Vigilância em
saúde
Ana Glaucy
VIGILÂNCIA
EPIDEMIOLÓGICA
• Durante muitos séculos, vários países tiveram
suas populações atingidas por doenças
transmissíveis que levavam à morte.
• A ideia sobre esse acontecimento baseava-se
na teoria miasmática, que entendia que as
doenças eram causadas pela movimentação
do ar, pois este carregaria gases pestilenciais
originados da matéria orgânica apodrecida,
resultado de águas pantanosas,
“contaminando” o meio ambiente
• Mesmo não tendo noção da existência de
microrganismos patogênicos, nem tampouco
de suas formas de transmissão, os
profissionais de saúde daquelas épocas
implementavam medidas empíricas de
isolamento social e confinamento em
instituições (as “Santas Casas”), bem como
limpeza das ruas e casas, aterro de águas
paradas, controle das instalações de
cemitérios e de estabelecimentos para
comércio do pão, vinho e carne e proibição da
entrada de indivíduos contaminados pela
peste particularmente pelos portos.
• A partir da primeira metade do século XX, com o
desenvolvimento de métodos de combate como
as vacinas e o surgimento da noção de agente
infeccioso, iniciou-se uma prática científica de
controle das doenças dando-se maior importância
ao indivíduo portador e ao microrganismo.
• Anteriormente, acreditava-se que a doença era
uma consequência natural da interação agente
infeccioso-Hospedeiro; nesse contexto, as
medidas de controle voltavam-se prioritariamente
para essa interação, ou seja, objetivavam
exterminar o agente infeccioso e isolar o
hospedeiro, sem considerar qualquer outro fator
que pudesse influenciar o processo.
• A partir desse quadro, em que havia grave
acometimento de grandes parcelas populacionais por
doenças transmissíveis, criou-se a necessidade de
analisar as manifestações dessas doenças, o que
propiciou o surgimento e desenvolvimento da ciência
epidemiológica, que possibilitou o estudo da
distribuição dos determinantes da frequência das
doenças no homem. Tornou-se, então, possível
conhecer melhor as condições e fatores que
favoreciam a ocorrência das moléstias faixa etária
(infância, velhice), sexo, lugares (meio urbano,
proximidade com florestas), épocas do ano
(estações, meses), ocupações (profissionais do
sexo, operários da construção civil) e outras
condições de interesse.
• Como saber então que tipos de enfermidades
transmissíveis estavam surgindo e quantos eram
os casos?
• Que doenças estariam sendo controladas com os
procedimentos adotados?
• Para que as informações necessárias à adoção de
medidas pertinentes relacionadas ao controle e
prevenção de doenças pudessem ser atualizadas
constantemente, surgiram os serviços de
vigilância epidemiológica, cujo objetivo era
desenvolver atividades de coleta e análise de
dados, determinando, assim, as medidas a serem
aplicadas ao ambiente e aos doentes ou às
pessoas em risco de adoecer.
• As ações epidemiológicas direcionavam-se para
o controle da transmissão do agente infeccioso,
centradas no isolamento do hospedeiro e no
extermínio do agente do ambiente. Tais medidas
melhoraram a assistência à população, mas
ainda relacionavam-se a uma visão restrita da
epidemiologia. Assim, tanto no Brasil como no
mundo, a aplicação de medidas epidemiológicas
viabiliza a redução do número de casos de
doenças transmissíveis, chegando-se mesmo a
eliminar algumas, como a poliomielite, e a
erradicar outras, como a varíola a partir do
momento em que são controladas, perdem um
pouco de sua importância anterior.
• A partir da obtenção de um controle relativo sobre
as doenças transmissíveis, ocorreram
importantes mudanças sociais, geradas pelo
processo de industrialização, êxodo rural e
crescimento das cidades.
• Começaram, então, a aumentar o número de
casos de doenças não transmissíveis e de
indivíduos acometidos por agravos, fortemente
influenciados por fatores externos relacionados a
um estilo de vida pouco saudável, tais como dieta
inadequada, excesso de trabalho, vida
sedentária, consumo excessivo de bebidas
alcoólicas, estresse, abuso de drogas, violência
urbana e no trânsito, dentre outros.
• O aumento da ocorrência dessas disfunções e
agravos passou a despertar a atenção das
autoridades sanitárias pelo impacto promovido
na população economicamente ativa (PEA). O
alto índice de pessoas afastadas do trabalho
por longos períodos, bem como a ocorrência de
pedidos de aposentadoria precoce por invalidez
parcial ou total e aumento do número de óbitos
a elas relacionados fizeram com que os
profissionais de saúde começassem a
questionar se também não seria necessária a
elaboração de medidas de prevenção e controle
das doenças não transmissíveis e agravos
• Como nessas situações não havia um agente
etiológico (causador), iniciou-se a discussão e
valorização dos determinantes sociais como
potenciais causadores de doenças não
transmissíveis e agravos. O estilo de vida e as
condições sociais, influenciando a existência desses
acometimentos populacionais, levaram os
profissionais de saúde a constatarem sua inter-
relação com outros setores públicos, o que fez com
que o planejamento das ações na promoção de
condições que favorecessem a prevenção e o
controle dessas doenças passasse a ser elaborado
em conjunto com os órgãos responsáveis pelo
saneamento, transporte, segurança, trabalho,
agricultura, habitação e educação.
