada a perda de peso e dieta saudável (HELMRICH, 1991; MANSON et al., 1992;KNOWLERet al., 2002). Efeitos na prevenção da obesidade [evidência provável] O aumento do nível de atividade física por si só é insuficiente para perda ou manutenção do peso de pessoas obesas. Quando associado à dieta, já foi demonstrado que a atividade física e o exercício contribuem para a perda de peso mais rápida, sem redução concomitante de massa magra e com menor índice de recidiva do aumento de peso (ANDERSEN, 1999). Efeitos na melhoria do perfil lipídico [evidência convincente] O exercício aeróbico de moderada intensidade pode elevar o HDL-colesterol, reduzir o
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    PARTE 3 -AS BASES EPIDEMIOLÓGICAS E CIENTÍFICAS 163 colesterol total e os triglicérides (STEIN; RIBEIRO, 2004). Após a menopausa, mulheres têm um perfil lipídico menos favorável, com aumento do colesterol total, LDL-C e triglicerídeos e redução do HDL-C. Uma revisão de estudos transversais e longitudinais sugere que exercícios aeróbicos regulares no período pós-menopausa aumentam os níveis de HDL-C, diminuem os níveis de LDL-C, do colesterol total e da gordura corporal. Ainda existem controvérsias sobre os benefícios do exercício sobre os níveis de HDLC, que não se alteraram em dois estudos longitudinais que comparam mulheres na pós-menopausa, sedentárias ou ativas, controlando pelo índice de massa corpórea, entretanto mesmo esses estudos mostraram redução da gordura corporal total e redução da gordura abdominal (DOWLING, 2001). Efeitos na prevenção da síndrome metabólica [evidência possível] Essa síndrome, caracterizada basicamente por obesidade central, dislipidemia (HDL-C baixo e TG elevado), hiperglicemia e diminuição da fibrinólise, associadas à resistência à insulina e à inflamação crônica e branda, pode potencialmente ser prevenida pela prática regular de atividade física de moderada intensidade. Estudos que testam diretamente esses efeitos na síndrome metabólica não estão disponíveis, mas dois ensaios clínicos randomizados sobre mudanças de estilo de vida em pessoa com tolerância diminuída à glicose na progressão para o diabetes fundamentam essa evidência (BLAIR, 1993). Efeitos na prevenção de doenças do aparelho musculoesquelético [evidência convincente] O envelhecimento está associado a mudanças na composição corporal, com redução no conteúdo de água (desidratação crônica), ósseo (osteopenia) e muscular (sarcopenia) e aumento da gordura corporal. A inatividade física está relacionada a todos esses fatores. A osteoporose é caracterizada pela perda de massa e desorganização da estrutura óssea, sendo a principal causa de fraturas em idosos, principalmente mulheres. O exercício de resistência muscular com carga está associado à menor perda óssea ao longo da vida e ao aumento da densidade óssea no período pós-menopausa. Caminhar com passos rápidos parece ser o exercício de escolha na prevenção da osteoporose, pois contribui para o aumento da densidade óssea em todo o esqueleto, estejam os ossos envolvidos com sustentação do peso ou não (STEIN; RIBEIRO, 2004). Além disso, estudo controlado envolvendo idosas com osteoporose revelou aumento de perda óssea, em seis meses, no grupo-controle, enquanto que as idosas envolvidas em programas de exercícios com peso apresentaram manutenção da densidade mineral (HARTARD et al., 1996). A redução da massa muscular (sarcopenia) está associada à maior instabilidade postural, risco de quedas e imobilidade. O exercício de resistência pode resultar em ganhos de força de 25% a 100% em idosos por hipertrofia muscular e presumi-velmente por aumento da atividade neural motora, resultando diminuição do risco de quedas (FRAMINGHAM STUDY, 1994). Efeitos na prevenção do câncer de cólon [evidência provável] A análise da relação entre atividade física e câncer de cólon a partir de dados de estudos longitudinais e estudos caso-controle multi-cêntricos mostrou que a atividade física, além de ser um componente importante do estilo de vida mais saudável, tem também um efeito protetor independente para o câncer de cólon.Umestudo de seguimento de profissionais de saúde revelou que os homens com atividade física de moderada a intensa são também os que ingerem menos gorduras saturadas, comem mais frutas, tomam mais polivitamínicos e fumam menos; entretanto, mesmo após o controle de todos esses fatores na análise, foi mantida a relação inversa entre a atividade física e o risco de câncer de cólon (HARDMAN, 2001). Efeitos na prevenção do câncer demama [evidência provável] A maioria dos estudos de revisão observa um menor risco de câncer de mama em mulheres ativas. Há evidências convincentes do decréscimo de risco de câncer de mama com a prática de, pelo
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    164 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA menos, quatro horas semanais de atividade física de intensidade moderada; entretanto, as evidências ainda são insuficientes no que se refere à relação dose-resposta entre atividade física e risco de câncer demama(BLAIR, 1993). O Enfoque do Curso da Vida como Estratégia para a Abordagem Integrada das Doenças Relacionadas à Alimentação e Nutrição Como afirmado na primeira parte deste guia, as diretrizes aqui incorporadas visam à promoção da alimentação saudávelemtodo o curso da vida e não apenas a prevenção de doenças que afetam mais visivelmente a população adulta e idosa, uma vez que há evidências recentes que correlacionam a desnutrição na primeira infância e a desnutrição materna à susceptibilidade para desenvolver doenças crônicas não-transmissíveis na vida adulta, como obesidade, diabetes, cardiopatias e hipertensão. Esse enfoque, desenvolvido nas últimas duas décadas a partir de estudos de coortes em diversos países, inclusive no Brasil, sugere que exposições nutricionais, ambientais e padrões de crescimento durante a vida intra-uterina e nos primeiros anos de vida podem ter efeitos importantes sobre as condições de saúde do adulto (BARKER et al., 2002; MONTEIRO, et al., 2003b; LUCAS et al., 1999). O retardo de crescimento intra-uterino e o ganho de peso excessivo nos primeiros anos de vida têm sido associados com obesidade, hipertensão, síndrome metabólica, resistência insulínica e morbimortalidade cardiovascular, entre outros (ONG et al., 2000; STETTLER et al., 2002; STETTLER et al., 2003; HORTA et al., 2003; VANHALA et al., 1999; SINGHAL et al., 2003; FORSEN et al., 1999; ERIKSSON et al., 1999). Alguns estudos têm levantado a hipótese de que a desnutrição na infância e fase fetal pode levar a alterações na composição corporal, com posterior desenvolvimento de obesidade na vida adulta. Os efeitos da desnutrição também são visíveis ao longo das gerações, pois uma mãe desnutrida gera filhos com baixo peso, que, por sua vez, se sobreviverem, carregarão as deficiências nutricionais e suas conseqüências para seus filhos. Assim, a nutrição adequada de gestantes e lactentes precisa ser parte integral das estratégias nutricionais para adultos. O aleitamento materno exclusivo até o 6.º mês de vida e complementar até os 2 anos de vida confere não somente proteção contra a morbimortalidade por doenças infecciosas nos primeiros anos de vida, mas também tem efeitos muito importantes sobre a saúde, a longo prazo: crianças amamentadas tendem a apresentar menor prevalência de obesidade na infância e possivel-mente na adolescência, embora não esteja claro se esse efeito se prolonga até a idade adulta (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2001a; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000a; JONES et al., 2003; VONKRIES, s.d.; VICTORA et al., 2003; LI et al., 2003; BERGMANN et al., 2003; PARSONS et al., 2003; ERIKSSON et al., 2003). Os estudos nesse aspecto ainda são incipientes, mas não devem ser considerados indicadores de ausência de efeitos. Dessa forma, entende-se que a alimentação saudável começa com o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade e complementado até os 2 anos de idade da criança. A abordagem da alimentação saudável para crianças brasileiras menores de 2 anos é enfocada em publicações próprias, considerando a especificidade desse grupo populacional no que diz respeito ao cuidado alimentar e nutricional a ser adotado (BRASIL, 2002d, 2002e; ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 1997). Merece ser destacado que, considerando a rápida transição nutricional que afeta grande parte da população brasileira e latino-americana, não é razoável recomendar indiscriminadamente que as dietas infantis sejam acrescidas de quantidades adicionais de óleos ou açúcar, como era e é ainda prática comum em nosso meio. Essa estratégia alimentar para aumentar a densidade energética da alimentação de crianças em risco nutricional ou desnutridas deve ser criteriosamente prescrita, adotando-a no âmbito dos princípios que regem a alimentação saudável.
