O documento resume os principais pontos da epopeia Os Lusíadas, de Camões, incluindo a definição de herói, as viagens de Vasco da Gama, os elogios e críticas feitas pelo poeta, e exemplos das vozes críticas do poeta ao longo da obra.
O queé um herói segundo a visão clássica: Indivíduo
excepcional, que se destaca do vulgo, pelo seu carácter e
formação superior e pela sua capacidade de acção, de
superação de obstáculos, de luta contra as adversidades,
em prol de um bem comum. Este é também o conceito de
herói presente em Os Lusíadas, que recebe o prémio na Ilha
do Amores, o prémio do reconhecimento pelas divindades,
a glorificação, prémio que se dá com a coroação dos heróis
com coroas de louro, pela via do amor e do acesso a
conhecimento privilegiado, ao contactarem com ninfas, ao
usufruírem dos prazeres comensais oferecidos por Vénus, e
ao acederem à visão da máquina do mundo e ao
conhecimento de profecias proferidas por Thétis a Vasco
da Gama.
3.
Este herói,indivíduo excepcional, busca a fama
através do “ouro puro”, enquanto metáfora do
Bem e da verdadeira fama que deve mover o
Homem e opõe-se a todo aquele que procura
conquistar a fama através de objetivos egoístas
e materialistas.
Devemos então distinguir dois conceitos de
fama: a fama que se alcança pelo caminho da
virtude, e a fama vã que se conquista em nome
de valores materialistas, esta última criticada
pelo poeta e pelo Velho do Restelo.
4.
O heróimedieval que se realiza no plano
terreno e que corresponde ao ideal
cavaleiresco: destaca-se na luta pela
expansão da fé, combate contra os infiéis e
a conquista de territórios aos mouros –
exemplo de Nuno Álvares Pereira
O herói renascentista: aquele que valoriza
a ação e as artes, aquele que parte em
busca do conhecimento, na luta contra a
natureza adversa – Vasco da Gama
5.
A capacidadede enfrentar e de lutar
contra as adversidades, na luta pelo
desvendar do conhecimento – o esforço
A virtude moral e a cultura pelas artes,
formação privilegiada pela genealogia
linhagista – a cultura, as artes
6.
A defesade um modelo: a realização do
homem completa-se na conciliação entre
os planos da ação e o caminho da virtude, o
caminho da Fama em prol do Bem comum.
A crítica de Camões incide naqueles que
correm atrás da fama vã, que se deixam
mover por valores materialistas e egoístas,
crítica que encontramos também no Velho
do Restelo.
7.
Síntese dos assuntosnarrados e
Estâncias onde podemos encontrar
a Voz crítica do Poeta
8.
Proposição
Invocação
Dedicatória
Início da narração in media res
Consílio dos deuses
Chegada a Melinde – pedido do rei de Melinde
A Voz do Poeta: “grandes e
gravíssimos perigos” que ameaçam o
homem, tanto no mar como em terra
(Canto I, est. 106)
9.
Relato deVasco da Gama: descrição da
Europa
História de Luso a Viriato;
Referência ao conde D. Henrique e à
formação da nacionalidade
1ª dinastia: D. Afonso Henriques, D. Sancho
I, D. Afonso III, D. Dinis, D. Afonso IV, D.
Pedro I e D. Fernando
10.
Feitos da2ª dinastia: D. João I, D. Duarte, D.
Afonso V, D. João II e D. Manuel
Discurso de Nuno Álvares Pereira
Sonho profético de D. Manuel
Despedidas de Belém
Discurso do Velho do Restelo
11.
Narração daviagem desde Lisboa a Melinde
Episódio do gigante Adamastor e conclusão
da narração ao rei de Melinde
A Voz do Poeta: o poeta denuncia o
desprezo dos portugueses pelas Artes e
pelas Letras, uma vez que esta situação
prenuncia alguns sinais de decadência
nacional (est. 92-100)
12.
Despedida deMelinde e viagem para a Índia
Tempestade
A voz do Poeta: o valor das honras e da glória
alcançadas por mérito próprio (est. 95-99)
“Por meio destes hórridos perigos,
Destes trabalhos graves e temores,
Alcançam os que são de fama amigos
As honras imortais e graus maiores” (est. 95)
13.
Chegada àÍndia:
Visita de Vasco da Gama ao Samorim
Visita do Catual às naus
A Voz do Poeta: o poeta denuncia a
ausência de um sentimento patriótico,
aliado à luta pelo bem coletivo, sentindo-se
ele próprio vítima da ingratidão (est. 78-87)
14.
Partindo dosignificado das figuras das
bandeiras, Paulo da Gama fala ao Catual de
outras figuras da História de Portugal: Luso,
Viriato, Afonso Henriques…
A Voz do Poeta: o dinheiro, o poder do ouro
e a ambição corrompem o povo, os reis e
mesmo os sacerdotes (est. 96-99)
15.
Viagem deregresso dos portugueses
A ilha dos Amores
A Voz do Poeta: Condenação da cobiça, da
ambição e da tirania e conselhos aos que
aspiram a alcançar a condição de herói, o
que implica a conquista do espaço e a
conquista do elemento feminino,
representado na ilha de Vénus (est. 92-95)
16.
A máquinado mundo – na ilha dos amores
Exortação a D. Sebastião e vaticínio de glórias
futuras para os portugueses
A Voz do Poeta: lamentações do Poeta –
denúncia da decadência da Pátria, renovação dos
apelos já feitos ao rei na dedicatória,
incentivando-o a tomar medidas que reponham o
país na senda do êxito e da glória, apelando à
valorização da experiência, um valor a preservar
(est. 145-156)