• Essa nova forma de encarar as doenças, a
organização dos profissionais em torno da discussão
acerca desses temas e a emergência de uma
reforma do setor saúde influenciam diretamente a
reformulação do conceito de epidemiologia a qual
não mais irá somente considerar a distribuição das
frequências das doenças, mas também incorporará a
importância dos determinantes sociais no processo
saúde-doença, redirecionando as ações relacionadas
à prevenção e ao controle das doenças
transmissíveis, bem como das doenças não-
transmissíveis e agravos. A atuação isolada ou em
conjunto de cada um desses determinantes pode
gerar um estímulo responsável pela ocorrência das
doenças
• A partir daí, o Brasil passa a apresentar duas
realidades de saúde que determinam seu perfil
epidemiológico: por um lado, o baixo
investimento nas ações de prevenção e controle
das doenças transmissíveis permitiu que estas
voltassem a se manifestar, mesmo onde parecia
já estarem eliminadas; por outro, a cada dia
aumenta o número de pessoas afetadas por
doenças não-transmissíveis e agravos, , o que
só se intensificou com o aparecimento da covid,
fazendo com que tenhamos o fenômeno da
confluência de riscos, que expõe a população a
várias possibilidades de adoecimento.
• Dessa forma, para os setores de política pública e
serviços de saúde que desenvolvem ações
considerando o perfil epidemiológico da população
assistida, surgem dois desafios:
• voltar a intensificar ou até mesmo criar novas
ações de vigilância epidemiológica que atinjam as
doenças transmissíveis;
• voltar a atenção da vigilância epidemiológica para
as doenças não-transmissíveis (câncer, diabetes,
hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e
outras) e agravos (mortes no trânsito, acidentes
de trabalho, violência), cuja ocorrência aumenta
diariamente, principalmente nas grandes cidades.
• É bem mais frequente buscarmos atendimento
apenas quando da existência de algum sintoma ou
sinal preocupante. E essa demanda serve como
parâmetro aos serviços de saúde para a avaliação do
perfil epidemiológico da população, procurando,
assim, manter uma vigilância constante.
• Vigiar as doenças e agravos é importante para
conhecermos o seu modo de manifestação, que
indivíduos têm maior facilidade para contraí-las, qual
a faixa etária mais atingida, em que época do ano
ocorrem com mais frequência, que localidades
apresentam maior número de casos de determinada
doença e sobre quais determinantes faz-se
necessário intervir para atender às necessidades de
saúde da população.
• A vigilância epidemiológica (VE) é um serviço que reúne um
conjunto de ações que permite acompanhar a evolução das doenças
na população. Funciona como um “termômetro”, um indicador de
que ações devem ser priorizadas no planejamento da assistência à
saúde.
• Entretanto, para que a vigilância epidemiológica possa propor ações
de prevenção e controle a partir do estudo do comportamento das
doenças e agravos à população, é importante seguir algumas
etapas:
• coleta de dados – consiste em buscar junto às fontes de dados
(população, imprensa, serviços de saúde, escolas, creches,
presídios e indústrias) as informações relevantes que possam
colaborar na identificação de situações de risco. Os dados podem
ser agrupados como demográficos e ambientais, de morbidade e
mortalidade. As informações obtidas sobre casos de doenças,
agravos e epidemias devem ser consideradas somente após prévia
investigação para confirmar ou descartar o caso, pois muitas vezes
sua divulgação, além de assustar a população, tem origem duvidosa
• processamento dos dados – significa reunir todos os
dados coletados e agrupá-los de acordo com seu
grau de importância e relevância. As informações são
organizadas em gráficos, quadros e tabelas, para
permitirem melhor visualização dos problemas e seus
determinantes. Geralmente, são ordenadas em
ordem de ocorrência e separadas por mês, bairro de
moradia do doente, unidade que notificou a suspeita
do caso e região do município, estado e país.
• análise dos dados – busca interpretar as informações
coletadas, procurando estabelecer as relações
causais. Sua realização permite que os responsáveis
pela vigilância epidemiológica relacionem os
determinantes de doenças e agravos.
• recomendação de medidas de controle e
prevenção – aponta que precauções podem
ser recomendadas no controle e prevenção
da ocorrência da doença. As campanhas de
vacinação, as campanhas educativas
disseminadas pela televisão e na escola,
• promoção das ações de controle e
prevenção – consiste em planejar e
executar ações como vacinações,
tratamento dos doentes, controle do
ambiente, divulgação de informações sobre
precauções para transmissão de doenças;
• avaliação da eficácia das medidas – é a análise
dos resultados das ações, visando identificar se
as metas propostas foram alcançadas e avaliar
seu impacto na saúde coletiva, por meio dos
indicadores de saúde.
• divulgação das informações – objetiva mostrar os
resultados alcançados de forma simples e clara,
de modo que todos os interessados possam
compreendê-los. Após a realização de uma
campanha de vacinação, é comum que as
secretarias de Saúde divulguem o número de
doses de vacinas aplicadas e de pessoas
vacinadas, para que se tenha a noção do impacto
das medidas adotadas
• Notificação é entendida como “a
comunicação da ocorrência de
determinada doença ou agravo à saúde,
feita à autoridade sanitária por
profissionais de saúde ou qualquer
cidadão.