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    ANEXO A 183 Processamento de Alimentos Praticamente todos os alimentos sofrem algum tipo de processamento para tornarem-se comestíveis ou para assegurar a sua inocuidade à saúde humana. Cozinhar arroz ou ferver o leite, por exemplo, são processamentos feitos em nível domiciliar; já refinar o arroz ou submeter o leite à pasteurização são processamentos realizados em nível industrial. Estamos muito distantes do tempo em que as pessoas plantavam os seus próprios alimentos ou compravam diretamente do produtor e osguardavamemcasa. Agora,80%dos brasileiros moram nas cidades e a maioria das pessoas que mora em pequenas cidades também compra grande parte dos seus alimentos no comércio local. A maioria dos alimentos e das bebidas consumidos no Brasil tem, pelo menos,umgraumínimodeprocessamento. A maneira como os alimentos são produzidos, conservados, processados e preparados em nível doméstico ou industrial pode alterar de maneira significativa seu valor nutricional e ter impacto positivo ou negativo na saúde. Por exemplo, os alimentos “perecíveis” guardados inadequadamente à temperatura ambiente perdem nutrientes, deterioram e se tornam inadequados para consumo humano. A produção refere-se a métodos utilizados pela agricultura e na criação de animais para comercialização. O refere-se a métodos utilizados pelos fabricantes para transformar a matéria-prima ou os produtos primários em alimentos e bebidas para venda no comércio. A refere-se às formas de modificação dos alimentos e das bebidas a fim de que eles se mantenham adequados para consumo humano por mais tempo, tanto pelos fabricantes quanto no ambiente familiar. Um dos atributos da alimentação saudável é que ela seja segura do ponto de vista sanitário e genético. A preparação Produção processamento preservação ou conservação refere-se à elaboração de refeições em nível industrial, comercial e doméstico. Na produção de alimentos, a regula-mentação existe para assegurar que os insumos utilizados pelos produtores de alimentos sejam seguros para o consumo humano e para reduzir as probabilidades de danos aos seres humanos, vindos dos resíduos deixados nos alimentos (WORLD CANCER RESEARCH FUND CRF, 1997). No Brasil, essa regulamentação e fiscalização é responsabilidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (www.agricultura.gov.br). Fertilizantes e agrotóxicos Os fertilizantes ou adubos, orgânicos e químicos, são freqüentemente utilizados com a finalidade de manter e/ou melhorar a fertilidade do solo e de nutrir as plantas cultivadas, visando a melhorar a produção agrícola. Já os agrotóxicos de uso agrícola, também chamados de pesticidas, são emgeral produtos químicos tóxicos aohomeme aos animais utilizados na produção, armazenamento e beneficiamento de produtos alimentícios, aplicados diretamente no solo, nas sementes ou em pulverizações, com a finalidade principal de controlar as pragas e doenças das plantações. São agrupados em várias classes de uso: acaricidas, inseticidas, fungicidas, herbicidas, dentre outras. Os resíduos desses produtos, em níveis acima dos limites máximos permitidos pela legislação brasileira, podem aumentar o risco de ocorrência de alguns tipos de câncer,bemcomo de outras doenças e agravos à saúde. Para prevenir riscos à saúde humana, é necessário que os produtores rurais adotem boas práticas agrícolasemrelação ao uso de agrotóxicos, especialmente em culturas alimen-tares, cabendo ao governo incrementar a fiscalização para evitar a prática abusiva e indevida do comércio e uso desses produtos tóxicos. Medicamentos veterinários, antimicrobianos e hormônios, promotores de crescimento O uso de medicamentos veterinários em animais de produção, especialmente os antimicrobianos, antiparasitários, hormônios e anabolizantes, vêm preocupando a população brasileira e mundial por duas razões principais: - Resíduos de medicamentos veterinários presentes em alimentos de origem animal podem ser prejudiciais à saúde do consumidor. - O uso de antimicrobianos em medicina veterinária pode contribuir para o aumento da incidência ou prevalência de resistência microbiana (resistência
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    184 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA bacteriana), reduzindo a eficácia de medicamentos utilizados na medicina humana. Da mesma forma que os agrotóxicos, esses produtos são tóxicos quando utilizados inadequadamente e seu uso deve ocorrer somente quando autorizado pela legislação brasileira, seguindo-se rigorosamente as boas práticas e prescrições veterinárias, obedecendo às dosagens, forma de aplicação, restrições de uso e períodos de retirada, de modo a se prevenir riscos à saúde humana. Modificação genética Algumas culturas são submetidas à modificação genética e alguns alimentos contêm ingredientes geneticamente modificados (transgênicos ou obtidos por engenharia genética), que podem ou não estar rotulados como tal. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera os alimentos geneticamente modificados como seguros; no entanto, ressalta-se que a avaliação de risco deve ser feita caso a caso. Um alimento pode ser um organismo geneticamente modificado (OGM), ou pode conter um ou mais ingredientes geneticamente modificados. A rotulagem é regulamentada pelo Decreto n.º 4.680/03 da Presidência da República, pela Portaria n.º 2.658/03 do Ministério da Justiça e pela Instrução Normativa Interministerial n.º 1/04. Essas legislações regulamentam a rotulagem e estabelecem a concentração de 1% de OGM (proteína ou ácido desoxirribonucléico) no alimento, a partir da qual a rotulagem é obrigatória. A portaria citada estabelece o emprego, no rótulo, do símbolo que indica que o alimento contém ou consiste deOGM. Agricultura orgânica A agricultura orgânica, também chamada de sistema de produção orgânica, utiliza processos e controles biológicos para a manutenção da qualidade da terra, plantio e controle de pragas. Na criação de animais não utiliza hormônios ou promotores de crescimento. No Brasil, parte dos alimentos orgânicos é produzida de acordo com padrões certificados por associações, cooperativas e outras entidades que controlam a qualidade da produção segundo critérios estabelecidos em regulamento. O mercado para esse tipo de produto vem crescendo, principalmente nos grandes centros urbanos. Sempre que possível, alimentos orgânicos devem ser preferidos não somente pelo provável menor risco à saúde humana, mas também pelo menor impacto ao meio ambiente. O sistema de produção orgânica compreende alguns conceitos de produtos, como: ecológico, biodinâmico, biológico, natural, regenerativo, agroecológico e outros. A agroecologia é uma nova abordagem da agricultura orgânica que integra diversos aspectos agro-nômicos, ecológicos e socioeconômicos, na avaliação dos efeitos das técnicas agrícolas sobre a produção de alimentos, no meio ambiente e na sociedade como um todo. Nessa abordagem, a agricultura orgânica compõe um “ramo” da agroecologia, que adota um sistema de produção que exclui o uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos e busca manter a estrutura e produtividade do solo, em harmonia com a natureza. Processamento Na manufatura de alimentos e bebidas, vários processos são utilizados. Alguns, com possíveis impactos sobre a saúde humana, são mencionados aqui. Não existe nada de negativo com o processamento dos alimentos como tal, mas conhecer os diferentes métodos de processamento de alimentos é importante para selecionar entre aqueles que preservam ou aumentam a qualidade dos alimentos e os que degradam ou introduzem elementos prejudiciais à saúde. O objetivo desse conhecimento é reduzir o consumo de gordura total, gordura saturada, gordura trans, açúcar e sal direto e indireto adicionados aos alimentos e bebidas consumidos, permitindo a seleção de alimentos mais saudáveis. Refinação A qualidade dos grãos e outros alimentos com amido é profundamente afetada pela refinação. Grande parte dos micronutrientes contidos na casca e camadas mais superficiais dos grãos é perdida neste processo. Fortificação A fortificação pode recuperar, intensificar
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    ANEXO A 185 ou adicionar valor nutricional aos alimentos. A recuperação ocorre quando, durante o pro-cessamento do alimento, determinado nutriente é perdido; a intensificação, quando um nutriente que é natural do alimento é adicionado em maiores quantidades; e a adição, quando um alimento, apesar de não ser fonte natural é bom veículo para um nutriente. Atualmente, o mercado varejista de alimentos tem uma enorme quantidade de alimentos fortificados (para mais informações, ver item sobre rotulagem de alimentos, página 129). Por legislação nacional é obrigatória a fortificação do sal de cozinha com iodato de potássio e das farinhas de trigo e milho com ferro e ácido fólico. Para mais informações sobre a fortificação de alimentos, veja Diretriz 2 . Hidrogenação A hidrogenação dos óleos vegetais origina gorduras chamadas gorduras trans. Para mais informações, veja o box Sabendo um pouco mais “Hidrogenação” na Diretriz 6 (página 80) Aditivos Vários tipos de substâncias são adicionados aos alimentos com o objetivo de modificar suas características físicas, químicas, biológicasousensoriais. Essas substâncias, denominadas aditivos alimentares, são regulamentadas,noBrasil, pelo órgão competente do Ministério da Saúde - ANVISA, que estabelece quais são os aditivos permitidos e seus limites máximos de uso, visando a alcançar o efeito desejado e não trazer risco à saúde humana. São 23 as funções dos aditivos, sendo que a preservação dos alimentos é apenas uma delas. Esses aditivos e suas funções são obrigatoriamente mencionados nos rótulos dos alimentos. Uma grande quantidade de alimentos industrializados recebe adição de corantes de maneira aaumentaroapelovisualegustativodoproduto. Edulcorantes Os alimentos e bebidas industrializadas para dietas com restrição de carboidratos (diet) e aqueles com redução desse nutriente (light) normalmente contêm edulcorantes, como manitol, isomalte, maltitol, lactitol, xilitol, ciclamato, sucralose, sacarina, aspartame,sorbitol,acesul-fame,xilitolestévia. Os