Prevenção do Câncer de Colo: quando a colposcopia é indicada?

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ATENÇÃO ÀS
MULHERES
PREVENÇÃO DO CÂNCER DE COLO:
QUANDO A COLPOSCOPIA É INDICADA?

• No Brasil, o câncer de colo é o 3º tumor mais frequente na população
feminina e a 4ª causa de morte por câncer entre as mulheres.
• Estimativa de novos casos para o ano de 2020: 16.710 casos.
• Estimativa de mortes: 6.627.
Ainda que seja evitável...
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Entender o que é a colposcopia;
Conhecer as finalidades deste exame; e
Saber quando indicá-la.
Objetivos desta apresentação:

Introdução
• A palavra colposcopia deriva do grego – SKOPE (observação) e KOLPOS (vagina). Significa “olhar
com atenção para a vagina”.
• Em 1925, Hans Hilsemann (médico alemão) buscava detectar a microlesão no colo, acreditando
que esse seria o início do câncer. O exame ficou restrito aos países germânicos por mais de 25
anos.
• Com o advento da classificação de
Papanicolaou, em 1943, a citologia ganha
espaço e a colposcopia passa a não atrair tanta
atenção, até ressurgir no pós-guerra nos EUA.
• Citologia e colposcopia são exames que se
complementam, não que se substituem.
Cartier, 1994.

O Colposcópio
- É um microscópio binocular, com lentes de aumento e fonte de luz, que permitem observar e
registrar o revestimento do colo uterino e da vagina.
- O tecido conjuntivo se mostra com uma tonalidade rosada e o epitélio glandular aparece
avermelhado e com uma superfície papilar.
Cartier, 1994; Khan, 2017.
A colposcopia permite:
- Determinar a presença de achados
anormais, sugerindo o grau da lesão
(severidade), sua topografia, extensão e
direcionar a biópsia para o local mais
apropriado;
- Identificar o tipo de zona de
transformação e
- Planejar o tratamento.

Principais Riscos
A mulher pode sentir algum desconforto, cólica, ansiedade. Caso seja
necessária uma biópsia, pouco frequentemente pode haver sangramento ou
infecção nos dias seguintes ao procedimento.
Como é feito o exame?
1. Após a introdução do espéculo, o conteúdo vaginal é retirado com
soro fisiológico e feita a observação dos epitélios do colo e vagina
buscando achados anormais que não dependem do ácido acético
(pólipos, úlceras, etc.);
2. Observa-se a vascularização usando-se o filtro verde ou azul;
Continua...
Cartier, 1994.

Principais Riscos
3. Após a aplicação do ácido acético 3-5%, observa-se novamente os
epitélios do colo e vagina, buscando achados anormais menores ou
maiores. O padrão de normalidade é o revestimento manter-se
róseo. Áreas que ficam brancas após a aplicação do ácido acético
sugerem lesão intraepitelial. Também permite a observação da a
junção escamosa-colunar (JEC);
4. Aplica-se lugol (Solução de Schiller) que ajuda na demarcação dos
achados anormais, da zona de transformação e avaliação da
vagina. O epitélio normal cora com o iodo, ficando amarronzado,
enquanto as áreas anormais geralmente não se coram
adequadamente.
Cartier, 1994.

Zona de Transformação do Colo do Útero (ZT)
A ZT vai da Junção escamo colunar (JEC) até o
último elemento glandular que podemos
visualizar (orifício ou cistos). Essa é a região
onde se deu um processo metaplásico (o
epitélio glandular se transformou em
escamoso).
É na ZT que se encontram a maioria das lesões
intraepiteliais de maior gravidade, daí a
importância da inspeção cuidadosa da ZT.
Cytryn, 2009.