• Subnotificação — quando o número de
registros de ocorrência de casos de
doenças é menor do que o realmente
ocorrido, o que impede o poder público
atuar no atendimento às reais
necessidades da população
• Lista Nacional de Doenças e Agravos
de Notificação Compulsória
• I. Botulismo
• II. Carbúnculo ou Antraz
• III. Cólera
• IV. Coqueluche
• V. Dengue
• VI. Difteria
• VII. Doença de Creutzfeldt - Jacob
• VIII. Doenças de Chagas (casos agudos)
• IX. Doença Meningocócica e outras
Meningites
• X.Esquistossomose (em área não
endêmica)
• XI. Eventos Adversos Pós-Vacinação
• XII.Febre Amarela
• XIII. Febre do Nilo Ocidental
• XIV. Febre Maculosa
• XV. Febre Tifóide
• XVI. Hanseníase
• XVII. Hantavirose
• XVIII. Hepatites Virais
• XIX. Infecção pelo vírus da imunodeficiência
humana HIV em gestantes e crianças expostas
ao risco de transmissão vertical
• XX. Influenza humana por novo subtipo
(pandêmico)
• XXI. Leishmaniose Tegumentar Americana
• XXII. Leishmaniose Visceral
• XXIII.Leptospirose
• XXIV. Malária
• XXV. Meningite por Haemophilus influenzae
• XXVI. Peste
• XXVII.Poliomielite
• XXVIII.Paralisia Flácida Aguda
• XXIX.Raiva Humana
• XXX.Rubéola
• XXXI.Síndrome da Rubéola Congênita
• XXXII. Sarampo
• XXXIII. Sífilis Congênita
• XXXIV. Sífilis em gestante
• XXXV. Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida - AIDS
• XXXVI. Síndrome Febril Íctero-
hemorrágica Aguda
• XXXVII. Síndrome Respiratória Aguda
Grave
• XXXVIII. Tétano
• XXXIX. Tularemia
• XL. Tuberculose
• XLI. Varíola
• No Brasil, além do Sistema Nacional de Agravos
de Notificação (SINAN) que reúne todas as
informações relativas aos agravos de notificação,
alimentado pelas notificações compulsórias
existem outros sistemas de informações de
interesse para a vigilância epidemiológica,
dentre os quais se destacam:
• Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) –
reúne os dados relativos aos óbitos ocorridos.
Alimentado pelos atestados de óbito emitidos,
possibilita o conhecimento da distribuição dos
óbitos por faixa etária, sexo, causa e outras
informações variáveis de acordo com o interesse
da consulta.
• Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) –
permite conhecer quantas crianças nascem por ano e por
região, bem como as características ligadas à saúde da mãe
(idade gestacional, por exemplo) e do recém-nascido
(presença de malformações congênitas ao nascer),
apontando que necessidades assistenciais devem ser
atendidas na região dos nascimentos para melhorar a
qualidade da assistência pré-natal e à criança;
• Sistema de Informações Hospitalares (SIH) – reúne
informações sobre a assistência prestada pelos hospitais. É
alimentado principalmente pelos dados contidos nas
autorizações de internações hospitalares e pelos relatos
contidos nos prontuários dos pacientes. É importantíssimo
para a definição do perfil epidemiológico da população
assistida, pois muitos doentes hospitalizados não chegam a
ser assistidos nas unidades básicas de saúde, principal fonte
de notificação dos serviços de epidemiologia locais
• Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA) – reúne as
informações obtidas com os atendimentos ambulatoriais,
seja em unidades básicas de saúde, seja em hospitais.
Permite, entre outros dados, verificar se todos os atendidos
em um ambulatório são moradores da região, indicando a
falta de serviços voltados para o atendimento das
necessidades dos moradores que se deslocam de muito
longe para obter serviços de saúde
• Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) –
permite conhecer o perfil das condições nutricionais. As
informações disponíveis possibilitam constatar a ocorrência
de desnutrição e sua distribuição, permitindo, assim, a
determinação de medidas que controlem e previnam sua
ocorrência. Com o aumento dos casos de doenças não-
transmissíveis, assume importância na vigilância sobre a
obesidade, fator determinante de risco cardiovascular;
• O e-SUS Atenção Primária (e-SUS
APS) é uma estratégia para reestruturar
as informações da Atenção Primária em
nível nacional.
• Esta ação está alinhada com a proposta
mais geral de reestruturação dos
Sistemas de Informação em Saúde do
Ministério da Saúde, entendendo que a
qualificação da gestão da informação é
fundamental para ampliar a qualidade
no atendimento à população.
Medidas de controle e
prevenção em vigilância
epidemiológica
• As ações de vigilância epidemiológica são hierarquizadas,
ou seja, cada nível assume responsabilidades para com o
planejamento e execução das medidas e ações a serem
empreendidas.
• O nível central (Governo Federal/Ministério da Saúde) é o
grande responsável pela determinação e regulamentação
nacional das ações de vigilância epidemiológica. Nele, as
ações são discutidas para, somente após, serem
recomendadas a todos os estados da Federação. Detém
as bases de dados dos sistemas de informação da
vigilância epidemiológica - que reúnem todas as
informações referentes à saúde e às doenças no Brasil.
• Ao plano regional, correspondente aos estados da Federação
(Secretarias de Estado de Saúde), cabe coordenar as ações
de vigilância desenvolvidas pelos municípios, procurando
estabelecer prioridades de acordo com as informações
obtidas, prestando consultoria.
• As centrais estaduais de regulação de transplante de órgãos
são exemplo de ação de vigilância diretamente desenvolvida
pelo nível de gestão regional. Por seu intermédio as
secretarias estaduais de Saúde controlam o número de
doadores, os pacientes para os quais o transplante é
prioritário, a localização dos possíveis doadores e que
hospitais dispõem de estrutura para realizar a intervenção
cirúrgica necessária. Assim, é possível conhecer as
necessidades relacionadas a um problema de saúde
específico e intervir diretamente sobre ele, estabelecendo
uma rede de comunicação entre as unidades locais
coordenadas pelas centrais.
• Ao nível local, traduzido na figura do município
(Secretarias Municipais de Saúde) e sua região
administrativa (Distritos Sanitários), cabe
executar as práticas de vigilância, desenvolvendo
as ações mais diretamente relacionadas aos
indivíduos, por meio dos serviços assistenciais
oferecidos. Neste nível, principalmente, faz-se
necessário que os serviços de saúde estejam
informados da ocorrência das doenças de
notificação compulsória para que possam, assim,
planejar e implementar as medidas de promoção,
prevenção e controle adequadas às
necessidades da população local – o que
chamamos “informação para a ação”
• As ações de vigilância epidemiológica variarão de
acordo com os objetivos pretendidos, contribuindo
para o controle e prevenção de determinada doença
ou agravo - entretanto é sempre importante
considerar em seu planejamento e adoção que o
sucesso dependerá diretamente da proximidade com
os determinantes causadores da doença ou agravo
sobre os quais se pretende intervir.