aditivos com função edulcorante são substâncias que conferem sabor doce ao alimento; mas, diferentemente dos açúcares, em sua maioria não possuem calorias. Apesar de algumas controvérsias sobre a sacarina e também sobre o aspartame, os edulcorantes são presumivelmente de uso seguro, desde que consumidos dentro de um limite de segurança. Veja no quadro 5 abaixo o consumo seguro por kg de peso corporal dos edulcorantes. Conservação Diferentes métodos de conservação de alimentos serão apresentados a seguir observando, sempre que pertinente, o grau de proteção do valor nutricional do alimento; a ocorrência de perda de nutrientes; a capacidade direta ou indireta de tornar o alimento mais saudável; e a utilização de produtos e conservantes prejudiciais à saúde humana. elimina grande parte dos Ação do calor: Fervura: microrganismos patogênicos. Exemplo: cozimento do alimento à temperatura superior a 100ºC. pode ser feita em fornos ou Desidratação: ao sol, usando telas protetoras contra insetos. Exemplo: carne seca. é um dos processos utilizados Defumação: para conservação de carne. A defumação de alimentos de origem animal origina substâncias químicas carcinogênicas; envolve o uso de nitritos e nitratos, que podem se transformar em N-nitroso, um composto carcinogênico para o estômago. O consumo de alimentos defumados, como bacon, aves, peixes e outras carnes, deve ser ocasional porque o consumo de grandes quantidades pode aumentar o risco de câncer de estômago. (NRC, 1982; WCRF,1997). Pasteurização, tratamento a altas temperaturas (UHT) O leite é pasteurizado, por meio da elevação de sua temperatura por alguns segundos, seguida de rápido resfriamento, para a eliminação
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    186 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA QUADRO 5 - Principais Características dos Edulcorantes sacarina artificial 5,0 500x não não estável 0 das bactérias patogênicas, como as que causam doenças nos animais e que poderiam ser transmitidas aos seres humanos. A ultra-pasteurização, conhecida como processo UHT, é o tratamento térmico a temperaturas mais elevadas e menor tempo, resultando em um produto conhecido como “longa vida”, devido ao seu maior prazo de validade. O leite deve ser tratado termicamente, a fim de evitar intoxicações ou toxinfeções alimentares. A conservação do leite pasteurizado deve ser sempre na geladeira; o mesmo cuidado é necessário com o leite longa vida após aberto. Quando não houver disponibilidade de leite pasteurizado ou UHT é imprescindível que o produto seja fervido antes de ser consumido. Cozimento a vapor, escaldamento, fervura e cozimento Esses métodos suaves de cozinhar utilizam 0 o calor de até 100 C, o ponto de fervura da água. São as melhores formas de preservar as vitaminas nos alimentos. a refrigeração dos alimentos Refrigeração: perecíveis é indispensável; as temperaturas ideais variam entre 0 o C e 5 o C, de acordo com o tipo de alimentos. Essa faixa de temperatura não destrói os microrganismos patogênicos, mas inibe sua Ação do frio proliferação. O uso da refrigeração, industrial e doméstica, protege indiretamente contra a hipertensão, acidentes vasculares e câncer do estômago, porque a refrigeração torna desnecessária a preservação dos alimentos por meio do uso de sal. Pode também proteger contra essas e outras doenças crônicas, como a obesidade, porque ela possibilita a disponibilidade regular de frutas, legumes e verduras frescas, bem como de outros alimentos perecíveis (WORLD CANCER RESEARCH FUND CRF, 1997). requer uma temperatura Congelamento: o de -18 C para eliminar ou inibir o crescimento das bactérias. Portanto, o congelamento preserva os alimentos, mas alguma perda de vitaminas pode ocorrer. Secagem Os alimentos são conservados por secagem desde os tempos pré-históricos. Grande parte dos alimentos frescos pode ser armazenada em sua forma seca. Os cereais e feijões são normalmente comprados secos. Alguns vegetais, como os tomates, e muitas frutas, como as uvas e ameixas e também as bananas, maçãs, pêras e ervilhas, são comercializadas em sua forma desidratada. No Brasil, em algumas regiões a carne é preservada por meio da secagem, bem como o bacalhau e outros peixes. A secagem é uma forma benigna de Edulcorantes Natureza IDA mg/Kg* Poder adoçante** Metabolização Sensibilidade ao calor pH Calorias FONTE: ANVISA *IDA = Ingestão Diária Aceitável (mg/kg de peso corporal) ** relativo à sacarose ciclamato artificial 11,0 40x não não estável 0 aspartame artificial 40,0 200x sim sim estável 4 steviosídeo natural 2 (temporária) 300x não não estável 0
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    ANEXO A 187 conservação, que retém e concentra os nutrientes nos alimentos. Uso do Açúcar O açúcar pode ser utilizado como conservante em razão de não ser um meio de cultura propício para a proliferação de bactérias, pois, por suas características de produção, resulta um produto com apenas 0,3% de umidade. Agindo por osmose também desidrata as células do meio. Quando o processo é bem feito, permite a conservação do alimento por tempo indeterminado. Exemplo: frutas cristalizadas. O açúcar é o conservante usado na confecçãodediferentes tiposdeconservasdefrutas como geléias e outros produtos. Para mais informações sobre o risco do consumo de açúcar para a saúde, veja a Diretriz 6 (página 73). Usodosal Osalagepor osmose, desidratando as células. Asalga de alimentoscomomeio de conservação é feita a seco ou em salmoura. A salga é muito usada na conservação de carnes. Alimentos conservados por meio de salmoura, em vinagre ou sal, são os picles, vegetais, ervas e especiarias. A alimentação com alto teor de sal e alimentos salgados, como muitas das preparações típicasdaculinária brasileira,aumentamo risco de hipertensão arterial, acidentes vasculares e câncer de estômago. Devido a todos esses fatos, quanto menos sal se consumir, melhor. Para mais informações sobre o risco do consumo de sal para a saúde, veja a Diretriz 6 e box Sabendo um pouco mais “Alimentossalgadosecomsal”(página83). Fermentação O processo de fermentação consiste na proliferação de certos organismos não prejudiciais à saúde, modificadores do pH do meio. A alteração do meio impede o crescimento de microrganismos de decomposição. A fermentação é um método de preservação, pelo qual o queijo, o iogurte e o chucrute são produzidos. É uma forma benigna de preservação excetoquandoproduz álcool. Engarrafamento, enlatamento O engarrafamento e enlatamento são formas úteis de se preservar os alimentos. Mas, em alguns alimentos enlatados e engarrafados são utilizados óleo, açúcar ou sal. Nesses casos, a melhor opção é descartar o caldo. Muitos alimentos acondicionados são preservados por meio de hidrogenação de gordura e acréscimo de aditivos. Semprequepossível, compre alimentos engarrafados ou enlatados em vinagre, água, suco de frutas ou vegetais. Verifique os rótulos. Métodos de preparação Os principais cuidados a serem observados nas técnicas de preparação dos alimentos adotadas e que podem ter impacto no valor nutricional são a temperatura utilizada no cozimento, o uso de óleos ou gorduras adicionados e os métodos de cozimento, que incluem o fogo direto nos alimentos. Assados, torrefação, fritura e microondas Por meio desses métodos, os alimentos são o cozidos a temperaturas de até 200 C. O único inconveniente com os assados ou com a torrefação é a gordura ou óleo, que eventualmente podem ser adicionados ao preparo dos alimentos. A fritura expõe os alimentos não diretamente ao fogo, mas a altas temperaturas, e utiliza grandes quantidades de gorduras ou óleos. É sensato consumir esse tipo de preparação somente ocasionalmente, devido ao seu alto conteúdo de gordura (WORLD CANCER RESEARCH FUND, 1997). O forno microondas utiliza temperaturas elevadas, requerendo, portanto, menor tempo de cocção, o que seria um fator de preservação de algumas vitaminas, exceto em relação à vitamina E (SILVA et al., 1993). Outro aspecto é que muitas preparações não requerem a utilização de óleo. As possíveis conseqüências negativas à saúde do uso deste recurso ainda não foram comprovadas. Grelhados e churrascos Alimentos de origem animal, quando queimados, contêm altas concentrações de componentes químicos, chamados policíclicos hidrocarbonatos aromáticos (PAHs) e aminas heterocíclicas (HCAs). Nos padrões dos laboratórios, essas substâncias são carcinogênicas. A preparação de churrascos e grelhados, ou qualquer outro método que expõe os alimentos de origem animal à chama direta, produz esse tipo de produto químico,
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    188 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA tal como a defumação. Descarte sempre alimentos de origem animal queimados ou chamuscados. Alimentos prontos para consumo Fast-food Esse termo refere-se aos alimentos pré-cozidos oferecidos em lanchonetes, bares e restaurantes. A maior parte desses alimentos é derivada de carne, alimentos com alto teor de gorduras e sal e bebidas concentradasemaçúcar. Refeições embaladas O comércio está atualmente repleto de todos os tipos de refeições e pratos pré-preparados. Verifique os rótulos e observe o conteúdo de gordura total, gordura saturada, gordura trans e sódio. Cuidados com as refeições fora do domicílio Geralmente os alimentos oferecidos em bares, cantinas, restaurantes por quilo e outros restaurantes tendem a ser mais ricos em gorduras e açúcares do que os alimentos consumidos diariamente em casa.Umproblema específico é que não se sabe que tipo de óleo é utilizado - ou reutilizado - nas preparações. As refeições fora de casa deveriam ser realizadas apenas em ocasiões especiais, comemoração com a família ou amigos ou ocasionalmente. Caso você seja freqüentador assíduo em alguns restaurantes, procure conhecer a forma de preparo dos alimentos, dê sugestões de cardápios e preparações mais saudáveis, observe a higiene do local, dos funcionários e tente conhecer a cozinha ou local onde são preparados e armazenados os alimentos. Ao selecionar os pratos ou preparações, siga os princípios da alimentação saudável.
  • 189.