• Não estar menstruada;
• Evitar na véspera: coito, uso de cremes vaginais;
• Tratar processos inflamatórios previamente;
• Tratar hipoestrogenismo: antes da colposcopia, prescrever estriol, promestrieno creme vaginal
ou estradiol (por 21 dias seguido de intervalo de 5 a 7 dias antes do dia previsto para o exame).
Para melhorar a visualização da JEC, em casos mais difíceis, pode-se usar pinças longas e/ou
estrogênio oral (7 a 10 dias antes do dia previsto para o exame), que pode ajudar a fluidificar o
muco e exteriorizar ou facilitar a visão da JEC.
Condições Ideais para Realizar o Exame

As principais indicações para a colposcopia são:
• Alteração citológica (ver adiante)
• Seguimento pós tratamento NIC II/ III / Ca microinvasor ( INCa, 2016)
• Sangramentos anormais (pós coito, intermenstrual)
• Alteração visual no exame especular
• Testes de biologia molecular mostrando a presença de HPV dos tipos 16 ou 18)
ou outros tipos se acompanhados de qualquer alteração citológica
Indicações da Colposcopia

Indicações da Colposcopia: Alterações Citológicas
O sistema BETHESDA é a nomenclatura atualizada e padronizada para classificar as
alterações citológicas. As principais referências para seu uso estão apresentadas abaixo.

Alterações Citológicas e Necessidade de Colposcopia:
Atipias nas Células Escamosas
ASC-US (células escamosas atípicas de significado indeterminado possivelmente não neoplásicas
ou sem especificação) é a alteração mais frequente, com risco de NIC II/ III de 6 a 11 % e risco de
invasão de 0,1 a 0,2%.
Indicações para colposcopia:
ASC-US 25-29 anos - 2 exames alterados no intervalo de 12 meses
ASC-US > 30 anos - 2 exames com intervalo de 6 meses
ASC-US < 25 anos - repetir em 3 anos (se mantiver ASC-US aos 25 anos)
ASC-US em imunossuprimida: basta 1 exame em qualquer idade
• ASC-US pós menopausa: se atrofia, preparo estrogênico com creme vaginal por 21 dias com
intervalo de 5 a 7 dias antes de nova citologia ou colposcopia.
MS, Inca, 2016.
Colposcopia

LSIL (lesão epitelial escamosa de baixo grau ) é a manifestação citológica
da infecção pelo HPV, com risco de NIC II/III de cerca de 21%.
> 25 anos - 2 exames alterados com intervalo de 6 meses
< 25 anos – repetir citologia em 3 anos
▪ Imunossuprimidas – Basta 1 exame alterado
▪ Menopausa – se atrofia, preparo estrogênico com creme vaginal por
21 dias com intervalo de 5 a 7 dias antes de nova citologia ou colposcopia
▪ Gestante – aguardar 90 dias pós parto para repetir a citologia ou realizar a colposcopia.
MS, Inca, 2016.
Colposcopia
Screening.iarc.fr

ASC-H (células escamosas atípicas não podendo excluir lesão epitelial de alto grau). A prevalência
de NIC II/III é muito variável na literatura pelo uso de diferentes metodologias nos estudos: de 12
a 68%.
Estudo do IFF com mulheres do Rio de Janeiro encontrou risco de 19% para NIC II/III (Cytryn et al,
2009).
Todas as mulheres com ASC-H devem ser encaminhadas para realizar a colposcopia!
MS, Inca, 2016.

HSIL (Lesão escamosa intraepitelial de alto grau). A prevalência de NIC
II/III é 75%, com risco de invasão de 1 a 2%.
A colposcopia deve ser realizada em TODAS as mulheres com HSIL.
Nesses casos, a colposcopia permite diagnóstico pela biópsia e a
abordagem “ver e tratar” em casos específicos.
MS, Inca, 2016.

Atipias nas Células Glandulares (AGC)
São células glandulares atípicas de significado indeterminado e possivelmente não neoplásicas ou
quando não se pode excluir lesão epitelial de alto grau. A nova nomenclatura da SBC (2020) buscar
especificar o local da alteração, da seguinte forma:
• A prevalência é baixa, mas com associação com NIC II/ III ou câncer de 15 a 56%. Também pode
estar associado a lesões benignas, como pólipo cervical, endometrial, hiperplasia microglandular,
uso de DIU, endometriose, artefatos do escovado, entre outros
• TODAS as mulheres tem indicação de realizar colposcopia nos casos de AGC.
MS, Inca, 2016.