• Algumas medidas de vigilância epidemiológica são
mais conhecidas pelos profissionais devido à
frequência com que são recomendadas e
executadas, o que se explica pelo fato de,
atualmente, as ações de vigilância epidemiológica
estarem centradas no controle e prevenção de
doenças transmissíveis.
• A investigação epidemiológica processo que
permite acompanhar a ocorrência de uma doença
ou agravo nos indivíduos, operacionalizada
mediante um inquérito epidemiológico, ou seja,
pelo preenchimento de ficha de investigação que
reúne as informações sobre as condições
relacionadas ao adoecimento do indivíduo, com
vistas a implementar o máximo de medidas
necessárias para garantir a prevenção e controle.
Nessa ficha, o profissional de saúde relata a
conduta adotada em relação ao indivíduo
acometido ou a seus comunicantes em muitas
localidades, é comum o auxiliar de enfermagem
também ajudar nesta investigação.
• A investigação epidemiológica deve ocorrer sempre que for
notificado um caso suspeito de alguma doença.
• Significa que mesmo que o diagnóstico não esteja confirmado
deve-se realizar a investigação e executar as medidas de
controle e prevenção da transmissão, recomendadas pelos
serviços de epidemiologia e padronizadas pelo nível central
(Ministério da Saúde);
• A busca de casos e visita domiciliar – quando os serviços
locais de epidemiologia, ao receberem notificações de
doenças de clientes atendidos, procuram localizá-los por meio
de aerograma, telefonema ou visita ao domicílio para realizar
a investigação epidemiológica;
• o apoio a procedimentos diagnósticos – quando da definição
de suspeita ou confirmação de uma doença, a coleta de
material biológico, realização de testes específicos e
interpretação de seus resultados são procedimentos
frequentemente desenvolvidos pelo auxiliar de enfermagem.
• Por sua vez, as medidas de precaução em
relação à transmissão de doenças podem
incluir:
• vacinação de bloqueio - é a intensificação da
administração de uma vacina, visando a
impedir a transmissão de uma doença de um
indivíduo doente para aqueles que com ele
convivem em espaço restrito, como no
trabalho, escola, creche ou quartéis.
• Essa medida é usualmente utilizada quando há
o acometimento por uma doença de
transmissão fácil e contra a qual se dispõe de
vacina.
• Intensificação de vacina - é uma estratégia
utilizada para aumentar o número de
pessoas protegidas contra uma doença. Para
tanto, podem ser modificados os critérios
normalmente utilizados para a aplicação da
vacina, aumentando-se o número de doses
ou a faixa etária da população-alvo;
• Indicação de restrição de circulação - o
objetivo não é isolar o cliente, mas sim
garantir que outras pessoas de seu convívio
não corram o risco de contrair a doença por
ainda não estarem protegidas;
• quimioprofilaxia – algumas vezes, o uso de
vacinas para prevenir a transmissão de
determinada doença não está disponível ou
recomendado casos em que são utilizados
medicamentos para diminuir o risco de
transmissão.
• A adoção desta conduta é chamada
quimioprofilaxia, geralmente adotada para os
comunicantes de casos suspeitos ou confirmados
de meningite meningocócica ou causada por
hemófilos, tuberculose ou leptospirose, e ainda
frente à exposição acidental envolvendo objetos
perfurocortantes potencialmente contaminados
com material biológico.
Principais indicadores
de vigilância em saúde
• Para o planejamento de ações de prevenção e controle de
doenças e agravos, é importante conhecer o perfil dos
problemas de saúde da população assistida e das doenças
apresentadas.
• Para o conhecimento de aspectos de saúde não diretamente
observáveis foram criados os indicadores de saúde, que
representam e tentam “medir” os aspectos normalmente não
percebidos. Dentre outros importantes componentes da
estrutura de assistência à população, esses indicadores
orientarão o processo de planejamento em saúde, a
organização dos serviços de atenção e a determinação do
número de leitos hospitalares necessários para determinada
região. Como destaques, ressaltamos:
Morbidade
• Surto é um aumento repentino do número de
casos, dentro de limites muito restritos, como uma
série de casos de rubéola em uma creche, vários
indivíduos com conjuntivite em um quartel ou
vários bebês com infecção respiratória em um
berçário de hospital. Também pode ser assim
considerado o aumento do número de casos de
uma doença em uma área específica,
considerada livre da mesma. Por exemplo, um
único caso de poliomielite no Brasil seria
suficiente para configurar um surto;
• Endemia é a ocorrência de certo
número de casos controlados em
determinada região;
• Epidemia é o aumento do número de
casos de determinada doença, muito
acima do esperado e não delimitado a
uma região;
• Pandemia, por sua vez, compreende
um número de casos de doença acima
do esperado, sem respeitar limites
entre países ou continentes.
Mortalidade
• A mortalidade é definida como a relação
entre o número de óbitos e o número de
pessoas expostas ao risco de morrer. Dados
esses que podem ser agrupados por
características como sexo, idade, estado
civil, causa, lugar, condição, dentre outras.
• Os óbitos ocorridos podem estar
classificados segundo a associação de duas
ou mais dessas características.
Letalidade
• Permite conhecer a gravidade de uma doença,
considerando-se seu maior ou menor poder para causar
a morte. A determinação da letalidade de certas doenças
permite avaliar a eficácia de estratégias e terapias
implementadas.