    ADNIREEXTORIBZ 6 -GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 189 Recomendação Calórica Média, Número de Porções Diárias e alor Energético Médio das Porções, Segundo os Grupos de Alimentos para Fins de Cálculo do%VET O quadro abaixo mostra o número de porções, valor calórico médio por porção e a recomendação calórica média do grupo de alimentos considerando as diretrizes e objetivos estabelecidos neste guia alimentar. Os alimentos que foram utilizados em cada um dos grupos compõem um elenco de produtos e preparações mais comuns no Brasil, mas obviamente não esgotam todos os alimentos. A lista de alimentos consta noANEXOC. Conforme se observou na primeira parte deste guia, foi aqui adotado o parâmetro de 2.000kcal. Ressalta-se, contudo, exemplificador que o número de porções variará de acordo com as necessidades nutricionais de cada indivíduo, devendo, portanto, uma dieta que utilize as proposições de número de porções aqui estabelecidas ser corrigida, quando necessário. Os cálculos relativos ao número de porções e valor energético médio das porções foram elaborados pela Dr. a Sonia Tucunduva Philippi do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Grupos de Alimentos VET = 2.000 kcal Cereais, tubérculos, raízes e derivados Feijões Frutas e sucos de frutas naturais Legumes e Verduras Leite e Derivados Carnes e ovos Óleos, gorduras e sementes oleaginosas Açúcares e doces (*) Esta atribuição atingiu 1.943 kcal. Recomendação calórica média do grupo (kcal)* 900 55 210 45 360 190 73 110 Número de porções diárias do grupo 6 1 3 3 3 1 1 1 Valor energético médio por porção (kcal) 150 55 70 15 120 190 73 110
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    ANEXO C 191 Porções de Alimentos (em Gramas) eMedidas Usuais de Consumo Correspondentes(*) Arroz, Pães, Massas, Batata e Mandioca 1 porção = 150kcal Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo amido de milho 40,0 2½colheres de sopa angu 105,0 3 colheres de sopa arroz branco cozido 125,0 4 colheres de sopa arroz integral cozido 198,0 6 colheres de sopa batata cozida 202,5 1½unidade batata inglesa corada picada 90,0 3 colheres de sopa batata doce cozida 150,0 1½colheres de servir batata frita (palito) 110,0 2½colheres de servir batata sauteé 125,0 2½colheres de servir biscoito tipo “ cookies ” com gotas de chocolate/ coco 30,0 6 unidades biscoito tipo “ cream cracker ” 32,5 5 unidades biscoito de leite 30,0 6 unidades biscoito tipo “maisena” 35,0 7 unidades biscoito tipo “maria” 35,0 7 unidades biscoito recheado chocolate/doce de leite/ morango 34,0 2 unidades biscoito tipo “ waffer ” chocolate/morango/baunilha 30,0 4 unidades bolo de banana 1 50,0 1 fatia pequena bolo de cenoura 1 30,0 1 fatia pequena bolo de chocolate 35,0 1 fatia bolo de milho 1 50,0 1 fatia cará cozido/ amassado 126,0 3½colher de sopa cereal matinal 43,0 1 xícara de chá farinha de aveia 37,5 2½colheres de sopa farinha de mandioca 40,0 2½colheres de sopa farinha de milho 42,0 3½colheres de sopa farofa de farinha de mandioca 37,0 ½colher de servir inhame cozido/ amassado 126,0 3½colheres de sopa macarrão cozido 105,0 3½colheres de sopa mandioca cozida 128,0 4 colheres de sopa milho verdeemespiga 1 100,0 1 espiga grande milho verdeemconserva (enlatado) 142,0 7 colheres de sopa pamonha 1 100,0 1 unidade pãozinho caseiro 55,0 ½unidade pão de batata 1 50,0 1 unidade média pão de centeio 60,0 2 fatias pão de forma tradicional 43,0 2 fatias pão de milho 1 70,0 1 unidade média pão de queijo 58,0 1 unidade pão francês 50,0 1 unidade pão hot dog 50,0 1 unidade pipoca com sal 31,5 3 xícaras de chá polenta frita 121,0 3 fatias
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    192 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo polenta sem molho 190,0 2 fatias purê de batata 130,0 2 colheres de servir purê de inhame 1 135,0 3 colheres de servir torrada salgada tipo 40,0 4 unidades torrada fibras 40,0 4 unidades torrada glúten 40,0 4 unidades torrada (pão francês) 33,0 6 fatias Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo abóbora cozida (menina, japonesa, moranga) 70,0 2 colheres de sopa abobrinha cozida 81,0 3 colheres de sopa acelga cozida 85,0 2 1/2 colheres de sopa acelga crua (picada) 90,0 9 colheres de sopa agrião 132,0 22 ramos aipo cru 80,0 2 unidades alcachofra cozida 35,0 1/4 unidade alface 120,0 15 folhas almeirão 60,0 5 folhas aspargoemconserva 80,0 8 unidades berinjela cozida 60,0 2 colheres de sopa bertalha refogada 1 25,0 1 colher de sopa beterraba cozida 43,0 3 fatias beterraba crua ralada 42,0 2 colheres de sopa brócolis cozido 60,0 4 1/2 colheres de sopa broto de alfafa cru 50,0 1 1/2 xícara de chá broto de feijão cozido 81,0 1 1/2 colher de servir cenoura cozida (fatias) 35,0 7 fatias cenoura cozida (picada) 34,0 1 1/2 colher de sopa cenoura crua (picada) 38,0 1 colher de servir chuchu cozido 57,0 2 1/2 colheres de sopa couve-flor cozida 69,0 3 ramos couve-manteiga cozida 42,0 1 colher de servir ervilhaemconserva 13,0 1 colher de sopa ervilha fresca 19,5 1 1/2 colher de sopa ervilha torta (vagem) 11,0 2 unidades escarola 84,0 15 folhas espinafre cozido 67,0 2 1/2 colheres de sopa jiló cozido 37,5 1 1/2 colher de sopa maxixe cozido 1 120,0 3 colheres de sopa mostarda 60,0 6 folhas palmitoemconserva 100,0 2 unidades pepino japonês 130,0 1 unidade pepino picado 116,0 4 colheres de sopa piclesemconserva 108,0 5 colheres de sopa pimentão cru fatiado (vermelho/verde) 56,0 8 fatias Verduras e Legumes 1 porção = 15kcal
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    ANEXO C 193 Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo pimentão cru picado (vermelho/verde) 60,0 2 1/2 colheres de sopa quiabo cozido 52,0 2 colheres de sopa rabanete 90,0 3 unidades repolho branco cru (picado) 72,0 6 colheres de sopa repolho cozido 75,0 5 colheres de sopa repolho roxo cru (picado) 60,0 5 colheres de sopa rúcula 90,0 15 ramos salsão cru 95,0 5 colheres de sopa tomate caqui 75,0 2 1/2 fatias tomate cereja 70,0 7 unidades tomatecomum 80,0 4 fatias vagem cozida 44,0 2 colheres de sopa Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo abacate (amassado) 45,0 11/2 colher de sopa abacaxi 130,0 1 fatia acerola 224,0 32 unidades ameixa-preta 30,0 3 unidades ameixa-vermelha 140,0 4 unidades banana 86,0 1 unidade caju fresco 147,0 2 1/2 unidades caqui 113,0 1 unidade carambola 220,0 2 unidades cereja fresca 96,0 24 unidades damasco seco 30,0 4 unidades fruta-do-conde 75,0 1/2 unidade goiaba 95,0 1/2 unidade jabuticaba 140,0 20 unidades jaca 132,0 4 bagos kiwi 154,0 2 unidades laranja-bahía/seleta 144,0 8 gomos laranja-pêra/lima 137,0 1 unidade limão 252,0 4 unidades maçã 130,0 1 unidade mamão-formosa 160,0 1 fatia mamão-papaia 141,5 1/2 unidade manga bordon 110,0 1 unidade manga haden 110,0 5 fatias manga polpa batida 94,5 1/2 xícara de chá maracujá (suco puro) 94,0 1/2 xícara de chá melancia 296,0 2 fatias melão 230,0 2 fatias morango 240,0 10 unidades nectarina 184,0 2 unidades Frutas 1 porção = 70kcal
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    194 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo pêra 133,0 1 unidade pêssego 226,0 2 unidades salada de frutas (banana, maçã, laranja, mamão) 125,0 1/2 xícara de chá suco de abacaxi 125,0 1/2 copo de requeijão suco de laranja (puro) 187,0 3/4 copo requeijão suco de melão 170,0 3/4 copo de requeijão suco de tangerina 164,0 3/4 copo requeijão tangerina/mexerica 148,0 1 unidade uvacomum 99,2 22 uvas uva-itália 99,2 8 uvas uva-rubi 103,0 8 uvas Copo de requeijão = 250mL Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo ervilha seca cozida 72,5 2 1/2 colheres de sopa feijão branco cozido 48,0 1 1/2 colher de sopa feijão cozido (50% de caldo) 86,0 1 concha feijão cozido (somente grãos) 50,0 2 colheres de sopa feijão preto cozido 1 80,0 1 concha média rasa grão-de-bico cozido 36,0 1 1/2 colher de sopa lentilha cozida 48,0 2 colheres de sopa soja cozida (somente grãos) 43,0 11/2 colher de servir arroz Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo atumemlata 112,5 2 1/2 colheres de sopa bacalhoada 75,0 1/2 porção bacalhau cozido 1 135,0 1 pedaço médio bife de fígado frito 100,0 1 unidade média 1 bife enrolado 110,0 1 unidade bife grelhado 64,0 1 unidade camarão frito 104,0 13 unidades carne assada (patinho) 75,0 1 fatia pequena carne cozida 1 80,0 4 pedaços pequenos carne cozida de peru tipo " blanquet " 150,0 10 fatias carne moída refogada 63,0 3 1/2 colheres de sopa carne seca 1 40,0 2 pedaços pequenos carré 1 90,0 1 unidade média costela bovina assada 1 40,0 1 pedaço pequeno Feijões 1 porção = 55kcal Carnes e Ovos 1 porção = 190kcal
  • 195.