Alterações Citológicas e Necessidade de Colposcopia: Adenocarcinoma Invasor (AIS)
A classificação da SBC também localiza o local do carcinoma na nova nomenclatura:
▪ A associação do AIS com lesão pré-invasiva/invasiva é alta, em torno de 50%
▪ Nesses casos, a colposcopia é importante antes de se fazer a conização ou histerectomia,
para definir qual será o tratamento mais adequado. Todas as mulheres com resultado de
AIS devem ser encaminhadas para colposcopia.
MS, Inca, 2016; Cartier, 1994; SBC, 2020.

FIGO, 2018.
Outras Indicações da Colposcopia
Seguimento pós tratamento de NIC II/ III com margens comprometidas ou de carcinoma
microinvasor de colo (IA1). Fatores ligados à recorrência: > 50 anos, grau da doença
tratada, HPV AR persistente, tabagismo, imunocomprometimento , multiparidade.
Pós-tratamento conservador de AIS: colposcopia à critério do serviço.
Histerectomia com diagnóstico NIC II/ III / AIS e citologia alterada.

Manual de PTGI. Febrasgo, 2010.
Outras Indicações da Colposcopia
Sangramentos anormais (pós coito, intermenstrual, pólipo cervical suspeito)
Alteração visual no exame especular – leucoplasia, lesões suspeitas de invasão na
vagina ou colo do útero.

Manual de PTGI. Febrasgo, 2010.
• Colposcopia é um exame que auxilia na prevenção do câncer de colo do útero.
• A maior indicação do exame é a citologia de rastreio alterada.
• É necessário ter um programa organizado de rastreio populacional e fluxo
adequado de exames de diagnóstico, buscando o tratamento das lesões
precursoras do câncer de colo conforme diretrizes nacionais vigentes.
• A colposcopia deve ser realizada por profissional
treinado.
• Há que se correlacionar os achados colposcópicos com a histologia e
acompanhar além do exame, o tratamento e seguimento.

• Cartier R. Colposcopia Prática. 3ª.ed.. São Paulo: Rocca, 1994.
• Khan MJ, Werner CL, Darragh TM, et al. ASCCP Colposcopy Standards: Role of Colposcopy, Benefits, Potential Harms, and
Terminology for Colposcopic Practice. J Low Genit Tract Dis. 2017;21(4):223-229. doi:10.1097/LGT.0000000000000338
• Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Divisão de Detecção
Precoce e Apoio à Organização de Rede. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero / Instituto
Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Divisão de Detecção Precoce e
Apoio à Organização de Rede. – 2. ed. rev. atual. – Rio de Janeiro: INCA, 2016.
• Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. FEBRASGO. Manual de patologia do trato genital inferior.
2020.
• Bhatla N, Aoki D, Sharma DN, Sankaranarayanan R. Cancer of the cervix uteri. Int J Gynaecol Obstet. 2018 Oct;143 Suppl
2:22-36. doi: 10.1002/ijgo.12611. PMID: 30306584.
• Sociedade Brasileira de Citopatologia. Atualização da nomenclatura brasileira para laudos citopatológicos do colo uterino e
áreas ano-genitais. 2020.
• Cytryn, Andréa et al. Prevalence of cervical intraepithelial neoplasia grades II/III and cervical cancer in patients with
cytological diagnosis of atypical squamous cells when high-grade intraepithelial lesions (ASC-H) cannot be ruled out. Sao
Paulo Medical Journal [online]. 2009, v. 127, n. 5 [Accessed 24 December 2022], pp. 283-287. Available from:
<https://doi.org/10.1590/S1516-31802009000500007>. Epub 03 Feb 2010. ISSN 1806-9460.
https://doi.org/10.1590/S1516-31802009000500007.
Referências

ATENÇÃO ÀS
MULHERES
Material de 03 de março de 2023
Disponível em: portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br
Eixo: Atenção às Mulheres
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