• Para que se possa avaliar o significado dos indicadores
e compará-los frente a populações diferentes sem que
haja distorção das informações, esses indicadores são
calculados por meio de taxas, índices e coeficientes, e
expressos em porcentagens. Traduzem, muitas vezes,
as condições socioeconômicas e sanitárias locais, pois
estão intimamente relacionados com as condições de
vida e saúde da população

Vigilância em saúde sanitaria e epidemiologica 2025.ppt

  • 1.
  • 2.
    VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA • Durante muitosséculos, vários países tiveram suas populações atingidas por doenças transmissíveis que levavam à morte. • A ideia sobre esse acontecimento baseava-se na teoria miasmática, que entendia que as doenças eram causadas pela movimentação do ar, pois este carregaria gases pestilenciais originados da matéria orgânica apodrecida, resultado de águas pantanosas, “contaminando” o meio ambiente
  • 3.
    • Mesmo nãotendo noção da existência de microrganismos patogênicos, nem tampouco de suas formas de transmissão, os profissionais de saúde daquelas épocas implementavam medidas empíricas de isolamento social e confinamento em instituições (as “Santas Casas”), bem como limpeza das ruas e casas, aterro de águas paradas, controle das instalações de cemitérios e de estabelecimentos para comércio do pão, vinho e carne e proibição da entrada de indivíduos contaminados pela peste particularmente pelos portos.
  • 4.
    • A partirda primeira metade do século XX, com o desenvolvimento de métodos de combate como as vacinas e o surgimento da noção de agente infeccioso, iniciou-se uma prática científica de controle das doenças dando-se maior importância ao indivíduo portador e ao microrganismo. • Anteriormente, acreditava-se que a doença era uma consequência natural da interação agente infeccioso-Hospedeiro; nesse contexto, as medidas de controle voltavam-se prioritariamente para essa interação, ou seja, objetivavam exterminar o agente infeccioso e isolar o hospedeiro, sem considerar qualquer outro fator que pudesse influenciar o processo.
  • 5.
    • A partirdesse quadro, em que havia grave acometimento de grandes parcelas populacionais por doenças transmissíveis, criou-se a necessidade de analisar as manifestações dessas doenças, o que propiciou o surgimento e desenvolvimento da ciência epidemiológica, que possibilitou o estudo da distribuição dos determinantes da frequência das doenças no homem. Tornou-se, então, possível conhecer melhor as condições e fatores que favoreciam a ocorrência das moléstias faixa etária (infância, velhice), sexo, lugares (meio urbano, proximidade com florestas), épocas do ano (estações, meses), ocupações (profissionais do sexo, operários da construção civil) e outras condições de interesse.
  • 6.
    • Como saberentão que tipos de enfermidades transmissíveis estavam surgindo e quantos eram os casos? • Que doenças estariam sendo controladas com os procedimentos adotados? • Para que as informações necessárias à adoção de medidas pertinentes relacionadas ao controle e prevenção de doenças pudessem ser atualizadas constantemente, surgiram os serviços de vigilância epidemiológica, cujo objetivo era desenvolver atividades de coleta e análise de dados, determinando, assim, as medidas a serem aplicadas ao ambiente e aos doentes ou às pessoas em risco de adoecer.
  • 7.
    • As açõesepidemiológicas direcionavam-se para o controle da transmissão do agente infeccioso, centradas no isolamento do hospedeiro e no extermínio do agente do ambiente. Tais medidas melhoraram a assistência à população, mas ainda relacionavam-se a uma visão restrita da epidemiologia. Assim, tanto no Brasil como no mundo, a aplicação de medidas epidemiológicas viabiliza a redução do número de casos de doenças transmissíveis, chegando-se mesmo a eliminar algumas, como a poliomielite, e a erradicar outras, como a varíola a partir do momento em que são controladas, perdem um pouco de sua importância anterior.
  • 8.
    • A partirda obtenção de um controle relativo sobre as doenças transmissíveis, ocorreram importantes mudanças sociais, geradas pelo processo de industrialização, êxodo rural e crescimento das cidades. • Começaram, então, a aumentar o número de casos de doenças não transmissíveis e de indivíduos acometidos por agravos, fortemente influenciados por fatores externos relacionados a um estilo de vida pouco saudável, tais como dieta inadequada, excesso de trabalho, vida sedentária, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, estresse, abuso de drogas, violência urbana e no trânsito, dentre outros.
  • 9.
    • O aumentoda ocorrência dessas disfunções e agravos passou a despertar a atenção das autoridades sanitárias pelo impacto promovido na população economicamente ativa (PEA). O alto índice de pessoas afastadas do trabalho por longos períodos, bem como a ocorrência de pedidos de aposentadoria precoce por invalidez parcial ou total e aumento do número de óbitos a elas relacionados fizeram com que os profissionais de saúde começassem a questionar se também não seria necessária a elaboração de medidas de prevenção e controle das doenças não transmissíveis e agravos
  • 10.
    • Como nessassituações não havia um agente etiológico (causador), iniciou-se a discussão e valorização dos determinantes sociais como potenciais causadores de doenças não transmissíveis e agravos. O estilo de vida e as condições sociais, influenciando a existência desses acometimentos populacionais, levaram os profissionais de saúde a constatarem sua inter- relação com outros setores públicos, o que fez com que o planejamento das ações na promoção de condições que favorecessem a prevenção e o controle dessas doenças passasse a ser elaborado em conjunto com os órgãos responsáveis pelo saneamento, transporte, segurança, trabalho, agricultura, habitação e educação.
  • 11.