    ANEXO C 195 Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo espetinho de carne 92,0 2 unidades 1 pedaço de peito ou frango assado inteiro 100,0 1 coxa grande ou 1 sobrecoxa frango filé à milanesa 80,0 1 unidade frango filé grelhado 100,0 1 unidade frango sobrecoxa cozida sem pele com molho 100,0 1 sobrecoxa grande hambúrguer grelhado 90,0 1 unidade lingüiça de porco cozida 50,0 1gomo manjuba frita 106,0 10 unidades merluza cozida 200,0 2 filés mortadela 62,0 2 fatias médias omelete simples 110,0 1 1/2 unidade ovo cozido 1 90,0 2 unidades ovo frito 50,0 2 unidade peixe espada cozido 100,0 1 filé peru assado sem pele 96,0 2 fatias grandes 1 porco lombo assado 93,5 1/2 fatia salame 75,0 11 fatias salsicha 60,0 1 1/2 unidade sardinha escabeche 50,0 1 unidade sardinhaemconserva 1 41,5 1 unidade média Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo coalhada 77,5 2 1/2 colheres de sopa iogurte desnatado de frutas 300,0 1 1/2 copo de requeijão iogurte desnatado natural 330,0 1 1/2 copo de requeijão iogurte integral natural 165,0 1 copo de requeijão iogurte integral de frutas 120,0 1/2 copo de requeijão leite de cabra integral 1 182,0 1 copo de requeijão leiteempó integral 26,0 2 colheres de sopa leiteempó desnatado 34,5 3 colheres de sopa leite integral longa vida 3,5% gordura - padrão 182,0 1 xícara de chá leite semidesnatado longa vida2%gordura - padrão 270,0 1 copo requeijão leite tipo B 3,5% gordura - padrão 182,0 1 xícara de chá leite tipo C 3,0% gordura - padrão 182,0 1 xícara de chá queijo tipo minas frescal 1 40,0 1 fatia grande queijo tipo minas 50,0 1 1/2 fatia queijo tipo mussarela 45,0 3 fatias Queijo tipo parmesão ralado 30,0 3 colheres de sopa queijo pasteurizado 40,0 2 unidade Leites, Queijos, Iogurtes 1 porção = 120kcal
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    196 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo queijo prato 30,0 1 1/2 fatias queijo provolone 35,0 1 fatia requeijão cremoso 45,0 1 1/2 colher de sopa ricota 100,0 2 fatias vitamina de leite com frutas 171,0 1 copo de requeijão Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo azeite de dendê 9,2 3/4 colher de sopa azeite de oliva 7,6 1 colher de sopa bacon (gordura) 7,5 1/2 fatia banha de porco 7,0 1/2 colher de sopa creme vegetal 10,0 1/2 colher de sopa halvarina 19,7 1 colher de sopa manteiga 9,8 1/2 colher de sopa margarina culinária 10,0 1/10 colher de sopa margarina líquida 8,9 1 colheres de sopa margarina vegetal 9,8 1/2 colher de sopa óleo vegetal composto de soja e oliva 10,0 1 colher de sopa óleo vegetal de canola 8,0 1 colher de sopa óleo vegetal de girassol 8,0 1 colher de sopa óleo vegetal de milho 8,0 1 colher de sopa óleo vegetal de soja 8,0 1 colher de sopa Alimentos Peso (g) Medidas usuais de consumo açúcar cristal 28,0 1 colher de sopa açúcar mascavo fino 25,0 1 colher de sopa açúcar mascavo grosso 27,0 1 1/2 colher de sopa açúcar refinado 28,0 1 colher de sopa bananada 1 40,0 1 unidade média doce de leite cremoso 1 40,0 1 colher de sopa doce demamãoverde 1 80,0 2 colheres de sopa geléia de frutas 1 34,0 1 colher de sopa goiabadaempasta 45,0 1/2 fatia melado1 32,0 2 colheres de sopa mel 37,5 2 1/2 colheres de sopa a (*) A tabela é de autoria da Dr. Sonia Tucunduva Philippi - Departamento de Nutrição/FSP/USP . Os cálculos do valor calórico dos alimentos foram realizados com base na "Tabela de Composição de Alimentos: suporte para a decisão nutricional" (PHILIPPI, 2001). (1) FONTE: "Tabela para Avaliação de Consumo Alimentar em Medidas Caseiras" (PINHEIRO et al., 2005) . Esta tabela foi utilizada pela Coordenação Geral da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (CGPAN) para incorporação de alimentos ou preparações não disponíveis na publicação de PHILIPPI (2001) ou para estabelecimento de porções dos alimentos ou refeições não constantes nas tabelas elaboradas por PHILIPPI, ST et al . Virtual Nutri (software) versão 1.0 for Windows . Departamento de Nutrição / Faculdade de Saúde Pública / USP. São Paulo; 1996. Óleos e Gorduras 1 porção = 73kcal Açúcares e Doces 1 porção = 110kcal
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    DIRETRIZ 6 -GORDURAS, AÇÚCARES E SAL 197 Síntese das Diretrizes TODOS Diretriz 1 Os alimentos saudáveis e as refeições - Refeições são saudáveis quando preparadas com alimentos variados, com tipos e quantidades adequadas às fases do curso da vida, compondo refeições coloridas e saborosas que incluem alimentos tanto de origem vegetal como animal. - Para garantir a saúde, faça, pelo menos, três refeições por dia (café da manhã, almoço e jantar), intercaladas por pequenos lanches. -Aalimentação saudável tem início com a prática do aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade e complementar até pelo menos os 2 anos e se prolonga pela vida com adoção de bons hábitos alimentares. Diretriz 2 Cereais, tubérculos e raízes - Arroz, milho e trigo, alimentos como pães e massas, preferencialmente na forma integral; tubérculos como as batatas; raízes como a mandioca devem ser a mais importante fonte de energia e o principal componente da maioria das refeições. Diretriz 3 Frutas, legumes e verduras - Frutas, legumes e verduras são ricos em vitaminas, minerais e fibras e devem estar presentes diariamente nas refeições, pois contribuem para a proteção à saúde e diminuição do risco de ocorrência de várias doenças. Diretriz 4 Feijões e outros alimentos vegetais ricos em proteínas - As leguminosas, como os feijões, e as oleaginosas, como as castanhas e sementes, são alimentos fundamentais para a saúde. - A preparação típica brasileira feijão com arroz é uma combinação alimentar saudável e completaem proteínas. Diretriz 5 Leite e derivados, carnes e ovos - Leite e derivados, principais fontes de cálcio na alimentação, e carnes, aves, peixes e ovos fazem parte de uma alimentação nutritiva que contribui para a saúde e para o crescimento saudável. - Os tipos e as quantidades desses alimentos devem ser adequados às diferentes fases do curso da vida. Leites e derivados devem ser preferencialmente desnatados, para os adultos, e integrais para crianças, adolescentes e gestantes. Diretriz 6 Gorduras, açúcares e sal - As gorduras e os açúcares são fontes de energia. - Oconsumo freqüente e emgrande quantidade de gorduras, açúcar e sal aumenta o risco de doenças como obesidade, hipertensão arterial, diabetes e doenças do coração. - Utilize sempre o sal fortificado com iodo (sal iodado). Diretriz 7 Água - A água é um alimento indispensável ao funcionamento adequado do organismo. - Toda água que você beber deve ser tratada, filtrada ou fervida. Diretriz Especial 1 Atividade física - Aalimentação saudável e a atividade física regular são aliadas fundamentais para a manutenção do peso saudável, redução do risco de doenças e melhoria da qualidade de vida. Diretriz Especial 2 Qualidade sanitária dos alimentos - A garantia da qualidade sanitária dos alimentos implica a adoção de medidas preventivas e de controle em toda a cadeia produtiva, desde sua origem até o consumo do alimento no domicílio. A manipulação dos alimentos segundo as boas práticas de higiene é essencial para redução dos riscos de doenças transmitidas pelos alimentos. ANEXO D
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    198 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA PROFISSIONAIS DE SAÚDE Diretriz 1 Os alimentos saudáveis e as refeições Orientar: - Sobre a necessidade de se realizar pelo menos três refeições diárias, intercaladas com lanches saudáveis. - Quanto à importância da consulta e interpretação da informação nutricional e da lista de ingredientes presentes nos rótulos dos alimentos, para a seleção de alimentos mais saudáveis. - As mulheres durante a gestação sobre a importância da prática do aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade da criança e sobre os passos para a alimentação complementar após esse período. Saber que: - Os cereais, de preferência integrais, frutas, legumes e verduras e leguminosas (feijões), no seu conjunto, devem fornecer mais da metade (55% a 75%) do total de energia diária da alimentação. Diretriz 2 Cereais, tubérculos e raízes Orientar: - O consumo de alimentos ricos em carboidratos complexos (amidos), como cereais, de preferência integrais, tubérculos e raízes, para garantir 45% a 65%da energia total diária da alimentação. - O consumo diário de 6 porções de cereais, tubérculos e raízes. Saber que: - A presença diária desses alimentos na alimentação vem diminuindo (em 1974, correspondia a 42,1% e, em 2003, era de 38,7%). Essa tendência deve ser revertida, por meio do incentivo ao consumo desses grupos de alimentos pela população, na forma in . Para atender ao limite mínimo recomendado natura (45%), o consumo atual deve ser aumentado, em aproximadamente, 20%. - No Brasil, é obrigatória a fortificação das farinhas de trigo e milho com ferro e ácido fólico, estratégia que objetiva a redução da anemia ferropriva e de problemas relacionados à má-formação do tubo neural. A orientação de consumo dessas farinhas é particularmente importante para crianças, idosos, gestantes e mulheresemidade fértil. Diretriz 3 Frutas, legumes e verduras Orientar: - O consumo diário de 3 porções de frutas e 3 nas refeições porções de legumes e verduras diári as. - Sobre a importância de variar o consumo desses grupos de alimentos nas diferentes refeições e ao longo da semana. - E informar sobre a grande variedade desses alimentos disponíveis em todas as regiões do País e incentivar diferentes modos de preparo desses alimentos para valorizar o sabor. Saber que: - A participação de frutas, legumes e verduras no valor energético total fornecido pela alimentação das famílias brasileiras, independentemente da faixa de renda, é baixa, variando de 3% a 4%, entre 1974-2003; - O consumo mínimo recomendado de frutas, legumes e verduras é de 400 gramas/dia para garantir 9% a 12% da energia diária consumida, considerando uma dieta de 2.000 kcal. Isso significa aumentar em, pelo menos, 3 vezes o consumo médio atual da população brasileira. Diretriz 4 Feijões e outros alimentos vegetais ricos em proteínas Orientar e estimular: - O consumo diário de ; 1 porção de leguminosas (feijões) - O consumo diário de feijão com arroz, na proporção de 1 para 2 partes ; - O consumo de modo que as leguminosas como feijões, lentilhas, ervilha seca, grão-de-bico, soja e outros garantam, no mínimo, 5% do total de energia diária. - O consumo de castanhas e sementes, inclusive como ingredientes de diferentes preparações.
