Manoel da Fonseca
Manoel da Fonseca nasceu a 12 de outubro de 1911 em Santiago
do Cacém. Após terminar o ensino básico, prosseguiu os seus
estudos em Lisboa no Liceu Camões e na Escola de Belas Artes.
Aproveitava as férias para sempre regressar ao seu Alentejo, que
se tornou o espaço de ação dos seus primeiros textos. Escreveu
contos, poesia, crónicas….
(...) Exerceu atividades muito díspares, quer na área do comércio,
quer na da indústria, tendo ainda trabalhado em jornais e revistas
e numa agência de publicidade. Foi uma figura de destaque dentro
do neo-realismo português.
‘Eu não sou um erudito, de modo nenhum. Penso que a erudição é inimiga
da arte. O ficcionista não pode ser um erudito, tem de ser um construtor
de mundos. Os eruditos são conhecedores de factos passados que
estudam e sabem tudo. Sabem tudo acerca da batalha de Aljubarrota:
quem lá estava, a que horas foi, como começou, como se desenvolveu. O
escritor muitas vezes tem de inventar. Essa é a sua realidade. Quanto a
popular, isso para mim não tem grande significado. Sou um escritor que
escreve do povo, não sou um escritor popular. Não sou um erudito, sou um
criador de ficção.’
In JL, 16 de março de 1993
Faleceu em Lisboa em 11 de março de 1993.
‘Antigamente, o Largo era o centro do mundo. Hoje, é apenas
um cruzamento de estradas, com casas em volta e uma rua que
sobe para a Vila.’ (…)
‘O comboio matou o Largo. Sob o rumor do rodado de ferro
morreram homens que eu supunha eternos.’ (…)
‘Era o centro da Vila. Os viajantes apeavam-se da diligência e
contavam novidades. Era através do Largo que o povo
comunicava com o mundo. Também, à falta de notícias, era aí
que se inventava alguma coisa que se parecesse com a
verdade.’ (…)
Nove casas,
Duas ruas,
Ao meio das ruas
Um largo,
Ao meio do largo,
Um poço de água fria. (…)
BIBLIOTECA ESCOLAR
EPADD
MANOEL DA FONSECA
Manoel da Fonseca  2015

Manoel da Fonseca 2015

  • 1.
    Manoel da Fonseca Manoelda Fonseca nasceu a 12 de outubro de 1911 em Santiago do Cacém. Após terminar o ensino básico, prosseguiu os seus estudos em Lisboa no Liceu Camões e na Escola de Belas Artes. Aproveitava as férias para sempre regressar ao seu Alentejo, que se tornou o espaço de ação dos seus primeiros textos. Escreveu contos, poesia, crónicas…. (...) Exerceu atividades muito díspares, quer na área do comércio, quer na da indústria, tendo ainda trabalhado em jornais e revistas e numa agência de publicidade. Foi uma figura de destaque dentro do neo-realismo português. ‘Eu não sou um erudito, de modo nenhum. Penso que a erudição é inimiga da arte. O ficcionista não pode ser um erudito, tem de ser um construtor de mundos. Os eruditos são conhecedores de factos passados que estudam e sabem tudo. Sabem tudo acerca da batalha de Aljubarrota: quem lá estava, a que horas foi, como começou, como se desenvolveu. O escritor muitas vezes tem de inventar. Essa é a sua realidade. Quanto a popular, isso para mim não tem grande significado. Sou um escritor que escreve do povo, não sou um escritor popular. Não sou um erudito, sou um criador de ficção.’ In JL, 16 de março de 1993 Faleceu em Lisboa em 11 de março de 1993. ‘Antigamente, o Largo era o centro do mundo. Hoje, é apenas um cruzamento de estradas, com casas em volta e uma rua que sobe para a Vila.’ (…) ‘O comboio matou o Largo. Sob o rumor do rodado de ferro morreram homens que eu supunha eternos.’ (…) ‘Era o centro da Vila. Os viajantes apeavam-se da diligência e contavam novidades. Era através do Largo que o povo comunicava com o mundo. Também, à falta de notícias, era aí que se inventava alguma coisa que se parecesse com a verdade.’ (…) Nove casas, Duas ruas, Ao meio das ruas Um largo, Ao meio do largo, Um poço de água fria. (…)
  • 2.