    • Essa novaforma de encarar as doenças, a organização dos profissionais em torno da discussão acerca desses temas e a emergência de uma reforma do setor saúde influenciam diretamente a reformulação do conceito de epidemiologia a qual não mais irá somente considerar a distribuição das frequências das doenças, mas também incorporará a importância dos determinantes sociais no processo saúde-doença, redirecionando as ações relacionadas à prevenção e ao controle das doenças transmissíveis, bem como das doenças não- transmissíveis e agravos. A atuação isolada ou em conjunto de cada um desses determinantes pode gerar um estímulo responsável pela ocorrência das doenças
  • 12.
    • A partirdaí, o Brasil passa a apresentar duas realidades de saúde que determinam seu perfil epidemiológico: por um lado, o baixo investimento nas ações de prevenção e controle das doenças transmissíveis permitiu que estas voltassem a se manifestar, mesmo onde parecia já estarem eliminadas; por outro, a cada dia aumenta o número de pessoas afetadas por doenças não-transmissíveis e agravos, , o que só se intensificou com o aparecimento da covid, fazendo com que tenhamos o fenômeno da confluência de riscos, que expõe a população a várias possibilidades de adoecimento.
  • 13.
    • Dessa forma,para os setores de política pública e serviços de saúde que desenvolvem ações considerando o perfil epidemiológico da população assistida, surgem dois desafios: • voltar a intensificar ou até mesmo criar novas ações de vigilância epidemiológica que atinjam as doenças transmissíveis; • voltar a atenção da vigilância epidemiológica para as doenças não-transmissíveis (câncer, diabetes, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e outras) e agravos (mortes no trânsito, acidentes de trabalho, violência), cuja ocorrência aumenta diariamente, principalmente nas grandes cidades.
  • 14.
    • É bemmais frequente buscarmos atendimento apenas quando da existência de algum sintoma ou sinal preocupante. E essa demanda serve como parâmetro aos serviços de saúde para a avaliação do perfil epidemiológico da população, procurando, assim, manter uma vigilância constante. • Vigiar as doenças e agravos é importante para conhecermos o seu modo de manifestação, que indivíduos têm maior facilidade para contraí-las, qual a faixa etária mais atingida, em que época do ano ocorrem com mais frequência, que localidades apresentam maior número de casos de determinada doença e sobre quais determinantes faz-se necessário intervir para atender às necessidades de saúde da população.
  • 15.
    • A vigilânciaepidemiológica (VE) é um serviço que reúne um conjunto de ações que permite acompanhar a evolução das doenças na população. Funciona como um “termômetro”, um indicador de que ações devem ser priorizadas no planejamento da assistência à saúde. • Entretanto, para que a vigilância epidemiológica possa propor ações de prevenção e controle a partir do estudo do comportamento das doenças e agravos à população, é importante seguir algumas etapas: • coleta de dados – consiste em buscar junto às fontes de dados (população, imprensa, serviços de saúde, escolas, creches, presídios e indústrias) as informações relevantes que possam colaborar na identificação de situações de risco. Os dados podem ser agrupados como demográficos e ambientais, de morbidade e mortalidade. As informações obtidas sobre casos de doenças, agravos e epidemias devem ser consideradas somente após prévia investigação para confirmar ou descartar o caso, pois muitas vezes sua divulgação, além de assustar a população, tem origem duvidosa
  • 16.
    • processamento dosdados – significa reunir todos os dados coletados e agrupá-los de acordo com seu grau de importância e relevância. As informações são organizadas em gráficos, quadros e tabelas, para permitirem melhor visualização dos problemas e seus determinantes. Geralmente, são ordenadas em ordem de ocorrência e separadas por mês, bairro de moradia do doente, unidade que notificou a suspeita do caso e região do município, estado e país. • análise dos dados – busca interpretar as informações coletadas, procurando estabelecer as relações causais. Sua realização permite que os responsáveis pela vigilância epidemiológica relacionem os determinantes de doenças e agravos.
  • 17.
    • recomendação demedidas de controle e prevenção – aponta que precauções podem ser recomendadas no controle e prevenção da ocorrência da doença. As campanhas de vacinação, as campanhas educativas disseminadas pela televisão e na escola, • promoção das ações de controle e prevenção – consiste em planejar e executar ações como vacinações, tratamento dos doentes, controle do ambiente, divulgação de informações sobre precauções para transmissão de doenças;
  • 18.
    • avaliação daeficácia das medidas – é a análise dos resultados das ações, visando identificar se as metas propostas foram alcançadas e avaliar seu impacto na saúde coletiva, por meio dos indicadores de saúde. • divulgação das informações – objetiva mostrar os resultados alcançados de forma simples e clara, de modo que todos os interessados possam compreendê-los. Após a realização de uma campanha de vacinação, é comum que as secretarias de Saúde divulguem o número de doses de vacinas aplicadas e de pessoas vacinadas, para que se tenha a noção do impacto das medidas adotadas
  • 19.
    • Notificação éentendida como “a comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde, feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão. • Subnotificação — quando o número de registros de ocorrência de casos de doenças é menor do que o realmente ocorrido, o que impede o poder público atuar no atendimento às reais necessidades da população
  • 20.
    • Lista Nacionalde Doenças e Agravos de Notificação Compulsória • I. Botulismo • II. Carbúnculo ou Antraz • III. Cólera • IV. Coqueluche • V. Dengue • VI. Difteria • VII. Doença de Creutzfeldt - Jacob
  • 21.
    • VIII. Doençasde Chagas (casos agudos) • IX. Doença Meningocócica e outras Meningites • X.Esquistossomose (em área não endêmica) • XI. Eventos Adversos Pós-Vacinação • XII.Febre Amarela • XIII. Febre do Nilo Ocidental • XIV. Febre Maculosa • XV. Febre Tifóide • XVI. Hanseníase
  • 22.