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    ANEXO D 199 - O uso de diferentes modos de preparo para a valorização do sabor de todos os tipos de leguminosas. Saber que: - Embora a participação relativa de feijões na alimentação brasileira (5,68%) ainda esteja dentro da faixa recomendada de consumo, há uma tendência de queda preocupante, necessitando ser revertidaemcurto tempo. Diretriz 5 Leite e derivados, carnes e ovos Orientar: - O consumo diário de derivados; - O consumo diário de 3 porções de leite e 1 porção de carnes, peixes ou ovos; - Sobre o alto valor biológico das proteínas presentes nos ovos, nas carnes, nos peixes, no leite e derivados. - Sobre a alta biodisponibilidade do ferro presente nas carnes, principalmente nos miúdos e nas vísceras e peixes. - E informar que leite e derivados são fontes de proteínas, vitaminas e a principal fonte de cálcio da alimentação, nutriente fundamental para a formação e manutenção da massa óssea. O consumo desse grupo de alimentos é importante em todas as fases do curso da vida, particularmente na infância, na adolescência, na gestação e para adultos jovens. - A escolha de produtos que contenham menor teor de gordura. O leite e seus derivados, para adultos que já completaram seu crescimento, deve ser preferencialmente desnatado. Crianças, particularmente, e adolescentes devem consumir leite e derivados na forma integral, desde que não haja contra-indicação em seu uso, definida por médico ou nutricionista. Diretriz 6 Gorduras, açúcares e sal. Orientar: - A redução do consumo de alimentos com alta concentração de sal, açúcar e gordura para diminuir o risco de ocorrência de obesidade, hipertensão arte-rial, diabetes, dislipidemias e doenças cardiovasculares. - Sobre a importância da consulta e interpretação da informação nutricional e da lista de ingredientes nos rótulos dos alimentos para seleção de alimentos mais saudáveis. Emrelação ao consumo deGORDURAS Saber que: - A contribuição de gorduras e óleos, de todas as fontes, não deve ultrapassar os limites de 15% a 30% da energia total da alimentação diária. Uma vez que os dados disponíveis de consumo alimentar no Brasil são indiretos e baseados apenas na disponibilidade domiciliar de alimentos, é importante que o consumo de gorduras seja limitado para que não se ultrapasse a faixa de consumo recomendada. - O total de gordura saturada não deve ultrapassar 10%do total da energia diária. - O total de gordura trans consumida deve ser menor que 1% do valor energético total diário (no máximo 2g/dia paraumadieta de 2.000kcal). Orientar: - O consumo máximo diário de uma porção de , dando alimentos do grupo dos óleos e gorduras preferência aos óleos vegetais, azeite e margarinas livres de ácido graxos trans. - Sobre os diferentes tipos de óleos e gorduras e seus distintos impactos sobre a saúde. Emrelação ao consumo de AÇÚCARES Saber que: - O consumo de açúcares simples não deve ultrapassar 10% da energia total diária. Isso significa redução de, pelo menos,33%(um terço) na média atual de consumo da população. Orientar: - O consumo máximo diário de 1 porção de . alimentos do grupo dos açúcares e doces - E informar que os açúcares são fonte de energia e podem ser encontrados naturalmente nos
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    200 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA alimentos, como frutas e mel, ou ser adicionadosem preparações e alimentos processados. A redução do consumo de alimentos e bebidas processados com alta concentração de açúcar e das quantidades de açúcar adicionado nas preparações caseiras e bebidas. Emrelação ao consumo de SÓDIO (sal) Saber que: - O consumo de sal diário deve ser no máximo de 5g/dia (uma colher rasa de chá por pessoa). Isso significa que o consumo atual médio de sal pela população deve ser reduzido à metade. Essa quantidade é suficiente para atender às necessi-dades de iodo. Orientar: - E informar que o sal de cozinha possui sódio. Esse mineral quando consumidoemexcesso é prejudicial à saúde; - Que todo o sal consumido deve ser iodado; - Que o sal destinado ao consumo animal não deve ser utilizado pelas famílias das zonas rurais, pois esse sal não contém a quantidade de iodo necessária para garantir a saúde de seres humanos; - A redução do consumo de alimentos processados com alta concentração de sal, como temperos prontos, caldos concentrados, molhos prontos, salgadinhos, sopas industrializadas e outros. Diretriz 7 Água Orientar: - E i n c e n t i v a r o consumo de á g u a , independentemente de outros líquidos; - As pessoas a ingerir no mínimo dois litros de água por dia (6 a 8 copos), preferen-cialmente entre as refeições. Essa quantidade pode variar de acordo com a atividade física e com a temperatura do ambiente; - A oferta ativa e regular de água às crianças e aos idosos ao longo do dia; - Sobre os cuidados domésticos que garantam a qualidade e segurança da água a ser consumida pela família. Diretriz Especial 1 Atividade física - Abordar de maneira integrada a promoção da alimentação saudável e o incentivo à prática regular de atividade física. - Orientar sobre a importância do equilíbrio entre o consumo alimentar e o gasto energético para a manutenção do peso saudável, em todas as fases do curso da vida. - Utilizar a avaliação antropométrica, nos serviços de saúde (SISVAN), para acompanhamento do peso saudável de pessoas em quaisquer fases do curso da vida. - Estimular a formação de grupos para prática de atividade física e orientação sobre alimentação saudável nos serviços de saúde, nas escolas e em outros espaços comunitários, sob supervisão de profissional capacitado. Diretriz Especial 2 Qualidade sanitária dos alimentos - Orientar sobre as medidas preventivas e de controle, incluindo as práticas de higiene, que devem ser adotadas na cadeia produtiva, nos serviços de alimentação, nas unidades de comercialização e nos domicílios, a fim de garantir a qualidade sanitária dos alimentos. - Informar que alimentos manipulados ou conservados inadequadamente são fatores de risco importantes para muitas doenças. Diretriz 1 Os alimentos saudáveis e as refeições - Aumentar e incentivar a produção, o processamento, o abastecimento e comercialização de todos os tipos de alimentos que compõem uma alimentação saudável. - Implementar programas de orientação e educação nutricional, de forma continuada, respeitando a identidade cultural das populações. - Garantir a qualidade dos alimentos in natura e processados colocados no mercado para consumo da população. GOVERNOE SETOR PRODUTIVO DE ALIMENTOS
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    ANEXO D 201 - Implantar, fiscalizar e exigir a implantação das boas práticas de manipulação de alimentos em locais de processamento, manipulação, venda e consumo de alimentos. - Assegurar o cumprimento da legislação que promove o aleitamento materno como direito da criança à alimentação adequada. - Garantir que programas públicos de alimentação e nutrição incorporem os princípios da alimentação saudável. - Regulamentar estratégias de marketing de alimentos, em todas as formas de mídia, principal-mente para aquelas direcionadas para crianças e adolescentes. Diretriz 2 Cereais, tubérculos e raízes - Promover a produção, a industrialização, a comercialização e o consumo de todos os tipos de alimentos ricos em carboidratos, preferencialmente os integrais e os regionais produzidosemnível local. - Incentivar a pesquisa e incorporação de tecnologia de processamento que preserve o valor nutritivo dos alimentos. - Assegurar e fomentar a incorporação de cereais, tubérculos e raízes nos programas institucionais de alimentação. Diretriz 3 Frutas, legumes e verduras - Valorizar e promover a produção e o processamento, com preservação do valor nutritivo de frutas, legumes e verduras, principalmente os de origem local, na perspectiva do desenvolvimento sustentável. - Fomentar mecanismos de redução dos custos de produção e comercialização desses alimentos. - Criar estratégias que viabilizem a instalação de rede local de comercialização, facilitando o acesso regular da população a esses alimentos, a preços acessíveis. - Monitorar segundo a legislação o uso de agentes químicos (agrotóxicos) potencialmente prejudiciais à saúde. - Viabilizar campanhas e outras iniciativas de comunicação social e de educação que valorizem e incentivem o consumo desses alimentos. - Assegurar a presença desses alimentos nos programas públicos e/ou institucionais de alimen-tação e nutrição (como o Programa de Alimentação do Trabalhador, Programa de Alimentação Escolar e outros) e nas refeições das populações institu-cionalizadas. Diretriz 4 Feijões e outros alimentos vegetais ricos em proteínas - Promover a produção, o processamento, a comercialização e o consumo de todos os tipos de leguminosaseoleaginosas,principalmenteasoriginárias doBrasil,valorizandooshábitosalimentaresregionais. - Fomentar mecanismos de redução dos custos de produção e comercializaçãodeleguminosas, sementes e castanhas. - Assegurar a utilização de feijão e outras leguminosas, de acordo com os hábitos alimentares locais, em programas de alimentação nas escolas, creches e outras instituições. - Desenvolver ações de valorização da culinária nacional que promovam o consumo de preparações e alimentos saudáveis, inclusivepormeiodecampanhaseducativase informativasnosmeiosdecomunicação. Diretriz 5 Leite e derivados, carnes e ovos - Promover a produção, o processamento, a comercialização e o consumo de leite e laticínios e outros alimentos de origem animal com baixos teores de gordura, tornando-os mais acessíveis física e financeiramente a toda a população. - Aumentar a disponibilidade interna de peixes por meio da produção sustentável e incentivar o seu consumo por toda a população. Diretriz 6 Gorduras, açúcares e sal - Investir no desenvolvimento de tecnologia que atenda aos princípios da alimentação saudável. A redução substancial no consumo do sal, açúcares e gorduras exige mudanças imediatas nas práticas de industrialização de alimentos. - Desenvolver e adotar técnicas de produção de alimentos, a custos acessíveis, que resultem em produtos com menores quantidades de açúcares,
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    202 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA gorduras e sal. Esse princípio deve nortear a produção industrial em geral e não ser restrito apenas para o grupo dos chamados “alimentos para fins especiais”. - Garantir que todo o sal para consumo humano seja iodado e atenda aos teores de iodação estabelecidos pela legislação nacional vigente. - Regulamentar o comércio, a propaganda e as estratégias de marketing de alimentos densamente energéticos (altos teores de gorduras e açúcar) e com teor elevado de sal. Diretriz 7 Água - Garantir o acesso e a qualidade da água tratada para toda a população brasileira. Sistemas de abastecimento seguro de água são requisito funda-mental para a saúde pública. - Promover a expansão da rede pública de saneamento, permitindo a capilarização dos equipamentos de fornecimento de água tratadaem domicílios, espaços públicos, escolas, locais de trabalho e outras unidades coletivas de acolhimento de populações específicas (carcerárias, idosos, crianças, dentre outras). - Garantir e preservar os mananciais de água em território nacional, como requisito para a saúde e elemento de soberania nacional. Diretriz Especial 1 Atividade física - Proteger, criar e manter ambientes urbanos e rurais, nos quais a prática de atividade física diária seja viável, adequada,agradávelesegura. - Adequar espaços urbanos criando áreas para pedestres, pistas destinadas a ciclistas, espaços e quadras comunitários, parques e clubes comunitários, mantendo-osbemconservados. - Criar oportunidades de tempo e espaço para prática de atividade física nas comunidades e nos locais de trabalho. - Valorizar a atividade física regular nas escolas e práticas lúdicas ativasemcrechesepré-escolas. - Fortalecer políticas públicasdeincentivoaosesportes. - Desenvolver formas de divulgação e comunicação social que informem e valorizem a adoção de modos de vida saudáveis, conjugando a promoção da alimentação saudável e a prática de atividade física regular. Diretriz Especial 2 Qualidade sanitária dos alimentos Governo - Ad o t a r m e d i d a s m u l t i s s e t o r i a i s e multidisciplinares que visem à promoção da qualidade sanitária dos alimentos nos níveis local, nacional e internacional. - Garantir uma legislação e umsistema de controle e fiscalização eficiente para que em todas as etapas da cadeia de alimentos sejam adotadas medidas necessárias para que a população disponha de produtos seguros para o consumo. - Estabelecer parcerias com setores de apoio ao segmento produtivo e comercial de alimentos com objetivo de disseminar e apoiar a implementação da legislação por meio de capacitações, orientações técnicas e assessorias aos estabelecimentos. - Orientar a população sobre os riscos relacionados à incorreta manipulação e conservação dos alimentos e sobre as medidas e práticas de higiene que devem ser adotadas a fim de prevenir esses riscos. - Adotar medidas de intervenção em situações que se caracterizem como de riscos iminentes à saúde. Setor podutivo de alimentos - Adotar as medidas preventivas e de controle, incluindo as boas práticas de higiene, necessárias para que a população disponha de produtos seguros para o consumo. - Capacitar os manipuladores de alimentos nos temas relacionados à prática de higiene e à correta manipulação dos alimentos, conscientizando-os sobre sua responsabilidade na prevenção das doenças transmitidas por alimentos.