    • XVII. Hantavirose •XVIII. Hepatites Virais • XIX. Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana HIV em gestantes e crianças expostas ao risco de transmissão vertical • XX. Influenza humana por novo subtipo (pandêmico) • XXI. Leishmaniose Tegumentar Americana • XXII. Leishmaniose Visceral • XXIII.Leptospirose • XXIV. Malária • XXV. Meningite por Haemophilus influenzae
  • 23.
    • XXVI. Peste •XXVII.Poliomielite • XXVIII.Paralisia Flácida Aguda • XXIX.Raiva Humana • XXX.Rubéola • XXXI.Síndrome da Rubéola Congênita • XXXII. Sarampo • XXXIII. Sífilis Congênita • XXXIV. Sífilis em gestante
  • 24.
    • XXXV. Síndromeda Imunodeficiência Adquirida - AIDS • XXXVI. Síndrome Febril Íctero- hemorrágica Aguda • XXXVII. Síndrome Respiratória Aguda Grave • XXXVIII. Tétano • XXXIX. Tularemia • XL. Tuberculose • XLI. Varíola
  • 25.
    • No Brasil,além do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN) que reúne todas as informações relativas aos agravos de notificação, alimentado pelas notificações compulsórias existem outros sistemas de informações de interesse para a vigilância epidemiológica, dentre os quais se destacam: • Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) – reúne os dados relativos aos óbitos ocorridos. Alimentado pelos atestados de óbito emitidos, possibilita o conhecimento da distribuição dos óbitos por faixa etária, sexo, causa e outras informações variáveis de acordo com o interesse da consulta.
  • 26.
    • Sistema deInformações sobre Nascidos Vivos (SINASC) – permite conhecer quantas crianças nascem por ano e por região, bem como as características ligadas à saúde da mãe (idade gestacional, por exemplo) e do recém-nascido (presença de malformações congênitas ao nascer), apontando que necessidades assistenciais devem ser atendidas na região dos nascimentos para melhorar a qualidade da assistência pré-natal e à criança; • Sistema de Informações Hospitalares (SIH) – reúne informações sobre a assistência prestada pelos hospitais. É alimentado principalmente pelos dados contidos nas autorizações de internações hospitalares e pelos relatos contidos nos prontuários dos pacientes. É importantíssimo para a definição do perfil epidemiológico da população assistida, pois muitos doentes hospitalizados não chegam a ser assistidos nas unidades básicas de saúde, principal fonte de notificação dos serviços de epidemiologia locais
  • 27.
    • Sistema deInformações Ambulatoriais (SIA) – reúne as informações obtidas com os atendimentos ambulatoriais, seja em unidades básicas de saúde, seja em hospitais. Permite, entre outros dados, verificar se todos os atendidos em um ambulatório são moradores da região, indicando a falta de serviços voltados para o atendimento das necessidades dos moradores que se deslocam de muito longe para obter serviços de saúde • Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) – permite conhecer o perfil das condições nutricionais. As informações disponíveis possibilitam constatar a ocorrência de desnutrição e sua distribuição, permitindo, assim, a determinação de medidas que controlem e previnam sua ocorrência. Com o aumento dos casos de doenças não- transmissíveis, assume importância na vigilância sobre a obesidade, fator determinante de risco cardiovascular;
  • 28.
    • O e-SUSAtenção Primária (e-SUS APS) é uma estratégia para reestruturar as informações da Atenção Primária em nível nacional. • Esta ação está alinhada com a proposta mais geral de reestruturação dos Sistemas de Informação em Saúde do Ministério da Saúde, entendendo que a qualificação da gestão da informação é fundamental para ampliar a qualidade no atendimento à população.
  • 29.
    Medidas de controlee prevenção em vigilância epidemiológica • As ações de vigilância epidemiológica são hierarquizadas, ou seja, cada nível assume responsabilidades para com o planejamento e execução das medidas e ações a serem empreendidas. • O nível central (Governo Federal/Ministério da Saúde) é o grande responsável pela determinação e regulamentação nacional das ações de vigilância epidemiológica. Nele, as ações são discutidas para, somente após, serem recomendadas a todos os estados da Federação. Detém as bases de dados dos sistemas de informação da vigilância epidemiológica - que reúnem todas as informações referentes à saúde e às doenças no Brasil.
  • 30.
    • Ao planoregional, correspondente aos estados da Federação (Secretarias de Estado de Saúde), cabe coordenar as ações de vigilância desenvolvidas pelos municípios, procurando estabelecer prioridades de acordo com as informações obtidas, prestando consultoria. • As centrais estaduais de regulação de transplante de órgãos são exemplo de ação de vigilância diretamente desenvolvida pelo nível de gestão regional. Por seu intermédio as secretarias estaduais de Saúde controlam o número de doadores, os pacientes para os quais o transplante é prioritário, a localização dos possíveis doadores e que hospitais dispõem de estrutura para realizar a intervenção cirúrgica necessária. Assim, é possível conhecer as necessidades relacionadas a um problema de saúde específico e intervir diretamente sobre ele, estabelecendo uma rede de comunicação entre as unidades locais coordenadas pelas centrais.
  • 31.
    • Ao nívellocal, traduzido na figura do município (Secretarias Municipais de Saúde) e sua região administrativa (Distritos Sanitários), cabe executar as práticas de vigilância, desenvolvendo as ações mais diretamente relacionadas aos indivíduos, por meio dos serviços assistenciais oferecidos. Neste nível, principalmente, faz-se necessário que os serviços de saúde estejam informados da ocorrência das doenças de notificação compulsória para que possam, assim, planejar e implementar as medidas de promoção, prevenção e controle adequadas às necessidades da população local – o que chamamos “informação para a ação”
  • 32.