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    ANEXO D 203 FAMÍLIAS Diretriz 1 Os alimentos saudáveis e as refeições - Consuma diariamente alimentos como cereais integrais, feijões, frutas, legumes e verduras, leite e derivados e carnes magras, aves ou peixes. - Diminua o consumo de frituras e alimentos que contenham elevada quantidade de açúcares, gorduras e sal. - Valorize a sua cultura alimentar e mantenha seus bons hábitos alimentares. - Saboreie refeições variadas, ricas em alimentos regionais saudáveis e disponíveis na sua comunidade. - Escolha os alimentos mais saudáveis, lendo as informações nutricionais dos rótulos dos alimentos. - Alimente a criança somente com leite materno até à idade de 6 meses e depois complemente com outros alimentos, mantendo o leite materno até os 2 anos ou mais. - Procure nos serviços de saúde orientações a respeito da maneira correta de introduzir alimentos complementares e refeições quando a criança completar 6 meses de vida. Diretriz 2 Cereais, tubérculos e raízes Coma diariamente - 6 porções do grupo do arroz, pães, massas, tubérculos e raízes aos grãos integrais ou minimamente processados. Diretriz 3 Frutas, legumes e verduras . Dê preferência Coma diariamente pelo menos - 3 porções de legumes e verduras como parte das refeições e 3 porções ou mais de frutas nas sobremesas e lanches. - Valorize os produtos da sua região e varie o tipo de frutas, legumes e verduras consumidos na semana. Compre os alimentos da estação e esteja atento para a qualidade e o estado de conservação. Diretriz 4 Feijões e outros alimentos vegetais ricos em proteínas - oma 1 porção de feijão por dia . Varie os tipos de feijões usados (preto, carioquinha, verde, de-corda, branco e outros) e as formas de preparo. Use também outros tipos de leguminosas (soja, grão-de-bico, ervilha seca, lentilha, fava). - Coma feijão com arroz na proporção de 1 parte de feijão para 2 partes de arroz, cozidos. Esse prato brasileiro é uma combinação completa de proteínas ebompara a saúde. Diretriz 5 Leite e derivados, carnes e ovos . Os adultos, sempre Consuma diariamente: - 3 porções de leite e derivados que possível, devem escolher leite e derivados com menores quantidades de gorduras. Crianças, adolescentes e mulheres gestantes devem consumir a mesma quantidade de porções, porém usando leite e derivados na forma integral Prefira as . - 1 porção de carnes, peixes ou ovos. carnes magras e retire toda a gordura aparente antes da preparação. - Coma mais frango e peixe e sempre prefira carne com baixo teor de gordura. Charque e derivados de carne (salsicha, lingüiça, presuntos e outros embutidos) contêm, em geral, excesso de gorduras e sal e somente devem ser consumidos ocasionalmente. - Coma pelo menos uma vez por semana vísceras e miúdos, como o fígado bovino, coração de galinha, dentre outros. Esses alimentos são excelentes fontes de ferro, nutriente essencial para evitar anemia, em especial em crianças, jovens, idosos e mulheres em idade fértil. Diretriz 6 Gorduras, açúcares e sal - Reduza o consumo de alimentos e bebidas concentrados em gorduras, açúcar e sal. Consulte a tabela de informação nutricional dos rótulos dos alimentos e compare-os para ajudar na escolha de alimentos mais saudáveis; escolha aqueles com menores percentuais de gorduras, açúcar e sódio. - Use pequenas quantidades de óleo vegetal quando cozinhar. Prefira formas de preparo que utilizam pouca quantidade de óleo, como assados, cozidos, ensopados, grelhados. Evite frituras. - Consuma não mais que 1 porção por dia de óleos vegetais, azeite ou margarina sem ácidos graxos trans.
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    204 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Consuma - não mais que 1 porção do grupo dos açúcares e doces por dia. - Reduza a quantidade de sal nas preparações e evite o uso do saleiro à mesa. A quantidade de sal por dia deve ser, no máximo, uma colher de chá rasa, por pessoa, distribuídas em todas as preparações consumidas durante o dia. - Utilize somente sal iodado. Não use sal destinado ao consumo de animais. Ele é prejudicial à saúde humana. - Valorize o sabor natural dos alimentos, reduzindo o açúcar ou o sal adicionado a eles. - Acentue o sabor de alimentos cozidos e crus utilizando ervas frescas ou secas ou suco e frutas como tempero. Diretriz 7 Água - Use água tratada ou fervida e filtrada, para beber e para preparar refeições e sucos ou outras bebidas. - Beba pelo menos 2 litros (6 a 8 copos) de água por dia . Dê preferência ao consumo de água nos intervalos das refeições. - Ofereça água para crianças e idosos ao longo de todo o dia. Eles precisam ser estimulados ativamente a ingerir água. Diretriz Especial 1 Atividade física - Torne seu dia-a-dia e lazer mais ativos. Acumule pelo menos 30 minutos de atividade física todos os dias. Movimente-se! Descubra um tipo de atividade física agradável! O prazer é também fundamental para a saúde. - Procure nos serviços de saúde orientações sobre alimentação saudável e atividade física. - Caminhe, dance, ande de bicicleta, jogue bola, brinque com crianças. Escolha estas e outras atividades para movimentar-se. - Aproveite o espaço doméstico e os espaços públicos próximos a sua casa para movimentar-se. Convide os vizinhos e amigos para acompanhá-lo. - Incentive as crianças a realizar brincadeiras que fazem parte de nossa cultura popular e que sejam ativas como aquelas que você fazia na sua infância e ao ar livre: pular corda, correr, amarelinha, esconde-esconde, pega-pega, andar de bicicleta e outras. Oriente-as a não ficar muito tempo na frente da televisão ou em jogos de computador. Estimule-as a dividir o tempo de lazer entre essas duas opções. Diretriz Especial 2 Qualidade sanitária dos alimentos - Ao manipular os alimentos, siga as normas básicas de higiene, na hora da compra, da preparação, da conservação e do consumo de alimentos.
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    COLABORADORES 207 Participantesdo processo de elaboração Versão Preliminar Elisabetta Recine - Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/SAS/MS) Geoffrey Cannon - consultor da CGPAN Colaboração na versão preliminar Elaine Pasquim - Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/SAS/MS) Gracy Heijblom - Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição(CGPAN/DAB/SAS/MS) Janine Coutinho - Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutricional (OPSAN/UnB) Patrícia Radaelli - Universidade de Brasília/UnB Revisão da versão para consulta pública Anelise Rizzolo Oliveira Pinheiro - Coordenação- Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/SAS/MS) Elisabetta Recine - Observatório de Política de Segurança Alimentar e Nutricional; Departamento de Nutrição da Universidade de Brasília - (UnB) e consultora da CGPAN Maria de Fátima C. C. de Carvalho - Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/SAS/MS) Participantes da consulta pública - Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação - Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias - Gerência - Geral de Alimentos - Ggali/ Anvisa - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO - Associação Brasileira das Indústrias de Refri-gerantes e de Bebidas Não Alcoólicas - Associação Brasileira de Bebidas ABIA ABIMA ANVISA ASBRAN ABIR ABRABE Associação Brasileira de Leite Longa Vida Associação Brasileira dos Produtores de Leite - Leite Brasil CECAN Centro-Oeste - - CECAN Norte CECAN Sudeste CECAN Sul - - Conselho Federal de Nutrição Conselho Regional de Nutrição 3.ª região Conselho Regional de Nutrição 4.ª região Prefeitura Municipal de SP Fundação Rubem Berta/GENUT - Secretaria de Vigilância em Saúde SVS/MS Unisinos Universidade Federal de Pelotas USP Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição da Região Centro-Oeste FANUT/UFG Estelamaris Tronco Monego Lucilene Maria de Souza Maria do Rosário Gondim Peixoto Veruska Prado Alexandre - Centro Colaborador de Alimentação e Nutrição da Região Norte - Universidade Federal do Pará Ana Lúcia Rezende Ioná Leda Vieira Figueira Rosa Maria Dias - Centro Colaborador em Alimen-tação e Nutrição da Região Sudeste/Escola Nacional de Saúde Pública/Fundação Oswaldo Cruz Denise Cavalcante de Barros Centro Colaborador de Alimentação e Nutrição da Região Sul Fundação Universidade Federal do Paraná Cláudia Choma Bettega Almeida Maria Thereza J Campos Regina Maria Ferreira Lang I Grupo de Estudos de Nutrição na Terceira Idade Maura Márcia Boccato Cora Gomes Coor-denação de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis Beatriz Meireles Fortaleza Márcia Regina Vitolo Denise Petrucci Gigante - Faculdade de Ciências Farmacêuticas Prof.ª Terezinha de Jesus Andreoli Pinto
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    208 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Grupo de Trabalho para análise das sugestões da consultapública Adelaide B. C. Oliveira - Coordenação Nacional de HipertensãoeDiabetes-(CNDH/DAB/SAS/MS) Ana Lúcia da Silva Rezende - Coordenação Estadual de Alimentação e Nutrição da Secretaria de Estado da SaúdedoPará ATAN/SES/PA Andréa Leitão Ribeiro - Coordenação-Geral de Gestão daAtençãoBásica(CGAB/DAB/SAS/MS) Anelise Rizzolo Oliveira Pinheiro - Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição CGPAN/DAB/SAS/MS Antônia Maria de Aquino - Agência Nacional de Vigilância Sanitária Antônio Cezário - Coordenação Geral de Doenças e AgravosNão-Transmissíveis CGDANT/SVS Denise Petrucci Gigante - Universidade Federal de Pelotas- (UFPel) Elisabetta Recine - Observatório de Política de Segurança Alimentar e Nutricional; Departamento de Nutrição da Universidade de Brasília UnB e consultora daCGPAN Inês Rugani R. de Castro - Secretaria Municipal de SaúdedoRiodeJaneiro-(SMS/RJ) Karla Lisboa Ramos - Agência Nacional de Vigilância Sanitária Kelva Karina Nogueira de Aquino de Carvalho - Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição(CGPAN/DAB/SAS/MS) Liliane Paula G. Oliveira - Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição CGPAN/ DAB/SAS/MS MárciaCostaPinheiroReduzinoCoordenação-Geralda P o l í t i c a de A l i m e n t a ç ã o e N u t r i ç ã o CGPAN/DAB/SAS/MS( estagiária) Maria de Fátima C. C. de Carvalho - Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição - (CGPAN/DAB/SAS/MS) Mariana Martins Pereira - Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição CGPAN/ DAB/SAS/MS(estagiária) Muriel B. Gubert - Observatório de Políticas de SegurançaAlimentareNutricional(OPSAN/UnB) Rita Araújo Barbalho - Conselho Federal de Nutrição (CFN) Sérgio Ricardo Ischiara Coordenação-Geral da Política deAlimentaçãoeNutriçãoCGPAN/DAB/SAS/MS Sônia Tucunduva Philippi - Departamento de Nutrição daFaculdadedaSaúdePública(NUT/FSP/USP) Zuleica Portela de Albuquerque - Organização Pan- Americana da Saúde (OPAS/OMS) Brasil Consolidação das sugestões e reelaboração da versão final Anelise Rizzolo Oliveira Pinheiro - Coordenação- Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/SAS/MS) Elisabetta Recine - Observatório de Política de Segurança Alimentar e Nutricional; Departamento de Nutrição da Universidade de Brasília (UnB) e consultora da CGPAN Maria de Fátima C. C. de Carvalho - Coordenação- Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/SAS/MS) Contribuições à versão final Ana Beatriz Baptistella Leme da Fonseca - Conselho Regional de Nutrição (CRN-3) Ana Beatriz Vasconcellos - Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN/ DAB/SAS/MS) Ana Cláudia Marquim Firmo de Araújo - Gerência de Produtos Especiais Gpesp/Ggali/Anvisa Ana Maria Cavalcante - Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN/ DAB/SAS/MS) Ana Marlúcia Oliveira Assis - Centro Colaborador emAlimentação e Nutrição Região Nordeste II Ana Virgínia de Almeida Figueiredo - Gerência de Inspeção e Controle de Riscos de Alimentos Gicra/ Ggali/Anvisa Andhressa Fagundes Romeiro - Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN/ DAB/SAS/MS) Andréa Regina de Oliveira Silva - Gerência de Inspeção e Controle de Riscos em Alimentos Gicra/ Ggali/Anvisa Andréia Galante - Associação Brasileira de Nutrição Asbran Andréia Leitão - Coordenação de Gestão da Atenção Básica CGAB/DAB/SAS/ Ministério da Saúde Anelise Rizzolo Oliveira Pinheiro - Coordenação- Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/SAS/ MS)
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    COLABORADORES 209 ÂngelaKarinne Fagundes de Castro - Gerência de Inspeção e Controle de Riscos em Alimentos Gicra/ Ggali/Anvisa Antônia Maria de Aquino - Gerência de Produtos Especiais (Gpesp/Ggali/Anvisa) Bethsáida de Abreu Soares Schmitz - NUT/FS/UnB e Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutricional/UnB Carlos Monteiro - Núcleo de Estudos e Pesquisa em Nutrição e Saúde NUPENS/USP Cíntia Ayako Nagano - Gerência de Produtos Especiais (Gpesp/Ggali/Anvisa) Daniela Aparecida dos Reis Arquete - Gerência de Produtos Especiais (Gpesp/Ggali/Anvisa) Dayse Montenegro - Gerência de Nutrição Secre-taria de Saúde do DF Denise Cavalcante de Barros - Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição da Região Sudeste/ Ensp/Ficruz Denise Gigante - Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Dillian Adelaine Cesar da Silva - Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/SAS/MS) Eliane Said Dutra - NUT/FS/UnB e Centro de Alimentação Saudável/UnB Elisabete Gonçalves Dutra - Gerência de Produtos Especiais (Gpesp/Ggali/Anvisa) Estelamaris Tronco Monego - Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Região Centro-Oeste UFG Geila Cerqueira Felipe - Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição da Região Sudeste/ Ensp/FICruz Helen Altoé Duar - Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/SAS/ MS) Hoeck Aureo Souza Miranda - Gerência de Produtos Especiais (Gpesp/Ggali/Anvisa) Isabella Maria Araújo Costa - estagiária de nutri-ção/ CGPAN Janine Giuberti Coutinho - Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutricional/NP3/UnB João Tavares Neto - Gerência de Produtos Especiais (Gpesp/Ggali/Anvisa) Juliana Amorim Ubarana -Coordenação-Geral da Politica de Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/ SAS/MS) Karem Gomes Mordenell - Gerência de Inspeção e Controle de RiscosemAlimentos Gicra/Ggali/Anvisa Kênia M. Baiocchi de Carvalho - NUT/ FS/ UnB e Centro de Alimentação Saudável/UnB Laura Misk de Faria Brant - Gerência de Inspeção e Controle de Riscos em Alimentos - Gicra/Ggali/ Anvisa Lígia Teixeira Mendes de Azevedo - Gerência de Nutrição Secretaria de Saúde do DF Lucas Medeiros Dantas - Gerência de Produtos Especiais GPESP/GGALI/ANVISA Luciana Sardinha - Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição (GPAN/DAB/SAS/MS) Márcia Regina Vitolo - Departamento de Nutrição Unisinos Marcus Valério Frohe de Oliveira - Divisão de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco/Inca Maria de Fátima C. C. de Carvalho - Coordenação- Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/SAS) Maria Queiroz Maia - Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN /DAB/ SAS/ MS) Mariana Martins Pereira - Estagiária em Nutrição/CGPAN Marília Mendonça Leão - Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/ SAS/MS) Marina Kyomi Ito - Centro de Alimentação Saudável/UnB Muriel Bauerman Gubert - Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutricional/NP3/UnB Oníria Arruda Figueiredo - Conselho Regional de Nutrição CRN-3 Patrícia Gentil - Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição 100 (CGPAN/DAB/SAS/MS) Raquel Assunção Botelho Departamento de Nutrição /UnB Reginalice Maria da Graça Bueno Saab - Gerência de Inspeção e Controle de Riscos em Alimentos Gicra/ Ggali/Anvisa Rodrigo Martins de Vargas - Gerência de Produtos Especiais Gpesp/Ggali/Anvisa) Rosane Maria Franklin Pinto - Gerência de Inspeção e Controle de Riscos em Alimentos Gicra/ Ggali/ Anvisa
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    210 GUIA ALIMENTARPARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Rosângela Maciel - Coordenação-Geral da Politica de Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/SAS/MS) Sonia Tucunduva Philippi - Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública (NUT/FSP/ USP) Sueli Gonçalves Couto - Divisão de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco/INCA Valéria Paschoal Conselho Regional de Nutrição CRN-3 Zuleica Portela de Albuquerque - Organização Pan- Americana de Saúde OPAS-Brasil Elaboração das tabelas de porções de alimentos e revisão do n o de porções de alimentos para as diretrizes Sonia Tucunduva Philippi - Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública (NUT/FSP/ USP) Versão final Ana Beatriz Vasconcellos - Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/ SAS/MS) Anelise Rizzolo Oliveira Pinheiro. Coordenação- Geral da Política de Alimentação e Nutrição - CGPAN/DAB/SAS/MS Elisabetta Recine - Observatório de Política de Segurança Alimentar e Nutricional; Departamento de Nutrição da Universidade de Brasília e consultora da CGPAN Maria de Fátima C. C. de Carvalho - Coordenação- Geral da Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN/DAB/SAS/MS)