    • As açõesde vigilância epidemiológica variarão de acordo com os objetivos pretendidos, contribuindo para o controle e prevenção de determinada doença ou agravo - entretanto é sempre importante considerar em seu planejamento e adoção que o sucesso dependerá diretamente da proximidade com os determinantes causadores da doença ou agravo sobre os quais se pretende intervir. • Algumas medidas de vigilância epidemiológica são mais conhecidas pelos profissionais devido à frequência com que são recomendadas e executadas, o que se explica pelo fato de, atualmente, as ações de vigilância epidemiológica estarem centradas no controle e prevenção de doenças transmissíveis.
  • 33.
    • A investigaçãoepidemiológica processo que permite acompanhar a ocorrência de uma doença ou agravo nos indivíduos, operacionalizada mediante um inquérito epidemiológico, ou seja, pelo preenchimento de ficha de investigação que reúne as informações sobre as condições relacionadas ao adoecimento do indivíduo, com vistas a implementar o máximo de medidas necessárias para garantir a prevenção e controle. Nessa ficha, o profissional de saúde relata a conduta adotada em relação ao indivíduo acometido ou a seus comunicantes em muitas localidades, é comum o auxiliar de enfermagem também ajudar nesta investigação.
  • 34.
    • A investigaçãoepidemiológica deve ocorrer sempre que for notificado um caso suspeito de alguma doença. • Significa que mesmo que o diagnóstico não esteja confirmado deve-se realizar a investigação e executar as medidas de controle e prevenção da transmissão, recomendadas pelos serviços de epidemiologia e padronizadas pelo nível central (Ministério da Saúde); • A busca de casos e visita domiciliar – quando os serviços locais de epidemiologia, ao receberem notificações de doenças de clientes atendidos, procuram localizá-los por meio de aerograma, telefonema ou visita ao domicílio para realizar a investigação epidemiológica; • o apoio a procedimentos diagnósticos – quando da definição de suspeita ou confirmação de uma doença, a coleta de material biológico, realização de testes específicos e interpretação de seus resultados são procedimentos frequentemente desenvolvidos pelo auxiliar de enfermagem.
  • 35.
    • Por suavez, as medidas de precaução em relação à transmissão de doenças podem incluir: • vacinação de bloqueio - é a intensificação da administração de uma vacina, visando a impedir a transmissão de uma doença de um indivíduo doente para aqueles que com ele convivem em espaço restrito, como no trabalho, escola, creche ou quartéis. • Essa medida é usualmente utilizada quando há o acometimento por uma doença de transmissão fácil e contra a qual se dispõe de vacina.
  • 36.
    • Intensificação devacina - é uma estratégia utilizada para aumentar o número de pessoas protegidas contra uma doença. Para tanto, podem ser modificados os critérios normalmente utilizados para a aplicação da vacina, aumentando-se o número de doses ou a faixa etária da população-alvo; • Indicação de restrição de circulação - o objetivo não é isolar o cliente, mas sim garantir que outras pessoas de seu convívio não corram o risco de contrair a doença por ainda não estarem protegidas;
  • 37.
    • quimioprofilaxia –algumas vezes, o uso de vacinas para prevenir a transmissão de determinada doença não está disponível ou recomendado casos em que são utilizados medicamentos para diminuir o risco de transmissão. • A adoção desta conduta é chamada quimioprofilaxia, geralmente adotada para os comunicantes de casos suspeitos ou confirmados de meningite meningocócica ou causada por hemófilos, tuberculose ou leptospirose, e ainda frente à exposição acidental envolvendo objetos perfurocortantes potencialmente contaminados com material biológico.
  • 38.
    Principais indicadores de vigilânciaem saúde • Para o planejamento de ações de prevenção e controle de doenças e agravos, é importante conhecer o perfil dos problemas de saúde da população assistida e das doenças apresentadas. • Para o conhecimento de aspectos de saúde não diretamente observáveis foram criados os indicadores de saúde, que representam e tentam “medir” os aspectos normalmente não percebidos. Dentre outros importantes componentes da estrutura de assistência à população, esses indicadores orientarão o processo de planejamento em saúde, a organização dos serviços de atenção e a determinação do número de leitos hospitalares necessários para determinada região. Como destaques, ressaltamos:
  • 39.
    Morbidade • Surto éum aumento repentino do número de casos, dentro de limites muito restritos, como uma série de casos de rubéola em uma creche, vários indivíduos com conjuntivite em um quartel ou vários bebês com infecção respiratória em um berçário de hospital. Também pode ser assim considerado o aumento do número de casos de uma doença em uma área específica, considerada livre da mesma. Por exemplo, um único caso de poliomielite no Brasil seria suficiente para configurar um surto;
  • 40.
    • Endemia éa ocorrência de certo número de casos controlados em determinada região; • Epidemia é o aumento do número de casos de determinada doença, muito acima do esperado e não delimitado a uma região; • Pandemia, por sua vez, compreende um número de casos de doença acima do esperado, sem respeitar limites entre países ou continentes.
  • 41.
    Mortalidade • A mortalidadeé definida como a relação entre o número de óbitos e o número de pessoas expostas ao risco de morrer. Dados esses que podem ser agrupados por características como sexo, idade, estado civil, causa, lugar, condição, dentre outras. • Os óbitos ocorridos podem estar classificados segundo a associação de duas ou mais dessas características.
  • 42.
    Letalidade • Permite conhecera gravidade de uma doença, considerando-se seu maior ou menor poder para causar a morte. A determinação da letalidade de certas doenças permite avaliar a eficácia de estratégias e terapias implementadas. • Para que se possa avaliar o significado dos indicadores e compará-los frente a populações diferentes sem que haja distorção das informações, esses indicadores são calculados por meio de taxas, índices e coeficientes, e expressos em porcentagens. Traduzem, muitas vezes, as condições socioeconômicas e sanitárias locais, pois estão intimamente relacionados com as condições de vida e saúde da população